sexta-feira, 22 de maio de 2020

MAR DÁ, MAR TIRA

Estudo realizado pela empresa MinasHidroGeo, requerido por Amoje, prevê avanço do mar nos próximos 42 anos. A imagem acima traça onde a maré deve chegar em 2060 – Foto: NDTV/Divulgação/ND

Se nada for feito, mar pode avançar 100 metros em 42 anos no Campeche, aponta estudo

Moradora foi obrigada a desmontar dois cômodos da sua casa por causa das ondas; proprietários de imóveis reivindicam construção de barreira de rochas

REDAÇÃO ND

Como prevenção, Cristina da Nova Amorim precisou desmanchar dois cômodos da sua casa, na rua Jardim Eucaliptos, bairro Campeche, no Sul da Ilha de Santa Catarina. Construída há mais de 30 anos, a moradora não previa que o mar invadiria seu quintal. Ela afirma que já perdeu 20 metros do terreno.

Ancorado em estudos realizados na região que apontam o avanço do mar em 100 metros nos próximos 42 anos, moradores do em torno da rua Jardim Eucaliptos reivindicam que a Prefeitura construa um enrocamento no trecho. A estrutura consiste em um maciço de rochas ou blocos que funcionam como uma barragem que mantém a água.

Erosão começou em 2010

Conforme a Amoje (Associação dos Moradores do Jardim Eucaliptos), a erosão na região começou em 2010, e vem se intensificando ano após ano. Desde então, os moradores foram autorizados a construir a paliçada, uma contenção de madeira.
Mas, com avanço do mar cada vez maior, a estrutura não vem conseguindo suportar a força das ondas. Além de alterações nas dependências de suas casas, moradores vêm utilizando cordas e também construindo barreiras para lidar com o avanço do mar.

Comunidade reivindica enrocamento

Assim, em 2016, a Amoje solicitou um estudo sobre o avanço do mar na região para a empresa MinasHidroGeo. O estudo foi conduzido pelo geólogo Rodrigo Sato, que se baseou na análise da variação no nível do mar no local de 1978 até 2020.
O estudo concluiu que se o avanço seguir o mesmo ritmo do período analisado, e o poder público não realizar nenhuma interferência para conter o mar “nos próximos 42 anos vamos perder 100 metros [para o mar]. É quase uma quadra!” afirma o geólogo.

Projeção de como seria o enrocamento, realizada por estudo – Foto: NDTV/Divulgação/ND

A solução apontada pelo geólogo e aceita pelos morador foi a construção de enrocamento, “feito utilizando-se blocos de rocha granítica ou Diabásica não alterada de tamanho variando de 1 a 3 toneladas a fragmentos menores utilizados entre os blocos como preenchimento” detalha o estudo.

João Carlos da Silva, presidente da Amoje, afirma que o projeto já é de conhecimento da Prefeitura desde novembro do ano passado, quando foi apresentado junto a outras associações de moradores. A prefeitura já está em contato com a Associação, afirma Silva.

Procurada pela reportagem, a Defesa Civil de Florianópolis afirmou que irá no local analisar a situação e ver quais medidas devem ser adotadas pela Prefeitura de Florianópolis.

*Com informações do repórter Eduardo Cristófoli, da NDTV


Nenhum comentário: