quarta-feira, 31 de outubro de 2018

MAR DE PESCADOR


Pescadores de Itapocoroy é um documentário produzido por Clara Rosália da Silva para a conclusão no Curso de Jornalismo - Univali/2012.
Sinopse:
A Enseada de Itapocoroy é berço de homens do mar. Suas águas calmas embalaram gerações de pescadores no litoral norte de Santa Catarina. É como se fossem heróis de uma resistência que mantém viva a tradição da pesca artesanal. Hoje, enfrentam condições adversas no trabalho enquanto assistem a seus jovens migrarem para outras profissões.

Direção: Clara Rosália da Silva
Orientação: Jane Cardozo da Silveira
País/ano: Brasil/2012
Duração: 26 min.
Para assistir em alta definição altere a qualidade no ícone de configuração na própria tela de visualização do vídeo.

MAR DE ILHAS


Ilha do Carvão, década de 50! Baía Sul da Ilha de Santa Catarina.
(Via Seo Maneca)


NA PRAIA...

 Sigmund Freud e Carl Young, ainda tentando explicar...

terça-feira, 30 de outubro de 2018

MAR DE PESCADOR

Foto: PMF / Divulgação

Trapiche do João Paulo, em Florianópolis, recebe guarda-corpo metálico

Obra é aguarda por duas décadas pelas 87 famílias de pescadores da região

A parte do trapiche do João Paulo de acesso público está recebendo guarda-corpo metálico. A prefeitura de Florianópolis informou esta semana que a proteção já foi colocada em 60 dos 140 metros que poderão ser desfrutados por moradores e turistas para contemplação do local. 

O píer terá 210 metros de extensão, sendo que os 70 metros finais serão de acesso exclusivo aos pescadores. O trapiche vai contar com 3,75 metros de largura e até dois metros de profundidade, dependendo da maré. 

Do primeiro trecho da obra, de 126 metros, falta concretar apenas cerca de 20 metros do piso, conforme o governo. Na primeira quinzena de novembro, deve ser dado seguimento ao segundo trecho da obra, de construção dos outros 84 metros de trapiche.

Já paralelamente às obras deste segundo trecho, está prevista a instalação da ponte pênsil de base estrutural metálica e deck de madeira de 10 metros de extensão que fará ligação à "linha flutuante", o equipamento que vai acompanhar o movimento da maré e deve facilitar o embarque e desembarque de pessoas e a carga e descarga dos produtos pesqueiros.

O custo total da obra é de R$ 2,9 milhões, sendo R$ 2,3 milhões do governo federal, e o restante, recursos próprios da Prefeitura. O trapiche do João Paulo vem sendo construído na altura do final da Servidão Nonô, para beneficiar 87 pescadores, os quais passarão a atracar seus barcos sem risco deles encalharem na lama, bem como passar a tirar com mais facilidade das embarcações os peixes e frutos do mar.

(http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br/)

sábado, 27 de outubro de 2018

A CRUZ DO SAQUINHO...

Cruz representa a proteção “contra as coisas que andam à noite”, em referência ao universo fantástico documentado por Cascaes - Robson Galvão/Divulgação/ND

Santa Cruz do Saquinho é parte do universo de Franklin Cascaes

Pesquisador confeccionou e doou a obra religiosa à comunidade em 1972

do CARLOS DAMIÃO 

"Uma cruz preta com um galo, ossos humanos e outros símbolos pode deixar intrigado e receoso quem vai até o Saquinho, no Sul da Ilha de Santa Catarina. Ainda existem outras cruzes dessas espalhadas pela ilha". Interessado pela história da religiosidade cristã em Florianópolis, o advogado Robson Galvão, 38 anos, descreve sinteticamente o que encontrou na comunidade praieira da Capital.

Cruzando informações, descobriu que a cruz foi confeccionada e doada pelo pesquisador Franklin Cascaes, entre setembro e outubro de 1972. Mas a autoria da obra artística e religiosa não está destacada no local. Acredita que, devidamente valorizada, a cruz poderia se transformar numa atração cultural e turística, atraindo os visitantes para a pequena localidade próxima ao Pântano do Sul.

Conforme o advogado, paranaense radicado em Florianópolis há dois anos, "as cruzes pretas são um emblema cristão. Os símbolos inseridos referem-se à Paixão de Cristo. O galo lembra a negação de Jesus por São Pedro; a coroa de espinhos representa o flagelo; as canas serviram como cetro para a tortura; o martelo e os cravos foram utilizados para a fixação na cruz; com a lança foi transpassado o coração; a corneta anunciou a morte de um condenado; a escada foi utilizada para retirada do corpo; o torquês serviu para a extração dos cravos; no cálice foi recolhido o sagrado sangue de Cristo; o resplendor refere-se à luz espiritual; os ossos humanos, que seriam de Adão, teriam sido encontrados no Monte Calvário após a erosão causada pela tempestade ocorrida enquanto Jesus agonizava; e a inscrição INRI significa rei dos Judeus".

Robson Galvão observa ainda que Franklin Cascaes, na década de 1960, registrou em desenhos 36 dessas cruzes espalhadas pela ilha. Numa carta escrita por ele ao então prefeito Ari Oliveira, datada de 13 de setembro de 1972, o pesquisador mencionou que estava doando uma cruz de madeira à comunidade do Saquinho, que em breve seria fixada e benzida pelo sacerdote. Na cruz consta a data em que isso aconteceu: 15 de outubro de 1972.

