sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

TARDE INDO, A NOITE SENDO...

Pântano do Sul, 8 da noite desta sexta-feira acalorada!

TODOS VENTOS

Vento sul faz falta no calor sufocante da Ilha, onde predominam ventos quentes do quadrante norte

Pescadores preservam sabedoria popular para conviver com variedade climática de Florianópolis, e cientistas explicam efeitos na saúde e origem das dores nas articulações e fraturas

Edson Rosa 
FLORIANÓPOLIS
Espécie de entidade na Ilha, o vento sul faz falta nestes dias dominados pelo nordeste e de calor sufocante. E tão cedo não soprará por estas bandas, bloqueado pelo sistema de alta pressão no Oceano Atlântico que impede a chegada da massa fria à região Sul. A explicação científica para o predomínio dos ventos do quadrante norte nesta época do ano é a posição geográfica de Florianópolis, mais próxima da Linha do Equador e, portanto, sob influência do ar quente.

Fernando Mendes/ND
Influência. O sopro que vem em direção nordeste tem influência do ar quente e impede a massa fria de chegar à região, como consequencia, deixa os dias dos florianopolitanos ainda mais sufocantes

“A alta pressão do Atlântico é quase fixa. Prevalecem os ventos sufocantes de verão”, observa o agrônomo Ronaldo Coutinho, do Climaterra. Os terrais – noroeste ou oeste – também comuns nesta época do ano, são, igualmente, quentes.
Na enseada do Pântano do Sul, o nordeste facilita a saída das embarcações até o encontro com mar aberto. Depois, a tripulação precisa de perícia para navegar com segurança. Lá, o sul entra forte e de frente e, dependendo da combinação com a lua, pode trazer ressacas.
Mesmo assim, Juvenal Manoel Martins, 75, o Dica, não vê a hora da mudança.  “O vento sul refresca, e traz fartura. Com ele, vêm todos os tipos de peixes, tainha nem se fala”, garante.
Pescador desde a infância, quando a caça à baleia ainda era permitida naquelas águas, Aldo Corrêa de Souza, 73, é um dos veteranos que se refresca à tarde, sentado à sombra diante do galpão da Associação dos Pescadores da Armação. “No verão, este é o nosso vento”, diz.
Apesar de entrar forte e formar ondas, o nordeste não atrapalha botes usados na pescaria da lula ou no transporte de turistas à ilha do Campeche. Protegida pela ponta das Campanas e pelo morro do Matadeiro, a enseada recebe apenas resquícios do vento sul, ou um de seus colaterais. 
Na Armação, a lestada com chuva e o nordeste aguacento são os maiores obstáculos à pesca. “É o cara de cachorro e o derruba paredes”, diz Aldo Corrêa, que nunca esteve na escola, mas conhece como poucos a rosa dos ventos: “Ela tem quatro cardeais, mais quatro colaterais e oito subcolaterais. E gira em 360 graus no sentido horário”, ensina.
 Sinais escritos no céu
Acostumado desde menino a dormir embalado pelo barulho do mar, Dica conhece bem os sinais enviados com antecedência pelo vento sul. “Surgem nuvens rabo de galo, e se forma uma faixa branca no horizonte, para fora da ilhota dos Corais”, aponta. Ele também nunca estudou, mas sabe que o ciclo da natureza é infalível, e regula tudo – lua, ventos, gestação, agricultura e pesca. “O povo precisa reaprender a ler os sinais do céu”, diz.

Fernando Mendes/ND
Pescador desde pequeno, Juvenal Martins, o Dica, espera pelo pampeiro, observando o mar. Afinal, com ele vem os peixes, principalmente a tainha

