sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

AO VENTO, NO RUMO CERTO...

Foto Murilo Lula Mariano

No bar do Arante - Pântano do Sul

COMANDANTE ZENAIDE

No Museu da Pessoa, Vila Beatriz, São Paulo!

O UNIVERSO FANTÁSTICO DA ILHA

O longa metragem A Antropóloga é uma ficção de mistério e suspense sobre o universo fantástico das bruxas da Ilha de Santa Catarina. Tem como cenário a belíssima Costa da Lagoa e conta história de Malu , uma jovem natural dos Açores, que está em Florianópolis pesquisando os aspectos comuns existentes entre essas duas culturas. Durante entrevistas com benzendeiras, conhece Carolina, uma criança que sofre de “embruxamento”. Com a morte da criança, Malú se aprofunda na busca da verdade. E a encontra. Direção de Zeca Pires, Roteiro de Tânia Lamarca e Sandra Nibelung, com argumento original de Tabajara Ruas.

MANEMÓRIAS

Foto Ninguem Sabonome
Canasvieiras, anos 60 - No tempo em que ainda se falava português e o mar não era esgoto!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

MAR DE POETA

Resultado de imagem para Bicicleta na noite"

A morte
vem de
bicicleta e
quebra as
vidraças da
noite com
bolinhas de
acrílico

(Fernando Alexandre)

MAR DO TASSO CLAUDIO SCHERER




MAR DE SUPERSTIÇÕES


Superstições marinheiras


Quem é do mar já ouviu falar de pelo menos uma dessas superstições marinheiras.

Todo marinheiro que se preze tem lá suas superstições. Algumas bastante conhecidas pelo grande público, outras só por quem é realmente do mar. Mar Sem Fim fez uma listagem bem humorada para você conhecer alguma delas.

Se você sabe alguma outra superstição envolvendo o universo marinheiro nos conte e nos ajude a aumentar essa lista. Quem é do mar agradece!

Muitas dessas superstições, lendas, mitos, crenças são antigas tradições, heranças da história. Outras nasceram de eventos que navegante algum foi capaz de explicar.

1. Navio seguro é navio batizado…

A tradição de batizar um navio é tão antiga quanto os próprios navios. Sabe-se que egípcios, romanos e gregos já faziam cerimônias a fim de pedir aos deuses proteção para homens que se lançariam ao mar, mas por volta de 1800 os batizados começaram a seguir um certo padrão. Era derramado contra a proa da embarcação uma espécie de “fluido batismal”, que poderia ser geralmente vinho ou champanhe. A tradição que se desenvolveu preconizava que uma mulher deveria fazer as honras e ser nomeada “benfeitora” do navio em questão ao quebrar uma garrafa no casco do barco. Se um navio não fosse corretamente batizado, seria considerado azarado.

2. …uma vez só!

Nunca se deve rebatizar um navio, é azar na certa. Ou seja, batismo bom é batismo feito do jeito certo, com garrafa quebrada e uma única vez.

3. Sexta não!

Jamais partir em uma sexta-feira. Muitos marinheiros recusavam-se a embarcar nesse dia da semana. Não s sabe ao certo a origem dessa lenda mas quase todo capitão se recusa a soltar as amarras em uma sexta-feira.

4. Todos os ratos a bordo

Ratos não são os animais mais desejáveis de se ter por perto, certo? Errado. A última coisa que os marinheiros gostariam é que todos os ratos do navio subitamente fossem embora. Reza a lenda que a debandada de roedores da embarcação é encarada como um mau presságio, alerta de um infortúnio que está por vir.

5. Uma moedinha, por favor

Todos os navios devem ter uma moeda de prata embaixo do mastro. Acredita-se que isso traga boa sorte. As explicações são muitas, mas a tradição parece ter começado com os romanos. Diz-se que a moeda era uma forma de “pedágio” cobrada pelo deus Cáron, incumbido de levar as almas dos mortos em sua barca na travessia do rio Aqueronte. Caso um desastre acontecesse ao navio, a pratinha serviria como o pagamento de todos os marinheiros, que passariam seguramente para o lado de lá.

