terça-feira, 31 de dezembro de 2019

DE ONDE VÊM AS TAINHAS?


A repórter e o Mar de Dentro

Junto com a água salgada, que leva botos, leões marinhos, aves, peixes e camarões do mar para a Lagoa dos Patos, foi também a premiada repórter Ângela Bastos, autora da recentemente publicada reportagem multimídia  "Pescadeiras" pela NSC e republicada aqui no Tainhanarede.
Com o calor sufocante deste verão, Ângela foi buscar um pouco de brisa marinha pelos piers e portos da lagoa.
Maior lagoa costeira da América do Sul, a Lagoa dos Patos, o "mar de dentro" de nossos vizinhos gaúchos faz parte da paisagem desde Porto Alegre até a cidade de Rio Grande, conhecida como "Noiva do Mar", e sede do V Distrito Naval.
Uma parte dela é inundada pelas águas do Atlântico e sua diversidade e importância como criadouro é inestimável.
Além de fotografar com exclusividade para o Tainhanarede, Ângela encontrou barcos de Santa Catarina, principalmente de Itajaí, aguardando a passagem do ano pra voltar ao mar e a pesca.

É da Lagoa das Patos, principalmente, de onde migram as milhares de tainhas que fazem a alegria e a festa dos pescadores e praias de Santa Catarina no outono.



 Fotos Ângela Bastos

 






TODAS AS CORES

Foto Fernando Alexandre

DANDO NOME...

Foto Fernando Alexandre


O AVAÍ É AQUI...

sábado, 28 de dezembro de 2019

E A PONTE CAIU...


 


 O dia em que a ponte Hercílio Luz foi derrubada e a ilha ficou à deriva!

Vinte anos atrás produzimos "Desterrando - Uma conspiração anarco-maneista!" filme curta-metragem de 5 minutos onde cortávamos as amarras que nos prendiam ao continente e ficávamos soltos na imensidão dos mares!

Destruímos a Hercílio Luz e assumimos a condição de ilha solta, à deriva, navegando por mares & marés nunca imaginadas!



 "Desterrando" chegou a participar de alguns festivais pelo Brasil afora e todas suas cópias se perderam no tempo.
 Vinte anos depois conseguimos uma, um pouco danificada,  e como todos os participantes deste sonhado filme ainda estavam vivos, decidimos comemorar no Pântano do Sul e no restaurante "Pedacinho do Céu", da Comandante Zenaide, onde boa parte do filme tinha sido rodado. 
Num clima de festa, nos juntamos para falar sobre nossa ilha utópica, que águas estaria singrando e em quais condições estaríamos vivendo nossa sonhada independência.

 Com os mesmos velhos sonhos, novas pessoas embarcaram nessa pacata ilha a deriva com a proposta de documentar, em vídeo, como estamos vivendo, cantando e amando desde a separação do continente.

 Fernanda do Canto conheceu o filme por meio de Tiago Alves. A ideia ficou lhe dando voltas à cabeça. Quis falar com o responsável por esse devaneio e assim chegou no Hieronymus Parth, que lhe apresentou Fernando Alexandre, que foi apresentado a Carlos Pontalti e sem muitos rodeios reiniciaram as gravações.

 Nesse novo filme, um documentário de ficção sobre os Desterrados, expõem-se pensamentos e ações das pessoas que vivem na utopia de uma ilha sem governo, imaginada, autogerida e cocriada por seus habitantes. Este registro segue em 2020, apesar da velha senhora - a Ponte Hercílio Luz - estar restaurada e fixada provavelmente a uma outra ilha. Nós continuamos à deriva com nossas vidas e nossos sonhos. E já faz 20 anos!