Pescador que virou coveiro no Pântano, Jair Lapa, 53, também conhece as nuvens rabos de galo. Mas, quando olha para o céu vê o vento sul chegando de outra forma: bandos de urubus voam lentamente, plainando em círculos nas correntes de ar que se formam em grandes altitudes.
Aldo Corrêa percebe a mudança de vento também pelo comportamento das fragatas em voos entre a ilhota Moleques do Sul e a Lagoa do Peri. O Eco do ronco dos aviões em decolagem no aeroporto Hercílio Luz é outro vestígio de mudança para sul que não passa despercebido ao pescador, que ao navegar próximo à ilha do Campeche costuma avistar o morro do Cambirela ao longe. “Se tiver com coroa de nuvem, vem pampeiro por aí”, sorri.
OUTROS VENTOS
Oeste tem como variações o noroeste (mais comum) e o sudoeste, e costuma ocorrer à noite.
Sudoeste sopra quando há frente fria estacionária. Se houver nuvens a sudoeste, é sinal de chuva.
Há dois tipos de noroeste - para trovoada e para tempo bom.  Começa de madrugada e dura cerca de 24 horas, característica associada ao tempo bom, pelo fato de esgazear e deixar o céu sem nuvens. Ocorre uma ou duas vezes por ano, no inverno. É um vento forte e frio que agita o mar nas baías norte e sul.
Calada podre: mormaço, sem vento, precede temporal.
Estiada do gado: quando o dia começa com chuva, por volta do meio-dia há uma estiada que permite recolher o gado do pasto.
Ditos
"Vento sul suja, vento sul limpa"
"Noroeste na costa, sul por resposta"
“Céu pedrento, sinal de vento”
“Toda mudança de lua traz vento sul a reboque”
Apelidos
Pampeiro: vento sul legítimo
Rebojo: viração para vento sul, às vezes com redemoinhos
Terral: Vem de sudoeste oeste, com sistema de  alta pressão; é o minuano dos gaúchos
Norte prevalece para manter onda de calor
No verão, os ventos que predominam na Ilha são do quadrante norte, bem mais quentes. A origem deles é o anticiclone semifixo do Atlântico, posicionado a 20 graus de latitude, no meio do mar do sudeste brasileiro. “Giram no sentido antihorário e, deslocados sobre sistema de baixa pressão, são atraídos para o continente”, explica o geógrafo e meteorologista Maureci Monteiro, 57, da Fundagro (Fundação para Desenvolvimento da Agricultura Sustentável). “Como sistemas de baixa pressão estão mais ao Sul, na Ilha predomina o vento norte”, explica.
O relevo da cidade, dividida pelos maciços Central e da Cruz e pequenos vales, funciona como obstáculo natural. Em alguns casos, cria uma das posições colaterais ou intermediárias da rosa dos ventos. Quem mora no Alto Ribeirão da Ilha, por exemplo, protegido pela encosta do morro mais alto da Ilha (532 metros) e distante da costa, não sente o que é vento sul.  “Lá, só entra de leste ou sudoeste”, confirma Monteiro, que cresceu e ainda mora no bairro.
A Lagoa da Conceição, cercada de morros, dunas e o canal ligado ao mar, é outro bairro com restrições ao pampeiro e variação diária de ventos, de acordo com os estudos da Fundagro. Mas, não é apenas a geografia o que determina intensidade e direção dos ventos, e a existência de locais abafados ao lado de outros bem mais ventilados.
Nas áreas urbanas, os prédios também são obstáculos à circulação do vento.  “São pior que os morros”, diz Monteiro. Nestes casos, algumas ruas funcionam como corredores, como a Mauro Ramos, no centro de Florianópolis, que recebe em parte a brisa vinda do mar, de norte. Na outra ponta da avenida, só o vento sul ameniza o calor sufocante dos últimos dias.
Pressão reflete em dores físicas
O vento sul sai do Rio Grande, e o reumatismo já está doendo no Pântano. Considerado o “filósofo” da praia, Jair Lapa não perde a piada. Ele também sente nos ossos os efeitos da virada de tempo e a chegada da friagem, mas não sabia que por trás da brincadeira existe uma explicação científica para o resfriado inesperado e as dores nas articulações ou nas fraturas.
Considerado doentio no passado, o vento sul não merece a fama de mau. No caso de resfriados ou gripes, são consequências do choque térmico causado pela mudança repentina da temperatura. “Se está soprando vento quente e, de repente, muda para sul e esfria, há chances de doenças respiratórias”, confirma Monteiro.
Pacientes com cirurgias, principalmente ortopédicas, ou com doenças nas articulações – reumatismos, artrites e artroses, por exemplo - também sofrem. Muitas vezes,antes da chegada do vento sul. A causa é o aumento da pressão atmosférica sobre o corpo.
Oriundo do ar polar, o sul está relacionado a massas de alta pressão e a maiores latitudes. “Esta pressão é exercida também sobre nosso corpo, e se manifesta em ossos fraturados ou membros com maior sensibilidade”, explica Monteiro. Umidade e calor são condições que influenciam diretamente no clima e, indiretamente, na pressão das pessoas.
Sabedoria de pescador e reconhecida por cientistas
 Pescador que continua de olho no céu à beira do mar, em Sambaqui, o aposentado Avelino Alcebíades Alves, 85, dedicou parte de suas observações empíricas aos ventos. Constatou, por exemplo, que amanhecer com noroeste significa mudança para nordeste no decorrer do dia. A explicação dele, publicada em 2009 pelo GEA (Grupo de Estudos da Astronomia), é que as massas de ar quente localizadas a leste seguem a posição do sol no deslocamento para oeste.
Em agosto e setembro, na transição do inverno para primavera, o nordeste costuma soprar forte por três dias consecutivos. Este vento precede frentes frias. Ainda em agosto, o nordeste está associado também a marés baixas.
Em outubro traz chuva, a chamada carregação de nordeste. Nas outras épocas do ano, o nordeste, quase sem rajadas, mantém o tempo quente e sem chuva. É o preferido dos velejadores. No verão, ao se armar tempestade, o nordeste é substituído pelo noroeste forte. “Depois da trovoada, lá está de volta o bom e velho nordeste”, diz.  As lestadas costumam ocorrer no início do inverno e, às vezes, até em março. De fraco a moderado, o vento está sempre associado a chuvas.
Vento calmo, o sudeste é resultado da corrente de reposição da massa ascendente, e ocorre nos equinócios (março/abril e setembro/outubro). Sua presença é sinal de que não há tempestades por perto. Costuma começar entre 10h e 11h, mas no fim do dia torce com força para leste. À noite, quase brisa, sopra sem turbulência.
Mais temperamental, o sul é também o mais frio dos ventos da Ilha. Costuma vir forte, mas acalma três dias antes e depois das marés de sizígia (luas nova e cheia), para recrudescer na vazante. Quando o tempo é ruim, sopra forte e limpa o céu. Mas, se estiver bom, ele também pode trazer tempestades.
(Publicado em 31/01/14-14:03 do ND - www.ndonline.com.br)