6. Aquele-que-não-deve-ser-nomeado

A bordo de uma embarcação, há uma palavra proibida. Jamais se deve dizer COELHO a bordo. Acredita-se que o bicho traga muito azar. A explicação vem da experiência, pois o animal tinha o péssimo hábito de roer o casco na época em que as embarcações eram feitas de madeira,e acabaram sendo proibidos de embarcar.

7. Cuidado com o que você deseja

Nunca se deve desejar “boa sorte”a um marinheiro antes de partir. Os marítimos acreditam que dizer “boa sorte” a alguém que esteja dentro de um navio é, contraditoriamente, sinal de azar. Em inglês, costuma-se dizer “break a leg” para alguém que irá navegar – no mar nada acontece como queremos, então se desejarem que você “quebre uma perna” certamente tudo vai correr bem.

8. Assobiar ou não assobiar?

O assobio é um ato relativizado na superstição marinheira, e depende das condições do tempo. Se o navio está passando por uma calmaria, assobiar ajuda a trazer ventos, ou seja, é recomendável. Mas se já está ventando, um assobio desavisado pode convocar uma tempestade, por isso precisa ser evitado.

9. Plantas e flores… em terra firme

Não aceitar plantas e flores a bordo de um navio também é uma das superstições marinheiras. A razão dessa crença vem da lógica – plantas consomem água doce, o bem mais precioso que se tem em uma embarcação.

10. Não se deve mudar o nome do barco ou…

Marinheiros acreditam que não se deve mudar o nome de um barco, caso contrário, isso trará muito azar para as navegações. Porém, há uma saída. Caso o capitão decida dar um novo nome à embarcação, deve fazer uma cerimônia bastante detalhada e cheia de rituais.
(Do https://www.facebook.com/marsemfim/?fref=ts)

OLHANDO ILHAS, ESPERO...

Foto Fernando Alexandre, olhando pra trás!


ÁGUAS DE MEDO E PODER

Na gravura do século XVI, representação mítica e aterrorizante do mar e de suas narrativas

Eternizado nos livros como assustador celeiro de monstros, 
o Atlântico 
é palco de disputas geopolíticas
 há séculos

//Por Karl Schurster e José Maria Gomes Neto

Milênios a fio, até onde a literatura pode nos transportar, o Oceano Atlântico foi concebido como espaço do medo, contraponto à segurança da terra seca, e mesmo aqueles que dependiam de suas águas para sobreviver desconfiavam delas. Um cidadão do Velho Mundo que observasse o horizonte azul via-se diante de um interminável reino do temor, famoso pela instabilidade, relação bem estabelecida já na mitologia, pois os gregos criam que Posídon (nome grego para Netuno), o deus das águas salgadas, podia chacoalhar a terra desde as suas fundações. Seus animais só eram vistos quando retirados de seu elemento e, portanto, muito pouco se sabia de sua biologia, estimulando o surgimento de relatos fantásticos de monstros abissais, tão comuns às narrativas antigas. Para o poeta latino Avieno, por exemplo, esses animais singravam violentamente as águas, enquanto a Bíblia diz que os dentes do Leviatã (um monstro marinho) inspiravam tanto horror que ao vê-los mesmo os mais corajosos se atemorizavam.

Além disso, o Atlântico situava-se no mais sinistro ponto cardeal, o Oeste. Enquanto o Leste evocava o nascer do sol, portanto a vida, e, no Ocidente, o astro-rei se punha e a Terra era engolfada pela escuridão, situação que remontava a gregos e egípcios o mundo dos mortos: Osíris e sua barca mergulhavam no submundo, e Ulisses, em sua odisseia marítima, encontrou lá a entrada para as regiões abissais onde residiam as almas dos finados.

