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quarta-feira, 29 de abril de 2020

NO URUGUAI, NAUFRÁGIO DE 1763


Navio do tesouro é o Lord Clive?
Navio do tesouro pode ser o Lord Clive, encontrado no rio da Prata em água Uruguaias

O Uruguai está em polvorosa. Pesquisadores consideram que acharam o grande navio do tesouro: o Lord Clive, da Companhia das Índias Ocidentais, que afundou defronte a cidade de Colônia do Sacramento em 1763.

Uma matéria do site infobae.com, de Janeiro de 2017, diz que a busco do navio que afundou há 253 anos faz renascer a legenda da aventura. No próximo dia 10 de Fevereiro o pesquisador Rubén Collado mergulhará no rio da Prata para tentar resgatar o navio. Segundo o pesquisador,

o navio do tesouro pode ter US$ 1.200.000 em moedas de ouro sem falar na carga de run, ópio e seda armazenada em tubos de chumbo.

Operação de resgate

Ela não será tão complicada já que o navio do tesouro está a 350 metros da costa de Colônia do Sacramento, numa profundidade de apenas cinco metros. Andrés Sobrero, director de Turismo de Colonia, afirmou quea operação de salvamento teria sobre a cidade um impacto não menos importante do que quando a UNESCO a declarou Patrimônio Histórico da Humanidade

Resgate do navio do tesouro foi declarado de ‘interesse ministerial’

O ministro da economia do Uruguai, Danilo Astori, assinou uma resolução em Setembro de 2016 dizendo que que a operação é de ‘interesse ministerial’. De acordo com a matéria, José Mujica, ex- presidente, também apoiou a operação:Em 26 de Fevereiro, 2015, poucas horas depois de deixar o cargo, o presidente José Mujica autorizou um contrato para resgatar restos, carga, e qualquer objeto no navio Lord Clive. O acordo foi feito entre o Ministério da Defesa Nacional, comando geral da Marinha, Prefeitura Naval e Ruben Collado, o pesquisador.

Collado prometeu dez por cento da sua quota à Prefeitura Naval para comprar equipamentos especiais.
Collado mostra no mapa onde está o Lord Clive

Assista entrevista com o pesquisador encarregado do resgate do navio do tesouro:

(Do http://marsemfim.com.br/)

sábado, 28 de março de 2020

O NAUFRÁGIO DA "CHATA" NO PÂNTANO DO SUL



Comandante Zenaide, pescadora e quituteira do Pedacinho do Céu Restaurante, e Seo Vadinho, pescador e dono do Bar e Restauraste do Vadinho, do Pântano do Sul, falam sobre o navio que naufragou na praia nos anos 50 do século passado.

O NAUFRÁGIO DO NAVIO GUARARÁ


Navio Guarará, pertencente a Companhia Internacional de Transportes; 482 toneladas de registro; tripulação de 23 pessoas. Esses dados foram retirados do jornal "O Dia" (Curitiba, 9 de outubro de 1940, p.3) que faz referência ao quase naufrágio ocorrido "nas alturas do Cabo de Santa Marta". Na edição do mesmo dia, contudo, no Rio de Janeiro, “O Jornal” (p.6) trás mais informações sobre o ocorrido sob o título “O navio Guarará arribou o Porto de Florianópolis”. De acordo com a edição, a avaria sofrida pela embarcação foi “extrema gravidade”, que com a inundação dos porões correu risco de soçobrar [algo que viria a acontecer 14 anos depois, conforme será relatado a seguir]. 

Sobre o naufrágio, o “Jornal do Brasil” (Rio de Janeiro) na edição de 16 de junho de 1954 (p.11), sob o título “Naufragou à altura do Farol dos Náufragos, em Florianópolis”, traz uma série de informações sobre a embarcação e o infeliz ocorrido. O navio carvoeiro Guarará, “conduzia um carregamento de carvão de Imbituba para o Rio de Janeiro. De acordo com a mesma edição, o navio deslocava 650 toneladas e segundo tripulantes “somente quando o navio singrava as águas fronteiras ao porto de Florianópolis que se notaram o rompimento dos porões”. As medidas do comandante de mudar de rota para que o navio pudesse chegar a capital catarinense não surtiu o resultado esperado, tendo a embarcação afundado à passagem do “Farol do Náufragos” (Farol dos Naufragados). Todos os tripulantes foram salvos.

Na edição do jornal "Correio da Manhã" de 18 de dezembro de 1958 (p.16), traz a informação de que o Tribunal Marítimo indeferiu o pedido de arquivamento do processo de encalhe e naufrágio do Navio Guarará, formulado pelo Procurador Gilberto de Barros, dando ordem "a volta dos autos a Procuradoria, para que represente contra a armadora (...) [já citada anteriormente] e o comandante Antônio Coelho Neto, pelos fundamentos que serão aduzidos nos autos pelo relator Braz da Silva". Espero ter contribuído. Melhores cumprimentos, 

(Ticiano Alves é especialista em Arqueologia Subaquática pelo Instituto Politécnico de Tomar/Portugal e doutorando em Arqueologia (ramo naval) pela Universidade de Coimbra.)

* Texto publicado originalmente pelo INSTITUTO LARUS  em 30 de Outubro de 2016.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

CEMITÉRIO DE NAVIOS

Ilustração do naufrágio/autor desconhecido

Há 174 anos, no dia 15 de julho de 1839, o lendário Giuseppe Garibaldi naufragava com sua Nau Capitânea "Farropilha" em Araranguá, litoral de Santa Catarina. Forte chuvas caíram e um temporal surpreendeu o Farroupilha na traiçoeira costa, nas proximidades da foz do rio Mampituba, região respeitada e conhecida como "cemitério de navios". Garibaldi, após tentar ajudar seus companheiros, salvou-se nadando até a praia. No desastre morreram 14 dos tripulantes da nau, entre eles os italianos e amigos de Garibaldi Eduardo Mutru, Luigi Carniglia, Luigi Staderini, Navona e Giovanni.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

LÁ NO FUNDO

Desenho mostra como era a caravela Santa Maria 
(Reuters/U.S. Library of Congress)

Caravela Santa Maria afundou na histórica viagem de Descoberta da América

Referência mundial em arqueologia submarina, o explorador americano Barry Clifford revelou ter encontrado o que seriam restos da caravela Santa Maria, uma das três embarcações utilizadas pelo navegador genovês Cristóvão Colombo (1451-1506) na expedição que entraria para a História pela Descoberta da América.