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

BOTANDO MAIS FOGO NESSE INFERNO!

 

O SAARA É AQUI

Previsão do tempo para Ilha de SC (27/01 A 04/02)


By Chuvalski

Vamos enfrentar um semanada e pouco, extremamente seca e quente nos próximos 8 dias. O Sol se fará presente sempre com poucas nuvens. Durante as noites também não teremos muitas nuvens.

O vento será de Norte fraco pela manhã e de noite, Nordeste Papo Amarelo moderado durante o final da manhã e a tarde. As temperaturas máximas sempre estarão entre 33 e 35 graus e em torno de 27 a noite, dando a impressão de noite abafada.

As chuvas de verão com raios e vento Cocoroeste Forte, podem cair no fim de tarde, com intensidade diversas mas só a partir de quarta-feira (28/01). 

Resumindo, clima muito parecido com o de um de deserto, seco e quente. Então vamos pra praia porque moramos numa ilha manesada!


O Céu fala e a manezada entende!

(Visite a FanPage da "Tribuzanas, Tainhas & Rabos de Galo", acessando o Link: https://www.facebook.com/tribuza)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

DE FRENTE PRO MAR...

Oito estruturas náuticas recebem regularização em Florianópolis e Joinville

Com o projeto Marina Legal, criado pela Acatmar, foi possível baratear os custos das melhorias nas marinas e garagens náuticas

Felipe Alves 
FLORIANÓPOLIS
Depois de dois anos de tentativas de regularizar marinas e garagens náuticas, sete empresas de Florianópolis e uma de Joinville conseguiram a licença ambiental por meio do projeto Marina Legal. A iniciativa da Acatmar (Associação Náutica Catarinense para o Brasil) reuniu os interessados no projeto para diminuir custos, vencer a burocracia e conseguir a regularização.
A última licença foi expedida na semana passada pela Fatma (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina), após as empresas apresentarem estudos ambientais que mostram que as marinas e garagens não geram danos nos locais onde estão instaladas.
FERNANDO GOMES/ND
Com a regularização, o objetivo agora é conseguir financiamento para fazer melhorias nas marinas
Para o presidente da Acatmar, Mané Ferrari, havia garagens náuticas, como a Recanto da Lagoa, por exemplo, que tentava a regularização desde 2003, mas não conseguia pois, segundo ele, cada órgão exige medidas diferentes e não há uma cartilha que indique todos os elementos necessários que uma marina deve ter para estar regularizada.
“Durante esse período, fizemos reuniões com os órgãos para saber onde estavam os erros, fazer os ajustes e conseguir a liberação”, explica Mané Ferrari. Além da Fatma, foi preciso licença da Capitania dos Portos, SPU (Superintendência do Patrimônio da União) e Prefeitura de Florianópolis.
Com a regularização, Mané Ferrari diz que o objetivo é conseguir financiamento com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento do Extremo Sul) para fazer melhorias nas garagens e marinas, como modernização de estruturas, maquinário e instalação de trapiches flutuantes, que não são poluentes.
“As marinas ajudam a trazer turistas qualificados para a cidade e são grandes geradoras de empregos em uma cadeia produtiva muito grande”, diz Mané Ferrari.
Segundo Alexandre Waltrick, procurador jurídico da Fatma, as oito empresas regularizadas apresentaram toda a documentação e licenças expedidas por outros órgãos dentro do prazo estipulado pelo SPU (dezembro de 2013). Por outro lado, outras marinas não se adequaram e estão funcionando sem licenciamento.
“Algumas não têm autorização da SPU ou municipal, outras não estão de acordo com critérios técnicos. Com isso, elas correm risco de aplicação de multa e de embargo. A atividade náutica é necessária para uma Ilha como Florianópolis, que tem cultura voltada para o mar. A Fatma fez o que a legislação determinava. As que não conseguiram a licença precisam continuar na luta para se regularizar”, diz ele.