DESTERRANDO - O FILME


terça-feira, 17 de dezembro de 2019

domingo, 24 de novembro de 2019

NO TEMPO DO BERBIGÃO



Foto Divulgação ND
BERBIGÃO ENSOPADO COM PIRÃO ESCALDADO
 Ingredientes
1 kg de berbigão cozido e sem casca 500g de berbigão com casca, bem lavados
2 colheres (sopa) de óleo
1 cebola picada
2 tomates picados, sem sementes
1 dente de alho picado
2 colheres (sopa) de alfavaca picada
Sal a gosto
Para o pirão
1 xícara (chá) de farinha de mandioca
700ml a 1l de água fervente Sal a gosto
Fazendo
1. No fogo médio, refogue a cebola e o alho no óleo, até murcharem, e então acrescente o tomate picado.
2. Quando o tomate já estiver quase desmanchado, acrescente o berbigão com casca.
3. Quando as conchas estiverem abertas, junte o berbigão já cozido e sem casca, a alfavaca e mais uma xícara (chá) de água. Acerte o sal e deixe ferver por 10 minutos.
4. Enquanto isso, prepare o pirão colocando a farinha de mandioca e sal a gosto numa bacia. 5. Vá acrescentando a água fervente aos poucos, misturando sempre com um garfo. Se desejar um pirão mais mole, coloque mais água.
6. Sirva, num prato de sopa, o pirão escaldado e, sobre ele, o berbigão ensopado.
(Do ndonline.com.br) 

MAR DE PIRATAS

Barba Negra - Divulgação/Disney

HÁ 301 ANOS MORRIA BARBA NEGRA, O MAIS ICÔNICO PIRATA DA HISTÓRIA

Neste dia, em 1718, morria o pirata Edward Teach, que havia cuidadosamente cultivado a imagem de lunático brutal, mas não era nada disso

PAULA LEPINSKI 

No dia 22 de novembro de 1718, Barba Negra, possivelmente o maior ícone da era da Pirataria, ia parar no Baú de Davy Jones. Senha pirata para: encontrava o Diabo no fundo do mar.

Ao alvorecer daquele dia, um ataque surpresa da Marinha Real Britânica pegou a tripulação do Adventure desprevenida e desfalcada. Ainda assim, a batalha que se seguiu foi intensa. Os poderosos canhões do navio de Barba Negra mataram cerca de 29 marinheiros ingleses, dois terços das forças ali presentes.

O duelo que se seguiu foi sangrento, e poderia ter terminado bem para os piratas se não fosse a presunção de Barba Negra e a falta de treinamento de sua tripulação.

O número de ferimentos no corpo do capitão do Adventure é um indício do quão bravamente ele lutou: cinco ferimentos de bala e vinte de espada. Mas somente quem estava lá viu isso.

Após a batalha, o corpo de Barba Negra foi arremessado no mar. Já a sua cabeça, foi colocada na proa do navio da Marinha Real Jane para mostrar a todos que um dos maiores piratas daquele tempo estava morto.

A VIDA DE BARBA NEGRA 
A imensa porção de pelos que ocupava a face do inglês Edward Teach não é o único motivo pelo qual ele ficou conhecido como Barba Negra. A fama se espalhou porque, durante os assaltos a navios inimigos, Teach acendia fósforos e pavios na ponta dos cabelos. Seu rosto, iluminado pelas chamas, aparecia como uma imagem demoníaca que ficava para sempre cravada na memória dos inimigos. Por essa e outras táticas, era considerado um especialista em terror psicológico.

Ele espalhou o terror pelos mares no início do século XVIII com o seu navio Queen Anne’s Revenge, depois rebatizado de Adventure, equipado com 40 canhões. Apesar de receber a fama de ser sanguinário e tirânico, algo que ele mesmo alimentava, era um líder calculista que usava a força somente quando julgava necessário. Não há conhecimento de nenhum prisioneiro que ele feriu, torturou ou assassinou.

Astuto, era próximo de marinheiros ou piratas, mas tratava de ficar amigo das autoridades dos lugares por onde passava. Dava-lhes presentes ou comissões pelos produtos saqueados, envolvendo-os num sedutor esquema de corrupção.

Foi assim, por exemplo, que o governador da Carolina do Norte, Charles Eden, lhe presenteou com um navio quando Teach estava prestes a perder a autorização para navegar. Eden ainda deu-lhe provisões e o casou com uma garota de 16 anos, sua 14ª esposa.

Estima-se que Barba Negra tinha entre 35 e 40 anos quando foi morto pelo tenente Robert Maynard e seus homens da Marinha Real Britânica. Hoje, suas façanhas tornaram-se folclore, inspirando contos, livros e filmes.

