segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A FARINHADA NAS FREGUESIAS E ARRAIAIS DA ILHA DE SANTA CATARINA.

 


 
A FARINHADA NAS FREGUESIAS
E ARRAIAIS DA ILHA DE SANTA CATARINA.
Santa Catarina: a Ilha 1900 - José Luiz Sardá
Virgílio Várzea cita no livro Santa Catarina: a Ilha 1900 que “Na véspera, o carro ou os carros — porque os proprietários às vezes dispõem de dois ou de três, conforme suas posses e haveres — ocupam-se exclusivamente na condução da criação, pequena mobília e utensílios caseiros indispensáveis ao conforto, à lida propriamente doméstica e à do engenho, carregando igualmente os mantimentos necessários à família para uma estada de um a dois meses. Semanas antes, esses mesmos veículos têm acarretado do campo, em carradas seguidas, a lenha que terão de consumir fogão e o forno durante esse tempo, a qual é disposta em montões, ao fundo do terreiro, sob os cafeeiros e laranjeiras. O edifício do engenho que, como de costume quando não está em serviço, serve de celeiro ao café, ao feijão, ao milho, ao amendoim e ao arroz, se acha completamente desimpedido e arrumado, com todo o aparelho e acessórios prontos para a faina da mandioca, bem como a parte onde assentam as salas e demais cômodos reservados à família”.
No início das décadas do século passado de maio a outubro, acontecia as farinhadas. Uma cultura antiga e tradicional do povo açoriano na fabricação da farinha de mandioca. Nesta época havia muitos engenhos de farinhas nas freguesias de São João do Rio Vermelho, Ingleses, Canasvieiras, Ratones, Santo Antonio de Lisboa, Lagoa da Conceição e Ribeirão da Ilha e pequenos arraiais. O plantio e a colheita da mandioca naquele tempo era farta. Os proprietários dos engenhos de farinha eram nativos e de famílias tradicionais, lavradores abastados e donos de vastas roças de mandiocas. Para construir esses engenhos era preciso dispor de um bom capital. Depois que os donos dos engenhos terminassem a labuta da farinhada, os lavradores mais pobres podiam utilizar estes engenhos, desde que retribuíssem com alguns dias de serviços nas lavouras dos donos destes.
A construção era simples e rústica, feitas de parede de pau a pique barreadas e coberto de folhas de tiririca ou de taboa, muito comum nas áreas alagadas. A arquitetura na maioria deles, com pequenas janelas e duas largas portas de saída, uma à frente e outra aos fundos. Localizados sempre a beira dos caminhos e estradas, com pastagem para os animais, próximos aos córregos, rios ou cachoeiras. Estes engenhos na maioria estavam distribuídos nas diversas freguesias e distantes das casas, razão pela qual as acomodações destes ofereciam o mínimo conforto para que as famílias pudessem usufruir e alojar-se durante os longos períodos das farinhadas. Eram divididos em dois espaços: salas, quartos e assoalhados e o outro amplo de chão batido destinado ao aparelho e engenhocas, como: barricas, cocho, fuso, prensa, sevadeira, fornalha e demais acessórios.
Em maio emigravam-se aos engenhos as primeiras famílias de lavradores e proprietários que não possuíam redes. As que possuíam começavam a farinhada depois da safra da tainha. Desta forma dividiam incessantemente as lidas e afazeres nos engenhos e nos ranchos para a pesca da tainha, desde o nascer e ao por do sol. Nesta correria de afazeres, essa gente simples e ordeira trabalhava e se divertia muito. Alqueires de mandioca eram reduzidos a uma excelente farinha torrada e alva, cuscuz, beijus e com o polvilho fazia-se saborosas roscas e broas. Eram separadas e guardadas para o consumo das famílias e na ausência da farinha de trigo, a de mandioca era utilizada para fazer o pão.