Em que pesem tais temores atávicos, vários marinheiros antigos navegaram as águas atlânticas, chegando ao extremo Norte (talvez até à Islândia) e toda a costa da África Ocidental até a Guiné. Em suas aventuras, a realidade e o maravilhoso com frequência se misturavam, mas alguns elementos são perceptivelmente reais: as longas distâncias (três, quatro meses de viagem), os perigos em quantidade, representados pelos monstros marinhos que acompanhavam as naves (cetáceos, possivelmente), calmarias, algas em quantidade, nevoeiros.

O Atlântico não convidava à segurança e não se prestava à diversão, diferentemente do que hoje ocorre. Seu aspecto era aterrorizante, evocativo de animais selvagens dispostos a levar à morte numa só bocada. Era um espaço imenso e nada conhecido – logo, extremamente temido.

Disputas em alto-mar

Embora tais medos fossem, de fato, sentidos, seguidas vezes homens do mar enfrentaram essas temeridades e cruzaram as águas. Pescadores europeus foram explorar os ricos cardumes do Mar do Norte, e para, além disso, os barcos tornaram-se máquinas militares: os vikings, possivelmente os primeiros conquistadores de oceano aberto, navegaram até as terras longínquas da Inglaterra, da Irlanda, da França e da Ibéria com vistas ao saque e à conquista, e mais ao Norte, das Ilhas Órcades até a Groenlândia, incorporaram novas áreas à esfera cultural europeia. As tecnologias inventadas e melhoradas nesse processo estimularam populações mais ao Sul às aventuras oceânicas, dentre os quais os portugueses, uns dentre muitos que seguiram até as águas piscosas do Norte em busca do sustento – neste caso, o peixe salgado. Séculos se passaram, as naves pesqueiras tornaram-se caravelas, e por mares nunca dantes navegados foram muito além da Taprobana, até a China, e em direção ao Ocidente, tocando terras americanas.

O Atlântico tornou-se, então, um local de disputa para as grandes potências marítimas. Suas rotas, regime de ventos e correntes representavam o segredo político-militar mais precioso do século XV, e os litorais americanos e africanos transformaram-se em pontos de disputa imperial e trampolins para a dominação política: lusitanos, espanhóis, holandeses e franceses, ingleses, dentre outros, cruzaram as vastidões aquáticas no intuito de conquistar terras, homens e riquezas.

Do século XVIII até 1914, a história das relações internacionais quase se confunde com a história das relações políticas entre as potências europeias e sua associação com o mar. O fim da Grande Guerra, como a Primeira Guerra Mundial fora chamada antes do conflito posterior, de 1939-1945, configurou a criação de um novo sistema internacional baseado nas alianças coletivas e referendado pela Liga das Nações, ou Sociedade das Nações. Esse projeto ganhou corpo a partir de 1919 e objetivava manter a paz e o respeito pelos direitos e pela soberania de cada Estado. Os anos do entreguerras tiveram diversas rotas comerciais e civis com o objetivo de manutenção do mercado internacional. O Oceano Atlântico tornou-se fundamental e atuou como palco do comércio mundial no período do pós-Guerra e durante a chamada Grande Depressão de 1929. Em setembro de 1939, começaria outra guerra. Todos os tratados e acordos internacionais seriam revistos mediante o desenrolar do conflito. O imperialismo nipônico e o expansionismo alemão, com a imposição da política externa italiana, pautariam parte dessa disputa reordenadora do cenário internacional. Os Estados Unidos, por trás da suposta neutralidade e da “política de boa vizinhança”, pouco depois decretariam o rainbow plan (plano de defesa do Hemisfério Ocidental decretado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, que fundamentou a presença norte-americana no Brasil, em especial no Nordeste, durante a Segunda Guerra Mundial) e tomariam para si a defesa do continente. As águas do Atlântico transformavam o seu corrente diálogo com o vento em briga.

Nova geopolítica das águas

Quando estudamos a história do mar, neste caso do Oceano Atlântico, estamos tratando de sua relação civilizacional com entorno que o envolve, dando a ele um sentido, transformando-o numa prática social e política. Nesse aspecto, estudar a história de um oceano é também estudar a geopolítica que o cerca com toda sua complexidade e profundidade. O novo século, que emergiu há 14 anos, trouxe uma nova dinâmica para o entendimento entre a civilização e o mar, em especial na América do Sul. Com a emergência no cenário internacional das nações sul-americanas e suas questões regionais/mundiais, o Atlântico volta ao centro do debate, agora como denominado pela Marinha Brasileira metaforicamente, a Amazônia Azul.