+ Saiba mais sobre os piratas através dessas obras:

Breve História dos Piratas, Silvia Miguens (2013)


Piratas no Brasil: As incríveis histórias dos ladrões dos mares que pilharam nosso litoral, Jean Marcel Carvalho França (2014)


Barbarossa: o Almirante do Sultão, Pirata e Construtor de um Império, Ernle Bradford (2013)

ESTÃO CHEGANDO...

Imagem viralizou nas redes sociais, mas órgãos ambientais não confirmam manchas em Florianópolis – Foto: Divulgação/ND

Manchas de óleo em praia de Florianópolis são um mistério para órgãos ambientais
Notícia viralizou nas redes sociais, mas denúncia não foi confirmada por nenhum órgão de fiscalização; autoridades monitoram situação

Da ANDRÉA DA LUZ

O suposto aparecimento de manchas de óleo na praia de Jurerê Internacional, no norte da Ilha de Santa Catarina, é um mistério para os órgãos ambientais.

A notícia veio à tona depois que uma moradora de Biguaçu, na Grande Florianópolis, disse ter encontrado duas porções do material na areia da praia nessa quinta-feira (22).

Franciele Santana alega que passeava com a família em Jurerê Internacional, quando encontraram o material e fotografaram. No entanto, em vez de comunicar algum órgão, eles teriam recolhido e descartado as massas de óleo no lixo.
Relação com óleo do Nordeste

Apesar de ter viralizado nas redes sociais, a possibilidade de se tratar de resquícios do derramamento de petróleo ocorrido no litoral nordestino é muito remota.

De acordo com o oceanógrafo da Epagri Carlos Eduardo Salles de Araújo, ainda que fosse carregado pelas correntes marítimas, o material levaria pelo menos dois meses para chegar à costa catarinense.

Araújo também informou que a Epagri não tem equipamento de controle de imagens em tempo real para poder monitorar o litoral.

Além disso, não há registros da ocorrência das manchas na costa do país abaixo do Espírito Santo, por onde a massa poderia ter passado antes de chegar à região Sul.

O estado mais próximo à Ilha de Santa Catarina atingido pelo problema ambiental foi o Espírito Santo, onde as manchas foram registradas pela primeira vez em 7 de novembro. Ao todo, dez estados e mais de 409 localidades já foram afetados.
O que dizem os órgãos ambientais

IBAMA – Por meio de assessoria de imprensa, o Ibama informou que, até o momento, o setor de emergências ambientais não recebeu nenhum comunicado sobre ocorrências com óleo em Santa Catarina.

O órgão federal atua no monitoramento e na gestão da emergência ambiental relacionada ao óleo que atingiu as praias do Nordeste.

Conforme informações do Ibama, as manchas se concentram sob a superfície da água, o que impede a visualização por satélite, sobrevoo e monitoramento com sensores para detecção de óleo. Desta forma, o monitoramento é feito por agentes de campo em inspeções regulares nas praias e estuários.

IMA – O setor de fiscalização do IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina) pediu apoio à Polícia Militar Ambiental para realizar uma vistoria. As equipes farão uma varredura com drone nesta sexta-feira (22) e com embarcações no sábado (23).

FLORAM – Com a repercussão do caso, a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis) enviou uma equipe ao local, na tarde desta sexta-feira. Após percorrer a praia de ponta a ponta, desde Canajurê até o outro extremo, nada foi encontrado, nem na areia nem na água.
Leia também:
Tragédia ambiental

Os primeiros registros de manchas de óleo encontradas no litoral brasileiro foram em 30 de agosto, nas cidades de Conde e Pitimbu, na Paraíba.

De acordo com as investigações da Marinha, o vazamento foi causado por um navio-tanque que transportava grande quantidade de óleo para fora da costa brasileira.

Cerca de 10 toneladas de manchas de óleo foram retiradas da Praia de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, em 20 de outubro – Foto: Léo Domingos/Fotos Públicas

Segundo o Ibama, os resíduos não podem ser colocados em lixo comum. O armazenamento pode ser feito em big bags, sacos plásticos específicos para resíduos oleosos, tambores metálicos, containers, ou outros recipientes que evitem vazamento ou provoquem reação, e que possam ser removidos sem o rompimento da embalagem.