Festa tradicional

Robson Galvão lembra que "era tradição naquela localidade a realização de uma festa entre os dias 2 e 3 de maio, a Festa de Santa Cruz. Alguns estudiosos dizem que as cruzes e esse festejo, heranças dos açorianos, fariam alusão à primeira missa celebrada no Brasil. Porém, a tradição é mais antiga. A data de 3 de maio refere-se à recuperação da Santa Cruz por Heráclio, que a reconquistou junto aos persas e a levou a Jerusalém no ano 628".

"Posteriormente a tradição passou a Roma, onde se celebrava a Invenção da Santa Cruz. A liturgia atual fixou o dia 14 de setembro para a festa única da Invenção e Exaltação", completa o advogado, que dedica suas horas vagas a pesquisas históricas.

Ele entende que a tradição das Santas Cruzes na Ilha e em outros pontos do litoral catarinense tenha relação direta com as bruxarias e outras histórias fantásticas, intensa e apaixonadamente pesquisadas por Franklin Cascaes. "Em tese, as cruzes enfeitadas representam proteção 'contra as coisas que andam à noite'", diz. Na prática, significam uma forma de preservação cristã contra o universo espiritual desconhecido (e temido).

A carta de Cascaes

Confira a seguir o trecho da carta enviada por Franklin Cascaes ao prefeito Ari Oliveira, em 13 de setembro de 1972, arquivada no Museu Universitário da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina):

"Fiz presente de uma Santa Cruz de madeira para a localidade de Saquinho.

Quando ela vai ser fincada ainda não sei.

Eu levo a Vossa Excelência o meu convite particular para assistir a bênção dela pelo sacerdote lá no Saquinho.

Eu sei que Vossa Excelência enfrentará aquele caminho como bom amigo desta Ilha, pois foi e é um grande fã do excursionamento ilhéu.

Nos Barreiros já temos a presença de uma Santa Cruz e serviços espirituais para a população".

( Do https://ndonline.com.br/florianopolis/coluna/carlos-damiao/)

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

LÁ NO FUNDO...


Encontrado navio de James Cook

Publicado por João Lara Mesquita 

Após buscas no Atlântico Norte é encontrado navio britânico que deu a volta ao mundo há 250 anos.

O Projeto de Arqueologia Marinha de Rhode Island (RIMAP) acredita que foram encontrados os restos da embarcação usada pelo lendário capitão britânico James Cook para completar sua volta ao mundo no século XVIII. O navio foi encontrado por arqueólogos no fundo do mar do Atlântico Norte, perto do estado de Rhode Island, na costa Nordeste dos Estados Unidos.

O britânico James Cook foi um explorador e oficial da Marinha Real inglesa. Em 1768, assumiu o comando da HMS Endeavour, navio no qual daria a volta ao mundo, explorando partes desconhecidas pelos europeus no Oceano Pacífico.

Em 1771 Cook estabeleceu o primeiro contato com a costa leste da Austrália, fez a primeira visita à Nova Zelândia, descobriu inúmeras ilhas no Pacífico, e visitou o Taiti.

O navegador ainda faria mais duas viagens para explorar o Pacífico. Numa delas, morreu (1779) ao entrar em conflito com nativos do Havaí.
HMS Endeavour é transformado em navio de carga

Historiadores já sabiam que, logo após voltar ao Reino Unido o navio HMS Endeavour havia sido convertido em navio de transporte, fazendo a ligação entre o Reino Unido e as ilhas Malvinas. A embarcação ficou tão danificada na viagem de exploração de Cook que, mesmo após reparos, só pode assumir esse tipo de serviço.

O Endeavour fez três viagens de ida e volta até as Malvinas, até que foi vendido a um empresário, J. Mather, por £ 645 (cerca de £ 80 mil, ou R$ 411 mil). Ele tentou revender, ou alugar, o navio para a marinha inglesa durante a Guerra da Independência dos EUA, mas o almirantado não aceitou.

O Endeavour desaparece dos registros oficiais até que, em 2007, pesquisadores do Projeto de Arqueologia Marinha de Rhode Island descobriram que Mather enganou o governo.

O magnata dos transportes tentou vender outro navio à Marinha, o Lord Sandwich. Descobrindo isso, sabiam onde o navio estava: muito danificado, foi afundado de propósito na costa de Rhode Island em 1778, durante um bloqueio naval da costa americana.

Após quase nove anos de buscas, os pesquisadores acreditam que encontraram os restos do navio, entre “80% e 100% intactos” na costa do estado, junto a outros quatro navios afundados. Eles estão agora reunindo recursos para investigar as embarcações afundadas.
Outros tesouros no fundo do mar…

Recentemente, canadenses encontram um navio lendário desaparecido no século 19. A Embarcação ficou presa no gelo do Ártico em 1845.

E outro navio que estava desaparecido há 60 anos também foi encontrado quase um quilômetro de profundidade perto da ilha havaiana de Oahu.
(Do marsemfim.com.br)

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

LÁ NO FUNDO...

Direito de imagemBLACK SEA MAP/EEF EXPEDITIONS
Navio naufragado há 2,4 mil anos foi descoberto graças a um projeto para mapear águas profundas, onde não há oxigênio

Navio grego de 2,4 mil anos é encontrado preservado no fundo do mar

Um navio mercante grego de aproximadamente 2,4 mil anos foi encontrado em boas condições de preservação na costa da Bulgária, no que já é considerado o naufrágio intacto mais antigo do mundo.

A embarcação, que tem 23 metros de comprimento, data de 400 a.C. e era usada para fazer o trajeto entre colônias gregas e mediterrâneas pelo Mar Negro.

O leme, bancos e até partes do porão estão praticamente intactos, por uma particularidade das profundezas em que o navio foi encontrado: a mais de 2 mil metros, o oxigênio no ambiente marinho é mínimo, o que permite que materiais orgânicos fiquem preservados por milhares de anos.

