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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
DE ONDE VÊM AS BALEIAS QUE NOS VISITAM?

Área de reprodução da Baleia Franca austral e de outros mamíferos como os leões, elefantes marinhos e focas, a Península Valdés, na Patagônia Argentina, é um território selvagem e isolado. Com uma área de aproximadamente 4mil km2 de falésias, praias, golfos e enseadas conserva um dos ecossistemas mais peculiares do planeta, sendo patrimonio mundial desde 1999. Uma boa parte das baleias francas que visitam o litoral de Santa Catarina nesta época do ano, são provenientes de lá, da Patagônia Argentina.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020
OURIÇOS NA MESA

Projeto quer tornar viável produção de ouriços-do-mar em aquacultura
Uma equipa de investigadores em Coimbra está a desenvolver um modelo integrado de cultivo em cativeiro de ouriço-do-mar para tornar a sua produção rentável e com reduzido impacto ambiental, anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC).
"Tornar viável a produção de ouriços-do-mar em aquacultura, de forma rentável e com reduzido impacto ambiental, é o objetivo de uma equipa de investigadores do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente", da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Coimbra", afirma a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.
Os especialistas estão, para isso, a desenvolver um modelo integrado de cultivo em cativeiro da espécie mais abundante em Portugal -- Paracentrotus lividus -- no âmbito do projeto 'OtimO -- Otimização dos processos de produção de Ouriço-do-mar'.
"Considerado por muitos o 'caviar' da costa portuguesa, o ouriço-do-mar é uma espécie de elevado valor comercial e a sua procura tem vindo a aumentar exponencialmente na perspetiva da gastronomia gourmet", sublinha a UC, indicando que "as gónadas (ovas) do ouriço-do-mar são muito apreciadas".
A procura das ovas do ouriço-do-mar, tanto em Portugal como no mercado internacional, tem provocado "a intensificação da apanha, muitas vezes de forma desregrada", alerta a UC.
Tendo em conta que a resposta à crescente procura "assenta em espécimes provenientes do meio natural, a intensificação da captura tem levado ao esgotamento de stocks, com impactos negativos consideráveis nos ecossistemas", afirma o coordenador do projeto, Tiago Verdelhos.
O modelo de produção proposto pela equipa do 'OtimO', cujos testes começaram há um ano nos laboratórios do MARE na Figueira da Foz (MAREFOZ), distingue-se por apostar na transferência efetiva de conhecimento para o setor da aquacultura.
"O objetivo principal do nosso projeto é otimizar métodos para que a produção desta espécie se torne viável, promovendo o desenvolvimento das zonas costeiras através da diversificação e aumento de competitividade no setor da aquacultura, bem como evitar a sobre-exploração deste recurso", explica Tiago Verdelhos.
"O nosso foco é a transferência de conhecimento, ou seja, que o nosso modelo possa ser aplicado em aquacultura", destaca ainda o investigador do MAREFOZ, citado pela UC.
Nesse sentido, adianta Tiago Verdelhos, "aposta-se num sistema de aquacultura multitrófica integrada (no qual são produzidas espécies de diferentes níveis tróficos ou nutricionais) com recirculação de água, efetuando a reutilização/reciclagem de recursos e minimizando o impacto ambiental, porque a aquacultura, apesar de ser cada vez mais relevante no setor alimentar, ainda está associada à diminuição da qualidade ambiental".
A reprodução de ouriços-do-mar em cativeiro é altamente complexa, pois depende de muitos fatores, como temperatura, alimentação, iluminação e salinidade, entre outros.
Nos ensaios que estão a ser realizados com ouriços-do-mar capturados no seu habitat natural, os investigadores estudam e controlam todo o processo "por forma a encontrar uma solução para os problemas críticos que impedem a produção da espécie em aquacultura", salienta o coordenador do projeto 'OtimO'.
É necessário "encontrar larvas viáveis e calibrar os processos de reprodução, desenvolvimento larvar e crescimento para tornar possível a cultura em cativeiro, com qualidade e sem prejudicar as características do ouriço-do-mar", nota o investigador.
O projeto 'OtimO', que conta com um financiamento de 202 mil euros do MAR2020, através da Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego (AD ELO), visa ainda contribuir para o conhecimento sobre a espécie.
"O MAR2020 tem por objetivo implementar em Portugal as medidas de apoio enquadradas no Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP)", tendo como prioridades estratégicas, designadamente, a promoção da competitividade, "com base na inovação e no conhecimento" e da sustentabilidade económica, social e ambiental do setor da pesca e da aquicultura.
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
PESCA ARTESANAL PROIBIDA?

Praia da Armação será um dos locais que passará por fiscalização – Foto: Anderson Coelho/ND
Floram fiscalizará turismo e pesca irregular no Sul da Ilha
Cumprindo determinação judicial, equipes de diferentes órgãos ambientais apurarão presença irregular de equipamentos e construções em cinco praias da região
FELIPE BOTTAMEDI, FLORIANÓPOLIS
A Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente), junto a outros órgãos, deu início nesta quarta-feira (9) a um levantamento para apurar a presença ilegal de equipamentos e construção de pesca e de suporte ao turismo no Sul da Ilha de Santa Catarina. A ação será feita na região costeira de cinco praias localizadas entre o sul do Morro das Pedras e a Ponta do Fuzil, no Pântano do Sul.
O intuito é regularizar ou remover o que estiver inadequado. Os órgãos atendem a uma determinação da desembargadora federal Marjôrie Cristina Freiberger, que acatou uma ação civil pública movida em 2018 pelo MPF (Ministério Público Federal).
Também são réus da ação o IMA (Instituto do Meio Ambiente), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Dentre os objetivos da ação civil do MPF está a realização de um estudo detalhado das interferências irregulares na região, que comporta APPs (Áreas de Preservação Permanente), construções históricas e locais turísticos; o que contribuiria para a preservação ambiental do local, argumenta o órgão.
Serão alvos da fiscalização construções referentes à pesca e ao turismo, como ranchos de pescadores, trapiches, restaurantes, estabelecimentos hoteleiros, entre outros. Assim como equipamentos náuticos: embarcações, redes, armadilhas, cabos e outros apetrechos de pesca.
Embora não tenha determinado prazo específico, o TRF-4 definiu que o descumprimento da ação acarreta multa diária de R$ 5 mil a cada órgão.
Fiscalizações
De acordo com Rafael Polleto, procurador da Prefeitura de Florianópolis, as fiscalizações seguem um cronograma montado junto aos outros órgãos alvos da ação. Para tanto, os órgãos dividiram toda a região em cinco áreas.
Começando pela praia do Caldeirão, no Morro das Pedras, a agenda de fiscalização ocorrerá na ordem das praias, sentido Sul. Nas próximas cinco semanas, sempre nas quartas-feiras, as equipes fiscalizarão as outras praias que integram o trecho – Armação, do Matadeiro, Lagoinha do Leste e Pântano do Sul.