O contato com o petróleo cru é especialmente danoso para plantas e animais e, no ser humano, pode causar irritação na pele e nos olhos. Antes de mergulhar em alguma praia afetada, a recomendação é consultar os registros de balneabilidade nas prefeituras ou órgãos ambientais locais.

MAR DE PESCADOR

Foto Fernando Alexandre
Além do seguro-desemprego, programa taxa benefício a pescadores

Seguro-defeso beneficia hoje cerca de 570 mil pescadores em todo o País

Além de taxar o seguro-desemprego, a Medida Provisória do programa Verde Amarelo também desconta uma parcela do benefício pago a pescadores artesanais no período de defeso (em que a atividade é proibida por causa da reprodução das espécies).

O secretário especial adjunto de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco Leal, postou um vídeo nesta quarta-feira, 20, com o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Inocentini, que manifestou apoio à taxação do seguro-desemprego, dando como exemplo o seguro-defeso.

Segundo Inocentini, desde 2004, o sindicato reivindica que os pescadores contribuam ao INSS no período em que recebem o benefício. "O pescador nunca consegue se aposentar por contribuição já que trabalha por seis meses e recebe o benefício por outros seis meses", afirmou. Ele estima que, em média, ao contribuição no período defeso vai acrescentar em torno de quatro anos no tempo para se aposentar.

O seguro-defeso beneficia atualmente cerca de 570 mil pescadores em todo o País. O benefício, no valor de um salário mínimo (hoje, R$ 998) é pago no período de defeso ao pescador que exerça a atividade de forma artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio de parceiros. Com a taxação, o benefício terá 7,5% descontados, ou R$ 74,85.

O programa Verde Amarelo foi anunciado pelo governo na semana passada com o intuito de estimular a contratação de jovens de 18 a 29 anos com remuneração de até R$ 1.495 (1,5 salário mínimo). As empresas que fizerem a adesão ao programa vão ter uma redução de até 34% nos impostos que pagam sobre a folha de salários, desde que ampliem o número de funcionários.

Hoje, quem recebe o seguro-desemprego não é taxado. O benefício é assegurado pela Constituição de 1988 com o objetivo de fornecer suporte financeiro ao trabalhador formal demitido sem justa causa enquanto busca recolocação no mercado. É pago por um período que varia de três a cinco meses, de forma alternada ou contínua.

A parcela do seguro-desemprego é calculada a partir de uma média dos últimos três salários recebidos, levando em consideração gratificações e horas extras, por exemplo. Como o benefício só é pago a trabalhadores com carteira assinada, o benefício nunca será menor do que um salário-mínimo (R$ 998). Desse valor, R$ 74,85 serão descontados (o correspondente aos 7,5%).

O valor máximo pago no seguro-desemprego, de acordo com a tabela de 2019, é de R$ 1.735,29. O imposto, neste caso, será de R$ 130,15.

Já que vai ter de contribuir ao INSS sobre o valor do seguro-desemprego, esse tempo em que recebe o benefício passará a contar para o cálculo do INSS. A cobrança do imposto sobre o seguro-desemprego passa a valer daqui a três meses.

O programa Verde Amarelo tem data para acabar. O limite para contratar nessa modalidade é 31/12/2022. Como os contratos podem ter prazo de dois anos, o programa se extingue em 31/12/2024. A taxação sobre o seguro-desemprego e o seguro-defeso, porém, não tem data para cessar.

MAR - CAIS

Resultado de imagem para Rede com lua!

vadia vida
que me invadia
& noite

(Fernando Alexandre)

sábado, 23 de novembro de 2019

NA PRAIA...


Foto Milton Ostetto 
Pantanu du suli... uma viagem no tempo...

CADEIA IMPRODUTIVA

PBS.TWIMG.COM



















DE CARAVELAS, NAUS E GALEÕES


Portugal foi nos séculos XIV, XV e XVI o primeiro a iniciar a idade da descoberta, um século antes de Espanha e dois séculos antes de Inglaterra e Holanda.