Também devido à grande profundidade, o navio jamais foi encontrado por mergulhadores - só foi descoberto agora graças a um projeto que usa câmeras feitas especialmente para filmagem em águas profundas - antes usadas na exploração de campos marítimos de petróleo -, acopladas a robôs para mapear o leito marinho. 

"O fato de um navio do mundo Clássico ter sobrevivido intacto é algo que eu jamais teria acreditado ser possível", declarou o principal pesquisador do projeto, Jon Adams, professor da Universidade de Southampton, na Inglaterra. "(A descoberta) vai mudar nosso entendimento sobre a construção de navios e de navegação na antiguidade."

Os cientistas também ficaram impressionados com o fato de o navio ter grande semelhança com o desenho de uma embarcação que ilustra um vaso da Grécia Antiga, parte da coleção do Museu Britânico.

Direito de imagemWERNER FORMAN/GETTY IMAGES
Pesquisadores notaram semelhança entre o formato do navio e este desenho feito em um vaso da Grécia Antiga, hoje parte da coleção do Museu Britânico

Datado de cerca de 480 a.C., o vaso mostra Ulisses amarrado ao mastro de seu navio, enquanto navega pela região das três ninfas marítimas míticas - rezava a lenda que o canto dessas ninfas levava os marinheiros a saltar do navio para a morte.

O Projeto Arqueológico Marítimo do Mar Negro já identificou, em três anos, 67 navios naufragados na mesma região, inclusive embarcações mercantes da era romana e um navio cossaco do século 17.

No caso do navio grego recém-descoberto, um veículo operado remotamente (ROV, na sigla em inglês) com câmeras acopladas obteve imagens 3D da embarcação e coletou uma amostra para que os acadêmicos pudessem identificar quando o naufrágio ocorreu.

"É como (entrar) em outro mundo", disse à BBC a pesquisadora Helen Farr, integrante da expedição. "Quando o ROV entra na água e mostra o navio, tão bem preservado no leito do mar, a sensação é de que estamos voltando no tempo."

A descoberta ocorreu a 80 km da cidade búlgara de Burgas. A carga transportada pelo navio ainda é desconhecida, e a equipe do projeto diz que será necessário financiamento para voltar a operar no ponto exato do naufrágio.

(Da https://www.bbc.com/)

MAR DO SILÉZIO SABINO

Foto Silézio Sabino

Barra da Lagoa


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

MAR DE PESCADOR


 O candidato Fernando Haddad lançou, no dia de ontem (23/10), uma carta em que se compromete com políticas públicas para a pesca artesanal, caso seja eleito. 
Haddad promete recriar o Ministério da Pesca e Aquicultura e recolocar a pesca na agenda do país, com ações voltadas a estimular a produção e o consumo interno. Promete também a estruturação da cadeia produtiva, com práticas ambientalmente sustentáveis, em conjunto com uma forte política de inclusão social e econômica dos pescadores artesanais, visando à redução das desigualdades.

Esta é  a carta na íntegra!!!

TRIBUZANA À VISTA!

Formação de ciclone extratropical no final de semana

Entre a noite de sexta-feira (26/10) e manhã de domingo (28/10), um ciclone extratropical deve intensificar-se na costa sul do Brasil, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 
Esses sistemas podem ocasionar ventos fortes e condições adversas de mar, dependendo de sua intensidade ou proximidade da costa. 
Até o momento, conforme a previsão de localização e intensidade do ciclone, durante o final de semana, podem ocorrer ventos fortes, com rajadas de 60 km/h a 80 km/h no litoral e sul catarinense, especialmente no Litoral Sul e Planalto Sul. No mar, em áreas mais afastadas da costa, as rajadas podem chegar a 100 km/h.
 O ciclone também favorece a condição de mar agitado e risco de ressaca no final de semana, especialmente no Litoral Sul.

Ciclones extratropicais são sistemas atmosféricos comuns no litoral sul do Brasil, apresentando maior frequência nos meses entre final de outono e início da primavera. Conforme registros obtidos nas estações meteorológicas monitoradas na Epagri/Ciram, os ciclones extratropicais mais intensos é que podem resultar em rajadas de 80 km/h a 100 km/k em municípios do sul catarinense.

(Laura Rodrigues / Clóvis Corrêa / Marilene de Lima - Meteorologistas -Epagri/Ciram)
Fonte Defesa Cívil

JACK O MARUJO

Foto Fenando Alexandre
- Há tempos o senhor não fala nada, capitão.
- Quando não me escuto, desapareço, disse Jack o Marujo. Só fica o sentimento, invisível como o vento.

NA PRAIA...

Marylin Monroe adolescente...

LÁ NO FUNDO...

Image copyrightEEF, BLACK SEA MAPImage captionNaufrágio foi encontrado por acaso - pesquisadores mal podiam acreditar na descoberta
Os impressionantes barcos ancestrais encontrados por acaso nas profundezas do Mar Negro

Em uma noite de setembro, enquanto observava imagens de câmeras submarinas nas profundezas do Mar Negro, o pesquisador Rodrigo Pacheco Ruiz teve que esfregar os olhos para acreditar no que aparecia nos monitores.

Era um barco e se encontrava em excelente estado - tão conservado que as cordas ainda estavam enroladas nos mastros.
O mais surpreendente é que Pacheco, do Centro de Arqueologia Marinha da Universidade de Southampton, na Inglaterra, não estava procurando naufrágios. Ele faz parte de uma equipe que tenta determinar a rapidez com que o nível da água subiu nesta região após o fim da última Era Glacial .
Image copyrightMMTImage caption
Especialistas estavam a bordo de barco-laboratório quando descobriram o naufrágio

"Fiquei sem palavras quando vi as cordas, eu não podia acreditar no que estava vendo", contou Pacheco ao jornal americano The New York Times.