Pela altíssima qualidade, sabor e padrão a farinha de mandioca e polvilhada, a sua produção era comercializada, inclusive para diversas cidades do Brasil. Para a farinhada vinha gente de outros arraiais e parentes próximos das famílias. As raparigas com mãos hábeis peneiravam nas gamelas massas de beijus que eram colocadas entre folhas de bananeiras e levadas ao forno. A massa era distribuída sobre a chapa quente e em seguida recolhiam os primeiros beijus torrados que eram arrumados em pequenos cestos de bambu. As brincadeiras, algazarras e as conversas dos rapazes eram uma constante. Ora estavam acarretando a mandioca, cuidado do gado, cevando ou forneando.
Ao mesmo tempo em que as famílias dirigiam para o engenho, os carros de bois seguiam para as plantações de mandiocas junto às encostas dos morros. Grupos de rapazes trabalhavam na extração das grossas raízes de mandiocas, outro se ocupava com os serviços internos no engenho cuidando dos carros e da troca dos bois, da prensa, sovando, dos tipitis, carreiros e o forneiro. O forneiro estava sempre envolvido pela nuvem branca de polvilho e com esmero cuidava da fornalha, pelo aroma, de pronto sabia e conhecia quando a fornada estava no ponto. Sabendo com detalhes todo o processo da fabricação da farinha.
Ao longo dos meses fazia-se um revezamento evitando a fadiga, a rotina e o desgaste físico. Nos mandiocais a colheita começava dos morros para a planície. Para extrair a raiz pegava-se a rama com as mãos, depois era sacudida para tirar o excesso de terra e quebrando-as pelas pontas era despejada em grandes balaios feitos de cipó ou de bambu. Cheios eram levados até um barraco de palha improvisado construído sob as árvores, que servia como ponto de apoio e descanso. Geralmente este trabalho era feito nas primeiras e últimas horas do dia, evitando o calor excessivo do sol.
O processo de raspadura da mandioca era feito nas primeiras horas da manhã. Na continuidade da lida a carga de mandioca era transportada em grandes balaios a um espaço reservado dentro do engenho e próximo ao rústico aparelho, onde as raízes eram despejadas. Tanto a colheita do café, do algodão e da mandioca se empregava o trabalho das mulheres e os demais trabalhos feitos por elas eram dentro das casas, como fazer a fiação do gravatá, do algodão, do linho, os bordados, as rendas de bilros e almofadas, os crivos, as tecelagens e entre outros artesanatos.
Mães e filhas em volta das mandiocas agachavam-se em esteiras de taboas e tiriricas ou sentadas em bancos improvisados com cepos de madeira. Utilizavam pequenas facas e com rapidez e destreza faziam a raspadura da mandioca, posteriormente era ralada, prensada, peneirada e depois levada ao forno para secar. Ao mesmo tempo, o sovador transportava nos balaios as mandiocas raladas para o cocho do escorredor ao ralador. Todo esse trabalho era feito com muita alegria, em conversas corriqueiras, falas graciosas e sonoras gargalhadas das mulheres.
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domingo, 20 de dezembro de 2020

