terça-feira, 31 de março de 2020

OS HOLANDESES E O MAR

Ilustração: you tube

Holandeses, povo marítimo por excelência

“Símbolo da exploração com naus a vela e das descobertas foi a revolucionária República Holandesa do século XVII. Tendo declarado sua independência do poderoso Império Espanhol, ela abraçou, mais completamente que qualquer outra nação desta época, o Iluminismo europeu.” Assim escreveu Carl Sagan, professor de astronomia e ciências espaciais da Universidade Cornell. Autor de dezenas de livros, entre os quais, “Cosmos” (ed. Cia das letras), Sagan, antes de tudo, era um humanista. Foi desta obra que tiramos a frase sobre os holandeses, povo marítimo por excelência.

Holandeses, povo marítimo, e a necessidade de navegar

Carl Sagan: “Era uma sociedade racional, ordenada, criativa. Mas os portos e navios espanhóis foram vedados à navegação holandesa. A sobrevivência da minúscula república dependia de sua capacidade para construir, tripular e acionar uma grande frota de navios comerciais.

Holandeses, povo marítimo: as naus

“A Companhia das Índias Orientais, empreendimento conjunto de governo e iniciativa privada, enviou navios para os cantos mais afastados do mundo para adquirir mercadorias raras e revendê-las com lucro na Europa.”
Saga marítima portuguesa: início e, sobretudo, o declínio que abre as portas para outros povos navegadores

Foi assim que começou a epopéia náutica holandesa. Ela foi favorecida pelo imenso império marítimo português, e a dificuldade dos lusos estarem em todos os lugares para defender suas posses. A saga lusa começou em 1415, e teve seu ‘grand finale’ em 1522, com a circunavegação de Fernão de Magalhães.
Os lusos não conseguem segurar seu império marítimo

Depois de dominarem os mares, os lusos criaram um império tão vasto que sua pequena população (na época avaliada em um milhão de pessoas) não deu cabo de segura-lo, abrindo espaço para outras nações. Os holandeses, povo marítimo por excelência, não perderam tempo.

Holandeses, povo marítimo, vencem os lusos em Cochin. Atlas van der Hagen

Do mar de Barents, no Ártico, à Tasmânia, na Austrália

Carl Sagan: “De uma hora para outra os holandeses estavam presentes em todo o planeta. Omar de Barents, e a Tasmânia, devem seus nomes a capitães do mar holandeses. Em um ano típico, muitos navios percorriam metade do mundo. Descendo pela costa oeste da África, contornando o litoral sul, passando pelo estreito de Madagascar e atravessando o que chamavam de mar da Etiópia, e depois a ponta meridional da Índia, eles navegavam em direção ao maior foco de seu interesse, as ilhas das Especiarias, atual Indonésia. Algumas expedições saíram dali para uma terra com o nome de Nova Holanda, hoje chamada Austrália.”

E conclui Sagan: “Nunca antes nem depois, a Holanda foi a potência mundial que era então.”
Holanda do século XVII, o lar de grandes filósofos

Em seu livro, diz Sagan sobre esse aspecto: “País pequeno, obrigado a recorrer à sua sagacidade e inventividade, praticava uma política exterior de forte cunho pacifista. Devido a sua tolerância para com opiniões heterodoxas, era porto seguro para intelectuais que se refugiavam da censura e controle de opinião.”

“A Holanda do século XVII tornou-se o lar do grande filósofo judeu Espinoza; que Eisntein admirava. De Descartes, figura axial da história da matemática e da filosofia; de John Locke, cientista político que influenciou um grupo de revolucionários de inclinação filosófica cujos nomes eram Paine, Adams, Franklin e Jefferson. Foi a época dos mestres da pintura de Rembrandt e Vermeer, e Frans Hals; de Leeuwenhoeck, inventor do microscópio; de Grotius, fundador do direito internacional; de Willebrord Snell, que descobriu a lei da refração da luz.”

O estudo sistemático…Aula de anatomia, de Rembrandt

“O microscópio e o telescópio foram desenvolvidos na Holanda, no início do século XVII.”
A luz: tema predominante naquela época

Sagan diz que ” a luz era tema predominante na época. A simbólica iluminação da liberdade de pensamento e de religião, da descoberta geográfica. A luz que permeava as pinturas da época, em especial a primorosa obra de Vermeer; e a luz como objeto de de investigação científica…”

O astrônomo, de Veermeer

“Os interiores de Vermeer estão caracteristicamente cheios de artefatos náuticos e mapas de parede.”

“Oficial e moça sorridente” (1657-58), a notar, o mapa de parede

“Um problema cheve para a navegação na época era a determinação da longitude, que exigia uma medição precisa do tempo. Christian Huygens inventou o relógio de pêndulo que foi empregado, não com absoluto sucesso, para calcular posições no meio do oceano.”

Algumas descobertas holandesas
Eles colonizaram Java e, ao mesmo tempo, chegavam ao Nordeste do Brasil, denominado na época como Brasil neerlandês. O navegador Willem Janszoon, foi o primeiro europeu a avistar as terras australianas (1616) e Nova Zelândia (1642). No ano de 1615, Jacob Le Maire e Willem Schouten navegaram contornando o Cabo Horn para provar que a Tierra del Fuego não era uma ilha tão grande. Abel Tasman, executou viagem de circunavegação à chamada Nova Holanda. Em Junho de 1594, o cartógrafo holandês Willem Barents partiu numa frota de três navios para o mar de Kara (parte do oceano Ártico, ao norte da Sibéria), na esperança de encontrar a passagem do Nordeste acima da Sibéria. Atingiram a costa oeste da Nova Zembla (arquipélago russo no oceano Ártico), e seguiram para norte, antes de serem forçados a voltar face aos grandes icebergs.

“O império holandês incorporou regiões como a do Cabo, na África; o Ceilão, na Ásia; a Nova Amsterdã (atual Nova York); vários territórios no nordeste do Brasil e as ilhas Antilhas na América.”

“A Holanda tem uma ex-colônia no norte da América do Sul, no meio das duas Guianas: o Suriname. E nova York foi fundada pelos holandeses.

O final da era holandesa no mar

“No séc. XVII ocorreram três guerras anglo-holandesas: de 1652 a 1654; de 1665 a 1667; e de 1672 a 1674, ao final das quais ocorre a emergência da Inglaterra como potência mundial hegemônica.”

Por seus feitos no mar, a Holanda merece estar presente na ‘História Marítima”, do Mar Sem Fim. Carl Sagan encerra assim suas considerações sobre a o périplo náutico holandês: “as espaçonaves Voyager são descendentes lineares daquelas viagens de exploração dos veleiros, e da tradição científica especulativa de Christian Huygens. As Voaygers são caravelas direcionadas às estrelas, explorando no caminho esses mundos que Huygens conhecia e tanto amava.”

Fonte: Cosmos, de Carl Sagan, Ed. Cia das Letras.
Fontes da net: https://www.infoescola.com/historia/descobrimentos-e-navegacoes-holandesas/;https://alunosonline.uol.com.br/historia/navegacoes-holandesas.html; https://www.ducsamsterdam.net/curiosidades-historia-holanda/.

(Via https://marsemfim.com.br/)

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