Durante a época dos Descobrimentos, ousados e intrépidos marinheiros com nomes como, Bartolomeu Perestrelo, Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira, Diogo de Silves, Diogo de Teive, Gonçalo Velho Cabral, Gil Eanes, Afonso Gonçalves Baldaia, Nuno Tristão, Dinis Dias, Álvaro Fernandes, Diogo Gomes, António da Nola, Duarte Pacheco Pereira, Antão Gonçalves, Pedro de Sintra, João de Santarém, Pedro Escobar, Lopo Gonçalves, Fernando Pó, Gaspar Corte Real, Miguel Corte Real, Álvaro Martins Homem, João da Nova, Fernando Noronha, António Saldanha, Gonçalo Álvares, João Fernandes Lavrador, Pêro de Barcelos, Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, António Abreu, Francisco Serrão, Simão Afonso Bisagudo, João de Lisboa, Estevão Fróis, Cristóvão de Mendonça,(1) Gomes de Sequeira, Lourenço de Almeida, Tristão da Cunha, Afonso de Albuquerque, entre muitos outros, (2) partiram em águas desconhecidas em busca do desconhecido.

Portugal país pequeno, que nesses séculos pouco mais que um milhão de habitantes teria, tornou-se, graças aos sacrifícios, engenho e arte de marear dos seus gloriosos marinheiros, na primeira potência marítima global.
(1)
Cristóvão de Mendonça foi quem cartografou e mapeou a Áustrália em 1524/25. Esta importante descoberta foi mantida em segredo por causa da cobiça e por não termos gente suficiente para a povoar. Foram já encontradas provas da nossa estadia, através de artefactos de pesca, de dois canhões e de outros achados provenientes de Portugal. Já depois da nossa chegada a Timor em 1511, consta-se que o navegador António de Abreu, teria navegado até a essas terras, denominadas Ilha do Ouro.

(2)

Na longa lista dos ousados marinheiros acima mencionada, há que notar também os feitos heróicos de mais dois cujos nomes todo o mundo conhece. Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães. Apesar dos seus relevantes serviços terem sido prestados à Espanha, é de referir que todos os seus conhecimentos náuticos, foram feitos em Portugal.

MAR DE SALGADO

Foto Sebastião Salgado

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

MAR DE POETAS


Trecho inicial de O NAVEGANTE / THE SEAFARER
(Anônimo, verso aliterativo anglo-saxão, 960 d.C):

Quero cantar eu mesmo | | minha vera versão
versar várias viagens, | | de como dias
duros, árduos | | tristezas enfrentei
amargas angústias | | suportei a sós,
moradas de mágoa | | provei na popa
as torres terríveis | | das ondas onde
a nervosa noturna vigília | | me levava até a proa
roçando os recifes. | | Algemado pelo gelo,
os pés presos | | pelos ferros do frio
enquanto o sofrer suspirava | | quente em volta do peito
fome feroz dilacerava | | por dentro o coração
marexausto. | | Disso nada sabe
quem se distrai nas cidades | | quem nunca deixou terra firme
como eu (cansado e miserável) | | no mar glacial
um inverno vivi | | pelas trilhas-do-exílio
privado de minha tribo | | [ ]
suspenso sobre sincelos; | | granizo voava no vento
Lá eu nada ouvia | | salvo o mar rugindo,
estrondo de onda gelada. | | Às vezes só a canção do cisne
me divertia; | | ruídos de mergulhão
cantos de maçarico | | em vez de riso humano,
gritos de gaivotas | | eram meu hidromel.
Tempestades espancavam penhascos, | | as andorinhas respondiam
(suas asas geladas) | | sempre ao grito da águia
(geada: suas asas). | | Nenhum parente aqui
pra proteger e consolar | | minha alma miserável.
Pois os que aproveitam | | os prazeres da vida
no conforto das vilas | | de suas vidas vazias
vaidosos e alegres de vinho | | mal adivinham
que cansaço suportei | | na senda do oceano.
Névoa da noite enegrecia, | | vinha neve do norte,
gelo engolia a gleba, | | granizo algemava a terra toda,
tão gélidos grãos. | | Pois meu peito agora se agita,
provoca meu pensamento, | | quer que eu me lance
nessas ondas imensas | | tumulto das cristas-de-sal—
meu desejo sopra sempre | | o espírito pra frente
me quer desterrado, | | longe daqui
errando atrás | | de terras estranhas—

[ . . . ]

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes, em "O Navegante" (Editora Lamparina, 2004).

