sábado, 11 de janeiro de 2020

VOCÊS VERÃO


A última quinta-feira foi diferente para doze pessoas com deficiência física.
Programa Porta a Porta leva pessoas com deficiência para um passeio na Ilha do Campeche

O dia ensolarado na Capital foi apenas um dos atrativos de um dia muito especial que essa turma vivenciou. Com auxílio do programa Porta a Porta, resultado de um convênio entre Prefeitura de Florianópolis e Aflodef, eles chegaram com segurança até a praia da Armação, onde embarcaram rumo a Ilha do Campeche. A Associação dos Pescadores Artesanais da Praia da Armação doaram o transporte de barco de ida e volta da Ilha.


Guarda-vidas do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina acompanharam todo o trajeto pelo mar e também na embarcação. Os profissionais ainda auxiliaram na segurança dos deficientes físicos durante o tempo de permanência deles no mar.



“O Porta a Porta veio para garantir a inclusão dos deficientes físicos e proporcionar momentos que eles vão lembrar durante toda a vida”, comenta o Prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro.



Mayara Kelly Machado, de 24 anos, é mãe do pequeno Mike, de 5 anos e sempre conta com o programa Porta a Porta para levar seu filho para a creche. O passeio até a Ilha do Campeche foi a primeira vez que ela utilizou para uma atividade de lazer. Diagnosticado com paralisia cerebral aos nove meses de idade, ele foi um dos deficientes físicos que aproveitaram o dia na Ilha.



Enquanto Mayara embalava Mike em uma bóia na água, o pequeno não escondia a animação ao bater as mãos na água. “É maravilhoso ter essa oportunidade. O Mike ama estar na água. É uma sensação incrível conhecer esse paraíso. Não tenho palavras. Ele ama a natureza, a água, estar em contato com a areia da praia. Quando ele chegou aqui já ficou todo animado”, afirmou Mayara.



“Eu diria para os pais que estão em casa, que tem filhos com deficiência, para saírem e passear com eles. São crianças como qualquer outra, que precisam sentir o mar, a areia”, finaliza a mãe.



Wesley Ribeiro, 9 anos, também aproveitou muito o passeio. Entrou no mar várias vezes e não queria sair. “Tem muita gente aqui perto para cuidar de mim, por isso que eu gosto de ir mais para o fundo”, contou.



“Eu senti uma paz e muita alegria de estar neste lugar”, comentou Pedro Silva, 15 anos.



A praia é para todos



Este é o segundo ano de funcionamento do programa Dax um banho, coordenado pela Secretaria Municipal de Turismo, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Florianópolis, em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar e Aflodef. Quem não tem condições de se locomover até uma das praias pode se cadastrar na Aflodef e utilizar o Porta a Porta por meio de um agendamento prévio pelo (48) 3228.3232.



As praias acessíveis são: Ponta das Canas, Canasvieiras, Ingleses, Barra da Lagoa, Joaquina, Lagoa do Peri e Campeche. Os pontos exatos de onde o serviço é operado pode ser acessado no aplicativo Praia Segura, disponível para Android.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

COMEMORE!


 As baleias jubarte não são mais consideradas em extinção

* por Gabriela Glette

Antes consideradas em risco de extinção, os conservacionistas – e nós, agora temos um motivo maravilhoso para comemorar. A população de baleias jubarte do Atlântico Sul, teve um aumento considerável, de 450, para 25 mil, o que mostra que a espécie já não é mais considerada ameaçada.

Estes incríveis mamíferos que podem medir até 19 metros, começaram a ser caçados desde os tempos remotos. Pinturas rupestres mostram que, desde a época que o homem vivia em cavernas, elas já eram caçadas. No entanto, o cenário começou a ficar preocupante no início dos anos 1900, com o nascimento da indústria baleeira. Com o risco iminente de extinção, medidas de proteção começaram a ser implementadas na década de 1960, quando cientistas perceberam que a população estava em rápido declínio.

Fotos Unsplash

Em 1980, a Comissão Internacional da Baleia emitiu uma moratória sobre todas as baleias comerciais, oferecendo mais salvaguardas para a população em dificuldades. Porém, a boa notícia veio depois de um estudo publicado pela Escola de Ciências Aquáticas e da Pesca da Universidade de Washington.


Segundo os pesquisadores, que acreditam que essa nova estimativa está mais próxima dos números anteriores à caça às baleias, hoje a população de baleias jubarte está próxima dos 25 mil. O estudo, publicado no mês passado na revista Royal Society Open Science, refuta uma avaliação anterior realizada pela Comissão Internacional da Baleia entre 2006 e 2015, que indicava que a população havia recuperado apenas cerca de 30% de seus números anteriores à exploração.