Para surpresa dos pesquisadores, esta não foi a única embarcação encontrada. Até o momento, já foram contabilizados 40 navios - sendo a maioria do período bizantino.

Image copyrightEEF, BLACK SEA MAPImage captionPesquisadores se deparam com barco medieval, que conheciam dos livros de história, praticamente intacto

Em outra noite, um dos membros da equipe percebeu que o navio que estava diante de seus olhos não era como os outros.

"Eu vi um leme", contou Kroum Batchvarov, professor da Universidade de Connecticut, o que levava a crer que se tratava de um navio mais antigo.

Ele foi acordar imediatamente o pesquisador-chefe, o professor Jon Adams, da Universidade de Southampton.
Image copyrightEEF, BLACK SEA MAPImage caption
Equipe localizou 40 barcos até agora

Estima-se que este naufrágio tenha ocorrido no século 9. Se confirmado o período, tratam-se de embarcações que estão documentadas em livros de história e que até agora não tinham sido vistas tão completas.

Segundo o The New York Times, uma grande descoberta foi ver como era o convés de um deles, onde o capitão podia se dirigir a uma tripulação de 20 marinheiros.

Já os navios mais "novos" que foram encontrados datam do século 19. Uma variedade de modelos que revela a importância do Mar Negro como rota de comércio ao longo dos séculos.

Image copyrightEEF, BLACK SEA MAPImage caption
Detalhes das embarcações impressionam: popa do navio

"Com técnica de filmagem 3D subaquática conseguimos obter estas imagens impressionantes sem alterar o fundo do mar", afirmou o professor Adams, em comunicado.
 "Esses naufrágios são um bônus, uma descoberta fascinante que fizemos durante a nossa extensa 

A razão pela qual os barcos estavam tão bem conservados se deve à falta de oxigênio na água a partir dos 159 metros de profundidade. As embarcações foram encontradas a 1.800 metros da superfície.

Como não há oxigênio nas profundezas, as estruturas não degradam tão rápido como em outros lugares. E, sem oxigênio, as criaturas que normalmente se alimentam da madeira também não conseguem sobreviver.
Image copyrightMMTImage caption
Descoberta se deve a veículo submarino de operação remota, dotado de câmera de alta resolução

Esta não é a primeira vez que são descobertos naufrágios em perfeito estado de conservação.

O Mar Negro, que é rodeado por Bulgária, Romênia, Ucrânia, Rússia, Geórgia e Turquia, foi uma parte importante das rotas de comércio entre o oriente e o ocidente ao longo dos séculos, o que também fez dele palco de batalhas.

Por este mar, passaram embarcações levando todos os tipos de "produtos" - de grãos a sedas, passando por óleos e animais . Para os especialistas, não seria estranho que, uma vez que comecem a investigar o que está dentro dos caixotes, encontrem até alguns itens comercializados na época.

(Da http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37999817?SThisFB)

terça-feira, 23 de outubro de 2018

RUBRO-NEGRAS

Fotos Fenando Alexandre
Fotos Fernando Alexandre
Não se trata de torcida organizada do Flamengo nem de tainhas gaúchas comemorando a ressurreição de Ronaldinho. É que nesta época do ano, devido a neblina e tempo ruim,  pescadores do Pântano do Sul utilizam bandeiras vermelhas e negras nas boias que sinalizam as redes de anchovas e abróteas para ter melhor visibilidade no mar.

TRAÇANDO O RISCO

Desenho de Orlando Pedroso, tarrafeado sem nunhuma autorização do blog do Solda, o www.cartunistasolda.com.br

E O "LOBO SOLITÁRIO" FOI A PIQUE...


Foto Marinha do Brasil

Atlântico Sul, 19 de julho de 1943. 
Como hoje, 72 anos depois, era um dia nublado em Santa Catarina. Às 7h21, o hidroavião americano PBM 5 Mariner decolou do navio de apoio U.S.S. Barnegat, que estava em Florianópolis. A patrulha seria numa área a 60 milhas da costa, onde um cargueiro americano tinha feito seu último contato por rádio no dia 16, antes de ser torpedeado e afundar. 
A missão do piloto do hidroavião, o tenente-capitão Roy Seldon Whitcomb, era localizar e afundar o submarino alemão responsável. Por várias horas ele não viu nada, só nuvens e oceano. Às 15h30, surgiu um ponto no radar. 
Às 15h55, Whitcomb avistou um submarino navegando na superfície e iniciou o ataque. Manobrou o avião na direção do inimigo e começou a descer. Tentou esconder o PBM 5 atrás das nuvens, mas foi avistado pelo oficial que fazia a vigia na ponte do Unterwasser-Schiff 513 (U-513). 
A missão do capitão alemão Karl Friedrich Guggenberger, de 28 anos, era afundar qualquer navio aliado na rota entre Buenos Aires e o Rio de Janeiro. Desde 25 de junho, o U-513 havia atacado cinco cargueiros entre Santos e São Sebastião. Afundou três, dois americanos e um brasileiro, o Tutoya. Seriam suas últimas vítimas. 
Logo que soou o alarme, Guggenberger correu à ponte, avistou o hidroavião se aproximando e soube que era tarde demais para submergir. Ordenou o contra-ataque. Cinco marinheiros começaram a disparar o canhão antiaéreo de 37 milímetros. Outros dois operavam o canhão de 20 milímetros. Enfrentando o fogo antiaéreo, o avião americano mergulhou na direção do inimigo. 
 Quando estava quase em cima do U-513, a 15 metros da água, Whitcomb jogou seis bombas de 225 quilos. Duas acertaram o casco em cheio. O impacto abriu um rombo na proa do U-513. Dez segundos se passaram. Quando a coluna d’água erguida pelas explosões baixou, o submarino tinha sumido. Afundou imediatamente. 
Os 46 homens no interior não tiveram chance. Só os sete que estavam na ponte, e foram jogados ao mar, sobreviveram. Entre eles o capitão Guggenberger.
Dos quase mil U-boat, como eram conhecidos os submarinos alemães, construídos pela Marinha de Guerra nazista na Segunda Guerra Mundial, mais de 900 foram a pique, matando 40 mil tripulantes. Dez U-boat sumiram em águas brasileiras. Nenhum foi achado. O U-513 foi o primeiro.
  