Pintura de Daniel Christie, baseada no poema "The Seafarer"

ESTIVADAS

Foto Fernando Alexandre

OLHANDO ILHAS, ESPERO...

Foto Fernando Alexandre

MARAZUL

Foto Fernando Alexandre
Pântano do Sul

A VOLTA DAS GUARÁS



O fantástico voo das guarás vermelhas em Florianópolis - Fabrício Basílio Almeida/Divulgação/CSC

Cerca de mil guarás são vistas em Florianópolis mais de 250 anos após o último registro

Um bando com cerca de mil guarás voltou a habitar os manguezais de Florianópolis nos últimos dias. O último registro oficial da espécie na região foi em 1763, publicados no livro “Aves de Santa Catarina”. Atualmente o bando está no manguezal do Itacorubi.
Fabrício Basílio Almeida, pesquisador do observatório de áreas protegidas e do Laboratório de Gestão Costeira Integrada da UFSC, colaborou com as informações sobre a ave. Para ele, uma hipótese plausível é que os animais tenham vindo da região norte do Estado: “Nestes locais existem grandes bandos e um deles pode ter vindo para cá. Foi uma surpresa para nós este retorno e estamos muito felizes. É propício que ocorra a procriação e estamos torcendo por isso”.

As guarás vivem em grandes colônias e costumam se alimentar no período de maré baixa e em manguezais. Em seguida, realizam revoadas em grandes grupos no fim da tarde para dormirem em meio a vegetação. Infelizmente, sua plumagem chamativa e colorida chamava a atenção de caçadores, que utilizavam suas penas para exportações e adereços festivos.

A novidade reforça a importância para a proteção e preservação da biodiversidade nas unidades de conservação do município, principalmente em áreas de mangues, pois estas aves costumam se alimentar de caranguejos presentes nos manguezais. A Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis), que gere a unidade, ressalta que estas áreas servem de proteção para os bairros da região costeira, pois amenizam a força da maré em eventos climáticos extremos, evitando enchentes.

Literatura

Este pode também ser um bom momento para ler “O Voo da Guará Vermelha”, de Maria Valéria Rezende.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

TRABALHADORES DO MAR

Foto Fernando Alexandre

MAR DO TASSO CLAÚDIO SCHERER


MAR DE POETA


EXÍLIO

Fui expulso por ti, minha sereia
do mar, onde costuro a odisséia
No exílio componho a criatura
de barco ancorado numa estrela

A terra firme é o sonho do marujo
só quando decide o fim da lida
ser obrigado a abandonar a vida
nem amor paga o preço da loucura

Eu me submeto à ordem da rainha
timbrada em sóbrio pergaminho
e entregue no deserto por recrutas

Aguardo com a espada na bainha
e um pouco de ferrugem na garrucha
Mas a guerra é certa e serás minha

Do livro ARRASO POEMAS DE AMOR

DESPENCANDO NA MORRA!

A marca dos 100 pés é um dos mitos do surf em ondas gigantes. O maior desafio para surfar uma onda deste tamanho não é só ter coragem e infraestrutura, mas também achar a onda gigante.
Nos últimos anos Big Riders tem viajado o mundo todo em verdadeiras “missões impossíveis” em busca de ondulações gigantes. Mas sempre existe o fator imprevisibilidade que pode mudar tudo quando falamos de uma “parede” de água com mais de 35 metros de altura.
Nesta última segunda-feira, Garrett McNamara achou uma das grandes da história do surf. Segundo o release oficial a onda surfada por GMac tinha mais de 90 pés, algo como 30 metros de altura.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

VOCÊS VERÃO!


UM BOM POEMA...

Foto Andrea Ramos
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola, 
mais cinco estudando sânscrito, 
seis carregando pedra, 
nove namorando a vizinha, 
sete levando porrada, 
quatro andando sozinho, 
três mudando de cidade, 
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

(PAULO LEMINSKI)

MAR DE OLHARES

Georgy Dmitriyev. Moon and Waves (2014) Georgy Dmitriyev

POVOS DO MAR

Povo de Bajau. Eles nasceram para mergulhar.
Povo de Bajau, mergulhadores: habilidades prodigiosas

Mergulhadores, Povo de Bajau, grupo semi- anfíbio 

Por


O povo de Bajau, mergulhadores do arquipélago malaio, passa quase toda a sua vida no mar. Eles vivem em barcos ou em cabanas empoleiradas em palafitas em recifes rasos. E migram de um lugar para outro em flotilhas que carregam clãs inteiros. Eles sobrevivem com uma dieta composta quase inteiramente de frutos do mar. E para coletar, gastam 60% do seu dia de trabalho embaixo d’água. Fonte básica, The Economist.