O estudo

A pesquisa criou um software, que incorporou registros detalhados da indústria baleeira no início da exploração comercial, enquanto as estimativas atuais da população eram feitas a partir de uma combinação de pesquisas aéreas e marítimas, juntamente com técnicas avançadas de modelagem.


Disponível ao público ou qualquer outra pessoa que queira reproduzir estas descobertas, os autores prevêem que o modelo construído para este estudo possa ser usado para determinar a recuperação da população em outras espécies em mais detalhes também.

Segundo Alex Zerbini – o principal autor da pesquisa: “As populações de animais selvagens podem se recuperar da exploração se o manejo adequado for aplicado”. O estudo também analisa como o renascimento das jubarte do Atlântico Sul pode ter impactos em todo o ecossistema, que será beneficiado por esta boa notícia!

* Gabriela Glette
Uma jornalista que ama poesia e mora na França, onde faz mestrado em comunicação. Apaixonada por viagens e inquieta por natureza, ela encontrou no nomadismo digital o segredo de sua felicidade, e transforma a saudade que sente da família e amigos em combustível para escrever suas histórias.

MAR ME QUER


"Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga. Sabe o que faz? Estende-se aí na areia, oblonga-se deitadinha, estica a alma na diagonal. Depois, fica assim, caladinha, rentinha ao chão, até sentir a terra se enamorar de si.

Digo-lhe, Dona: quando ficamos calados, igual uma pedra, acabamos por escutar os sotaques da terra. A senhora num certo momento, há-de ouvir um chão marinho, faz conta é um mar sob a pele do chão. Aproveita esse embalo, Dona Luarmina. Eu tiro boas vantagens desses silêncios submarinhos. São eles que me fazem adormecer ainda hoje. Sou criança dele, do mar."

(Mia Couto)

MAR DO ORLANDO AZEVEDO


Antonina - PR

DESTERRO E O IMPERADOR

Tela de Cibele Souto Amade mostra desembarque de Dom Pedro I em Canasvieiras. Num escaler, o imperador deixa a nau rumo a Desterro. Ao fundo, a fortaleza de São José da Ponta Grossa.


Por Billy Culleton

Foi graças a um pescador que o governador de Santa Catarina, brigadeiro Francisco de Albuquerque Mello, ficou sabendo da presença do imperador Dom Pedro I em Desterro.

Eram 17h30min do dia 29 de novembro de 1826 quando o navio com o imperador a bordo fundeou na Praia de Canasvieiras, no Norte da Ilha de Santa Catarina.


Na madrugada do dia seguinte, Dom Pedro acordou às 5h e deixou o navio a bordo de um pequeno bote, chamado escaler, em direção ao Centro da cidade, onde chegou antes do meio-dia.

Alertado pelos nativos, o governador foi tentar recepcioná-lo na Baía Norte com seu próprio escaler, mas os ventos não permitiram o encontro no mar.

Para surpresa geral, Dom Pedro e sua comitiva desceram no Forte Santana, na atual avenida Beira Mar Norte, e foram caminhando até a Catedral para assistir à missa.

Forte Santana, no Centro da cidade

O imperador estava a caminho do Rio Grande do Sul e pretendia coordenar as tropas brasileiras que lutavam contra a Argentina pela posse do território uruguaio: era a Guerra Cisplatina, que se desenvolveu entre os anos 1825 e 1828.

Os detalhes desta história foram descobertas recentemente e estão baseadas no relato do próprio imperador, que escreveu uma espécie de diário, chamado ‘Itinerário de Jornada’, sobre sua viagem de 37 dias pelo Sul do Brasil.

O manuscrito foi anexado à carta enviada à imperatriz Leopoldina, desde Porto Alegre, em 8 de dezembro de 1826. O documento está arquivado no Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

O resgate histórico foi feito pelo jornalista gaúcho Nelson Adams Filho, em seu livro “A maluca viagem de Dom Pedro I pelo Sul do Brasil”, lançado em 2016. Nele, são apresentados as particularidades da aventura que esta reportagem do Floripa Centro transcreve.

Caminhada pela Praia de SambaquiDom Pedro I tinha saído do Rio de Janeiro em 25 de novembro e quatro dias depois chega a Desterro, sua primeira parada, onde ficaria dois dias.