 HEIL, HITLER!
Os homens do submarino U-513 acenam ao sair da base na França (à esq.). Herói de guerra, o capitão Guggenberger (no alto da foto) foi condecorado por Hitler (no centro da foto)
Guggenberger era um herói de guerra. Foi condecorado pelo próprio ditador Adolf Hitler com a Cruz de Ferro por ter afundado, em 1941, o porta-aviões britânico Ark Royal. Em 1943, quando o U-513 afundou, Guggenberger e seis marinheiros subiram no bote salva-vidas lançado pelo avião americano que os atacou. Permaneceram à deriva por quase um dia, até serem resgatados pelo U.S.S. Barnegat. Guggenberger tinha fraturado quatro costelas e um cotovelo. 
Ao ser interrogado, perguntou se o avião era inglês ou brasileiro. Ficou surpreso ao saber que era americano. 
“Ele mostrou muita coragem nos atacando”, disse, segundo um relatório da Marinha americana. Guggenberger não sabia que os americanos patrulhavam a região. Por isso decidiu permanecer com o U-513 na superfície e abrir fogo contra o avião, assumindo que “era brasileiro e iria fugir”

 Ponto Estratégico

Durante a 2ª Guerra Mundial, o Brasil tornou-se um ponto estratégico para a campanha das forças aliadas, pois servia de ponto de apoio para a Marinha americana no Atlântico Sul e fornecia provisões e insumos para a produção de material de guerra.
O Brasil era conhecido como a Sentinela do Atlântico e aqui foram instaladas pelos norte-americanos diversas bases navais e aéreas.
O Alto Comando Alemão dos Submarinos preparou, em 1943, uma ofensiva no território brasileiro. Essa ofensiva trouxe mais de 20 submarinos alemães que afundaram 49 navios. 
Pelo menos dez submarinos alemães afundaram na costa brasileira. Nenhum foi achado. 
O primeiro foi o Lobo Solitário, do capitão Friedrich Fritz Guggenberger, condecorado por Adolf Hitler com a Cruz de Ferro por ter abatido um porta-aviões inglês e capturado pelos aliados justamente em SC.
Sessenta e oito anos depois o submarino alemão U-513, que naufragou em 19 de julho de 1943 foi localizado pela família Schürmann nas proximidades de São Francisco do Sul, no Litoral Norte de Santa Catrina.Foram dois anos de buscas a bordo do veleiro Aysso para encontrar o material, encalhado a mais de 70 metros de profundidade.

A Marinha Brasileira considera um resgate importante da história o feito da família Schürmann, que encontrou na semana passada o U-513, submarino afundado na costa catarinense durante a Segunda Guerra Mundial.

— As pesquisas que eles estão fazendo vão nos auxiliar a conhecermos mais sobre o assunto. A Marinha vê isso de forma positiva — declarou o comandante da Capitania dos Portos de Santa Catarina, Claudio da Costa Lisbôa.
Desde o início da expedição em alto mar, em 2009, os Schürmann têm autorização da Marinha para fazer a pesquisa. O comandante Lisbôa diz que eles poderão fazer imagens do U-513 com o Veículo Submarino Operado por Controle Remoto (ROV), a próxima etapa do projeto. Mas, por enquanto, não têm autorização para tirar nada lá de baixo.

Caso queiram mexer no submarino, tirando algum objeto, por exemplo, os Schürmann precisarão de uma autorização para exploração. Isso porque, após cinco anos do naufrágio, os veículos passam a ser da União.
 



(Com informações do DC, Revista Época,  Univale e Instituto Kat Schürmann)

MANEMÓRIAS

Barra da Lagoa anos 80!

(via Seo Maneca)