União resulta em economia de até 80% na regularização
Para serem regularizadas, as garagens náuticas e marinas precisaram instalar cisternas ou caixas que coletam a água da chuva para reutilização na lavação das embarcações. Com a implantação de calhas no chão, é possível reutilizar toda a água que antes era desperdiçada. Em um reservatório subterrâneo, a água é separada do óleo e, desta forma, é possível usar a mesma água para lavar até três lanchas.
Ao invés de cada marina tentar a regularização de forma isolada, a Acatmar sugeriu, em 2012, a união de garagens náuticas e marinas para entrar nos padrões necessários para ganhar todas as licenças. Das 15 marinas e garagens náuticas que entraram no projeto, apenas oito permaneceram e, juntas, conseguiram economizar 80% do total que seria gasto se fossem tentar a regularização sozinhas.
O objetivo agora é fazer uma segunda etapa do projeto Marina Legal e regularizar mais marinas e garagens náuticas da Grande Florianópolis.
“Se nós trabalhamos com o mar, queremos que ele seja limpo e que haja boas condições para navegar. Por isso, é importante que as marinas não sejam poluidoras e sejam sustentáveis”, explica Mané Ferrari.
A Acatmar pretende criar a cartilha detalhando todas as medidas necessárias para a regularização. Com o sucesso do Marina Legal, a associação foi procurada por donos de marinas do Paraná, São Paulo e Bahia para apresentar o projeto.

Estruturas regularizadas
Garagem náutica Recanto da Lagoa (Canto da Lagoa)
Marina Verde Mar (Lagoa da Conceição)
Garagem náutica Neném (Canal da Barra da Lagoa)
Garagem náutica Itaguaçu (Coqueiros)
Garagem náutica Cia Escape (Balneário do Estreito)
Garagem náutica Ribeirão da Ilha (Ribeirão da Ilha)
Marina Iperoba (Joinville)

Normas da SPU para regularização
A portaria 404, de 28 de dezembro de 2012, da SPU, estabelece normas e procedimentos para a instrução de processos visando à cessão de espaços físicos em águas públicas, regularizando trapiches, cais, píeres, marinas e qualquer estrutura náutica em toda a orla catarinense.
Segundo o parágrafo 2 do artigo 3°, “as estruturas náuticas de interesse econômico ou particular serão objeto de cessão de uso onerosa, respeitados os procedimentos licitatórios previstos na Lei nº 8.666, de 1993”.
Para ter a cessão de espaços físicos em águas públicas para implantação ou regularização de estrutura náutica, deverão ser apresentados uma série de documentos, como manifestação da autoridade municipal quanto à adequação da atividade à legislação municipal; parecer da Capitania dos Portos; descrição do empreendimento e licença ambiental.
A lei nacional vale para todas as construções públicas e privadas dos 7.367 quilômetros de extensão do litoral brasileiro, incluindo os 531 km catarinenses e os 230 km de Florianópolis.

Norma 33 da Fatma
Pela Fatma, a regulamentação é feita pela instrução normativa 33 e o licenciamento ambiental será liberado após entrega de documentos, análises da Fatma, emissão de parecer técnico, e estudo e relatório de impacto ambiental.

O que é garagem náutica e marina?
Garagem náutica: estrutura náutica que combina áreas para guarda de embarcações em terra ou sobre a água, cobertas ou não, e acessórios de acesso à água, podendo incluir oficina para manutenção e reparo de embarcações e seus equipamentos.
Marina: estrutura náutica composta por um conjunto de instalações planejadas para atender às necessidades da navegação de esporte e lazer, podendo ter áreas de fundeio para guarda das embarcações, serviços de lavagem, venda de combustível e manutenção, além de hospedagem, esporte e lazer.

domingo, 26 de janeiro de 2014

TEMPO DE HOJE




PREVISÃO DO TEMPO PARA FLORIPA (26/01)

By Chuvalski

Domingo - Sol entre nuvens com pequena possibilidade chuva até as nove da manhã,depois limpa o tempo, no final de tarde podem haver chuvas de verão com alguns raios e trovões. O vento vai ser de Norte muito fraco e a temperatura sobe e pode chegar a 31 graus.

O Céu fala e a manezada entende! 
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sábado, 25 de janeiro de 2014

MAR DE PESCADOR


Pesca artesanal preserva cultura de Florianópolis há várias gerações
Segundo Epagri, cerca de três mil famílias vivem da atividade na capital.
Reportagem é a primeira de série do G1 que marca o aniversário da cidade.


por Janara Nicoletti
Do G1 SC
Barra da Lagoa é uma das regiões onde a pesca artesanal tem forte presença na Ilha (Foto: Janara Nicoletti/G1)Barra da Lagoa é uma das regiões onde a pesca artesanal tem forte presença na Ilha (Foto: Janara Nicoletti/G1)