MAR DE BORGES

Foto Fernando Alexandre

O MAR 
Antes que o sonho (ou o terror) tecesse Mitologias e cosmogonias, 
Antes que o tempo se cunhasse em dias, 
O mar, sempre mar, já estava e era. 
Quem é o mar? 
Quem é aquele violento 
E antigo ser que rói os pilares 
Da terra e é um e muitos mares 
E abismo e resplendor e acaso e vento? 
Quem o olha o vê pela primeira vez. Sempre. 
Com o assombro que as coisas Elementares deixam, 
as charmosas tardes, a lua, ou fogo de uma fogueira. 
Quem é o mar, quem sou? Isso saberei 
No dia seguinte da minha agonia

(Jorge Luis Borges ) 
Tradução de Rodrigo Garcia Lopes

MALHEIRAS

Foto Fernando Alexandre

TRABALHADORES DO MAR

Foto Fernando Alexandre
 Célio, o "Carestia" e Bruno!
Pântano do Sul

domingo, 13 de dezembro de 2020

SE OS TEMPOS SÃO DE LULA...



Foto Luis Inácio
Lulas com Pimenta e Azeite 
  Ingredientes

1 kg de lula pequena
2 colheres (sopa) de azeite de oliva extravirgem
1 dente de alho
1/2 pimenta dedo-de-moça fresca
sal
1 limão
1 maço pequeno de salsa

Modo de preparo
Limpe cuidadosamente as lulas. Retire a cartilagem e a cabeça da lula já lavada. Separe os tentáculos e a cabeça. Elimine a pena localizada no centro dos tentáculos. Retire então, delicadamente, a pele da cabeça começando pelo alto. Lave em água corrente bem fria, enxugue delicadamente e reserve. Em uma frigideira grande, aqueça o azeite de oliva, junte o alho amassado e deixe dourar. Retire o alho e acrescente as lulas. Cozinhe em fogo médio, adicionando algumas fatias de pimenta dedo-de-moça e ajustando o sal. Sirva as lulas temperadas com o suco do limão e a salsa picada. Rendimento: 6 pessoas

(Do livro "ESCOLA DE COZINHA,"de Francesca Badi e Piero Rainone/Editora Larousse)

TRABALHADORES DO MAR

Foto Fernando Alexandre
Zeca e o cachorro - Pântano do Sul

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

MAR DE POETA

Foto Andrea Ramos
vai passar
       ouça
             o murmúrio do mar

(Ademir Assunção - em "até nenhum lugar" - Editora Patuá)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

TUDO

 

Fernando Alexandre e Andrea Ramos

JÁ É TEMPO DE ANCHOVAS


Anchova assada com banana

Ingredientes:

- 1 anchova média espalmada 
- 1 cebola grande picada
- 6 dentes de alho picados
- 1 banana verde descascada picada
- suco de 2 limões 
- Sal, pimenta, azeite, alfavaca e açafrão a gosto

Preparação:

Passo 1: Tempere a anchova com sal, pimenta e açafrão. Jogue o suco dos limões por cima.
Passo 2: Então cubra com a mistura de cebola e tomate e, finalmente, cubra com folhas de alfavaca.
Passo 3: Cubra com papel alumínio ou filme plástico e leve à geladeira por uma noite, de preferência, já no refratário que vai usar para assar.
Passo 4: No dia seguinte, tire as folhas de alfavaca, regue com azeite.
Passo 5: Logo após, cubra com pedacinhos de banana e leve ao forno médio (200 a 220 graus) envolto no papel alumínio por cerca de 40 minutos.
Passo 6: Retire o papel alumínio e deixe no forno, na mesma temperaturo por mais meia hora, ou até o peixe ficar bem firme.

TRABALHADORES DO MAR

Foto Fernando Alexandre
Aldemir - Pântano do Sul

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

PRA QUE TANTA CHUVA?


Ilustração Andrea Ramos

pra que tanta chuva
se Florianópolis já é uma ilha?
água aqui está na mão
suave como uma luva.

agora, sol, é outros quinhentos
estrelas são outros por cento
noites, não sei, talvez não saibas
se são navios, trens ou trezentos 

  (Raimundo Caruso, poeta, escritor e jornalista catarinense)

domingo, 6 de dezembro de 2020

SEO LECA E OS OUTROS TEMPOS!

Manoel José de Campos nasceu em 1938, no Pântano do Sul. Pesca desde os 12 anos de idade - ele acha -  porque não sabe direito quando começou com as lidas do mar. 
Hoje,  Seo Leca é sempre presente na praia. Todos os dias ele tá lá, olhando os peixes, o mar e trocando uma conversa em todos os barcos que chegam. 
Sabe de tudo: quem foi pro mar, quem já voltou, quem tá demorando e quem vai chegar mais tarde! 
Tudo que acontece, ele sabe!
Nesse depoimento pra Andrea Ramos, ele conta histórias e estórias da praia e da vida  naqueles tempos. Um belo depoimento!

MANÉ-CAIS


Dia de sóli:
corruíras e cambacicas
festejam a lúgi

(Fernando Alexandre)

sábado, 5 de dezembro de 2020

PORTUGUESA, COM CERTEZA...


Pitch-Patch – Canja de Ostras

Ingredientes e quantidades

700 g de ostras 
1/2 Chávena de óleo vegetal 
50 g de arroz 
1 Cebola picada 
2 Tomates maduros 
1 Limão 
2 Dentes de alho picados 
Piripiri q.b. 
Sal q.b. 

Preparação

Coloque o arroz de molho num recipiente com água fria durante aproximadamente 10 minutos. Passado esse tempo, escorra a água e reserve o arroz. 
Num tacho ao lume, coloque o óleo, a cebola picada, os dentes de alho picados e deixe alourar muito ligeiramente. 
Acrescente o tomate cortado aos cubos, depois de retiradas a pele e as sementes, e deixe refogar, sempre a mexer, durante 1 minuto. 
Junte o arroz, misture muito bem e deixe refogar, enquanto vai mexendo, durante 2 minutos. 
Acrescente aproximadamente 1 litro de água, ajuste o sal e o piripiri e deixe cozer. 
Assim que começar a ferver, junte as ostras e deixe ao lume até que as ostras fiquem cozidas. 
Retire do lume, regue com o sumo de limão e sirva decorada com ervas aromáticas. 

Observações * Notas * Curiosidades * Dicas

Há quem goste de partir o arroz previamente antes de confeccionar este prato. Eu pessoalmente não me dou a esse trabalho.

(Do http://www.lusosabores.com/Receita.aspx?recID=31DE9)

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

MAR DE POETA

Resultado de imagem para Nau perdida

Poema de Amor

Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.

(Fernando Namora)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

DA COZINHA CAIÇARA

O Surpreendente Azul Marinho

O Caiçara absorveu muito da cultura indígena como o hábito de utilizar a banana em sua alimentação. O curioso e delicioso Azul Marinho nasceu da necessidade de se alimentar bem e da abundância dos ingredientes utilizados em seu preparo. O prato é um clássico da Cozinha Caiçara apreciadíssimo dentro e fora das regiões caiçaras tradicionais e é um dos bons exemplos da criatividade e da capacidade do Caiçara em utilizar tudo que tem disponível em seu entorno para desenvolver uma culinária autentica e saborosíssima. 

Dificuldade média | 1 hora de preparo | 4 porções

INGREDIENTES

1 kg de um peixe salgado/seco (tainha, bagre, etc.) ou de um peixe fresco e firme comogaroupa, robalo ou pescada amarela cortado em postas largas de cerca de 3 cm.
5 bananas nanicas ou da terra bem verdes.
2 colheres de sopa de azeite.
½ xícara de chá de cebola picada.
3 dentes de alho picados.
1 xícara de tomate sem pele e sem sementes cortados grosseiramente.
2 colheres de sopa de coentro picado. Se tiver, prefira sempre o coentro de folha.
2 colheres de sopa de cheiro verde picado.
10 folhas de alfavaca.
¼ de xícara de farinha de mandioca.
Sal a gosto.
Pimenta malagueta ou aquela que você tem aí, a gosto.

Dica 1: Se você quiser incrementar pode acrescentar 400 g de camarão.
Dica 2: Se for utilizar peixe seco/salgado, fica a dica do nosso amigo Cesar "Periquito": - "...O peixe seco era a base da alimentação dos pescadores por conta da ausência de gelo nos tempos passados e o que dá o toque é o processamento da "secura" do peixe. Se o peixe for um bagre seco fica melhor ainda e mais azul..." 

Você vai Precisar

1 Panela de ferro grande com tampa.

Nota: Você também pode fazer o Azul Marinho em uma panela de barro, mas há que diga que o verdadeiro Azul Marinho é feito em panela de ferro, pois propicia a formação de mais pigmentos azulados, já que os taninos se ligam fortemente aos derivados do ferro.

PREPARO

Tempere o peixe com sal e reserve.

Descasque a bananas e corte-as de comprido, ao meio. Alguns preferem manter as bananas com a casca e cozinhá-las cortadas em quatro, no sentido do comprimento e depois na metade. Defendem que são as cascas que liberam mais tanino aumentam assim a coloração azulada que dá o nome ao prato.

Dica: Se descascar as bananas, coloque-as de molho em água fria para que não escureçam. Se não for descascar, lave bem as bananas.

Coloque a panela de ferro no fogo e aqueça o azeite. Refogue a cebola e o alho. Junte os tomates, adicione o sal e metade do coentro. Misture bem.

Fazendo o Azul Brotar das Bananas Verdes

Retire as bananas da água fria, acrescente-as ao refogado e cubra tudo com a água onde estavam as bananas. Verifique o sal e cozinhe até as bananas ficarem macias. Retire as bananas da panela e reserve-as.

Nota: O caldo do peixe, bem como todos os componentes do cozido, apresentam um tom azulado, por conta da banana verde. Neste estágio, a banana é rica em uma substância chamada tanino. O tanino, ao ser liberado durante o cozimento se associa às proteínas do peixe formando um composto de cor azul.
Preparando o Peixe

Se você está utilizando o peixe seco/salgado. Dessalgue-o com antecedência. Se estive usando peixe fresco, coloque as postas de peixe na panela e, se estiver meio seco, adicione mais de água. Junte metade do cheiro verde, as folhas de alfavaca e cozinhe por uns 10 minutos ou até o peixe ficar macio. Separe os peixes e o caldo do cozimento e reserve-os em vasilhas separadas mantendo, principalmente o peixe, aquecido.

Nota: Pode parecer que separar as partes principais (banana, peixe e caldo) do prato é trabalhoso e até desnecessário, mas talvez não seja. O peixe e a banana tem tempos diferentes de cozimento e, ainda por cima, este tempo varia conforme o tipo de peixe utilizado, a espessura da posta, o tamanho e o quão verde está a banana. Sendo assim, se forem preparados juntos, eles correm o risco de cozinharem demais ou de menos e a coisa toda desandar, por exemplo, a banana ficar dura e o peixe desmanchar.

Com mais prática você saberá avaliar os ingredientes e saber o momento certo de acrescentar o peixe e a banana para cozinharem juntos, podendo fazer este prato numa toada só e terminar o cozimento correto dos dois ao mesmo tempo. Quase um estado de arte, mas chegaremos todos lá!

Fazendo o Pirão

 Foto: Receitas IG

Com um garfo amasse a maioria das bananas na panela (guarde algumas para a montagem final do prato) e vá acrescentando parte do caldo do cozimento do peixe (guarde um tanto de caldo para a montagem final do prato) até conseguir um pirão cremoso. Adicione o restante do coentro e do cheiro verde e misture. Leve a panela ao fogo e vá acrescentando a farinha de mandioca aos poucos, mexendo sempre para não empelotar e para não grudar no fundo da panela, até conseguir uma consistência um pouco mais mole do que você gosta (leia a dica abaixo). Retire do fogo e corrija o sal.

Dica: A farinha de mandioca continua absorvendo o líquido mesmo depois de você ter finalizado o pirão deixando-o um pouco mais consistente.

Montando o Prato

Em uma travessa ou panela de barro, coloque o pirão, cubra-o com as postas de peixe, junte as bananas restantes (corte-as em pedações ou coloque-as inteiras, você é quem manda) e acrescente o restante do caldo. Está pronto!

Sirva com arroz branco e aquela sua pimentinha!