Duas horas depois de sair de Canasvieiras, seu escaler chegou na Ponta do Sambaqui. Ali, Dom Pedro colocou os pés em terra pela primeira vez no Sul do Brasil. Caminhou pelo local e, depois de uma hora e meia, continuou navegando pela costa Oeste da Ilha, passando por Santo Antônio de Lisboa, Cacupé e João Paulo, até a Baía Norte, onde chegou às 11h30min.

Mapa mostra alguns dos locais por onde passou o imperador até chegar no Centro (Imagem: Viva Floripa)

Ali desembarcou no Forte Santana (que ele chama de Forte do Estreito), seguindo imediatamente a pé até o centro da cidade, onde assistiu à missa na Catedral.

No trajeto de 15 minutos, algumas pessoas que já sabiam da ilustre presença começaram a acompanhá-lo e aclamá-lo pelas precárias ruas da época.

“Esta feliz notícia, comunicou-se logo por toda a cidade por maneira que no desembarque e por todo o trânsito até a Igreja matriz, foi S. Magestade acompanhado pelo povo que em vivas patenteava os seus sentimentos e, na sua ingenuidade, a sinceridade das suas impressões”, escreveu o governador Albuquerque Mello, em correspondência enviada semanas depois ao marquês de Caravellas, ministro do Império.

Passeio a cavalo pelo CentroNo manuscrito, Dom Pedro conta que após a missa na atual Catedral foi com sua comitiva ao Palácio do Governo (hoje, Palácio Cruz e Sousa) onde se hospedou.

Ali recebeu as homenagens das autoridades locais e de “cidadãos de todas as classes que, à porta, ambicionavam a honra de beijar a mão augusta do adorado soberano”, como detalha o governador.

Mas o imperador buscou abreviar as deferências porque queria conhecer os encantos da cidade. Por isso, depois do almoço subiu no seu cavalo para dar um passeio pelas redondezas, que se estendeu por toda a tarde.
Tela “A proclamação da Independência” (1844), de François-René Moreaux, dá uma ideia de como teria sido a recepção de Dom Pedro I em Desterro

A presença do imperador provocou um frenesi entre os moradores do Centro. “Repicavam os sinos, chamando as irmandades para, reunidas ao vigário, conduzirem o pallio; os tambores tocando a reunir soldados de linha e milicianos. Apressadamente tratavam outros de mandar preparar as lanternas e candieiros com azeite de baleia para iluminação, enquanto outros se dirigiam à mata em busca de palmeiras para ornamentação das praças e ruas; dir-se-ia que uma violenta comoção nervosa havia abalado aquelle pacato povo”, contou Albuquerque Mello.

Na época, a Ilha tinha 6,5 mil moradores e a província de Santa Catarina somava 35 mil habitantes.

Naquela tarde, Dom Pedro I começou a preparar a sua saída a cavalo para o Rio Grande do Sul, seu destino final. Para isso, como explica o governador, “ordenou a prontificação dos seus transportes, pagando tudo do seu particular bolsinho”.Adams Filho, autor do livro ‘A maluca viagem...’, explica que o cavalo campeiro já existia em território catarinense desde 1517, trazido por Álvar Núñez Cabeza de Vaca, explorador espanhol.

Às 4h do dia 1º de dezembro, a pequena comitiva deixou o centro de Desterro pelo mar.
Detalhe da tela de Cibele Souto Amade

A bordo do escaler saíram do Forte Santana e costearam a margem Oeste da Ilha, passando pelas praias do Saco dos Limões, Costeira, Tapera e Ribeirão da Ilha até chegar à Caieira do Sul.

Três dias cavalgando por Santa CatarinaEm seu Itinerário, Dom Pedro informa que o percurso de 40 quilômetros até as proximidades da Fortaleza de Nossa Senhora de Araçatuba (atual Praia de Naufragados) foi completado em pouco mais de quatro horas, chegando às 8h30min.

Ali tomaram café da manhã, já providenciado por um grupo precursor, o mesmo que comprou os cavalos para a viagem.
Dom Pedro I nas Torres em pintura de Cibele Souto Amade

Às 11h30min, iniciaram a travessia de barco para o continente até a Praia do Sonho. Iniciava-se, nesse momento, a cavalgada de 450 quilômetros até a capital gaúcha, sendo 200 deles pelo litoral catarinense.

“A 1 hora chegamos ao Rio Imbahá (Embaú) aonde passamos em canoas e os cavalos a nado, montamos do outro lado do rio a 1 ½ e chegamos à Praia de Garopaba às 3 ½ e à Armação (Imbituba) às 8 ½”, escreveu Dom Pedro, que era um exímio cavaleiro.

Naquele dia, a comitiva fez um total de quatro horas e meia navegando e oito horas cavalgando. Lembrando que Santa Catarina não tinha estradas à época, eram trilhas ou pedaços de caminho.

