sábado, 2 de maio de 2020

OS VIGIAS, O OLHAR E O GRITO TRIBAL

Fotos Fernando Alexandre
A AVISTAGEM (Os Vigias)

O ritual da pesca começa quando os vigias avistam o cardume de peixes e dão o sinal. Sempre colocados nos pontos mais altos da praia, de frente para o infinito, eles estão atentos a qualquer movimento que denuncie a existência de uma manta de peixes. Assim que a avistam acenam com seus casacos para que os camaradas cerquem os peixes com as canoas. São eles também que orientam o cerco e dizem quantas canoas e redes são necessárias, de acordo com a quantidade de tainhas que se aproximam da praia.

Os vigias dizem que a tainha pode aparecer no arrepio, no amarelo, no vermelhão, no pulo, na aguada, na onda ou mesmo espanando. E que é possível saber a quantidade de peixes que está num cardume pelos saltos ou urros que esta espécie faz, pelo marulhar das ondas e pelo tamanho da mancha opaca na água.
No Pântano do Sul, a observação é feita de duas maneiras: de dois pontos fixos no alto dos comoros (dunas), chamados de"as vigias", e pelos vigias móveis, que circulam de bicicleta por toda a praia.

O APUPO

É o grito tribal que se multiplica de boca-em-boca e de ouvido-a-ouvido, avisando que tem um cardume de tainhas se aproximando da praia, convocando todos para o milenar ritual do cerco e do arrasto dos peixes.

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