Superada a Guerra Fria, sua geopolítica e as implicações da bipolaridade (EUA vs. URSS) para a segurança e a defesa nacional das nações, principalmente no caso dos Estados emergentes, os interesses tornaram-se cada vez maiores nos grandes fluxos comerciais e na internacionalização das suas ações. Assim, começamos a perceber uma nova dinâmica nas relações entre as decisões políticas dos Estados no sistema internacional e sua associação com o Oceano Atlântico.

Nos últimos 20 anos, o sistemático enriquecimento e crescimento do Brasil, hoje a sexta economia global, ao lado do processo de explorações e precificação da riqueza natural, como no caso das descobertas de valiosas jazidas de gás e petróleo no offshore (no mar, em inglês), permitiram a irrupção de uma consciência nacional da urgência de defesa do nosso patrimônio oceânico. Esse tem sido, sem dúvida, um dos mais debatidos e controversos temas da nossa agenda política. De um lado, pelo âmbito nacional, o que fazer com os royalties do pré-sal e como se dará sua partilha entre os Estados da Federação e, de outro, no caráter internacional, colocar em prática a Convenção Internacional sobre o Direito do Mar, acordo multilateral dirigido pela ONU em 1982 e ratificado pelo Brasil em 1988. 

*Karl Schurster é professor de História do Tempo Presente da Universidade de Pernambuco

*José Maria Gomes Neto é professor de História Antiga da Universidade de Pernambuco

(Do http://www.cartafundamental.com.br/)

MANÉMÓRIAS - VENDENDO O PEIXE

Seu Mazinho, limpando peixe na mercearia lá no bairro Coqueiros (década de 30).

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

DANDO NOME...

Foto Fernando Alexandre

CAMINHOS...

Foto Chris Moreira

PESQUISANDO OS MARES



Navio Professor Luiz Carlos - 
Uerj inaugura primeiro navio oceanográfico universitário do Rio

A embarcação vai alavancar pesquisas e projetos ambientais, como o monitoramento dos ecossistemas marinhos, aperfeiçoando a formação dos estudantes


Por O Dia

Rio - Na próxima terça-feira (28), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) inaugura o navio oceanográfico Prof. Luiz Carlos, na Marina da Glória, às 15h. A embarcação vai alavancar pesquisas e projetos ambientais, como o monitoramento dos ecossistemas marinhos, aperfeiçoando a formação dos estudantes.

"A Uerj é a primeira instituição de ensino superior do Estado do RJ a possuir um navio. Com ele, vamos potencializar o estudo das ciências do mar, inclusive como laboratório flutuante", afirma o diretor da Faculdade de Oceanografia, Marcos Bastos.

A embarcação vai atender aos alunos das diversas áreas da Oceanografia, apoiar outros cursos da universidade como Geologia, Geografia e Biologia, além de possibilitar parcerias com órgãos governamentais, empresas e demais instituições de pesquisa.

Com 30,5 metros de comprimento e 7,8 metros de largura, o Prof. Luiz Carlos ultrapassa 250 toneladas, tem capacidade para navegar com 30 pessoas, bem como autonomia para permanecer até 15 dias no mar.

"Vamos aperfeiçoar o monitoramento da poluição da Baía da Guanabara, da Baía da Ilha Grande além de outras baías, regiões costeiras e oceânicas, atuando diretamente em problemas relacionados à pesca, fazendas marinhas e outros recursos naturais", informa Bastos.