Carcaça da caravela Santa Maria no mar do Caribe

A carcaça da nau foi encontrada no Mar do Caribe, próximo do Haiti. O jornal britânico The Independent divulgou os resultados da recente expedição de Clifford em sua página na internet. “Todas as evidências geográficas e de topografia subaquática sugerem fortemente que se trata da embarcação de Colombo”, afirmou o explorador à publicação.
Num recife a mais de 10 metros de profundidade

Presos a um recife a mais de 10 metros de profundidade na costa norte do Haiti, os vestígios da embarcação foram encontrados pela equipe de Clifford em 2003, quando eles fotografaram o material. Depois disso, eles vêm estudando as imagens e realizando novos mergulhos.

As expedições foram patrocinadas pelo canal de TV americano History Channel – e a descoberta deve render um documentário.

Os Indícios da Caravela de Colombo

Um canhão com características típicas dos fabricados naquela época, encontrado junto com os restos da caravela, é o mais forte indício que levou Clifford a concluir estar diante dos destroços da histórica embarcação de mais de 500 anos.

A localização é outro fator: o lugar onde os destroços foram encontrados corresponde ao apontado por Colombo em seu diário de viagem. Com 36 metros de comprimento, a caravela Santa Maria foi uma das três naus que saíram da Europa em 1492 e chegaram ao Caribe – patrocinadas pela monarquia espanhola. O interesse era descobrir uma nova rota para o comércio com o antigo Oriente. Em dezembro daquele ano, ela naufragou acidentalmente. Apenas Nina e Pinta voltaram ao continente europeu, no ano seguinte.

Currículo do mergulhador
O mergulhador, arqueólogo subaquático e explorador Barry Clifford ficou famoso mundialmente em 1984, quando, após 15 anos de buscas, encontrou o navio pirata Whydah, naufragado em 1717, na costa nordeste da América do Norte.

The Whydah Pirate Museum

A descoberta deu origem ao The Whydah Pirate Museum, instituição com sede em Provincetown, Massachusetts, nos Estados Unidos. A embarcação Whydah, construída em Londres para ser utilizada como navio negreiro, é considerada a primeira nau pirata encontrada que pôde ser comprovada como tal.

Clifford nasceu em 1945, em Cape Cod, Massachusetts. Graduou-se em História e Sociologia no Western State College, do Colorado. Antes de se dedicar ao mergulho, foi professor e treinador de futebol americano. Nos anos 1970, abriu uma empresa de exploração subaquática e caça a tesouros em naufrágios.

(Do Estadão/com Reuters - via https://marsemfim.com.br)

domingo, 17 de março de 2019

LÁ NO FUNDO...

Nunca antes um naufrágio tão antigo foi descoberto em tão boas condições

Navio do século XIII descoberto no Mar Negro 
Por

O Mar Negro é uma espécie de “museu” de naufrágios encontrados em condições sempre boas devido às suas características peculiares. Segundo a BBC, o Mar Negro não tem oxigênio abaixo dos 159 metros. Isso faz com que os barcos antigos, de madeira, não sejam devorados por criaturas que destroem a madeira. Navio do século XIII, naufrágio em perfeito estado de conservação.

Descobertos por acaso, são cerca de 40 embarcações

A descoberta aconteceu quando pesquisadores estudavam o que ocorreu com a água do Mar Negro depois da última Era Glacial. A bordo de um navio de pesquisa, na superfície, os pesquisadores estudavam o leito do mar com câmaras submarinas quando deram com o achado. O navio estava em tão bom estado que foi possível enxergar nitidamente as cordas enroladas nos mastros. Ele foi encontrado numa profundidade de 1.800 metros.

Segundo a BBC

Até o momento já foram contabilizados 40 navios – sendo a maioria do período bizantino.

O Mar Negro foi um importante centro de antigas navegações. Pesquisadores acham que o achado vai ajudar a conhecer melhor as rotas do passado.

Discordância do período das embarcações naufragadas

Os arqueólogos datam a descoberta dos séculos XIII ou XIV, abrindo uma janela nova aos precursores dos navios que descobriram o Novo Mundo, aqueles de Colombo. Este navio medieval serviu provavelmente o império de Veneza, que teve postos avançados do mar Negro.

Ambas as fontes concordam num ponto:
Nunca antes esse tipo de navio fora encontrado de forma tão completa. 

Jon Adams, líder do projeto do Mar Negro, e diretor fundador do centro de arqueologia marítima da Universidade de Southampton, disse que:
Esses naufrágios são um bônus, uma descoberta fascinante que fizemos durante a nossa extensa pesquisa geofísica. Com técnica de filmagem 3D subaquática conseguimos obter estas imagens impressionantes sem alterar o fundo do mar

O New York Times publicou um desenho de como era um dos navios encontrados.

(Do https://marsemfim.com.br/)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

LÁ NO FUNDO...

Foto:Getty Images

SOB A BAÍA DE GUANABARA, REPOUSA UM TESOURO DE R$ 1 BILHÃO

Conheça o naufrágio do Rainha dos Anjos, que se esconde sob toneladas de lixo e lodo, há uma gigantesca fortuna. Veja também outros naufrágios nas costas do Brasil

Em uma noite de julho de 1722, um barulho muito alto vindo de uma nau ancorada gritou no ouvido de quem estava ali perto na Baía de Guanabara - entre a ilha das Cobras e o antigo Forte de São Tiago, na atual praça XV, centro do Rio de Janeiro. O capitão do navio preparava-se para um jantar no Mosteiro de São Bento quando um marinheiro esqueceu uma vela acesa nas proximidades do compartimento de estoque de comidas, iniciando um incêndio.