Divirta-se!

http://cozinhatradicionalcaicara.blogspot.com.br/

TRABALHADORES DO MAR

Foto Fernando Alexandre
Célio, o "Carestia" , vendendo o seu peixe - Pântano do Sul

MAR - CAIS

 
Foto Fernando Alexandre
terminou a espera
o barco não se fez ao mar
ficar também é navegar

(Fernando Alexandre)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

VENTO DIVINO

Kublai Khan tentou 2 vezes invadir o Japão. Retrato de Anige do Nepal
Japão acha navio mongol no século 13

Os restos de um navio que teria participado da fracassada tentativa mongol de conquistar o Japão, no século 13, foram encontrados na costa do país.
Pesquisadores encontraram um pedaço de 12 metros do casco da embarcação, enterrado sob a areia da costa de Nagasaki.
Esta teria sido a primeira vez que o casco de um barco usado na invasão mongol foi recuperado.
Os pesquisadores da universidade de Ryukus, em Okinawa, usaram equipamento ultrasônico para detectar os restos do navio.
Os ataques frustrados contra o Japão foram um das poucas vezes que os mongóis foram derrotados do século 13. A madeira do casco foi pintada de cinza e ligada por pregos. Tijolos e armas também foram encontrados a bordo.

Mistério

Os pesquisadores dizem esperar que a descoberta os ajude a entender os motivos da vitória japonesa.
Os japoneses costumam atribuir a vitória aos ventos e tempestades que destroçaram as embarcações mongóis durante as tentativas das invasões de 1274 e 1281.
O "vento divino", ou kamikaze em japonês, foi novamente invocado para inspirar os pilotos a lançarem ataques suicidas na Segunda Guerra Mundial.
Como nômades da Ásia Central, os mongóis tinham pouca experiência no mar e usaram chineses e coreanos subjulgados para construir seus navios.
A estrutura do navio lembra a das embarcações chinesas da época.
Os mongóis chegaram a desembarcar e ter algum sucesso contra os japoneses, que tinham menos habilidade no arco e flecha.
Mas em ambas as ocasiões, os mongóis e as tropas chinesas e coreanos sob seu comando tiveram que bater em retirada por causa de tufões que se aproximavam, impedindo seus planos.

(Da BBC Brasil - www.bbcbrasil.com.br )

LAGOINHA, EM 1900

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 Lagoinha, segundo Virgílio Várzea

"A Armação da Lagoinha tirou o nome da pequena lagoa que há nessa paragem e que abre para o oceano por estreito ribeiro: tirou-o também do posto de pesca da baleia que nela foi fundado em 1772 por uma empresa particular, posto de que nos ocuparemos, como de muitos outros do Estado, no segundo volume desta obra. Neste sítio existe ainda a capelinha, sob a invocação de Sant'Ana, erigida pela referida empresa para nela ouvirem missa e se confessarem os arpoadores e tripulantes das baleeiras, quando a pesca começava, descendo o sacerdote em seguida até à praia a benzer as embarcações que iam fazer-se ao mar.

As casas da povoação erguem-se na costa do mar, sobre a praia e altos da ponta da Armação propriamente dita.

A pequena lagoa fica para dentro do litoral 1/4 de milha: tem de comprimento 1.600 braças, por 500 a 600 de largura; sua profundidade em geral é de 6 metros, tendo em alguns pontos 10 e mais. Em suas águas encontra-se uma grande variedade de peixes, sendo os principais o acaraí, a carapeba, o linguado, a tainha e o robalo. A certa distância desta, existem mais duas pequeninas lagoas, também muito abundantes em peixe — uma de 350 braças, outra de 400 de extensão."

(De "Santa Catarina: a ilha", de Virgílio Várzea - publicado em 1900)

MANÉ-CAIS

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Bucicas no cio:
lua cheia reinando
no meio da minha cozinha.