ENGOLIDOS PELO MAR

Foto Arquivo
AS SEREIAS DO HERMENEGILDO

por Kledir Ramil

Os moradores da Praia do Hermenegildo, no Rio Grande do Sul, estão sendo engolidos pelo mar. Pouco a pouco vão sendo devorados por tsunamis de porte médio, que avançam sobre “a maior praia do mundo”.
Alguns falam que é culpa do aquecimento global, outros dizem que é uma maldição local. Não sei. Não quero criar pânico, mas pelos relatos que tenho ouvido, dá até pra acreditar na tal lenda de um monstro marinho, que provoca maremotos com o objetivo de avançar terra adentro em busca de alimento. A fúria destrutiva das águas permite imaginar fantasias como essa de um “Monstro do Hermena”, capaz de engolir o que encontra pela frente: gente, animais domésticos, árvores inteiras, automóveis, ruas de paralelepípedos e até casas de veranistas. Agora, se o bicho consegue digerir tudo isso, é outra coisa.
A praia do Hermenegildo é um lugar lindo e, ao mesmo tempo, estranho. Fica lá no fim do mapa, onde o Brasil encontra o Uruguai e talvez haja mesmo por ali algum mistério inexplicável. Antigamente, a região era um reduto de piratas. Piratas sem embarcações. A pé, a cavalo. Coisa de gaúcho. 
Era assim. No meio da noite, os bandidos acendiam uma enorme fogueira na beira da praia para confundir os navegantes, que acreditando estarem vendo o farol do Chuí, seguiam a falsa rota até encalhar e serem atacados. E pilhados.
Mesmo com todo esse histórico de lendas e desequilíbrio da natureza, meu irmão Kleber comprou uma casa no balneário, de frente pro mar. Como se quisesse desafiar os deuses, especialmente Netuno, o deus dos oceanos.
Dizem que num fim de tarde de outono, Kleber teria ouvido ali o canto das sereias e desde então ficou enfeitiçado. É possível. Ele é um cara de alma sensível, capaz de se deixar levar por encantamentos.
As sereias do Hermenegildo são o oposto dos piratas gaúchos, que ficavam na beira da praia atraindo os incautos. Tudo o que elas querem é nos levar para as profundezas do mar, para vivermos sabe-se lá que tipo de experiência. É um mistério. Nunca voltou uma viva alma pra contar.
Kleber ama o Hermena. Talvez um dia, sentado na sua cadeira de balanço, tomando um mate na varanda e pensando na vida, ele seja tragado pelas ondas do Oceano Atlântico.
Me preocupo por ele mas, se for pra ser assim, tenho certeza que partirá feliz. Nos braços das sereias.

Kledir Ramil 

CRÔNICAS

FUMANDO, ESPERO...


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

ALÉM DA SOLIDÃO

Foto Fernando Alexandre
A Praia do Saquinho, no extremo sul da Ilha de Santa Catarina, fica além da praia da Solidão, depois de uma caminhada de 30 minutos , por um dos morros que costeiam a baía do Pântano do Sul.

MAR DE PESCADOR

Resultado de imagem para Sardinhas pesca
E a sardinha sumiu...

Pescadores de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, estão preocupados com a queda da pesca de sardinha. O período de defeso, quando fica proibida a atividade, começa no dia primeiro de novembro e a baixa quantidade de pescado tem interferido na economia do município.

"Falam que é a maré, falam que é o tempo ruim e realmente tempo ruim teve mesmo, mas não justifica no mês de outubro, que é o recorde da produção, que é onde dá bastante produção de sardinha, não ter aparecido nada até agora", explicou o armador de pesca, Wilson Serafim dos Reis.

Os números preocupam. Em 2015, foram pescadas mais de 42 mil toneladas de sardinha. Em 2016, o número caiu para 14 mil. E em 2017, diminuiu quase pela metade, com 7 mil toneladas. Esse ano, até agora, a quantidade é ainda menor, cerca de 2 mil toneladas.

O secretário de agricultura e pesca Wagner Junqueira, diz que fenômenos naturais podem explicar a diminuição de sardinha no nosso litoral. "O que nos é dito são fenômenos do aquecimento da água, né, o aquecimento das águas do atlântico sul através do fenômeno 'El Niño' faz com que os cardumes procurem áreas com uma temperatura de água mais adequada a reprodução, a desova, enfim, a um habitat mais interessante para a sardinha".

"O pescador afeta direto, porque ele depende da pesca para levar, sustentar a família, pagar as contas, alimentação, enfim, sustento de família. Na economia afeta diretamente também porque o dinheiro da pesca, ele é deixado diretamente no município, nas lojas, em tudo quanto é lugar, todo estabelecimento depende da pesca também, que é uma das principais fontes de renda do município. Então está afetando diretamente também na economia do município", explicou o diretor operacional da Propescar, Gustavo Rosa.

(Do https://g1.globo.com/)

terça-feira, 16 de outubro de 2018

MAR DE BALEIAS

 Surfistas salvam filhote de baleia preso em rede de pesca em Laguna

Por Renan Medeiros, interino*

Dois surfistas retiraram um filhote de baleia-franca que estava preso a uma rede de pesca no fim da tarde desse domingo, em Laguna, no Sul de Santa Catarina. A mãe do filhote acompanhou o procedimento, que levou aproximadamente três horas e foi bem-sucedido.

Por causa do conhecimento que têm do local e pela experiência em mergulhos na região, João Baiuka e Fhilippe Peixoto foram acionados por pessoas que avistaram as baleias. Eles foram até o local com uma moto aquática e coletes salva-vidas. Depois de três horas na água, conseguiram cortar a rede e salvar o filhote, que voltou ao mar acompanhado da mãe.

Udesc: (48) 99696-6025 

Polícia Militar Ambiental: Laguna:(48) 3647-7880/ Maciambú: (48) 3286-1381/ Florianópolis: (48) 3665-4770 / Rio Vermelho: (48) 3665-4487 / Maracajá: (48) 3529-0187

(Do http://dc.clicrbs.com.br/sc/)

PANTUSÚLI DO SILÉZIO SABINO

MARES DE PORTUGAL


olhares cegos

será negra a noite
mas nela encontrarás luz
suficiente

entre noite e noite
muitas cores povoarão
o dia e o teu registo

mas
a cor do dinheiro
ficou esquecida
nos teus postais

olha como quem vê
não como quem ignora

(ahcravo gorim)
(torreira; safar redes; 2016)



MAR DO MILTON OSTETTO

LÁ NO FUNDO...