O navio, que teve um custo total de R$ 7 milhões, foi construído no estaleiro INACE, no Ceará. O projeto contou com financiamento da Uerj, Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro (Secti)

O professor Luiz Carlos Ferreira da Silva

A embarcação carrega o nome do professor da Faculdade de Oceanografia da Uerj, Luiz Carlos Ferreira da Silva, como homenagem ao trabalho realizado por ele, ao longo de muitos anos, na formação de gerações de oceanógrafos e na consolidação desse campo de estudos no Brasil. O professor Luiz Carlos, que é oficial da Marinha do Brasil na reserva e foi Secretário Adjunto da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (CIRM), estará presente à inauguração.

Serviço - Inauguração do navio oceanográfico Prof. Luiz Carlos
Data: 28 de janeiro, terça-feira
Horário: 15h
Local: Restaurante Bota - Marina da Glória
Av. Infante Dom Henrique s/n - Glória

MAR DE PIRATAS

O porto de Lisboa, gravura de Theodore de Bry. 1595.

Piratas que atormentaram o litoral do Brasil 

Por

O mundo de 1500 estava sedento por descobertas. Depois do torpor dos dez séculos da ‘era das Trevas‘, o povo queria novidades. Havia dois anos, 1498, que o caminho fora ‘aberto’; a Europa, finalmente conectada com o Oriente, marcou o início do que conhecemos como globalização. Lisboa passa a ser o centro do mundo civilizado. No mesmo período, as caravelas lusasarribaram em Porto Seguro. Não deu outra. A porção de terra que nos abriga virou coqueluche. Três anos depois, chegava o primeiro penetra na festa dos trópicos, o francês Binot Paulmier de Gonneville. O normando armara o navio, ‘l´Espoir de Honfleur (1503 – 1505)‘, para comerciar diretamente nas Índias. Neste período o Brasil atraía piratas aos magotes.

Mau tempo no Cabo da Boa Esperança

Gonneville enfrentou tanto mau tempo que não conseguiu atravessar o Cabo da Boa Esperança. Obrigado a dar meia volta, resolveu xeretar a costa recém “descoberta”. Em 5 de janeiro de 1504 veio dar na baía de Babitonga, onde hoje fica São Francisco do Sul, litoral norte de Santa Catarina. Ali, no bem bom, ao lado dos moradores nativos, os Carijós, os normandos sararam sua feridas. Ficaram amigos dos índios. Devem ter vivido uma bela farra. Na volta, quase um ano depois, Gonneville abarrotou o porão de seu navio de pau- brasil, aves e animais e, não satisfeito, levou também o pequeno Iça- Mirim, filho do cacique carijó, Arosca. Que cabeça tinha o garoto, não? De uma hora pra outra, sair do estado selvagem e partir para a França, é uma aventura ainda maior do que a de quem veio! O rapaz era ainda pequeno, foi acompanhado de um índio adulto, de nome Namoa.


Vinte Luas

O combinado entre Gonneville e Arosca era devolvê-lo em 20 luas. Mas a viagem de volta foi o cão. Alguns tripulantes morreram, entre eles Namoa. Iça- Mirim também adoeceu. Ficou num estado tão lastimável que Gonneville resolveu batizá-lo a bordo, para que não morresse pagão. Ele se esforçou o máximo que pode, mas não conseguiu pronunciar Iça- Mirim. Nosso herói se tornou uma corruptela: Essomeriq. Ao se aproximar da costa da França, o navio foi atacado por um corsário inglês que roubou tudo que os navegadores trouxeram de terra. Inclusive, e mais importante, o diário da expedição. Em sua chegada a Honfleur, DeGonneville imediatamente fez uma queixa diante do Tribunal do Almirantado da Normandia e escreveu um relatório de sua viagem. Vem deste texto as histórias que agora relembramos.
Essomeriq: da Babitonga para a corte


Conta a história que, não conseguindo trazê-lo de volta, Gonneville empresta seu nome à Essomeriq, mais tarde casou-o com a filha (outras fontes dizem sobrinha), Suzanne. Ao morrer, lega ao carijó parte de suas posses, desde que ele e seus descendentes usassem seu nome e suas armas. Conta a história que ‘Essomericq teve 14 filhos, ele viveu 95 anos no verde da Normandia’.