Já os navios de transporte com as tropas, as corvetas e a Nau Pedro 1, que acompanhavam o imperador e chegaram com ele a Canasvieiras, seguiram pelo mar para Rio Grande.
A Nau Pedro I é a primeira que aparece na pintura sem identificação

Dom Pedro dormiu em rancho abandonadoNo sábado, 2 de dezembro, há 193 anos, Dom Pedro sai de Armação, às 8h, chegando quatro horas depois a Vila Nova (atual Imbituba), onde almoçou.

O livro ‘A maluca viagem…’ descreve a sequência. “Às 15h45min, retomaram a jornada e percorreram os 30 quilômetros até Laguna, onde dormiram num casarão de três andares, no Centro, na atual Rua Gustavo Richard. A casa foi demolida no século 20. Era um prédio com três portas de entrada arcadas, idênticas aos portais da Igreja Matriz da cidade. O proprietário era Sidney Barreiros”.
Palacete no centro de Laguna, onde o imperador pernoitou em 1826 (Acervo de Sidney Barreiros, cedida por Adílcio Cadorin – Imagem do livro ‘A maluca viagem…)

Nelson Adams Filho continua: “Em 3 de dezembro, Dom Pedro levantou às 6h e foi à missa no Centro da cidade e logo depois embarcou para atravessar o rio Tubarão. Ele a comitiva retomaram a cavalgada, passaram por Jaguaruna, Araranguá e Arroio do Silva, Balneário Gaivota, chegando a Passo de Torres às 19h30min, onde pernoitaram numa barraca de sapé abandonada.

O sapé é uma gramínea cujos caules são, após secos, utilizados para se construírem telhados de casas rústicas. Após dormirem nesse lugar inóspito, sujo e abandonado, atravessaram o Rio Mampituba e ao chegar a Torres, a primeira coisa que Dom Pedro fez foi lavar-se! Ou seja, estava sujo da jornada e da noite anterior.”
A passagem do Mampituba, em tela atribuída a Jean-Baptiste Debret, em 1827

Cinco dias no Estado rumo ao Rio Grande do SulNo dia seguinte, entraram no Rio Grande do Sul rumo a Porto Alegre, onde chegaram em 7 de dezembro. Terminava assim a passagem do Imperador Dom Pedro I por Santa Catarina. Foram cinco dias em território catarinense, nos quais ele pôde conhecer parte das belezas do Estado.

Esta história é desconhecida para a maioria dos catarinenses, inclusive as autoridades. Por isso, o Floripa Centro faz eco à reclamação do jornalista Nelson Adams Filho, autor do livro “A maluca viagem…’, que aponta não existir em nenhum lugar por onde Dom Pedro I passou em Santa Catarina, uma placa indicativa ou informação histórica sobre o fato.

Também não há, na literatura do Estado, alusão à passagem do imperador. ‘Um desleixo histórico das autoridades, pesquisadores que parecem desconhecer esse momento”, diz Adams Filho.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

NOITE INDO, A MANHÃ SENDO...

 Fotos Fernando Alexandre

Morro das Pedras, onde o sol nasce primeiro!

LULA CÁ NA MESA...


Foto Luis Inácio
Lulas grelhadas à Algarvia
Uma receitinha portuguesa, com certeza...

Ingredientes
Lula: 1 kg
Azeite: 1 dl
Sal: quanto baste
Pimenta: quanto baste
Limão: 1
Alho: 3 dentes
Coentro: 1 ramo

Preparação
Limpam-se as lulas e temperam-se com sal e pimenta. Grelham-se, de preferência no carvão. Leva-se o azeite ao lume com os alhos picados e juntam-se as lulas já grelhadas. Tempera-se com sumo de limão e polvilha-se com coentros picados. Acompanha com batatas cozidas.

MAR DE POETA


Resultado de imagem para flores e chuva

tantos outonos no chão
primaveram invernos
nesse verão

(Fernando Alexandre)

ESGOTOS NA CONCEIÇÃO

Moradores da Lagoa da Conceição estão preocupados com surgimento de manchas

Esgoto é a causa da floração de algas na Lagoa da Conceição, diz biólogo da UFSC 

Por Renato Igor
O lançamento de esgoto é a causa da floração de algas na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O fenômeno ocorre desde os primeiros dias de janeiro e tem chamado a atenção no local, principalmente no Canto da Lagoa. As algas não são tóxicas. 

Amostras das algas foram deixadas na porta do Laboratório de Ficologia da Universidade Federal de Santa Catarina (Lafic) junto com um bilhete. O material foi analisado e o Lafic divulgou uma nota sobre o assunto.