Timóteo Peixoto, 75 anos, quer ajudar a manter viva a memória das embarcações submersas na costa catarinense
Foto: Marco Favero / Diário Catarinense

Marinha localiza 234 embarcações naufragadas na costa de Santa Catarina 

Por 
RENAN MEDEIROS 

Com semblante tranquilo e ares de quem conhece cada metro cúbico das águas marítimas em Laguna e nos municípios vizinhos, o pescador Timóteo Peixoto, 75 anos, aponta para alguns metros ao sul do ilhote do Cardoso, visto à distância, onde há restos de um naufrágio centenário. 

A tranquilidade dele contrasta com a movimentação intensa de homens e mulheres carregando peixes entre os barcos e galpões de triagem e preparação dos pescados. Assim como Timóteo, outros moradores do litoral catarinense têm conhecimento da existência do patrimônio submerso, mas os detalhes que os envolvem ou o papel deles para explicar a história do Brasil ainda são desconhecidos pela maioria. 

Essa realidade começa a mudar. Pouco a pouco, Santa Catarina está descobrindo o potencial arqueológico subaquático que tem nos 531 quilômetros de costa. 

Nos últimos anos, levantamentos e pesquisas se tornaram mais frequentes, não apenas para saber a localização dos naufrágios, mas para conhecer a sequência de fatos que antecederam o infortúnio dos marujos que, sem escolha, lançaram-se às águas séculos atrás, enquanto assistiam suas embarcações submergirem. 

A Marinha do Brasil, responsável pelo patrimônio submerso no mar sob jurisdição brasileira, trabalha desde 2011 na elaboração do Atlas dos Naufrágios de Interesse Histórico da Costa do Brasil, com o mapeamento de todas as embarcações afundadas desde o descobrimento, em 1500, até 1950, para contemplar as batalhas da Segunda Guerra Mundial. 

Até agora, o levantamento já identificou 2.125 naufrágios em águas marítimas brasileiras, dos quais 234 estão na costa catarinense. O número sobe quando também se considera aqueles ocorridos depois de 1950. Menos da metade deles, porém, têm a localização exata conhecida. 

Outras pesquisas, mais concentradas em pontos específicos, já foram ou estão sendo produzidas. São trabalhos ainda incipientes, porém que abriram o caminho para ampliar o conhecimento deste pedaço da nossa história.

Patrimônio cultural na Praia da Cigana
Depois de uma caminhada pela praia que inclui subidas em dunas, Timóteo aponta para o mar na direção do Catalão, uma embarcação espanhola naufragada na Praia da Cigana, em Laguna. 

A água escura não permite que seja observado de longe. Por isso, a reportagem cogita ir a nado até o navio soçobrado, mas o pescador veta a ideia. 
— Ali a correnteza é muito perigosa — avisa. 

Neste ano, o Catalão completa um século de naufrágio. O navio de bandeira brasileira que transportava uma carga proveniente de contrabando afundou em uma noite de 1908. 

Alguns moradores dizem que colidiu com a Laje de Campo Bom e veio até a praia para que a embarcação fosse abandonada com segurança para os ocupantes. 

Naufragado no início do século 20, o Catalão se enquadra no conceito de patrimônio cultural subaquático, definido pela Unesco como todo resquício de existência humana que esteja submerso por pelo menos 100 anos. Apesar do conhecimento sobre o mar, Timóteo admite não saber de detalhes da embarcação. 

— Só sei que está aí desde que me entendo por gente — frisa.

Pescador conhece a localização dos navios que sucumbiram no Sul de Santa CatarinaFoto: Marco Favero / Diário Catarinense

Um santuário cheio de segredos e armadilhas

Navegadores pioneiros na costa catarinense descobriram, da pior maneira possível, as armadilhas das nossas águas. Dotada de um litoral acidentado, capaz de oferecer abrigos às embarcações, mas com vários pontos de leito marinho traiçoeiro para os primeiros navegadores, Santa Catarina concentra alguns santuários de naufrágios. 

São navios que afundaram desde o século 16. Entre Florianópolis, São José e Palhoça um conjunto de embarcações dos séculos 16 e 17 que sucumbiram ao Atlântico repousam na região das praias de Naufragados, do Sonho e da Ponta do Papagaio. 

Para conhecer suas origens, um extenso trabalho de pesquisa, chamado Projeto Resgate Barra Sul foi conduzido entre 2006 e 2012, autorizado pela Marinha e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

Os pesquisadores encontraram restos da carga de uma embarcação que afundou no século 16, incluindo um canhão de bronze, com brasão espanhol, e um conjunto lítico com quatro pedras. 

Uma delas trazia o brasão de "Leon y Castilla" e o emblema português, sugerindo que o navio fosse do período da União Ibérica, entre 1580 e 1640. O estudo leva a crer que o sítio arqueológico seja o que restou da nau "La Proveedora", da armada capitaneada por Diego Flores de Valdés e Pedro Sarmiento de Gamboa.

Intervenções são ameaças

Procurar materiais com valor monetário em sítios arqueológicos, inclusive submersos, é uma atividade que está ganhando adeptos, mas a prática é ilegal. Por lei, qualquer intervenção em bens afundados, inclusive para pesquisa, deve ser autorizada pela Marinha. 

Além da extensão da costa brasileira, outra dificuldade na preservação é o desconhecimento que se tem sobre a localização exata dos milhares de naufrágios e outros sítios arqueológicos submersos. Foi isso que motivou a Marinha a dar início ao projeto Atlas dos Naufrágios de Interesse Histórico da Costa do Brasil. 