Toda a região costeira entre a praia do Caldeirão e a Ponta do Fuzil será fiscalizada – Foto: Google Maps/Divulgação/ND
Os fiscais identificarão os responsáveis pelas interferências na região, como também apurarão se há documentos que permitam a atividade. Construções ligadas à pesca, mesmo que não integrem a faixa de areia, também serão alvo da fiscalização.
Cada situação (redes, trapiches, etc) é regularizada por um órgão distinto, o que explica em parte o número de réus envolvidos no processo. A título de ilustração, a regularização dos trapiches depende do aval tanto da Floram, quanto do IMA e da SPU (Superintendência do Patrimônio da União).
“Por exemplo, ao vermos um trapiche, buscaremos os responsáveis para ver se há as autorizações necessárias. Tendo autorização, não será feito nada. Mas caso a pessoa não tenha autorização, e não seja possível regularizar, então será aplicado uma medida de retirada. Mas seguindo o processo administrativo, e respeitando o contraditório” explica Polleto.

Equipamentos e ranchos de pesca, além de estabelecimentos serão fiscalizados – Foto: Anderson Coelho/ND
Pescadores temem contenção
Pescadores consultados pela reportagem temem que a medida afete a categoria. Eles acreditam que a falta de instrução por parte de alguns trabalhadores e as burocracias necessárias para o processo afasta muitos pescadores da regularização. A irregularidade atingiria principalmente as embarcações menores, ressaltam.
Aldori Aldo de Souza, presidente da Apaaps (Associação de Pescadores Artesanais da Armação e do Pântano do Sul), afirma que a Justiça deveria ter ouvido os pescadores antes de ter tomado a decisão. A primeira visita dos fiscais, na última sexta-feira (4) já era para tratar das regularizações.
Para Aldo, as medidas têm que ser cautelosas para não suprimir a cultura local. “Quero meu espaço e continuar fazendo o que foi passado pelos meus antepassados” ressalta.
Preservação ambiental, conservação de monumentos históricos, contenção da ocupação irregular
A ação civil movida pelo procurador da república Eduardo Barragan, e que deu início ao processo, é bastante ampla e não se restringe à pesca. Entre outras coisas, o procurador da república Eduardo Barragan solicita um estudo detalhado sobre os bens da União presentes nesta região costeira.
Isso inclui, além das APPs (Áreas de Preservação Permanente), as comunidades nativas presentes, o zoneamento urbano da região, e pontos em que há trilhas de relevância cultural. Diante das construções irregulares, será feito o levantamento das datas de prestação do fornecimento de água e luz e certidões de ocupação.
O levantamento é necessário, argumenta Barragan, para conter a ocupação e o uso irregular do território. E também a promoção da recuperação do meio ambiente. O procurador cita, por exemplo, a necessidade de “cessar o lançamento de efluentes não tratados nas águas costeiras do mar territorial”.
Para Barragan, os órgãos seriam responsáveis por não tomar “nenhuma medida efetiva para impedir a continuidade diuturna dessas intervenções [ilegais], tampouco efetuarem a remoção das construções, a recuperação do Meio Ambiente”.
(Do https://ndmais.com.br/)
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
NAVEGANDO COM O SOL
FOTOS DIVULGAÇÃO
O maior barco solar do mundo, o catamarã PlanetSolar, iniciará uma missão na Grécia para encontrar um dos locais mais antigos habitados pelo homem na Europa, anunciou um dos organizadores esta segunda-feira.
A partir de 11 de agosto, uma equipe de cientistas da Suíça e da Grécia buscarão uma "zona rural pré-histórica" no sudeste da península do Peloponeso, informou à AFP o pesquisador Jilien Beck, da Universidade de Genebra.
A missão, com duração de um mês, organizada em conjunto com a escola suíça de arqueologia e com o ministério da Cultura grego, fará buscas em torno da caverna Franchthi, no Golfo de Argos, onde os europeus primitivos viveram entre os períodos Paleolítico e Neolítico.
A caverna acabou sendo abandonada por volta do ano 3.000 a.C., mas os cientistas entendem que os habitantes devem ter construído uma cidade próximo dali. "Esta caverna foi habitada continuamente por cerca de 35.000 anos e temos razões para acreditar que, por volta do final da era neolítica, os habitantes se mudaram para um sítio vizinho que agora está submerso", disse Beck. "Se pudéssemos encontrar esta cidade, ela estaria entre as mais antigas da Grécia e da Europa", afirmou.
Construído na Alemanha, o PlanetSolar tem 31 metros de comprimento e é movido por painéis solares com cerca de 500 metros quadrados. Em 2012, o catamarã se tornou o primeiro navio a circum-navegar o planeta exclusivamente com energia solar. Em média, chega a alcançar uma velocidade de 7,5 nós ou 14 km/h.
Enquanto estiver na Grécia, a embarcação também será usada em pesquisa geofísicas e para auxiliar arqueólogos subaquáticos em seus trabalhos no Mar Egeu.
(Do http://info.abril.com.br/)
sexta-feira, 26 de junho de 2020
TEM CAPIVARA NA PRAIA