Uma atividade passada de pai para filho e que representa parte da cultura e história da capital catarinense. Em 2013, quando Florianópolis completa 287 anos de fundação, a pesca artesanal continua sendo um dos principais estandartes da cultura e tradição açorianas mantidas ao longo das décadas, por dezenas de famílias que tiram do mar o sustento de seus lares. Entre esta quarta-feira (20) e sábado (23), quando a capital faz aniversário, o G1 apresentará reportagens sobre algumas das principais atividades econômicas da cidade. Nesta primeira, traz o ofício herdado dos primeiros habitantes do município.
De acordo com dados da Epagri, a pesca artesanal é a principal fonte de sustento de quase 3 mil famílias da capital catarinense. "Pescador artesanal é aquele que faz a própria rede, que conserta o próprio barco e que aprende desde cedo esta profissão", sintetiza o pescador Silvano Vieira, de 40 anos.
Amauri mora na Barra da Lagoa e pesca desde os 9 anos (Foto: Janara Nicoletti/G1)
Amauri mora na Barra da Lagoa e pesca desde os
9 anos (Foto: Janara Nicoletti/G1)
Enquanto conserta a rede de pesca, Amarildo Raimundo Vieira, de 50 anos, recorda os tempos em que ingressou na atividade. Na primeira vez em que saiu para o mar com o pai, ele tinha 9 anos de idade. Desde então, não parou de pescar. Até pensou em seguir outra carreira, mas a necessidade de colocar comida na mesa e pagar as contas o fez se manter no ramo. Quando jovem, migrou para a pesca industrial, entre os 18 e os 25 anos, mas voltou para a pesca artesanal depois que casou. “Eu sou muito apegado à minha família e na pesca industrial é muita distância”, justifica a escolha.
Todos os dias, ele sai para o mar em busca do pescado. Tainha, corvina e anchova são as principais espécies capturadas. Apesar de hoje existir maior facilidade para revender o pescado do que quando iniciou na atividade, Amarildo, assim como outros pescadores artesanais, reconhece a dificuldade de encontrar o peixe no mar. 
A extencionista social e pesca da Epagri, Tânia Mendes Nunes, explica que são raros os pescadores que conseguem ter só a pesca como principal fonte de renda. "Os estoques diminuíram e a frota aumentou. Antigamente, se tinha menos embarcações com mais estoque do pescado", destaca. Tânia ressalta ainda outro entrave gerado pelo desenvolvimento da cidade. "O turismo compete com o pescador artesanal, no espaço da praia. Muitas comunidades não têm um rancho para puxar seu barco, fazer uma manutenção. E no período de veraneio quando  a praia fica acirrada, o pescador é marginalizado, ele não pode ficar na praia, tem que tirar o barco. Há também um conflito com a parte imobiliária. Com o tempo o pescador está se rendendo a este progresso. Ele está numa faixa muito estreita, aí não consegue progredir", sentencia.
Por causa desse e de outros motivos, Aldori Aldo de Souza, de 45 anos, incentiva o filho de 19 anos a seguir outra profissão. “A pesca artesanal está muito fraca. O pescador artesanal não compensa mais viver com a pesca. Tudo é muito caro: o óleo vai para R$ 2,40, a rede é cara, a manutenção da rede é cara. Na pesca tem mês que você ganha e tem mês que você não ganha”, desabafa o pescador que mora com a família no Pântano do Sul, região onde cresceu e se estabeleceu.
Assim como tantos outros pescadores,  aprendeu o ofício com o pai que hoje tem 72. Por um tempo também se arriscou na pesca industrial, mas a distância e as longas jornadas o fizeram retornar para terra firme. Hoje, toda a família vive em função da pesca. A mulher ajuda na limpeza do pescado quando o filho, que estuda curso técnico em uma instituição federal, sai para o mar, nos dias em que é solicitado.
Empreendedorismo na pesca

Para sobreviver na atividade, alguns pescadores passaram a buscar fontes alternativas de trabalho. As pequenas embarcações ganharam maior capacidade de armazenamento e a atividade quase solitária passou a ser feita de forma cooperada. Valdemiro Lamiro Vieira, conhecido como seu Veco, é pai de sete filhos, quatro homens. Destes, três continuaram na atividade como pescadores artesanais.
Seu Veco e os filhos construíram um barco para ter condições de aumentar a captura (Foto: Janara Nicoletti/G1)Seu Veco e os filhos construíram um barco para ter condições de aumentar a captura (Foto: Janara Nicoletti/G1)
O trabalho conjunto da família tornou possível a ampliação da frota. Hoje, eles possuem três embarcações, uma delas com capacidade para transportar 20 mil toneladas, capaz de ficar até 15 dias no mar. Os barcos são operados por seu Veco, dois filhos, dois netos e alguns funcionários contratados. Silvano é quem administra o trabalho e fica responsável em investir no desenvolvimento da atividade. “Eu tenho a confiança deles, porque sou o mais rápido nestas questões e, graças a Deus dá certo”, fala enquanto apresenta um rebocador produzido pela família.
Veco (esquerda) e Silvano (direita) trabalham na pesca desde a adolescência (Foto: Janara Nicoletti/G1)
Veco (esquerda) e Silvano (direita) trabalham na
pesca desde a adolescência
(Foto: Janara Nicoletti/G1)
Silvano começou a pescar aos 11 anos de idade. Estudou até a quarta série e diz que sua faculdade foi o mar. “Não dizem que advogado tem que estudar para ser doutor? Na pesca é igual, a gente precisa da prática para aprender e se desenvolver. Por isso, quando dizem que pescador não teve chance de estudar isso nem sempre é verdade, ele optou em aprender o trabalho no mar”, declara Silvano.
Seu Veco concorda e diz que só vai parar, quando não tiver mais forças. Ele está nesta atividade há 52 anos e fala com muita alegria dos projetos para o futuro na pesca da família. “Eu nunca tive outra profissão. Me aposentei ano passado com salário e continuo pescando. Eu sempre mantenho esta parte. Sempre quis adquirir esta parte, tocar meu negócio, ser independente”, finaliza o pescador, que destaca a liberdade de mandar no próprio caminho e não depender de patrão, como um dos principais atributos da pesca artesanal.