— Foi um presente... mas já sabemos quem foi, foi um colega biólogo, preocupado com as manchas na Lagoa da Conceição. É importante a comunidade estar sempre atenta a essas mudanças. E quando houver algo atípico, entrar em contato com IMA ou Floram, e não entrar na água — afirmou o biólogo Paulo Antunes Horta, da UFSC, em entrevista ao Estúdio CBN Diário desta quarta-feira (8).

— Quando colocamos esgoto não tratado ou tratado inadequadamente, funciona como fertilizante para as algas, que crescem muito rapidamente, formando essas mares verdes, coloridas muitas vezes, no nosso litoral — explicou Horta.

O biólogo destaca que é preciso fazer um manejo, ou seja, a retirada dessas algas, para permitir o processo de oxigenação natural e deixar o sistema de novo saudável.

A recomendação é não entrar na água, não pelas algas em sim, mas por estar contaminada com material orgânico:

— Nesse caso específico (da Lagoa), temos algas e micro-organismos que não produzem toxinas, o que é muito bom, mas é possível que tenhamos organismos patogênicos. A decomposição da biomassa produz gás enxofre e mau cheiro — alerta. 

Confira a nota do Lafic:

O Laboratório de Ficologia da Universidade Federal de Santa Catarina vem a público esclarecer sobre o evento de floração na Lagoa da Conceição, documentado pela comunidade nas primeiras semanas de janeiro. A massa flutuante observada é composta por algas diversas, como diatomáceas, cianobactérias, algas verdes e vermelhas. Há algas vivas e em decomposição. Destaca-se que não se observou na composição das amostras analisadas espécies produtoras de toxinas.

Esclarecemos ainda que tal evento é resultado de um processo de eutrofização devido à poluição da lagoa por excesso de esgoto sem tratamento ou não adequadamente tratado. A decomposição da matéria orgânica presente nos efluentes domésticos, transformação promovida por microrganismos, resulta na disponibilização de nutrientes que fertilizam a água, favorecendo o crescimento destas algas. As algas crescem excessivamente e acabam morrendo. O material em decomposição se desprende e é arrastado pelo vento às margens opostas ao mesmo. Destaca-se que o processo está mais evidente no Canto da Lagoa, uma área da Lagoa que apresenta maior tempo de residência da água (menor circulação e dispersão de poluentes). Esses eventos são recorrentes nessa área, especialmente nessa época, quando há maior produção de esgoto, mais luz e maior temperatura. 

Destaca-se que o mau cheiro é resultado da decomposição deste material que gera vapores de enxofre. Estes gases são potencialmente tóxicos sendo necessário o manejo destes eventos. Também não é recomendado o contato direto com esse material e as águas de entorno, pois representam acúmulos de poluentes e microrganismos potencialmente patogênicos.
Pontos impróprios para banho

O último teste de balneabilidade, divulgado sexta-feira (3) pelo Instituto do Meio-Ambiente, aponta dois próprios impróprios para banho na Lagoa da Conceição. Eles ficam junto ao trapiche de embarque dos serviços de transportes, ao lado da ponte, e em frente à rua Manuel Isidoro da Silveira, no centrinho da Lagoa.

O vídeo abaixo foi feito junto ao trapiche:

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

EMPROADA

Foto Fernando Alexandre

DANÇANDO NA ILHA

Sirtaki, dizem alguns, significa processo, movimento, evolução...
Sirtaki é a capacidade de dançar sobre a desgraça econômica de uma empreitada mal sucedida, como em “Zorba, o grego”, imortalizado por Anthony Quinn.
Sirtaki é a dança da vida, do amor, da Grécia...


Anthony Quinn e Alan Bates dançando o Sirtaki na cena final do filme greco-americano de 1964, Zorba the Greek, baseado no romance de Nikos Kazantzakis. O filme, dirigido por Michael Cacoyannis teve como cenário a Ilha de Creta e esta cena foi rodada na praia do vilarejo de Stavros.

A Ilha de Creta fica ao sul do mar Egeu, na Grécia, é longa e estreita (como a Ilha de Santa Catarina), com 260 km de comprimento e largura entre 12 e 60 km. Segundo o mito, era nesta ilha, em um labirinto contruído por Dédalo a mando do rei Minos, que vivia o minotauro, uma criatura selvagem com corpo de homem e cabeça de touro, que foi morta por Teseu.
Vilarejo de Stavros, Ilha de Creta, Grécia.
foto de Brian Killick , tirada do topo da montanha de Stavros.