(Fernando Alexandre)

domingo, 29 de novembro de 2020

MAR-CAIS

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Nem poema 
Nem rima 
Minha lágrima 
Obra prima

 (Fernando Alexandre)
-outono 92-

MANEMÓRIAS

Foto: Panorâmica Balneário de Ingleses 2019 
Foto Cid Junkes

BALNEÁRIO DE INGLESES: A TRANSFORMAÇÃO DE UMA VILA DE PESCADORES

por José Luiz Sardá
 
Conta a história que a origem do bairro Ingleses é atribuída ao naufrágio de uma nau inglesa, ocorrido na metade do século XVIII, em frente a Ilha do Mata-Fome, como é conhecida popularmente pelos nativos e pescadores. Esta ilha serviu de abrigo aos náufragos e alguns destes sobreviventes constituíram famílias com as nativas do lugar. Naquela época era um povoado bastante habitado e todos se agrupavam no entorno da pequena capela consagrada a Nossa Senhora dos Navegantes, construída por um abastado lavrador, em 1881, sobre os cômoros de areia. Na década de 1960, devido ao aumento da população, a capela foi demolida com o objetivo de construir uma igreja maior. Até hoje a tradicional festa religiosa de Nossa Senhora dos Navegantes atrai multidões de romeiros e devotos.

Naquela época, Ingleses do Rio Vermelho abrangia parte da costa Leste da Ilha de Santa Catarina, desde o atual bairro São João do Rio Vermelho, até o balneário de Ingleses. Foi criado por Decreto-Lei de 11 de agosto de 1831, sob a invocação de São João Batista. Posteriormente, em 04 de dezembro de 1962, por Decreto foi criado o Distrito de São João do Rio Vermelho. O surgimento desta freguesia açoriana, que se desenvolveu a partir do núcleo original e pelos principais caminhos, vielas e becos abertos sobre as planícies das Aranhas e do Capivari, além de alavancar o povoamento da região, serviu também como posto de reconhecimento de embarcações que chegavam pelo lado Norte da Ilha.

Era uma vila cujos habitantes se dedicavam, na maior do tempo, à agricultura e à pesca. Na década de 1960 os engenhos de farinha e de açúcar dominavam a paisagem local. Entretanto, a partir dos anos 1970 deixaram de existir. A atividade pesqueira era intensa. Existiam as denominadas “Salgas”, um tipo de armazém onde os pescados eram preparados com sal, estocados e depois comercializados. A partir do final a década de 1980, aproximadamente, as terras que serviram basicamente à agricultura foram parceladas e transformadas em grandes loteamentos e condomínios edilícios. A crônica ausência de adequado planejamento urbano permitiu a chegada de milhares de migrantes na região, notadamente de gaúchos, paranaenses, paulistas e catarinenses do interior. 

Nos anos 1990, o “boom” do turismo no balneário passou a representar importante fonte de renda à população, mas, infelizmente, trouxe profundas modificações no cotidiano dos nativos e prejuízos ao meio ambiente, transformando de modo irremediável a bucólica e pacata vila de pescadores e pequenos agricultores. A especulação imobiliária, ora hipervalorizando as áreas mais próximas da praia, ora oferecendo a pouco troco áreas sabidamente problemáticas, provocou absurdo crescimento desordenado, vindo a afetar diretamente o cotidiano da população local. Os imóveis simples originários, localizados ao longo das vias e da estrada principal, rapidamente se transformaram em supermercados, restaurantes, shopping, hotéis, pousadas, resorts, loteamentos, conjuntos habitacionais e pontos de prestadores serviços diversos.

Não é de hoje que o bairro Ingleses e seu entorno vem sofrendo grande pressão sobre seus ecossistemas, cujo funesto resultado se traduz em sérios danos ambientais. Exemplos claros disso são: a) áreas de dunas invadidas pela população de baixa renda, originando grandes bolsões de pobreza: b) poluição no Rio Capivari, onde efluentes de esgoto são despejados in natura no leito do rio: c) processos erosivos no cordão praial por força da ocupação desenfreada e desregrada: d) descaracterização das encostas e ocupações irregulares nas áreas de preservação ambiental. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, as planícies dos bairros Sitio Capivari e Santinho tiveram significativo aumento populacional, consubstanciando, ambas, a região que mais cresceu nos últimos dez anos em Santa Catarina. Dados apontam que os seis distritos do Norte da Ilha, já no ano 2.020, terão uma população flutuante/residente aproximada de 460 mil pessoas.