Roedor aproveitou a praia deserta.(Foto: Reproddução)
Surfista filma cena inusitada de capivara na Praia da Armação, em Florianópolis
Animal foi flagrando entrando no mar
Por Janaína Laurindo
janaina.laurindo@somosnsc.com.br
Na última quarta-feira, 24, uma capivara foi registrada nadando na Praia da Armação, em Florianópolis. O animal aproveitou a areia deserta, por conta do decreto municipal que proíbe banhistas, para se refrescar. As imagens foram feitas pelo surfista profissional catarinense Luan Wood, que conta nunca ter visto essa cena.
— Nunca vi uma capivara na praia, só no rio.
Após o surfe, o atleta foi surpreendido pelo animal. Maya, a cachorra de Luan, também estava na beira da praia e correu atrás do roedor, que acabou entrando no mar.
A Polícia Militar Ambiental orienta não se aproximar de capivaras ao encontra-las, pois o animal assustado pode morder o ser humano. O mamífero, que é considerado o maior roedor do mundo, pode chegar a 90 quilos e 60 cm de altura. Normalmente elas são encontradas na beira de rios.
Ao encontrar o animal debilitado ou impedido de retornar ao seu habitat natural é necessário acionar a PM através do telefone 190.
sábado, 13 de junho de 2020
NA REDE: TAINHA PELA INTERNET

Tainha custa a partir de R$ 12 o quilo. Foto: Cerqueiros de Guaraqueçaba
Cerqueiros de Guaraqueçaba vendem tainha pela internet
Compras podem ser pré-agendadas pelas redes sociais. Atividade tradicional garante o sustento de 23 famílias caiçaras
Por Jess Carvalho
Os cerqueiros de Guaraqueçaba entraram nas redes sociais para organizar a venda da pesca do cerco da tainha durante a pandemia. É possível fazer a encomenda on-line e retirar os peixes diretamente com os pescadores na Prainha do Mercado de Paranaguá, aos sábados, em horários pré-agendados.
Os valores vão de R$ 12 a R$ 27 o quilo, dependendo da faixa. Ovas também são comercializadas por R$ 50 (verdes) e R$ 80 (secas).
“Sem aglomeração de pessoas. A gente usa máscaras, luvas e álcool gel. Estamos bem equipados para não trazer a doença para a nossa comunidade”, garante o pescador artesanal Cláudio de Araújo Nunes, um dos coordenadores do Movimento dos Pescadores Artesanais do Litoral do Paraná (Mopear).
De acordo com Nunes, essa foi a solução encontrada pelos pescadores, em conjunto com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Instituto Federal do Paraná (IFPR), para que os peixes continuem tendo saída durante a crise do coronavírus.
A venda é importante porque na friagem, época da tainha – que vai de 1.º de abril a 15 de agosto – o cerco sustenta 23 famílias das comunidades de Superagui, Saco do Morro, Bertioga, Barbados, Tibicanga e Sebuí.
Acordo do cerco-fixo
“Foi criado um parque nacional em cima da nossa comunidade. Tiraram todos os nossos direitos, a gente perdeu o território todo”, afirma Cláudio Nunes, referindo-se ao Decreto n.º 97.688, de 1989, que criou o Parque Nacional do Superagui. O documento determinou a desapropriação da área, que passou a ser considerada de utilidade pública e subordinada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“Uma das práticas que a gente perdeu foi o cerco-fixo”, aponta o pescador. A atividade tradicional ficou proibida na região de 2003 a 2018, quando foi negociada com o ICMBio a liberação de uma pesquisa sobre a modalidade. “O cerco ainda está em fase de estudo, mas a gente está lutando pra fazer voltar essa prática tradicional. Queremos comprovar que o cerco-fixo não traz impacto à natureza, ao parque, a nada. É uma prática tradicional feita com manejo adequado ao modo de vida dos pescadores.”
A pesquisa é liderada pelo professor Roberto Martins de Souza, coordenador do Núcleo de Defesa de Direitos dos Povos Tradicionais (Nupovos) da IFPR. “Não havia um argumento de base científica, uma explicação sequer que fosse uma constatação dos impactos dessa prática na baía. Por isso, desde 2014 o Mopear se reúne para disciplinar essa prática e comprovar aos órgãos de fiscalização ambiental que os pescadores têm capacidade de regular o uso dos recursos naturais, porque fundamentalmente conhecem a ecologia deles. Eles buscaram as universidades e construíram uma ponte de diálogo com o ICMBio”, reforça o professor.
O estudo avalia e monitora: os acordos com os órgãos de fiscalização; a pesca da tainha; o uso de recursos naturais.

Os cerqueiros de Guarequeçaba. Crédito da foto: acervo pessoal.
O cerco é uma armadilha feita com taquaras – o peixe fica preso no chamado currau. Atualmente, são dez cercos na região, administrados pelo Mopear e por famílias de cerqueiros. Cada despesque totaliza entre 150 e 300 quilos de peixe, dependendo da maré e do tempo. “Passamos 45 dias trabalhando, tirando taquara, tecendo o cerco, e depois colocamos o cerco na água”, conta o coordenador Nunes.
“Eles têm gestado os recursos de forma compartilhada com os órgãos e tem funcionado muito bem. O estoque de madeira que usam é muito pequeno perto do que está disponível e da capacidade de regeneração dessa espécie. Eles têm em abundância e isso tem gerado um benefício ambiental, na medida que a retirada possibilita a regeneração de outras especies”, avalia o professor Martins.
Quanto às tainhas, ele faz uma comparação: “O estoque pescado equivale a 1% do que pescam as traineiras em Santa Catarina: cardumes inteiros, de duas a três toneladas em um ou dois dias de pesca. Isso diminui bastante o estoque que entra na baía de Guaraqueçaba. O impacto do cerco é insignificante perto da degradação que essas traineiras provocam sobre a espécie.”
Willian Dolberth, mestrando da UFPR, é um dos pesquisadores que apoiam a venda da tainha. “A modalidade é ecológica e economicamente responsável”, defende. “As taquaras utilizadas na construção do cerco são retiradas segundo conhecimentos tradicionais, numa época certa, numa lua certa, de acordo com regras que não vão fazer uma predação excessiva das tabocas.”