MANEMÓRIAS

Lagoa da Conceição - 1968.
Ainda "formosa, ternura de rosas/poema ao luar/cristal onde a lua radiosa/sestrosa, dengosa,/vem se espelhar" , como dizia o poeta Zininho.

DIZEM QUE...

Marinheiro Proa Navio Olhando Ilha Gráfico Preto Branco Paisagem Desenho —  Vetores de Stock


"Quem tá na proa é pra se molhar!"
(Dito popular praieiro)

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

CONHECENDO PARA CUIDAR

Atividades buscam mostrar ao público infantil a importância de ações que contribuem com a saúde dos animais(Foto: Divulgação)

Projeto em praias de SC conscientiza crianças sobre cuidados com animais marinhos

Atividade é organizada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina e começa nesta terça-feira

Por Redação DC
nsctotal@somosnsc.com.br

Praias do litoral catarinense começam a receber nesta terça-feira (7) atividades do projeto “A Vida pede Socorro”, que promove ações de conscientização sobre a morte de animais marinhos. A atividade é organizada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV-SC).

Com a participação de médicos voluntários e representantes de diversos projetos que atuam na área, como Tamar e Golfinho, as atividades buscam mostrar ao público infantil a importância de ações que contribuem com a saúde dos animais e do ambiente, afirmam os organizadores.

Praias de Florianópolis serão as primeiras a receber o projeto, a começar por Canasvieiras, no Norte da Ilha, na manhã desta terça-feira (confira os detalhes do cronograma abaixo).

Relatório divulgado pelo Projeto de Monitoramento de Praias Bacia de Santos (PMB-BS) aponta que cerca de 30 mil animais marinhos foram encontrados mortos em praias de Santa Catarina entre 2015 e 2019, com destaque para pinguins e tartarugas. 

Confira a programação

Florianópolis - das 8h às 12h
07/01 – Canasvieiras - Acesso pela rua Antenor Borges, próximo a Escola do Mar
14/01 – Ingleses - Acesso pela Rua Dante de Patta
21/01 – Barra da Lagoa - Acesso à rua Angelina Joaquim dos Santos
28/01 – Lagoa do Peri - Ao lado do posto Guarda Vidas
04/02 – Daniela - Acesso pela Rua das Pampoulas
11/02 – Campeche - Acesso pela Avenida Pequeno Príncipe
18/02 – Joaquina - Avenida Prof. Acácio G. de San Tiago
Balneário Camboriú -10h
11/01 e 15/02 – Tendas da Terra Viva - Praia Central
Laguna - 17h
25/01 - Praça da Vila Mar Grosso
Bombinhas - 10h
01/02 - Quatro Ilhas - Tenda da Bandeira Azul, próxima à Praça Mirante das Ilhas.
Balneário Piçarras - 10h
08/02 - Praia Central, próximo ao Molhe.

MAR DE POETA

Imagem relacionada

ela está tirando a roupa
e entrando em minha cama
lua de verão

(Rodrigo Garcia Lopes)
poema de "polivox" (azougue, 2001)



NA PRAIA


Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, comunista histórico, num merecido repouso!

MAR DO ORLANDO AZEVEDO




SEM CATIVEIRO



O Canadá aprovou uma lei que proíbe que as baleias, golfinhos e botos sejam mantidos em cativeiro para entretenimento, assim como o comércio, posse, captura e criação de cetáceos.

“A aprovação da lei S-203 é um momento decisivo na proteção dos animais marinhos e uma vitória para todos os canadianos. As baleias e os golfinhos não pertencem aos tanques, e o sofrimento destes animais altamente sociais e inteligentes em confinamento intensivo não pode ser mais tolerado. Damos os parabéns aos responsáveis por esta lei e ao governo canadiano por mostrar uma liderança forte na resposta à vontade pública e aos dados científicos sobre esta questão crítica”, disse Rebecca Aldworth, diretora executiva da HSI/Canadá.

"Os canadianos têm sido claros, querem que a prática cruel de manter baleias e golfinhos em cativeiro termine. Com a aprovação da lei S-203, garantimos que isso vai acontecer", afirmou Elizabeth May, líder do Partido Verde no Canadá.
"Temos a obrigação moral de eliminar gradualmente a captura e a retenção de animais para fins lucrativos e de entretenimento. Os canadianos pediram-nos para fazer melhor - e nós escutamos", disse o senador Wilfred Moore.