(Do GI - http://g1.globo.com/sc/santa-catarina)

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

LIMPANDO O TERRENO

Foto Bombeiros
"Tudo aponta para ação humana", diz perito dos bombeiros após analisar áreas incendiadas no Sul de Florianópolis
Fogo atingiu quase 8 mil metros quadrados em áreas de conservação da Capital nesta terça-feira

Por Gabriel Rosa
gabriel.rosa@diario.com.br

Os incêndios que atingiram 78 hectares de área de conservação ambiental em Florianópolis na última terça-feira têm grandes chances de causas intencionais. É o que aponta a primeira análise do Corpo de Bombeiros após perícia realizada na tarde desta quarta.

Os especialistas sobrevoaram as duas áreas e estudaram a mata queimada por terra, e embora os peritos continuem observando o cenário com atenção, a possibilidade de incêndio natural já foi descartada. 

As áreas queimadas equivalem a 40 campos de futebol na Joaquina e no Campeche, e mais 31 no Pântano do Sul. Os bombeiros não sabem precisar o momento que os incêndios começaram, mas moradores dos bairros atingidos alertaram a corporação por volta das 11h. A perícia iniciada nesta quarta busca descobrir as causas do fogo e o trabalho pode levar de dois dias a uma semana. 

Segundo o coronel Vanderlino Vidal, um dos peritos envolvidos, vários fatores eliminam a possibilidade de incêndios naturais: como o fogo começou longe de residências, é improvável que tenha sido causado por uma bituca de cigarro acesa ou queima de lixo, por exemplo. Nenhuma rua passa pela região, o que também exclui a chance de um carro com problemas mecânicos ser o culpado. Além disso, a Epagri comprovou que não houve queda de raios nas duas regiões na terça-feira. 

— Tudo leva a crer que houve ação humana nos dois pontos. Não há indícios de que o fogo tenha começado acidentalmente — explica o bombeiro e perito. 

Peritos temem ser impossível precisar as causas

Vidal ainda explica que, na Joaquina, o provável ponto onde o fogo começou fica próximo a trilha pela mata nativa. Já no Pântano do Sul, é uma área de pouca circulação de pessoas, perto de um caminho usado por criadores de gado para os animais, próximo à rodovia SC-406. 

— Se for comprovado que houve um incêndio intencional, uma investigação criminal será aberta. Infelizmente, pelo que observamos até agora, será muito difícil comprovar a maneira que o fogo começou. 

Confira os estragos causados pelo incêndio:


Os focos na Joaquina e no Campeche foram controlados já na tarde de terça-feira. No Pântano do Sul, o fogo se apagou naturalmente durante a madrugada de quarta. Ao todo, 25 homens trabalharam no combate, já que não era possível chegar aos locais com caminhões. 

O helicóptero Arcanjo 01 também participou da ação, lançando mais de 25 mil litros de água nos pontos de incêndio. 

:: Joaquina e Campeche 
Áea atingida: 40,2 hectares (402 mil m²) 
26 lançamentos de 500 litros de água pelo Arcanjo 01 
Começou por volta das 11h e foi extinto durante a tarde de terça-feira 

:: Pântano do Sul 
Área atingida: 38,1 hectares (381 mil m²) 
25 lançamentos de 500 litros de água pelo Arcanjo 01 
Começou após as 11h e foi extinto durante a madrugada de quarta-feira,

(Do Clicrbs - www.clicrbs.com.br)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

BOTANDO MAIS FOGO NESSE INFERNO!