O cerco-fixo. Foto: Cerqueiros de Guaraqueçaba
Outro ponto levantado por Dolberth é o despesque criterioso. “Os peixes que não são da espécie ou tamanho específico vão pra fora. Não tem perigo de pescar espécies ameaçadas ou peixes menores, que não são comercializáveis. Todos os peixes pescados são consumidos pelas famílias ou comercializados para ajudá-las financeiramente. Não tem sobrepesca.”
Sem atravessadores
Dolberth enfatiza que os pescadores também não têm atravessadores, ou seja, eles mesmos fazem as vendas. “O dinheiro é repartido por igual entre as famílias que participam”, afirma, alertando para a continuidade da tradição no Litoral paranaense. “O cerco tem origem indígena, acontece desde o começo da colonização. O cerqueiro é uma das identidades das pessoas que são pescadores artesanais, caiçaras, caboclos do litoral.”
O ICMBio foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou.
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Jess Carvalho - Jess Carvalho é jornalista graduada pela Universidade Positivo e pós-graduada em comunicação digital pela PUCPR.
domingo, 24 de maio de 2020
E O VÍRUS NAVEGA - E MATA

Família não havia sido informada que homem poderia estar com coronavírus – Foto: Foto/ iXimus/Pixabay
Pescador de Navegantes morre de coronavírus em alto mar, no Litoral Paulista
Morte aconteceu na última sexta-feira e velório aconteceu normalmente, porque família não foi informada da suspeita de coronavírus
REDAÇÃO ND
A Prefeitura de Navegantes, no Vale do Itajaí, está apurando informações da morte de um pescador da cidade que morreu vítima de coronavírus na cidade de São Sebastião, no Litoral Paulista, na última sexta-feira (22).
O homem de 47 anos passou mal durante a noite da última terça-feira (19), enquanto estava em alto mar. Em seguida, a Marinha foi informada e acionou o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) para atender o paciente. No entanto, quando o socorro chegou, o pescador já estava morto.
Além dele, haviam outros 23 tripulantes que, segundo o capitão do barco, encontravam-se todos em boas condições de saúde e nenhum havia apresentado sintomas da doença.
Após o ocorrido, os tripulantes retornaram ao município catarinense e estão em isolamento. Além disso, todos realizaram testes para verificar se estavam com a Covid-19.
Conforme nota divulgada pela secretaria de Saúde de São Sebastião, a equipe entrou em contato com os órgãos competentes de Santa Catarina para cuidarem do caso.
A secretaria de Itajaí confirmou que foi notificada e está acompanhando os pescadores que residem no município. Já a prefeitura de Navegantes, informou que está apurando as informações repassadas.
Conforme apuração do Grupo ND, um familiar afirmou que o velório aconteceu normalmente, com caixão aberto. Dessa forma, os familiares e amigos puderam se despedir do pescador, pois foram informados que a causa da morte era infarto.
Agora, muitos estão preocupados de estarem contaminados com o coronavírus. O velório aconteceu na última quinta-feira (21), em Navegantes, cidade onde o homem morava.
sexta-feira, 22 de maio de 2020
MAR DE ILHAS

Ação de policiais passou por cima de norma que restringe aglomerações na pandemia - Divulgação
Ação de mais de 100 policiais intimida e multa famílias nativas na Ilha do Mel
Justificativa foi de crime ambiental, mas as pessoas estão em local reservado para moradia
por Ana Carolina Caldas
Na manhã desta quinta-feira, 21, mais de 100 policiais militares chegaram de balsa à Ilha do Mel para cumprir ação de fiscalização que, segundo eles, foi feita a partir de denúncia do Ministério Público de Paranaguá. A ação ocorreu em área ocupada por comunidades tradicionais da região, com a alegação de crime ambiental. Porém, no local há autorização para moradia. Os advogados que defendem as famílias denunciam que a ação foi desproporcional e contraria, inclusive, recomendações de não haver aglomeração em virtude da pandemia.
Desde 2007, as 35 famílias que ocupam a área já demarcada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para assentamento dos nativos da Ilha do Mel pedem realocação. A maior parte ocupa casas com mais de 15 pessoas, e cerca de 90% com crianças pequenas. A ação policial aconteceu sem a apresentação de mandado judicial. Materiais de construção das casas foram levados e, algumas famílias, multadas. Apesar da tentativa de demolição das casas por parte dos policiais, advogada presente impediu que isso ocorresse.
A área não é de unidade de conservação, e sim “área de vila”, destinada à moradia dos nativos. Uma das advogadas que está defendendo as famílias, Flávia Rossito, explica que a ação está criminalizando as famílias. “Esses moradores reivindicam direito à moradia, direito ao território no lugar que sempre viveram. O que está acontecendo é que o Estado está desconsiderando o decreto judicial 244/2020 que suspende as reintegrações de posse durante a pandemia”, explica. Para ela, “a saída encontrada pelo Estado foi entrar na ilha imputando crimes ambientais para legitimar ação policial.”
A ação pode ser já consequência do interesse do Estado em transformar a Ilha do Mel em região de especial interesse ambiental e turístico do Paraná. No dia 27 de abril, o governador Ratinho Jr (PSD) enviou à Assembleia Legislativa o Projeto de Lei (PL) 262/2020 com esta proposta. Dentre as alterações, o PL quer adequar a reintegração de posse ao Estado, e não mais ao IAP. Mas o projeto ainda não foi votado.
O Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a assessoria de comunicação do IAP, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Edição: Frédi Vasconcelos
MAR DÁ, MAR TIRA