O fogo atingiu os barris de pólvora guardados no porão e a embarcação explodiu. Partida ao meio, afundou, levando consigo um tesouro hoje estimado em 1 bilhão de reais. Por sorte, ninguém morreu. Era o fim de uma história de oito anos e o começo de outra: a busca pelas preciosidades da embarcação Rainha dos Anjos.

A grande nau, procurada por caçadores de tesouros de todo o mundo, era uma embarcação de guerra portuguesa armada com 56 canhões. "Há uma certidão da Alfândega de Lisboa, de 6 de julho de 1722, em que a Coroa contrata um sujeito chamado Jorge Mainarde para fazer o salvamento do que fosse possível da Rainha dos Anjos", afirma o biólogo e mergulhador Marcello De Ferrari. "Esse contrato vai até 24 de junho de 1724. Ou seja, durante quase dois anos foi feita a exploração dos restos do navio, com os búzios, como também são chamados os mergulhadores, que podem ter tirado grande parte dos tesouros dali."

Tesouro perdido

Os búzios, na época, desciam a 18,20 m de profundidade. Voltavam à superfície várias vezes para retomar o fôlego e mergulhar de novo. Mas, se sobraram objetos na nau, é bem possível que estejam intactos. Inclusive 136 vasos de porcelana e vidro esmaltado da era Kangxi (1661-1722) e, possivelmente, diversas joias e barras de ouro.


Como seria o Rainha dos Anjos Wikimedia Commons

Acredita-se que os vasos eram meticulosamente embalados para resistir às mais diversas provações e, por isso, estariam inteiros. "Mesmo que só haja cacos, eles são um tesouro arqueológico imensurável. A exploração na época do naufrágio não tinha os recursos atuais. Certamente ainda há muita coisa lá embaixo", diz Ricardo Joppert, doutor em estudos sobre o Extremo Oriente.

A costa brasileira tem mais de 8 mil navios afundados, muitos com tesouros de valor incalculável. Em cada embarcação que foi a pique, encerra-se uma espécie de cápsula do tempo da época do desastre. As promessas de riqueza da Rainha dos Anjos são das que atraem mais curiosidade e cobiça – potencializadas pelo anúncio, no fim de 2009, do encontro de dois fragmentos de madeira a cerca de 80 m da ílha das Cobras. 

Carregamento diplomático

Quando saiu em sua viagem inaugural, em 1714, a embarcação não estava carregada de ouro e porcelana. Entre 1716 e 1718, a Rainha dos Anjos fez parte da tropa portuguesa que enfrentou a armada turca no cabo de Matapan, ao sul do Peloponeso, e foi comandada pelo infante dom Francisco, irmão do rei dom João V. Dois anos depois, a nau foi escolhida para levar o monsenhor Carlo Ambrogio Mezzabarba a Macau, colônia portuguesa incrustada na China e dominada por Kangxi, terceiro imperador da dinastia Qing (1644-1912), de origem manchu.

As relações entre o imperador e o Vaticano não eram das melhores desde 1705. Na época, o papa Clemente XI enviou à China o religioso italiano Maillard de Tournon com a intenção de espalhar por lá a fé católica. Kangxi, ao saber que a Santa Sé reprovava os rituais religiosos chineses, mandou prender o italiano. Tournon acabou morrendo na China, atrás das grades, em 1710. Mas o papa nomeou Mezzabarba como novo enviado diplomático e missionário e ele conseguiu mudar a situação. Depois de passar quase dois anos por lá e conquistar a confiança do imperador, fez sua viagem de retorno com inúmeros presentes para o sucessor de Clemente, Inocêncio XIII, e para dom João V.

A viagem começou em dezembro de 1721, quando a Rainha dos Anjos saiu de Macau. Depois de parar na Índia, onde embarcou o corpo de um governador português conservado num barril de vinagre, e no Cabo da Boa Esperança, a nau fez sua escala no Rio. De lá, seguiria para a Bahia e para o seu destino final, Lisboa. "A costa brasileira é riquíssima em naufrágios porque era a encruzilhada do mundo. Para ir da Europa ao Oriente, à África ou à Índia, passava-se por aqui", diz o almirante Armando Bittencourt, diretor do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha do Rio de Janeiro, órgão que já contabilizou 48 naufrágios na Baía de Guanabara. A Rainha dos Anjos parou na baía no dia 15 de maio de 1722. Dali, não saiu mais.

Logo após a descoberta dos fragmentos de madeira, houve um burburinho a respeito de investidores ávidos pelas riquezas que podem ser encontradas. E também a reprovação de alguns arqueólogos e estudiosos. "Essa forma de exploração, feita apenas para tirar as coisas do navio, destrói a cápsula do tempo", afirma Bittencourt. "Um barco naufragado é um microcosmos social. Não é uma galinha dos ovos de ouro", diz o arqueólogo marinho Gilson Rambelli, da UFSE. "Imagine o que uma embarcação europeia do século 18, vinda da China, tem a oferecer. Quando se estuda um navio como a Rainha, há indícios desde sobre como era o cotidiano da embarcação até sobre a engenharia naval do período."

Toneladas de lixo

Resgatar a embarcação, porém, requer um altíssimo investimento. O navio está soterrado sob detritos e cerca de 3 m de lodo, o que torna a operação de dragagem complicada e cara. Segundo Galindo, seriam necessários cerca de 200 mil euros para desenterrar parte do navio – e mais de 1 milhão para trazê-lo à tona. Isso se ele estiver realmente naquele ponto. Se não, o dinheiro seria gasto em uma busca infrutífera. 