“As condições de vida dos mamíferos marinhos em cativeiro não podem ser comparadas às dos seus ambientes oceânicos naturais nem em tamanho, nem em qualidade. Agradecemos ao governo federal e a todos os envolvidos na aprovação do projeto de lei S-203, para que as nossas leis possam finalmente alinhar-se com os valores dos canadianos para acabar com esta prática cruel”, afirmou o biólogo marinho Hal Whitehead.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

UM ESCRITOR COM GOSTO DE SAL


06 DE JANEIRO
EM MEMÓRIA PELOS 157º ANOS DE NASCIMENTO DE VIRGÍLIO VÁRZEA, FILHO ILUSTRE DE CANASVIEIRAS.


Virgílio dos Reis Várzea nasceu na Freguesia de Canasvieiras em 06 de janeiro de 1863, numa casa engenho pertencente à tradicional família do Major da Guarda Nacional, Luiz Alves de Brito, lavrador mais próspero e mais popular do lugar e vida aplicada à faina das redes. Possuía dois primitivos engenhos de açúcar e de farinha de mandioca, além de dois ranchos de pesca, onde abrigava grandes canoas na praia de Canasvieiras, junto à Ponta das Pedras.

Seu pai o Capitão João Esteves Várzea, português do Minho quando navegando pela costa do Brasil, um belo dia aportou na ponta norte da Ilha de Santa Catarina, conheceu e casou com Chiquinha de Andrade, que faleceu alguns anos depois, deixando-lhe dois filhos: João Esteves e Manoel. Casou-se novamente, desta vez com a menina moça de quatorze anos Júlia Maria Alves de Brito, prima da primeira mulher e com quem costumava brincar desde criança, trazendo-a ao colo. Com esta segunda esposa, que viria a falecer somente a 2 de maio de 1904, aos 74 anos de idade, teve cinco filhos: Júlia, Maria Amélia, Luís e Terêncio - este último falecido na idade de um ano. Dessa união também nasceu nosso ilustre filho de Canasvieiras Virgílio Várzea. Júlia Maria Alves de Brito, a mãe de Virgílio, era de família destacada, nascida de tradicional tronco açoriano, que já dera comandantes de veleiros e almirantes à marinha brasileira. Pelos avós maternos, Virgílio brotou de uma associação de marinheiros (os Lemos) e lavradores (os Alves de Brito) o que lhe proporcionou heranças hereditárias decisivas.

Nas "Memórias", assim caracterizou sua mãe: “casou aos quatorze anos esportivos que batiam a cavalo os caminhos dos arredores, enganchada como homem e enfrentava de rebenque na mão os escravos bêbedos, quando nos engenhos se celebrava a fartura do melado e da cachaça".
Considerado o autêntico retratista dos costumes da gente e da paisagem marinha de sua terra, introdutor do gênero marinhista na Literatura Brasileira e o criador do conto catarinense. Engenhos, ranchos, canoas, praias, promontórios são paisagens constantes nos livros do escritor. Nas "Memórias" fala da sua liberdade e contato com a natureza: "Não foi guri que viveu trancado e relata ter nascido no "casarão amarelo, de quatro águas, na rua Velha, a um quilômetro do mar", em Canasvieiras. Virgílio era "produto de duas vidas criadas ao ar livre", como ele mesmo anota.

Quando tinha oito anos de idade sua família transferiu-se para a cidade do Desterro, indo morar no bairro da Figueira junto ao mar. Nas férias escolares acompanhava o pai nas viagens regulares do litoral catarinense, transportando imigrantes europeus e cargas para os portos de São Francisco do Sul, Laguna e Itajaí. Em Desterro, Virgílio passou a frequentar, em 1871 e 1872, o Colégio Rio Branco. Inicia então seu conhecimento com Cruz e Sousa, mas a amizade entre ambos se consolida em 1873, quando ambos eram alunos da escola primária do professor José Ramos da Silva. Virgílio era extrovertido e hábil conversador desde jovem.

Em 1876 o pai de Virgílio Várzea veio a falecer. O sonho de se tornar oficial da marinha do Brasil e o amor pelo mar levou nosso Virgílio para a Escola Naval, no Rio de Janeiro. Aos 16 anos de idade incompatibilizando-se com o professor de matemática, por ter traçado caricaturas que foram consideradas ofensivas, a reprovação nessa disciplina o fez abandonar a intenção de tornar-se oficial da Marinha Brasil. Desgostoso e sem avisar à família, vai para a cidade de Santos, arranjando trabalho como praticante de piloto, no lugre “Lívia.
A bordo da polaca-goleta "Mercedes", de bandeira espanhola, conheceu então as Antilhas, Cuba, Havana, Venezuela, Colômbia e fez diversas viagens para Buenos Aires, Montevidéu, costa da Patagônia e o Estreito de Magalhães. Depois foi transferido para o brigue Inglês “Theodoro”, passando a percorrer outros mares. Foi um andarilhos dos oceanos, conheceu os portos do arquipélago de Cabo Verde e da Europa. No retorno ao Brasil, a pedido de sua mãe emprega-se por pouco tempo na tipografia do catarinense Justiniano Esteves Júnior, radicado no Rio de Janeiro. Algum tempo depois, volta aos mares e vai conhecer a África do Sul e os portos do Oceano Índico, viagem essa que inspirou a escrever belos contos e novelas.