Estudo realizado pela empresa MinasHidroGeo, requerido por Amoje, prevê avanço do mar nos próximos 42 anos. A imagem acima traça onde a maré deve chegar em 2060 – Foto: NDTV/Divulgação/ND
Se nada for feito, mar pode avançar 100 metros em 42 anos no Campeche, aponta estudo
Moradora foi obrigada a desmontar dois cômodos da sua casa por causa das ondas; proprietários de imóveis reivindicam construção de barreira de rochas
REDAÇÃO ND
Como prevenção, Cristina da Nova Amorim precisou desmanchar dois cômodos da sua casa, na rua Jardim Eucaliptos, bairro Campeche, no Sul da Ilha de Santa Catarina. Construída há mais de 30 anos, a moradora não previa que o mar invadiria seu quintal. Ela afirma que já perdeu 20 metros do terreno.
Ancorado em estudos realizados na região que apontam o avanço do mar em 100 metros nos próximos 42 anos, moradores do em torno da rua Jardim Eucaliptos reivindicam que a Prefeitura construa um enrocamento no trecho. A estrutura consiste em um maciço de rochas ou blocos que funcionam como uma barragem que mantém a água.
Erosão começou em 2010
Conforme a Amoje (Associação dos Moradores do Jardim Eucaliptos), a erosão na região começou em 2010, e vem se intensificando ano após ano. Desde então, os moradores foram autorizados a construir a paliçada, uma contenção de madeira.
Mas, com avanço do mar cada vez maior, a estrutura não vem conseguindo suportar a força das ondas. Além de alterações nas dependências de suas casas, moradores vêm utilizando cordas e também construindo barreiras para lidar com o avanço do mar.
Comunidade reivindica enrocamento
Assim, em 2016, a Amoje solicitou um estudo sobre o avanço do mar na região para a empresa MinasHidroGeo. O estudo foi conduzido pelo geólogo Rodrigo Sato, que se baseou na análise da variação no nível do mar no local de 1978 até 2020.
O estudo concluiu que se o avanço seguir o mesmo ritmo do período analisado, e o poder público não realizar nenhuma interferência para conter o mar “nos próximos 42 anos vamos perder 100 metros [para o mar]. É quase uma quadra!” afirma o geólogo.

Projeção de como seria o enrocamento, realizada por estudo – Foto: NDTV/Divulgação/ND
A solução apontada pelo geólogo e aceita pelos morador foi a construção de enrocamento, “feito utilizando-se blocos de rocha granítica ou Diabásica não alterada de tamanho variando de 1 a 3 toneladas a fragmentos menores utilizados entre os blocos como preenchimento” detalha o estudo.
João Carlos da Silva, presidente da Amoje, afirma que o projeto já é de conhecimento da Prefeitura desde novembro do ano passado, quando foi apresentado junto a outras associações de moradores. A prefeitura já está em contato com a Associação, afirma Silva.
Procurada pela reportagem, a Defesa Civil de Florianópolis afirmou que irá no local analisar a situação e ver quais medidas devem ser adotadas pela Prefeitura de Florianópolis.
*Com informações do repórter Eduardo Cristófoli, da NDTV
sexta-feira, 24 de abril de 2020
ONDAS AZUIS