Como seria o Rainha dos Anjos Wikimedia Commons

Apesar das restrições legais, moedas, garrafas e outras relíquias resgatadas dessas embarcações já foram comercializadas livremente, inclusive pela internet. A maior parte das peças não tem o devido atestado de liberação da Marinha, que dispõe de poucos navios para patrulhar explorações clandestinas.

O charme da Rainha dos Anjos é que ela veio para o Brasil cheia de riquezas. Além dos vasos antigos, tinha os canhões e cerca de 800 tonéis de azeite. "Um astrolábio daquela época custa cerca de 250 mil reais e a nau devia ter uns oito", afirma José Góes de Araújo, ex-vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.

No final de 2016, Denis Albanese, realizador de resgates na costa brasileira, iniciou uma expedição com a agência Media Mundi em busca dos restos do navio. Albanese, que estudou a história da Rainha dos Anjos por mais de 20 anos, utilizou instrumentos sonares de baixa frequência para varrer o possível local em que se encontra os restos da embarcação e, assim, conseguir amostras. No entanto, nenhuma novidade foi anunciada. 

Apesar de registrar naufrágios desde o século 16, a exploração organizada dessas embarcações no Brasil, com a participação de arqueólogos, começou apenas nos anos 1970. Como se vê, a Rainha dos Anjos é só uma pequena amostra dos segredos (e tesouros) submersos na costa brasileira.

Naufrágios na costa brasileira

Santa Clara

Wikimedia Commons

Partiu de Portugal para a Índia carregada de moedas de ouro, prata e bronze. Pararia em Salvador, mas, enfrentando forte vento, naufragou em 1573. 

Galeão Santíssimo Sacramento

Wikimedia Commons

Em 1668, chocou-se com um banco de recifes e afundou. Havia até 750 pessoas a bordo – 70 se salvaram. Francisco Correia da Silva, que governaria o Brasil, morreu. Achado nos anos 1970, foi a primeira pesquisa arqueológica subaquática do país.

Príncipe de Astúrias

Wikimedia Commons

Transatlântico espanhol que partiu de Barcelona para Buenos Aires com uma carga de ouro e 733 passageiros (fora os, dizem, imigrantes ilegais nos porões), dos quais 477 morreram no Carnaval de 1916 após o navio bater num banco de areia perto de Ilhabela. Em 1989, foram recuperadas louças, garrafas, metais, uma pá da hélice e uma estátua de bronze.
Nau de Gonçalo Coelho

Uma das seis naus que, em 1503, vieram como uma das expedições exploratórias ao Brasil, comandadas por Gonçalo Coelho e que traziam Américo Vespúcio. Afundou em agosto daquele ano. É o primeiro naufrágio registrado por aqui.

Getty Images


Santa Rosa

Wikimedia Commons

Explodiu carregando 6 toneladas de ouro de Salvador para Portugal, em 6 de setembro de 1726. O local não é certo: em frente ao cabo de Santo Agostinho (PE) ou ao cabo Branco (PB). Levava mais de 700 pessoas – só três sobreviveram.
Aquidabã


Wikimedia Commons

Construído na Inglaterra em 1885, era o mais poderoso encouraçado da Marinha brasileira. Participou da Revolta da Armada. Em 21 de janeiro 1906, uma explosão o destruiu. Seus objetos foram encontrados em 1984. 

(Do https://aventurasnahistoria.uol.com.br/)

Saiba mais
Naufrágios e Afundamentos na Costa Brasileira, José Goes de Araujo, 2008.
Guia dos Naufrágios da Baía de Ilha Grande - Especial Revista Náutica, José Eduardo Riegert Galindo, 2001.


Flávia Ribeiro

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

DIÁRIO DE BORDO

Imagem do cientista inglês George Murray Levick durante missão na Antártica divulgada pela neozelandesa Antarctic Heritage Trust.

Diário do século passado é encontrado na Antártica

George Levick participou de uma expedição à Antártica em 1912. Empresa da Nova Zelândia encontrou diário do explorador enterrado sob o gelo.

Encontrado diário de um dos expedicionários da equipe do explorador Robert Scott que foi à Antártica no início do século XVIII. O livro ficou sob o gelo por mais de 100 anos após a viagem. As informações são de uma uma instituição neozelandesa.

O expedicionário identificado como George Murray Levick era também pesquisador e suas anotações pertenciam foram encontradas nas proximidades da base Terra Nova, estabelecida por Scott em 1911, durante o degelo de verão.

Após um século enterrado sob o gelo, o diário de Levick sofreu danos mas ainda permanece legível, garantiu o diretor da fundação neozelandesa Antarctic Heritage, Nigel Watson.

“É um achado incrível. O diário é uma parte do registro oficial da expedição. Estamos encantados em encontrar ainda novos objetos após sete anos tentando conservar o último prédio e a coleção da expedição de Scott”.
As páginas do diário foram enviadas à Nova Zelândia para tratamento e nova encadernação.
A expedição de Robert Scott se dividiu em dois grupos ao chegar à Antártica. O explorador atingiu o Polo Sul no dia 17 de janeiro de 1912. Scott e seus companheiros morreram pouco depois, de frio e fome.

Levick estava no outro grupo, que viajou ao longo da costa para realizar observações científicas e ficou retido no campo base por causa do gelo. Os seis homens deste grupo conseguiram sobreviver ao inverno antártico comendo o que encontravam, incluindo pinguins e focas.

A instituição neozelandesa também encontrou garrafas cheias de whisky da expedição de Ernest Shackleton (1907-08) e negativos perdidos de sua incursão no Mar de Ross (1914-17).

Uma destilaria escocesa analisou o whisky de Shackleton e ficou surpresa com sua delicadeza, recriando a bebida para uma edição limitada de 50.000 garrafas, ao preço de 100 libras (160 dólares) cada.
Após sobreviver à Antártica, George Levick participou da sangrenta batalha de Galípoli, durante a I Guerra Mundial, e trabalhou para a Inteligência militar britânica na II Guerra Mundial. O expedicionário faleceu em 1956.