— A importância desse patrimônio para o país é muito significativa, pois são testemunhos materiais do passado da humanidade. São fontes para pesquisas arqueológicas que contribuem para revelar aspectos relacionados à ocupação de parte do litoral brasileiro por povos antigos há milhares de anos, assim como para revelar aspectos relacionados à história da navegação ao longo da costa brasileira, iniciada com a chegada dos europeus em fins do século 15 — explica o capitão de corveta Ricardo dos Santos Guimarães, encarregado da Divisão de Arqueologia Subaquática, vinculada à Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. 

Ele é um dos responsáveis pelo levantamento de todos os naufrágios na costa brasileira datados até 1950. Dos 2.125 registros já identificados pela Marinha, apenas 998 (isto é, 47%) têm ao menos alguma estimativa de localização.

Foto: Marco Favero / Diário Catarinense

Impasses na legislação

Por lei, toda intervenção não autorizada em sítios arqueológicos constitui crime contra o patrimônio. Mas a legislação brasileira não agrada a maioria dos pesquisadores e já há uma proposta de alteração no Congresso com o objetivo de frear a exploração comercial dos naufrágios, hoje permitida se houver pesquisa, aval da Marinha e o atendimento a uma série de condições. 

— A lei permite, por exemplo, o pagamento de recompensa pelos bens culturais submersos que sejam removidos, o que incentiva a "caça ao tesouro" e a retirada irresponsável dos bens do meio em que se encontram, colocando em risco a integridade do patrimônio subaquático brasileiro — expôs a ex-deputada federal maranhense Nice Lobão (PSD), quando apresentou, em 2006, um projeto de lei para tornar mais rígida a legislação. 

A proposta de Nice Lobão foi aprovada há mais de dez anos pela Câmara, mas está engavetada no Senado desde dezembro de 2014. 

Paralelamente à tramitação do projeto de lei, outra discussão permeia entre os arqueólogos. Em novembro de 2001, a Unesco aprovou a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático, mas o Brasil não é signatário. O motivo é que o país entende que alguns pontos do texto atentam contra a soberania nacional.

— Acredito que a decisão do Brasil em aderir ou não à Convenção deva ser precedida de amplo debate sobre o assunto, com a participação de representantes da Unesco, arqueólogos subaquáticos, representantes da Marinha, do Iphan e Ministério de Relações Exteriores — avalia Guimarães, o encarregado da Divisão de Arqueologia Subaquática, da Marinha. 

Na avaliação dele, a Convenção, na prática, submete a realização de projetos de pesquisa arqueológica nas Águas Jurisdicionais Brasileiras à aprovação estrangeira, além de não estabelecer com clareza a quem pertencem os bens submersos que vierem a ser encontrados na "Amazônia Azul" — termo cunhado pela Marinha para se referir ao mar sob jurisdição do Brasil. 

Enquanto o país avalia a legislação e a relação com a comunidade internacional, ao mesmo tempo em que vai conhecendo melhor o próprio patrimônio subaquático, os principais aliados na preservação são aqueles que convivem com os naufrágios diariamente e têm uma ligação quase afetiva com eles. 

Em Laguna, os pescadores não gostam de ver alguém retirando partes das embarcações para vender como sucata. Por isso evitam informar a localização exata dos navios que repousam em águas mais profundas. 

— Às vezes alguém vem perguntar, mas a gente procura não dizer, não — conta Timóteo.

A esquina do Atlântico

A região do Cabo de Santa Marta tem importância histórica para a navegação. Há registros de mapas destacando o local desde 1502, já com o nome que tem hoje. E toda esta relevância tem motivo: ao sul do Cabo, a praia segue praticamente em linha reta até o Rio da Prata, no Uruguai. 

Por isso, esse último refúgio para quem navega recebe dos marinheiros o apelido de "Esquina do Atlântico". Perto dali, uma armadilha já fez inúmeras vítimas. Pouco mais de 20 quilômetros à sudeste do Cabo de Santa Marta, cinco quilômetros mar adentro, existe a Laje de Campo Bom. 

Trata-se de um monte de pedra submerso que já foi responsável por colisões de grandes embarcações. O pescador Timóteo Peixoto a conhece bem. 

— São 36 metros de profundidade antes de chegar na laje. Sobre ela, são apenas dois metros — explica. 

Para evitar novos acidentes, no fim do século 19, deu-se início à construção do Farol de Santa Marta. O bisavô de Timóteo, Eliziário Patrício, tinha 21 anos quando a luz do farol que ajudou a construir acendeu pela primeira vez, no dia 1º de maio de 1890. 

O homem moreno e baixo, com 1,66 metros de altura, foi um dos primeiros pescadores da região, até então um local ermo e quase desabitado. Foi Eliziário quem trouxe a primeira professora. Também organizava missas, proibia festas e determinava as regras para a pesca, sempre respeitadas pelos outros pescadores. 


Foi na região do Cabo de Santa Marta, entre Laguna e Jaguaruna, que o pesquisador Alexandro Demathé, do Grupo de Pesquisa em Educação Patrimonial e Arqueologia (Grupep) da Unisul, de Tubarão, identificou 72 registros de naufrágios, baseado em livros, jornais antigos, sites internacionais e entrevistas com pescadores. 

A dissertação de mestrado dele, em 2014, foi um trabalho inédito de levantamento na região.

— Uma característica desses naufrágios é que poucos deles tiveram mortes. Normalmente, o capitão traz a embarcação com problema para perto da costa e todos os ocupantes se salvam — conta.

Atualmente, o Grupep se concentra em uma embarcação que apareceu um mês atrás, soterrada em Jaguaruna. Por enquanto, acredita-se que se trate de um navio alemão de 1896. Demathé explica que o objetivo é dar uma "biografia" ao navio.

Foto: Artes NSC / Artes NSC

(Do http://dc.clicrbs.com.br/sc/)