Ondas em bioluminescência (Foto: Reprodução)
Fenômeno raríssimo, bioluminescência reaparece em ondas nas praias do México
Em meio à pandemia e à fuga de turistas, um fenômeno raro voltou a ser testemunhado nas praias de Acapulco, cidade do México, depois de 60 anos: ondas iluminadas em tons azul turquesa quebravam à beira-mar em função da atividade biológica restabelecida
As imagens mostram o momento em que as águas começam a emitir uma luz brilhante de cor turquesa durante a noite, o que não era observado há 60 anos.
A bioluminescência é um fenômeno que se estende a todos os níveis biológicos: bactérias, moluscos, crustáceos, insetos, peixes e medusas. No caso da água fosforescente de Acapulco, se trata de bioluminescência produzida por microalgas ou plâncton brilhante.
Esse fenômeno é chamado de bioluminescência, que ocorre devido a uma reação bioquímica de alguns organismos. Neste caso se trata de microalgas ou plâncton luminoso, que emitem luz com o movimento.
O fenômeno da bioluminescência foi visto em Acapulco há alguns dias, como não se via há 60 anos. É momento de refletir, a natureza está nos dando outra chance.
De acordo com as mídias locais, havia muitos anos que o fenômeno não era observado na região.
A rara emissão de luz é também melhor observada devido a tranquilidade da água nas praias, que estão praticamente vazias devido à ausência de turistas em meio à Covid-19.
sábado, 15 de fevereiro de 2020
CADÊ O BERBIGÃO?
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foto Pixabay
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Um dos moluscos mais tradicionais da Capital já não é encontrado nas águas do seu litoral.
Há quatro anos, os responsáveis pela Reserva Extrativista (Resex) Marinha do Pirajubaé informaram que o berbigão estava oficialmente extinto.
Foto: Pixabay
Com 17 hectares e localizada no mar frente ao bairro Costeira de Pirajubaé, no Sul da Ilha, a Resex foi a primeira reserva extrativista marinha do Brasil, criada em 1992, e a mais importante do Sul do país.
A causa para o sumiço do molusco é a soma de diversos fatores.
A começar pelo aterro para a construção da Via Expressa Sul, na década de 1990, que dragou 6 milhões de metros cúbicos de sedimentos da reserva extrativista.
Também se aponta para o excesso desenfreado na extração do berbigão, sem nenhuma fiscalização, e para a poluição das águas da Baía Sul.
Foto: divulgação PMF
Os açorianos que chegaram em Florianópolis a partir de 1748 ‘descobriram’ o berbigão e o incorporaram a sua alimentação.
Durante séculos abundou em todo o litoral.
Fotos: Billy Culleton
Mas, se antes era comida de pobre, atualmente é considerado uma iguaria.
Exemplo disso é o valor do quilo no Mercado Público da Capital: esta semana era vendido entre R$ 38 e R$ 45.
Agora, o molusco vem de Palhoça, Imbituba e São Francisco do Sul.
Assim, pelo fato de ser um dos alimentos mais tradicionais da cidade, em 1992, foi criado o Berbigão do Boca, que abre o Carnaval florianopolitano desde 2003.
Foto: divulgação Berbigão do Boca
Mas, infelizmente, o molusco para a preparação dos pratos da festa agora tem que ser ‘importado’, como consequência da desastrada intervenção do homem no nosso meio ambiente.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020
ESGOTO IRREGULAR? DENUNCIE!
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As fotos são divulgação do programa Se liga na rede |
Diante da suspeita de que um restaurante, comércio ou residência não está tratando adequadamente o esgoto você pode acionar o poder público de forma simples.
A programa “Floripa se liga na rede” disponibiliza um canal na internet para efetuar a denúncia.
Acessando este link o cidadão preenche um breve formulário com os dados pessoais (a identidade do denunciante é mantida sob sigilo) e, em seguida, descreve o local onde haveria alguma irregularidade e marca uma das sete opções que aparecem.
Confira:
Em dois meses, foram 303 inspeções no Centro
Desde o final de novembro, o “Floripa se liga na rede” realizou 303 inspeções em imóveis do Centro da Capital, entre edifícios residenciais e comerciais de grande porte, hotéis, escolas, restaurantes e casas.
Outros 818, receberam comunicado para agendar a inspeção do programa.
Os números são expressivos porque os fiscais realizam testes com corante em cada ponto hidráulico do imóvel, fazendo um pente-fino das ligações sanitárias.
Assim, a depender do porte do edifício, os pontos testados – pias, tanques, ralos e vasos sanitários – podem ultrapassar a centena, com a vistoria tomando um dia todo da equipe técnica do programa.
Problemas em 90% dos imóveis
É um trabalho metódico que está constatando volume considerável de irregularidades nas proximidades da Beira-Mar Norte: esgoto conectado à rede pluvial, ausência ou subdimensionamento de caixa de gordura, caixa de gordura sem sifão e água pluvial conectada à rede de esgoto, entre outras inadequações.
Atualmente, mais de 90% dos imóveis do Centro apresentam algum tipo de problema relacionado a esgoto.
A taxa tende a diminuir com o tempo: alguns moradores já realizaram as obras de adequação dentro do prazo e estão agendando o retorno do Se Liga para comprovar que agora estão regulares.
Assim, de acordo com a Prefeitura de Florianópolis, cumpre-se o objetivo principal do programa: não apenas fazer o diagnóstico, mas alertar o morador sobre a dimensão do problema causado pelo esgoto irregular e lhe dar a oportunidade para regularizar, com prazo e orientação técnica gratuita, as ligações sanitárias do seu imóvel.
A lista dos profissionais habilitados para regularizar esgoto
No site do “Floripa se liga na rede” há uma lista de 54 profissionais que realizaram um curso que os habilitou a fazer a ligação de esgoto do imóvel à rede pública da Casan.
Eles receberam aulas teórica e prática sobre normas e procedimentos para a correta ligação do imóvel à rede de esgoto e, ao final, foram credenciados pela Caixa Econômica Federal para prestarem serviço aos usuários do cartão de crédito ‘Se liga na rede’.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
A MORTE DO MORTO
Três imagens da Nasa, do Mar Morto. A primeira é de 1972, depois, 1989 (centro), finalmente, à direita, imagem de 2011.
Mar Morto está secando, e pode até desaparecer
Para começar, o Mar Morto não é um mar, mas um imenso lago com dimensão de 82 quilômetros de comprimento por 18 de largura. E fica num lugar complicado do ponto de vista geopolítico: o Oriente Médio. Sua costa oriental pertence à Jordânia, e a metade sul a Israel. A metade norte fica dentro da Cisjordânia Palestina e está sob ocupação israelense desde a guerra árabe-israelense de 1967.
Sua localização exata não o favorece
Sua localização exata não o favorece. O Mar Morto está situado 400 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo, o ponto mais baixo da Terra. O nome vem em razão da brutal quantidade de sal de suas águas, o que torna a vida impossível, exceto para bactérias. Segundo o mundo educação, “estima-se que sejam 300 gramas de sais para cada litro de água, sendo que a quantidade considerada normal nos oceanos é de 35 gramas para cada litro de água.” Mas esta situação complicada é o que fez dele uma atração turística, agora ameaçada.
A formação do Mar Morto
A britânica explica:”O rio Jordão, de onde o Mar Morto recebe quase toda a sua água, flui do norte para o lago. Por várias décadas, em meados do século XX, o valor padrão dado para o nível da superfície do lago ficou cerca de 400 metros abaixo do nível do mar. No entanto, a partir da década de 1960, Israel e Jordânia começaram a desviar grande parte do fluxo do rio Jordão e aumentaram o uso da água do lago para fins comerciais. O resultado dessas atividades foi uma queda vertiginosa no nível da água do Mar Morto. Em meados de 2010, a medição do nível do lago estava a mais de 30 metros abaixo da figura de meados do século 20 – ou seja, cerca de 430 metros abaixo do nível do mar.”
Tempos bíblicos
Ainda de acordo com a britânica, “Durante os tempos bíblicos e até o século VIII dC, apenas a área ao redor da bacia norte era habitada, e o lago era um pouco menor do que o nível atual. Chegou ao seu nível mais alto, 389 metros abaixo do nível do mar, em 1896. Mas recuou novamente após 1935, estabilizando-se a cerca de 400 metros abaixo do nível do mar por várias décadas.”
O Mar Morto a partir de Israel. Imagem, Britânica.
Formação geológica do Mar Morto
Britânica: “Durante a época do mioceno (23 a 5,3 milhões de anos atrás), quando a placa tectônica da Arábia colidiu com a placa da Eurásia, o levante do fundo do mar produziu as estruturas dobradas das terras altas da Transjordânia e da faixa central da Palestina, causando as fraturas que permitiu que um bloco avariado da crosta terrestre onde se situa o Mar Morto caísse.
Pleistoceno
Durante a Época do Pleistoceno (2.588.000 a 11.700 anos atrás), subiu a uma altitude de cerca de 200 metros acima do seu nível moderno, formando um vasto mar interior que se estendia a 320 km da área do vale de H̱ula. O Mar Morto não transbordou para o Golfo de Aqaba porque foi bloqueado por uma elevação de 30 metros na parte mais alta de Wadi Al-abArabah, um curso de água sazonal que flui em um vale a leste do planalto central do Negev.”
O que acontece hoje?
Ainda a britânica: “Como a água no lago evaporou mais rapidamente do que foi reabastecida pela precipitação nos últimos 10.000 anos, o lago encolheu gradualmente para sua forma atual. Outra conseqüência resultante do nível mais baixo do Mar Morto é o surgimento de poços, especialmente na parte sudoeste. À medida que a água no lago desaparecia, tornou-se possível que as águas subterrâneas subissem e dissolvessem grandes cavernas subterrâneas na camada salina que fica sobreposta até a superfície finalmente entrar em colapso.”
O processo é parecido com a extração de sal no Rio Grande do Norte, responsável pela produção de 90% do sal consumido no País. Os produtores represam água salgada que, por causa do forte calor, do vento, e da pouca chuva, acaba evaporando.
Um pouco de história: os Manuscritos do Mar Morto
Este corpo d’água faz parte da história da humanidade desde priscas eras. Segundo a britânica, “o nome Mar Morto pode ser rastreado pelo menos até a Era Helenística (323 a 30 aC). As figuras do Mar Morto nos relatos bíblicos datam da época de Abraão (primeiro dos patriarcas hebreus) e a destruição de Sodoma e Gomorra. O deserto desolado ao lado do lago ofereceu refúgio a Davi (rei do antigo Israel) e, mais tarde, a Herodes I (o grande; rei da Judeia), que na época do cerco de Jerusalém pelos partos em 40 aC se abrigou em uma fortaleza em Massada, Israel.”
Suicídio em massa
“Massada foi palco de um cerco de dois anos que culminou no suicídio em massa de seus defensores judeus zelotes e na ocupação da fortaleza pelos romanos em 73 EC. A seita judaica que deixou os manuscritos bíblicos conhecidos como Manuscritos do Mar Morto se refugiou em cavernas em Qumrān, a noroeste do lago.”
Dentro de 30 ou 40 anos, o Mar Morto pode desaparecer
O site https://www.a12.com/ diz que “o alerta foi lançado por um grupo de especialistas em um editorial publicado pelo Jordan Times. O presidente da Jordan Geologists Association, Sakher Nsour, aponta que o Mar Morto é ‘um fenômeno geológico único, que corre o risco de desaparecer nas próximas décadas’. A partir dos últimos relatórios ambientais, constatou-se que o nível da água está diminuindo a uma taxa de um metro e meio por ano. E que, nos últimos 40 anos, o volume total da bacia foi reduzido em 35%.”