(Publicado por João Lara Mesquita on 2014-10-24
do http://marsemfim.com.br/)

terça-feira, 23 de outubro de 2018

E O "LOBO SOLITÁRIO" FOI A PIQUE...


Foto Marinha do Brasil

Atlântico Sul, 19 de julho de 1943. 
Como hoje, 72 anos depois, era um dia nublado em Santa Catarina. Às 7h21, o hidroavião americano PBM 5 Mariner decolou do navio de apoio U.S.S. Barnegat, que estava em Florianópolis. A patrulha seria numa área a 60 milhas da costa, onde um cargueiro americano tinha feito seu último contato por rádio no dia 16, antes de ser torpedeado e afundar. 
A missão do piloto do hidroavião, o tenente-capitão Roy Seldon Whitcomb, era localizar e afundar o submarino alemão responsável. Por várias horas ele não viu nada, só nuvens e oceano. Às 15h30, surgiu um ponto no radar. 
Às 15h55, Whitcomb avistou um submarino navegando na superfície e iniciou o ataque. Manobrou o avião na direção do inimigo e começou a descer. Tentou esconder o PBM 5 atrás das nuvens, mas foi avistado pelo oficial que fazia a vigia na ponte do Unterwasser-Schiff 513 (U-513). 
A missão do capitão alemão Karl Friedrich Guggenberger, de 28 anos, era afundar qualquer navio aliado na rota entre Buenos Aires e o Rio de Janeiro. Desde 25 de junho, o U-513 havia atacado cinco cargueiros entre Santos e São Sebastião. Afundou três, dois americanos e um brasileiro, o Tutoya. Seriam suas últimas vítimas. 
Logo que soou o alarme, Guggenberger correu à ponte, avistou o hidroavião se aproximando e soube que era tarde demais para submergir. Ordenou o contra-ataque. Cinco marinheiros começaram a disparar o canhão antiaéreo de 37 milímetros. Outros dois operavam o canhão de 20 milímetros. Enfrentando o fogo antiaéreo, o avião americano mergulhou na direção do inimigo. 
 Quando estava quase em cima do U-513, a 15 metros da água, Whitcomb jogou seis bombas de 225 quilos. Duas acertaram o casco em cheio. O impacto abriu um rombo na proa do U-513. Dez segundos se passaram. Quando a coluna d’água erguida pelas explosões baixou, o submarino tinha sumido. Afundou imediatamente. 
Os 46 homens no interior não tiveram chance. Só os sete que estavam na ponte, e foram jogados ao mar, sobreviveram. Entre eles o capitão Guggenberger.
Dos quase mil U-boat, como eram conhecidos os submarinos alemães, construídos pela Marinha de Guerra nazista na Segunda Guerra Mundial, mais de 900 foram a pique, matando 40 mil tripulantes. Dez U-boat sumiram em águas brasileiras. Nenhum foi achado. O U-513 foi o primeiro.
  
 HEIL, HITLER!
Os homens do submarino U-513 acenam ao sair da base na França (à esq.). Herói de guerra, o capitão Guggenberger (no alto da foto) foi condecorado por Hitler (no centro da foto)
Guggenberger era um herói de guerra. Foi condecorado pelo próprio ditador Adolf Hitler com a Cruz de Ferro por ter afundado, em 1941, o porta-aviões britânico Ark Royal. Em 1943, quando o U-513 afundou, Guggenberger e seis marinheiros subiram no bote salva-vidas lançado pelo avião americano que os atacou. Permaneceram à deriva por quase um dia, até serem resgatados pelo U.S.S. Barnegat. Guggenberger tinha fraturado quatro costelas e um cotovelo. 
Ao ser interrogado, perguntou se o avião era inglês ou brasileiro. Ficou surpreso ao saber que era americano. 
“Ele mostrou muita coragem nos atacando”, disse, segundo um relatório da Marinha americana. Guggenberger não sabia que os americanos patrulhavam a região. Por isso decidiu permanecer com o U-513 na superfície e abrir fogo contra o avião, assumindo que “era brasileiro e iria fugir”

 Ponto Estratégico

Durante a 2ª Guerra Mundial, o Brasil tornou-se um ponto estratégico para a campanha das forças aliadas, pois servia de ponto de apoio para a Marinha americana no Atlântico Sul e fornecia provisões e insumos para a produção de material de guerra.
O Brasil era conhecido como a Sentinela do Atlântico e aqui foram instaladas pelos norte-americanos diversas bases navais e aéreas.
O Alto Comando Alemão dos Submarinos preparou, em 1943, uma ofensiva no território brasileiro. Essa ofensiva trouxe mais de 20 submarinos alemães que afundaram 49 navios. 
Pelo menos dez submarinos alemães afundaram na costa brasileira. Nenhum foi achado. 
O primeiro foi o Lobo Solitário, do capitão Friedrich Fritz Guggenberger, condecorado por Adolf Hitler com a Cruz de Ferro por ter abatido um porta-aviões inglês e capturado pelos aliados justamente em SC.
Sessenta e oito anos depois o submarino alemão U-513, que naufragou em 19 de julho de 1943 foi localizado pela família Schürmann nas proximidades de São Francisco do Sul, no Litoral Norte de Santa Catrina.Foram dois anos de buscas a bordo do veleiro Aysso para encontrar o material, encalhado a mais de 70 metros de profundidade.

A Marinha Brasileira considera um resgate importante da história o feito da família Schürmann, que encontrou na semana passada o U-513, submarino afundado na costa catarinense durante a Segunda Guerra Mundial.

— As pesquisas que eles estão fazendo vão nos auxiliar a conhecermos mais sobre o assunto. A Marinha vê isso de forma positiva — declarou o comandante da Capitania dos Portos de Santa Catarina, Claudio da Costa Lisbôa.
Desde o início da expedição em alto mar, em 2009, os Schürmann têm autorização da Marinha para fazer a pesquisa. O comandante Lisbôa diz que eles poderão fazer imagens do U-513 com o Veículo Submarino Operado por Controle Remoto (ROV), a próxima etapa do projeto. Mas, por enquanto, não têm autorização para tirar nada lá de baixo.