Fotos Andrea Ramos
O fogo que começou - ou começaram - pouco antes do meio-dia, continuava ativo a 1 da madrugada no Pântano do Sul. Durante toda a tarde, bombeiros por terra e pelo ar - três helicópteros - trabalharam tentando conter o fogo. No começo da tarde, os bombeiros calculavam que uma área de cinco campos de futebol já havia sido devastada.
O incêndio do Pântano surgiu simultaneamente com mais outros dois em área de restinga: no Campeche e na Joaquina. Sem pessoal e sem equipamentos, bombeiros tiveram que se dividir em três frentes.
Coincidentemente, estas três áreas são das mais polêmicas dentro do "novo"  e misterioso Plano Diretor que começou a valer nesta segunda-feira.l

TOCANDO FOGO NA ILHA

Foto Silézio Sabino / Arquivo Pessoal
Bombeiros trabalham para conter incêndio de grandes proporções no Pântano do Sul, em Florianópolis

Primeiro incêndio nesta terça queimou outra área no Sul da Ilha, e moradores suspeitam de crime

Bombeiros trabalham para conter incêndio de grandes proporções no Pântano do Sul, em Florianópolis 

por Gabriela Rovai
gabriela.rovai@diario.com.br

O Corpo de Bombeiros armou uma barreira com areia para impedir que as chamas continuem a avançar sobre a vegetação no Pântano do Sul, em Florianópolis. O fogo começou na manhã desta terça-feira e até a meia-noite não havia sido controlado. A fumaça pode ser vista em todo Sul da Ilha. Este foi o segundo incêndio em menos de 24 horas na região. Moradores suspeitam que são incêndios criminosos.

No Pântano do Sul, mais de 25 bombeiros atuaram no combate das chamas com apoio de dois caminhões, um ônibus e uma caminhonete. Os helicópteros Arcanjo (Bombeiros) e Águia (PM) deram apoio.

O primeiro incêndio desta terça-feira, no Sul da Ilha, foi numa área de cerca de 10 mil metros quadrados entre o Rio Tavares e a Joaquina. O local é Área de Preservação Permanente. O fogo começou de manhã e foi controlado à tarde, de acordo com os Bombeiros.

— Vi ovinhos de quero-quero queimados. Uma tristeza. Vi pelo menos dez focos de incêndio naquela área. Não consegui chegar em todos os focos porque a área que pegou fogo é muito extensa. E as labaredas chegaram a dois metros — lamentou o morador do Campeche que fez fotos da destruição, o autônomo Silézio Sabino.

Vice-presidente da Associação de Moradores do Campeche (Amocam), Ataíde Silva suspeita de incêndio criminoso nestas áreas queimadas desta terça-feira e do ano passado, na mesma região.

— Para mim é criminoso porque não existe possibilidade do fogo se espalhar em mais de dez focos diferentes, em locais separados, na mesma área. E ao mesmo tempo. Sendo que em alguns focos existem trilhas de areia entre eles, em que o fogo não atravessaria — disse Silva.

O vice-presidente da Amocam lembrou dos dois incêndios no ano passado na região. Um deles, em janeiro de 2013, devastou área equivalente a cinco campos de futebol, no Campeche.

— O mais estranho é que o local queimado no incêndio, nos fundos da Capela (São Sebastião), e que é Área de Preservação Permanente, coincidentemente recebeu alteração de zoneamento para Área de Residencial Predominante. São áreas estratégicas para a especulação imobiliária — observou Silva.

Para o representante dos moradores do Campeche, quando uma área dessas é destruída, a perícia não encontra elementos suficientes para justificar que é APP.

Quando há incêndio nessas áreas de duna e restinga é comum encontrar ovos de pássaros, lagartos, filhotes de quero-quero e cobras queimados, conforme moradores da região.

(Do DIÁRIO CATARINENSE - www.clicrbs.com.br)


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

OS DONOS DO MAR

Tinguá, em Governador Celso Ramos, tem festa sobre o mar, onde lanchas viram camarotes

No Barfômetro, donos de lancha pagam R$ 1 mil para ancorar, enquanto quem chega de jet ski desembolsa R$ 50