Ilhas de sal no mar Morto, (Britânica).
Mineração e outros usos
A Folha de S. Paulo também abordou o tema. A retração do Mar Morto é fato, mas o jornal chama a atenção para a oportunidade que se abre. Com a retração, abrem-se enorme buracos. nas margens. “Hoje há um total de 6,5 mil crateras ao longo das bordas”. A Folha explica que isso acontece pelas razões já mencionadas, a grande evaporação e a escassez de água em razão do uso para fins agrícolas ‘e para obtenção de água potável necessária para uma crescente população em Israel’. Para o jornal, outros dos motivos é a mineração na região. Segundo a Folha, ‘ambientalistas atribuem a situação a uma gestão hídrica falha no Oriente Médio, onde a instabilidade política impede o consenso para acordos internacionais que possam refrear o fenômeno’.
A oportunidade
A BBC ouviu o pesquisador Eli Raza, que estuda os poços há 17 anos. Ele tem levado grupos para visitarem as crateras. E diz: “a crise hídrica deve servir para que as pessoas conheçam a crise do Mar Morto, para que entendam o que acontece”. E arremata: “as pessoas que vêm aqui ficam impressionadas com o cenário que é muito lindo.” Para Raz, ‘disponibilizar uma forma segura de chegar a esses locais seria um modo de mostrar ao mundo o que acontece, e, além disso, reativar o turismo’. A Folha encerra, porém, com um alerta: “Por enquanto a região só tem colhido revezes turísticos da tragédia ambiental: nos últimos anos, duas das mais turísticas praias na área e o resort Mineral Beach foram fechados por culpa da retração do mar.”
Assista ao vídeo e saiba mais:
Fontes: https://www.britannica.com/place/Dead-Sea/Climate-and-hydrology; https://www1.folha.uol.com.br/turismo/2018/02/pesquisador-defende-transformar-devastacao-do-mar-morto-em-oportunidade-turistica.shtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=fbfolha&fbclid=IwAR24NvlbvN-fqrVa9dSpVxhpBkVNQeA_65X0TG8OGjq3PpMLAE77a7JPTw0; https://www.a12.com/redacaoa12/mar-morto-esta-morrendo-de-verdade.
domingo, 2 de fevereiro de 2020
CRIANDO CAMARÕES!