Caso queiram mexer no submarino, tirando algum objeto, por exemplo, os Schürmann precisarão de uma autorização para exploração. Isso porque, após cinco anos do naufrágio, os veículos passam a ser da União.
 



(Com informações do DC, Revista Época,  Univale e Instituto Kat Schürmann)

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

LÁ NO FUNDO


Direito de imagemREUTERS/PREFEITURA DE CASCAISImage captionRestos da embarcação e objetos localizados nas proximidades, segundo especialistas, estavam muito bem preservados

O navio português que naufragou há 400 anos e foi encontrado só agora

Uma embarcação naufragada há 400 anos encontrada na costa de Portugal vem sendo considerada a "descoberta da década" para a arqueologia subaquática do país.

Especiarias como pimenta, cerâmicas e canhões com o brasão de armas português gravado foram localizados perto dos destroços, nas proximidades de Cascais, cidade a 31 km da capital, Lisboa.

A equipe de arqueólogos acredita que o navio estava voltando da Índia quando afundou, entre 1575 e 1625.

Essa época foi o auge do comércio de especiarias de Portugal com a Ásia. 
A descoberta foi feita como parte de um projeto arqueológico de 10 anos apoiado pela cidade de Cascais, pelo governo e pela marinha portuguesa, bem como pela Universidade Nova em Lisboa.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, à CNN e à agência de notícias Reuters, o diretor do projeto, Jorge Freire, observou que ela é importante porque "diz muito", por exemplo, "sobre a história e identidade marítima de Cascais".

O especialista afirmou que o naufrágio - achado 12 metros abaixo da superfície - estava muito bem preservado e que os objetos encontrados e o próprio navio são de grande valor patrimonial.
"Do ponto de vista do patrimônio histórico, é a descoberta da década", disse Freire, para quem o achado "é o mais importante de todos os tempos" para Portugal.

"O reconhecimento da comunidade científica de que é a descoberta da década, do século, em termos de arqueologia marinha, é para nós uma grande satisfação", reforçou o prefeito de Cascais, Carlos Carreiras, em entrevista à CNN.
Direito de imagemREUTERS/PREFEITURA DE CASCAIS
Direito de imagemREUTERS/PREFEITURA DE CASCAIS

Ao jornal britânico The Guardian, ele descreveu a descoberta como um dos achados arqueológicos mais significativos da última década e analisou que, embora o cargueiro ainda não tenha sido identificado, pode ser significativo para a cidade.

"É uma descoberta extraordinária, que nos permite conhecer mais sobre nossa história, reforçando nossa identidade coletiva e valores compartilhados", declarou Carreiras. "Isso, por sua vez, certamente nos tornará mais atraentes e competitivos".

Fragmentos de porcelana chinesa do final do século 16 e início do século 17 também estavam entre os destroços, assim como pedaços de artilharia de bronze e conchas usadas como moeda no tráfico de escravos.

A Câmara Municipal de Cascais disse que o navio foi encontrado no início de setembro, durante um serviço de dragagem na região da foz do rio Tejo, que desemboca em Lisboa. Os vestígios estão dispersos em uma área estimada em 100 metros de comprimento por 50 metros de largura.

O ministro da Cultura, Luis Mendes, disse que a foz do Tejo era considerada um ponto crítico para as embarcações que se aproximavam da costa portuguesa.

E que "esta descoberta veio para provar isso".

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(Do https://www.bbc.com/)



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quarta-feira, 21 de março de 2018

LÁ NO FUNDO...


Navio de guerra bombardeado na 2ª Guerra é achado após 76 anos

Uma expedição pelo sul do Oceano Pacífico encontrou os restos de um navio de guerra americano que foi bombardeado pelas forças japonesas e afundou na Segunda Guerra Mundial, onde apenas dez combatentes sobreviveram.

Uma equipe financiada pelo cofundador da Microsoft e filantropo Paul Allen localizou o naufrágio afundado na costa das Ilhãs Salomão, 76 anos após o confronto.

O navio foi atingido por torpedos japoneses em novembro de 1942. Na ocasião, 687 homens morreram — entre eles, cinco irmãos que ficaram conhecidos como “os Sullivan”, naturais do estado americano de Iowa.

Um navio militar foi batizado em homenagem à família, cujos membros mortos foram consagrados como heróis de guerra. Os jovens ficaram famosos porque desafiaram as regras militares que barravam parentes na mesma unidade e fizeram questão de lutar lado a lado na Segunda Guerra.

No confronto, a embarcação foi seccionada em duas partes após somente um ano de serviço e foi a pique em cerca de 30 segundos. Após o afundamento, ainda havia 115 sobreviventes, mas a operação de busca foi lenta, e apenas dez homens foram retirados do mar com vida. A descoberta do navio foi anunciada pelo próprio Allen em seu Twitter. O bilionário publicou imagens dos destroços, encontrados no sábado a mais de 4.000m de profundidade, no solo do oceano.
USS Lexington encontrado recentemente pela mesma equipe

Há duas semanas, a expedição bancada por Allen encontrou o porta-aviões USS Lexington, que também afundou durante a Segunda Guerra Mundial com 35 aviões e 200 tripulantes a bordo. A embarcação estava no fundo do oceano, a 800Km da costa da Austrália, onde naufragou na batalha do Mar dos Corais, vencida posteriormente pelos americanos.

“Estamos lidando com um ambiente aqui muito severo… Milhares de metros de profundidade e tudo é muito imprevisível. Estamos colocando muitos eletrônicos em águas muito profundas”, explicou o diretor das operações de Allen, Robert Kraft, ao jornal britânico “The Guardian”.

Allen e sua equipe já localizaram o USS Indianapolis, o USS Ward, o USS Astoria, o navio de guerra japonês Musashi e o destroyer italiano Artigliere.


quinta-feira, 15 de março de 2018

LÁ NO FUNDO...