O wikipedia informa que “os Sama-Bajau são tradicionalmente das muitas ilhas do Arquipélago de Sulu nas Filipinas, áreas costeiras de Mindanao, norte e leste de Bornéu, no mar de Celebes, e ao longo das ilhas indonésias orientais.”
Não é novidade que suas habilidades de mergulho são prodigiosas. Eles às vezes descem mais de 70 metros e podem permanecer submersos por até cinco minutos. Usam nada mais do que um conjunto de pesos para reduzir a flutuabilidade. E um par de óculos de madeira com lentes feitas de sucata resistentes à distorção pela pressão.

Os ‘ciganos do mar’. (Foto:Picture Media)

Características genéticas que os adaptam ao seu estilo de vida

Como os Bajau têm vivido assim por muito tempo (evidências históricas sugerem pelo menos 1.000 anos), pesquisadores especularam que eles carregam características genéticas que os adaptam ao seu estilo de vida. Agora Melissa Ilardo e Rasmus Nielsen, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, mostraram que isso é verdade.

Site news.com.au/: “crianças de até quatro anos pescam peixes, polvos e lagostas de barcos artesanais na costa leste de Sabah, na Malásia. Junto com suas famílias, moram em cabanas de madeira sobre palafitas e trocam seus frutos do mar por necessidades com ilhéus na cidade de Semporna.

Foto: jamesmorgan.co.uk/

O povo Bajau é refugiado das Filipinas. E escolheu viver no mar por toda a vida. Todos os dias as crianças pegam suas pirogas artesanais e, equipadas com uma rede e lança, partem em busca de comida. As crianças não têm oportunidade de ir à escola, portanto sem perspectivas futuras.”

A resposta do mergulho

Imergir o rosto em água fria e exigir que prenda a respiração, diz a Economist, aciona o que é conhecido como a resposta do mergulho. Isso envolve redução da frequência cardíaca para economizar oxigênio.

Foto: pinterest

O redirecionamento do sangue dos tecidos superficiais para os órgãos mais sensíveis ao oxigênio, como o cérebro, coração e os pulmões; e contração do baço, um órgão que atua como uma reserva de emergência de glóbulos vermelhos oxigenados, de modo que um suprimento aumentado dessas células é liberado na corrente sanguínea.

A prova das mudanças genéticas

Melissa Ilardo, pesquisadora, viajou para a Indonésia. Recrutou 59 bajaus dispostos a dar amostras de saliva para análise de DNA. E também para medir os baços. Para agir como controle, ela também recrutou 34 membros do Saluan, um grupo de moradores de terra, mas vizinhos próximos dos bajaus. As varreduras do baço mostraram que os Bajau são 50% maiores que os do Saluan. Esta diferença, entretanto, não está relacionada ao indivíduo mergulhador, ou um outro que passasse a maior parte do tempo trabalhando acima das ondas em um barco. Isso sugere que é a linhagem de Bajau, e não a atividade real do mergulho, que é responsável por um baço maior.

Foto: www.thetalkingdemocrat.com

Juntando esses resultados, Ms Ilardo e Dr Nielsen argumentam que a necessidade de coletar alimentos por meio do mergulho realmente levou à evolução, no caso dos Bajau, de um grupo que literalmente nasceu para mergulhar.

Fontes: https://www.economist.com/news/science-and-technology/21740737-meet-bajau-group-people-amphibious-life-have-evolved-traits?fsrc=scn/fb/te/bl/ed/agroupofpeoplewithanamphibiouslifehaveevolvedtraitstomatchhumanevolution; http://www.news.com.au/travel/world-travel/asia/bajau-people-of-malaysia-are-refugees-banned-from-living-on-land/news-story/c0173eea5bbaf9315e93d49d19dbe65f; https://en.wikipedia.org/wiki/Sulu_Archipelago.

(Do https://marsemfim.com.br)