Berçário ajuda a fortalecer o camarão e garante produtividade(Foto: Guilherme Hahn, Especial)
Produtores do Sul de Santa Catarina voltam a investir na criação de camarão em viveiros
Modernização no sistema de produção tem garantido o retorno seguro e rentável da atividade na região
Por Lariane Cagnini
lariane.cagnini@somosnsc.com.br
Por Ben Ami Scopinho
ben.scopinho@somosnsc.com.br
Presença garantida na culinária litorânea durante o verão, o camarão é o queridinho da temporada. Versátil, ele pode ser servido de várias maneiras, e para acompanhar a demanda de consumo os produtores do Sul de Santa Catarina voltaram a investir. Com tecnologia, a carcinicultura, que é a criação de camarão em viveiros, tem recuperado espaço. Em 2018, 311,83 toneladas foram produzidas no Estado.
Os dados são do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap), vinculado à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Apesar de a produção ainda não suprir a demanda, houve um crescimento de 14,47% em relação ao ano anterior, que registrou 272,40 toneladas. O número de produtores dobrou, de 10 para 21.
A maior região produtora de camarão em cativeiro no país ainda é o Nordeste, responsável por 99% segundo dados de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Especialistas no setor estimam que mais da metade do camarão consumido pelo brasileiro vem das fazendas de cultivo, e o restante é de pescadores artesanais que trabalham com o camarão nativo.
O camarão criado em viveiros, da espécie Litopenaeus vannamei, é uma espécie marinha exótica. Ela foi introduzida no Brasil na década de 1980, se adaptou muito bem e Santa Catarina chegou a ter 112 fazendas de camarão no início dos anos 2000. Foi a Síndrome da Mancha Branca, doença que se manifesta na produção em cativeiro, que dizimou o cultivo e jogou a produção para baixo.
No auge, a região de Laguna chegou a produzir 4,1 mil toneladas em 2004, o que colocou Santa Catarina entre os cinco maiores produtores de camarão no Brasil. A doença se manifestou primeiro aqui, subiu lentamente pelo litoral e atingiu o Ceará em 2016.
Apesar do vírus, a melhoria nas técnicas de manejo garante a manutenção da carcinicultura no Nordeste, e foi de lá que Pedro Buss buscou inspiração. Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Camarão (ACCC), Buss foi o pioneiro nas fazendas com sistema de berçário intensivo para a pós-larva no Estado. Em um ambiente controlado, o camarão se desenvolve melhor, e quando vai para a engorda a taxa de sobrevivência fica na casa dos 90%.
– Dentro da nossa região, para criar camarão tem que ter o berçário. É cautela, é uma ferramenta que ajuda o produtor. Berçário e baixa quantidade de camarão por metro cúbico, por precaução, para uma produção segura e de camarão sadio – defende Buss.
As estufas, ou berçários, têm controle de pH da água, temperatura e oxigênio. As pós-larvas vêm do laboratório, ficam 30 dias nesse ambiente com alimentação a cada duas horas, e só então são transferidas para os viveiros. Depois, são mais 60 dias até estarem com uma média de 12 a 18 gramas cada, e então é feita a retirada desses crustáceos da água, chamada de despesca. Cinco produtores catarinenses já investiram nos berçários. A estrutura custa entre R$ 100 e R$ 150 o metro quadrado, e as fazendas precisam de funcionários 24 horas por dia.
Para o produtor Clemilson de Andrade, a mudança traz bons resultados. São cinco berçários na propriedade, e nos dois ciclos ocorridos foram produzidas 13,5 toneladas:
– O camarão sai daqui (berçário) fortalecido, e quando vai para o viveiro, consegue enfrentar qualquer alteração de temperatura ou doença.
Segurança e produtividade
Na época em que a doença viral se manifestou, os produtores não tiveram condições de seguir investindo devido ao prejuízo financeiro. A síndrome não é perigosa para o ser humano, mas quando acomete o camarão, pode dizimar todo o viveiro em poucos dias. Como outros países conseguiram driblar a doença e manter as produções, foi possível reproduzir esse modelo que tem dado certo até aqui.
A recuperação aparece em números: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018 a carcinicultura cresceu 11,4% em todo país na comparação com o ano anterior, chegando a 45,8 mil toneladas produzidas. Os números estimados pelo setor são um pouco mais expressivos.
O engenheiro de Pesca Itamar Rocha diz que no ano passado a produção de camarão marinho foi de 115 mil toneladas no Brasil. Desse total, 90 mil toneladas vieram da carcinicultura, 78,2%, e as outras 25 mil toneladas da pesca extrativa, que equivalem a 21,7% do volume total. Segundo Rocha, tudo foi absorvido pelo mercado interno.
Para o coordenador de Aquicultura e Pesca Artesanal da Epagri, Luiz Rodrigo Mota Vicente, a mudança nos modelos de produção é que pode garantir uma retomada sustentável da atividade no Estado.
Na avaliação do médico veterinário, a utilização dos sistemas bifásicos e trifásicos é o caminho. Com as estufas na fase de criação, o tempo de exposição do camarão nos viveiros é reduzido. No ambiente aberto é onde está o vírus, que pode aproveitar mudanças climáticas bruscas para se manifestar. Uma pós-larva fortalecida tem mais chance de sobreviver durante a engorda.
Na pesquisa, surge um meio para a retomada
Para fomentar ainda mais a produção segura e sustentável do camarão em cativeiro, o campus de Laguna da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) criou um Grupo de Interesse em Carcinicultura. Sob o comando do professor Giovanni Lemos de Mello, comunidade acadêmica e produtores se reúnem para buscar soluções para problemas do dia a dia.
Além da adesão das fazendas aos berçários intensivos, outras novidades surgem no setor. Um dos investimentos mais recentes na região é na produção em circuito fechado, no sistema de bioflocos. Em uma área bem menor, todo processo é acompanhado em detalhes, sem trocas de água. Ali, as bactérias heterotróficas e nitrificantes fazem todo o trabalho de manutenção da qualidade de água dos tanques, o que estimula a produção desses bioflocos microbianos, que também servem de alimento para o camarão.
Nesse sistema intensivo, é possível acondicionar uma média de 300 a 400 camarões por metro cúbico, enquanto nos viveiros convencionais, a média é de 15 a 20. A produtividade pode ser até 20 vezes maior. Entretanto, o investimento para implantar esse formato é mais elevado. Calcula-se por volta de R$ 2,5 milhões por hectare o custo de uma fazenda de produção de camarões marinhos em sistema de bioflocos.
Para Mello, o cultivo de camarão nos moldes tradicionais nada tem a ver com o camarão do futuro. Para os próximos anos, o ambiente será cada vez mais controlado e com padrões rígidos de bioseguridade. A doença não acabou, mas com o manejo correto, é possível conviver com ela sem que haja prejuízo. O momento é de cautela e de remodelar a produção, para que Santa Catarina possa, aos poucos, retomar o lugar de destaque na carcinicultura.
– As fazendas que investiram no sistema bifásico, de berçário e engorda, têm resultados promissores. Porém, ainda não se pode dizer que existe um pacote tecnológico pronto e definitivo. O berçário é uma ferramenta indispensável para essa carcinicultura do futuro que a gente imagina – projeta Mello.

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