Reprodução/BBC
Nesta quarta-feira (23), os pesquisadores confirmaram que os destroços eram do USS Conestoga

Mergulhadores desvendam mistério ao encontrar rebocador da Marinha dos EUA

Por BBC 

USS Conestoga desapareceu após sair de San Francisco a caminho da Samoa Americana com 56 pessoas no ano de 1921

Um rebocador americano desaparecido desde 1921 foi encontrado perto das ilhas Farallones, a cerca de 50 km de San Francisco. O USS Conestoga desapareceu após sair de San Francisco em 25 de março de 1921 com 56 pessoas a bordo. Ele estava a caminho da Samoa Americana.
O desaparecimento deu início a uma intensa e vasta busca no oceano, encerrada sem êxito três meses depois. Foi a maior operação de busca da Marinha americana até então. Mas ela ocorreu entre o Havaí e a costa mexicana, e o navio acabou sendo encontrado, em 2009, em um mapeamento de rotina na costa da Califórnia.

Nesta quarta-feira (23), os pesquisadores confirmaram que os destroços eram do USS Conestoga. Eles acreditam que o navio afundou quando tentava chegar a uma enseada para se proteger de ventos fortes e do mar agitado.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

NAUFRÁGIOS DO BRASIL

Mapa de Jan Janes. Notem a quantidade de navios… (Ilustração: blogcaicara)

Naufrágios do Brasil: saiba porque aconteceram, e conheça alguns

Por mais de três séculos, a única forma de chegar ao Brasil era através dos mares. Como se sabe, somos fruto da epopéia náutica lusitana, um dos maiores acontecimentos da história mundial. E nos séculos 16 e 17, especialmente, as embarcações que aqui chegaram eram bastante simples e precárias. Além disso, não havia cartas náuticas, nosso litoral era uma grande incógnita, tudo isso resultou numa série interminável de acidentes, os naufrágios do Brasil.
As riquezas da nova terra atraem piratas, aventureiros, e outras nações

Logo depois da “descoberta” espalhou-se na Europa, devido especialmente às cartas e viagens de Américo Vespúcio ao Brasil, notícias sobre as riquezas da nova terra. Foi o suficiente para despertar o imaginário da época. Já em 1525 os franceses invadiram o novo país e fixaram uma colônia na baía de Guanabara, a França Antártica.



Piratas vieram aos montes para estas plagas. “O mapa de Jan Janes (abaixo), descreve a invasão do corsário holandês Spilbergen em 1615 e mostra que o porto de São Vicente teria, na época, duas barras, por onde entrariam grandes navios: vê-se até um galeão holandês fundeado defronte à Praia de Paranapuã.(do blogcaicara)”

Fernão de Magalhães e Thomas Cavendish

Entre outros navegadores e piratas famosos que estiveram por aqui, ainda no século da descoberta, estão Fernão de Magalhães que, antes de descobrir o estreito que leva seu nome e realizar a primeira circunavegação do globo, fundeou no Rio de Janeiro por uma semana para reabastecimento (1522) . Pouco depois, o terceiro a circunavegar o planeta foi o pirata Thomas Cavendish (1586). O inglês infernizou a costa brasileira. Incendiou construções de Ilha Grande, aprisionou navios, fundeou em Ilhabela, de onde ordenou a destruição de Santos e São Vicente. Azucrinou. E a cada vez que isso acontecia, mais navios iam a pique…

O Brasil quinhentista virou um grande estaleiro

Logo depois do desembarque de Cabral, os fantásticos nautas lusos perceberam que o Brasil seria a melhor escala para a Carreira das Índias, as longas e perigosas viagens que fizeram a partir do momento que Vasco da Gama cruzou o Cabo da Boa Esperança. Naqueles séculos longínquos, as naus e caravelas não duravam muito mais que um par de meses, precisavam ser reparadas na ida ou na volta às Índias. Qual o melhor local ? O mapa do Brasil, de Giovanni Battista Ramusio, Veneza 1556, mostra claramente. Pode-se ver os nativos cortando madeira de lei para reparar naus e caravelas, além das próprias embarcações como que esperando os reparos que seriam feitos. O que quer dizer tudo isso? Mais naufrágios na costa brasileira.


Não foi por outro motivo que o maior navio do mundo até então construído, no século 17, foi o Galeão Padre Eterno, made in Brazil. E foi ainda neste século que sofremos outra invasão de mais um povo navegador: os holandeses, que se fixaram no Nordeste. Mais uma vez houve escaramuças e batalhas navais durante os mais de 30 anos em que ficaram por aqui. Desde a invasão da Bahia, em 1621, até serem expulsos de Pernambuco, em 1654. Isso significa que mais navios, montes deles, foram parar no fundo do mar.

Nos séculos 18 e 19 o Rio de Janeiro entra na Rota dos Mares do Sul

Nosso destino está inexoravelmente ligado ao mar e à navegação. Só os brasileiros não sabem. Infelizmente, com o baixíssimo nível de ensino que existe no país de Macunaíma, o herói sem caráter, essas são consideradas ‘questões menores’ que as escolas de nível médio, e até as Universidades, passam geralmente batido. Não por outro motivo nosso litoral está ao deus-dará e, mesmo assim, não desperta a menor comiseração na maioria dos brasileiros. O fato é que quando as nações imperialistas da época, especialmente Inglaterra e França, começaram a explorar os Mares do Sul, novamente a parada obrigatória, em razão das distâncias, das correntes marinhas e da direção dos ventos, era o Rio de Janeiro. De James Cook na viagem do Endeavour, 1768; até Oswald Brierly, a bordo da Galatea, 1867, todos fizeram suas paradas no Rio. Até mesmo Darwin. E, mais uma vez, isso significa mais tráfego naval, e maiores possibilidades de naufrágios. O Rio também foi parada obrigatória para os navios ingleses da carreira da Austrália desde que a “First Fleet” (a frota inglesa que levou os primeiros 1.300 degredados e soldados para a Austrália em 1788) ali fundeou.”
Naufrágios do Brasil não se restringiram aos dois primeiros séculos pós descoberta