Em 1881, Virgílio resolve então ficar em Desterro, e reencontra colegas de bancos escolares, dentre eles: Cruz e Sousa, Santos Lostada, Araújo Figueiredo e Horácio de Carvalho e o próprio Virgílio Várzea, começando a escrever nas páginas dos jornais de Santa Catarina. Ainda moço começa a ensaiar os primeiros passos no jornalismo. Na literatura e nas atividades jornalísticas é que vai desabrochar e formar-se o nosso filho ilustre de Canasvieiras e grande escritor Virgílio Várzea.
Em parceria com Cruz e Sousa e Manoel dos Santos Lostada, fundou e editou em 1881, o jornal manuscrito “Colombo”, que circulou poucos números e depois a “Tribuna Popular”, que mais tarde transformou em folha abolicionista. Em 1883 o médico Francisco Luiz da Gama Rosa assumiu a Presidência da Província, dando guarida ao grupo. Virgílio Várzea então é nomeado oficial de gabinete da Presidência, começando ali sua carreira de servidor público, ocupando diversos cargos. Em 1884 nas páginas do jornal “A Regeneração”, ataca o tradicionalismo através de artigos que mais tarde reuniu sob o título “Guerrilha Literária Catarinense”.

Começou escrevendo versos, “Traços Azuis” em 1884, depois “Tropas e Fantasias” escritos em parceria com Cruz e Sousa. Quando Gama Rosa deixa o Governo vai para o Rio de Janeiro. Abolicionista discreto entrou na política em 1892, é eleito deputado ao Congresso Estadual, participa da Constituinte. Em 1896, fixa-se definitivamente no Rio de Janeiro. Em 1889 é nomeado inspetor escolar do Distrito Federal, exercendo esta função até a aposentadoria. Em 1895 publica “Mares e Campos” e a novela “Rose Castle”. Em 1900 a obra “Santa Catarina – a Ilha”, um trabalho que retrata o ambiente sócio-cultural da sua terra, os usos e costumes de sua gente, além de dados históricos e geográficos, descrevendo as admiráveis paisagens da Ilha de Santa Catarina.

No ano seguinte: “Contos de Amor”, “A noiva do Paladino”, “Jorge Marcial” e em 1902 escreve “Garibaldi na América”. O mais importante de seus romances foi “O Brigue Flibusteiro” em 1904 e relançado em 1941, ano de sua morte. Escreveu outros livros contos: “Histórias Rústicas”, “Os Argonautas” e “Nas Ondas”. Escreveu em vários jornais do Rio de Janeiro: “Cidade do Rio”, “Gazeta de Notícias”, “Jornal do Comércio”, “O País”, “A Imprensa” “Correio da Manhã” e “Correio Mercantil” de São Paulo. Por falta de interesse próprio não chegou a entrar para a Academia Brasileira de Letras, contudo em 1906 seu nome foi lembrado pelo crítico José Veríssimo para ocupar a vaga do poeta Teixeira de Mello, mas renunciou à candidatura em favor do amigo a quem admirava Artur Jaceguay. A Academia de Letras de Santa Catarina reservou a Virgílio Várzea a cadeira número 40. Em 1963, a Academia promoveu a comemoração do centenário de nascimento do escritor. Na ocasião foram realizadas conferências e reedições de seus trabalhos em folhas literárias. Também o Governo do Estado deu o nome de “Virgílio Várzea” à rodovia que liga Florianópolis à Canasvieiras.

Longe de sua terra natal, um ano antes de seu falecimento redigiu suas “Memórias” e reviu sua obra literária, ordenando os inéditos. Faleceu no dia 29 de dezembro de 1941, deixando um profundo vácuo na literatura brasileira. Deixou de publicar diversas obras que mais tarde foram lançadas: “Santa Catarina – o Continente” “Garibaldi e as Repúblicas Juliana e Rio Grandense”, “Cartas da Beira Mar”, “A Rosa dos Ventos”, entre outras.

(Via SOS RIODO BRÁS - CANASVIEIRAS)