Maurício Frighetto 
RIANÓPOLIS
 Fotos Daniel Queiroz/ND
Agito nas lanchas tem música ao vivo e muita bebida em pleno mar
O bar, com 150 metros quadrados, vende bebidas como cerveja e uísque, tem uma banda se apresentando e os frequentadores pagam por consumação. Seria igual a qualquer outro se não estivesse sobre o mar, cercado por mais de cem lanchas e jet skis. É o “Barfômetro”, que, sábado, fez tremer a praia do Tinguá, em Governador Celso Ramos.
Na pequena praia só se chega a pé, por um curto caminho. No sábado, por volta das 16h, havia mais de 100 caros estacionados na estrada geral. Quem fosse até o mar poderia se surpreender com um número parecido de lanchas e jets ski ancorados, a outra forma de chegar ao local. “Treme treme seu bum bum “, cantava, sob o Barfômetro, a palhocense Maiara Coelho.
A reportagem precisou pegar carona em dois jet skis para chegar no Barfômetro, a uns 200 metros da praia. Quando entramos, depois de caminhar por quatro jet skis, fomos parado por um segurança. “Cadê sua pulserinha?”.
Segundo o dono da festa, Ramon Maes, quem chega de jet ski paga R$ 50. Já os donos das lanchas ancoradas, que servem como um camarote, precisam desembolsar R$ 1 mil.  Tudo pode ser consumido.
Ainda de acordo com Ramon, o “Barfômetro” tem licença da vigilância sanitária e LAO (Licença Ambiental de Operação) da Fatma (Fundação do Meio Ambiente). “Temos até banheiros químicos, que é descarregado em caminhões”, contou.      
No bar rola cerveja, vodka, uísque. O item mais caro é um Blue Label, de R$ 700. “Vou tomar água antes de ir embora”, disse um homem de 43 anos que estava bebendo cerveja para se justificar. Ele voltaria de jet ski até Palhoça, com a mulher na carona.
A reportagem flagrou gente bebendo e pilotando jet ski, crianças manobrando lanchas pequenas e homens jogando cerveja no mar. Ninguém reclamou.
As lanchas maiores, no entanto, contavam com marinheiro. “Viemos em nove pessoas, contanto com o marinheiro. É uma festa bacana, um ótimo business. Melhor que o Caixa D'Aço”, disse Lucas Sá, 21 anos.
A praia, em Porto Belo, tem festas semelhantes, e foi onde Michel Teló gravou, o clipe “Ai se eu te pego”, em Inglês.
Festa atrai motos aquáticas e lanchas, e tem licença da Fatma e Vigilância Sanitária
Governador tem opções mais tradicionais
Muita gente reclama do trânsito para chegar e sair das praias de Florianópolis. Alguns esquecem uma forma de fugir do problema: as praias do Continente da região, como em Palmas, em Governador Celso Ramos. No fim de semana ela ficou lotada.  
Viviane Porto, 27, e a mãe, Itelvina Porto, 57, curtiram a praia. “Ela é ótima, vivo aqui. Tudo é diferente, até o sol”, disse Viviane ao sair do mar fresquinho.
Elas moram em São José, mas tem casa na praia de Palmas. “Dia de semana é mais sossegado, mas fim de semana enche de gente, principalmente gringos”, disse Viviane.
Um deles era Victor Calcina, 43, que mora em Assunção, no Paraguai. Estava em Balneário Camboriú, mas quis conhecer outras praias. “Aqui parece mais limpo, mais transparente e mais tranquila”, falou. Tão tranquilo que jogava general embaixo do guarda-sol.  

DEU NA MÍDIA



18/01/2014 às 00:00:00 - Atualizado em 17/01/2014 às 19:02:39

Frutos do Reino de Netuno

ARPC-TV nos mostrou ontem belas reportagens sobre Guaratuba, destacando que o nosso litoral não só é rico em paisagens paradisíacas, como também somos produtores de ostras da melhor qualidade. Nos doces confins da Baía de Guaratuba, algumas famílias nos oferecem esse coquetel de proteínas maravilhoso. Um verdadeiro e saudável drinque do mar.

Para avivar a memória da brava gente de Guaratuba, de “quão” generoso já foi o nosso mar, pesquei para degustação um pequeno trecho (com livre atualização ortográfica) de um dos capítulos da obra de Antônio Vieira dos Santos, o pai da história paranaense: “Dos Peixes mariscos e crustáceos que povoão o reino de Neptuno, dentro das Bahias, Lagôas e Rios de Paranaguá” .
“Desde a mais remota antiguidade, sempre foram as baías de Paranaguá abundantes de pescados de todas as classes, pois que em muitas ocasiões foram levados socorros deste gênero à praça de Santos, Rio de Janeiro, Bahia e Colônia de Sacramento (Uruguai). (...) Parece que Netuno, esse Deus marítimo, junto à bela Dóris e as lindas ninfas Naiades e Nereidas, de propósito escolheram suas habitações nessas formosas baías, povoando-as com imensos peixes de diferentes formas e delicados sabores, que só o insigne Cuvier poderia classificar. Os lugares mais piscosos das baías são em derredor das Ilhas das Peças, das Cobras, Cotinga, Rasa Grande e Pequena, Jurerê, Guararema e Teixeira, em diferentes canais das baías, em lugares especiais de suas margens, onde turbilhões de peixes entrando do grande oceano pela barra adentro se encontrarão naqueles lugares. Principalmente na barra do Sul, entre os meses de maio até agosto. São ocasiões em que entram do Sul milhares de tainhas em corrida. É então o tempo mais divertido, para quem quiser ver o modo e a maneira como os pescadores dão os seus lances de rede em que apanham dois, três, até doze mil peixes. (...) Grande é a bondade divina, mostrando aos homens a imensidade de sua grandeza. (...) As baías de Paranaguá são abundantíssimas de muitos mariscos que serviram de principal alimento aos primeiros índios carijó, como ainda hoje se vê das grandes ostreiras e sambaquis de cascas de ostras e berbigões que eles fizeram. Substancioso alimento, temos ainda grandes ameijoas, os berbigões, bacucus, sururus, ou mexilhões, os camarões e finalmente os caranguejos: desde dezembro até março eles são tão numerosos que, nas fases da Lua, cobrem as praias e facilmente milhares deles são colhidos com as mãos, depois carregados em cestos e canoas cheias. É por tudo isso admirável a grandeza Daquele Onipotente que tudo criou”.