Este é apenas um entre milhares de naufrágios do Brasil (Foto:curiozzzo.com)

Mas os naufrágios em nosso imenso litoral não se restringiram aos primeiros dois primeiros séculos. O da foto acima, por exemplo, é do início do século 20. Naufrágios são parte da história de qualquer país marítimo por excelência, como é o nosso caso. Com um litoral com mais de 8 mil kms, com baixios, recifes, ilhas só recentemente demarcadas, ausência de faróis durante muito tempo, e ainda as guerras, como a segunda Grande Guerra que deixou inúmeros navios brasileiros, e alemães, debaixo água. Esta matéria não tem nenhuma pretensão de ser a mais completa, ou ordenar por importância os milhares de navios que naufragaram nesta plagas. É apenas uma seleção de bons naufrágios para mergulho de observação.

Abrolhos, sul da Bahia, local de muitos naufrágios

O maior banco de corais do Atlântico Sul fica a 30 milhas da costa, no sul da Bahia, o arquipélago dos Abrolhos. Ali há vários naufrágios. Mas um dos mais conhecidos é o do cargueiro Rosalina, um ótimo ponto para mergulho. Quem esteve em Abrolhos certamente mergulhou pelos porões do Rosalina. Diz a lenda que Abrolhos seria uma corruptela de “Abra os Olhos” expressão que seria usada por marujos lusos aos que navegavam naquelas bandas. Acontece que ‘abrolhos’ também significa “escolho”, “acidente submarino à flor da água” (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa), portanto é bom não fiar-se só em lendas…


Ilustração: http://www.apecatuexpedicoes.com.br/

Naufrágio que causou maior número de mortes no Brasil

É o famoso naufrágio do Príncipe das Astúrias, sobre o qual este site já escreveu. Então, nessa matéria ele fica de fora. Aproveitamos para conhecer outros em…

Fernando de Noronha e a Corveta Ipiranga

Trata-se da Corveta da Marinha do Brasil, Ipiranga, um dos mais visitados naufrágios de Fernando de Noronha. Aconteceu em 1983, durante uma comissão em Fernando de Noronha. Seus destroços estão numa profundidade de aproximadamente 62 metros.

A corveta Ipiranga na baía de Todos os Santos note o belíssimo Saveiro de pena atrás…(foto: wikipedia)

Não há mergulhador que vá para Noronha e não desça até os escombros da Ipiranga. Pouca gente sabe, entretanto, que Noronha é o local de alguns dos mais notórios naufrágios da história marítima do Brasil. Um deles foi o do navio de Gonçalo Coelho, da frota de 1503 comandada por Américo Vespúcio, que passou uma semana na então conhecida como Ilha da Quaresma.


A Ipiranga debaixo d’água (foto: you tube)

Naufrágio do navio Prince, misterioso até hoje

O Prince era uma nau de guerra francesa. Em 26 de Julho de 1752 navegava da França com destino à Índia quando pegou fogo e naufragou.


O Prince (Ilustração: curiozzzo.com)

De acordo com site curiozzzo.com, existem 3 versões do local do naufrágio: próximo a Natal, em Pernambuco, ou na ilha de Ascensão. De acordo com o site, o Prince “transportava carga avaliada em mais de 5 milhões de libras, o que dá mais de 21 milhões em reais de hoje. De sua tripulação de mais de 400 pessoas apenas nove sobreviveram.”

Baía de Guanabara e o naufrágio do vapor Buenos Aires

Durante o caminhar da história do Brasil, desde a descoberta no sec 16, acredita-se que aconteceram mais de 300 naufrágios no Rio de Janeiro. As histórias você pode encontrar no portal Naufrágios do Brasil. Uma delas é a do vapor Buenos Aires. O paquete, lançado ao mar em 1829, era considerado um dos mais modernos para transporte de cargas e passageiros.


Em segundo plano o Buenos Aires (Foto:naufragiosdobrasil.com.br)

Em 1890, o Buenos Aires seguia da Bahia para o Rio de Janeiro quando uma das caldeiras explodiu, fazendo com que a embarcação passasse a navegar devagar. O capitão entregou o timão para um imediato. Pouco depois passageiros, vendo uma ilha e um farol se aproximarem, acordaram o capitão que não deu ouvidos. Quando finalmente subiu ao convés, percebeu que estavam em rota de colisão com a Ilha Rasa- RJ.


Ilha Rasa e a posição de mais um dos naufrágios do Brasil

Ele ordenou a reversão das máquinas, mas não houve tempo para livrar a colisão. Tumulto e pânico. Mas todos foram salvos, inclusive o capitão, resgatados pela Marinha do Brasil. Um inquérito foi aberto para apurar denúncia de que o naufrágio havia sido propositalmente provocado. Pois é, tem destas coisas. Às vezes os naufrágios são deliberadamente provocados para que o proprietário receba o valor do seguro…

Fontes:Da Net:

https://curiozzzo.com/2016/07/28/as-coisas-mais-curiosas-que-voce-nao-sabia-sobre-naufragios-no-rio-grande-do-norte/; https://www.naufragiosdobrasil.com.br/; http://www.apecatuexpedicoes.com.br/site/pagina.asp?cp=132&pagina=NAUFR%C1GIOS; https://pt.wikipedia.org/wiki/Cv_Ipiranga_(V-17);http://www.blogcaicara.com/2010/12/estampa-de-jan-janes-1621-invasao-do.html; http://naviosenavegadores.blogspot.com.br/2015/01/museu-maritimo-de-santos.html

Livro:O Rio de Janeiro na Rota dos Mares do Sul, Andrea Jakobsson Estúdio.

Ilustração de abertura: Príncipe de Astúrias

(Do https://marsemfim.com.br/)

https://marsemfim.com.br/