Descendente de Essomeriq no Brasil?


Essa história sempre me fascinou. Ficava imaginando a cabeça do indiozinho que topou subir naquela ‘nave’ parada em sua baía. E de lá navegar para a Normandia em 1505! Como terá sido o primeiro encontro na corte? O que terá passado na cabeça de nosso herói? E como terá sido sua vida, já que descendentes nos dizem que morreu aos 95 anos, com 14 filhos?

Miniuatura do l’espoir, Museu do Mar, São Francisco do Sul.

No início desta Primavera, a Folha de S. Paulo respondeu. O jornal publicou matéria contando da visita que nos fazia a francesa, Dorothée de Linares, 45, que se dizia descendente de Essomeriq. Dorothée veio conhecer a região, fascinada pela história que diz ouvir desde sempre, para transformá-la num livro infantil. Para tanto mantém um site que agora contatamos.
Thomas Cavendish, terceiro a dar a volta ao mundo


Gonneville não foi o único pirata protagonista do século 16. Dezenas de piratas vieram, entre eles outro notável, o navegador e pirata inglês, Sir Thomas Cavendish, terceiro a dar a volta ao mundo (1586). Numa segunda circunavegação, partiu de Plymouth em 26 de agosto de 1591 com cinco navios. A rota natural do Hemisfério Norte costeava o litoral do Brasil. Nessa viagem, Cavendish infernizou o País. Atacou diversas vezes. Incendiou construções de Ilha Grande, aprisionou navios, fundeou em Ilhabela, de onde ordenou a destruição de Santos e São Vicente. Azucrinou. Quem conta é o tripulante…

Mapa da época de Cavendish.


Antony Knivet, em ‘As Incríveis Aventuras E Estranhos Infortúnios de Antony Knivet’


Este livro trata das “memórias do aventureiro inglês que em 1591 saiu de seu país com o pirata Thomas Cavendish e foi abandonado no Brasil, entre índios canibais e colonos selvagens.” Knivet com a palavra: “De tarde, após incendiarmos mais um navio e queimarmos todas as casas (de Ilha Grande, RJ), partimos de lá. Como o vento era bom, mais ou menos às seis horas chegamos à ilha de São Sebastião (Ilhabela), a cinco léguas de Santos, onde ancoramos. Uma vez no porto todos os Capitães e pilotos embarcaram no navio de capitão- mor para saber como pretendia tomar a cidade de Santos.”

O ataque a Santos

“Todos decidiram que nosso barco longo e nossa chalupa com somente cem homens eram suficientes…Knivet: “O piloto português (que haviam capturado em Cabo Frio) contou- nos que aquele era o momento. Pelo tocar do sino estariam no meio da missa. Desembarcamos e marchamos até a igreja, onde tomamos todas as espadas sem resistência.” Havia cerca de 300 homens e mulheres na igreja (era comemorada a Missa do Galo), além de crianças.

Casa do Trem e ao fundo a antiga capela de Santa Catarina, ali reconstruída após o ataque de Cavendish. Aquarela de Benedito Calixto.

O saque a Santos e a destruição de São Vicente

“No dia seguinte o capitão-mor veio com todos os barcos para a barra e logo desembarcou 200 piratas aos quais ordenou que queimassem toda a parte de fora da vila. Então deu ordem para que ateassem fogo em todos os navios ancorados no porto. Permanecemos dois meses em Santos, carregamos nosso navio com açúcar e mercadorias dos navios portugueses que estavam no porto.” A crônica diz que prosseguindo na sua operação de pilhagem, o esquadrão pirata foi por terra até São Vicente, saqueando e queimando todos os engenhos que encontrava pela frente, pilhando e incendiando o vizinho povoado, deixando atrás de si um rastro de ódio e pavor.

Santos e São Vicente em 1615.

“O mar quebrava na popa de nosso navio…”

Depois do castigo imposto, Cavendish segue para para o Estreito de Magalhães. Knivet:“Partimos de Santos para os estreitos de Magalhães com vento favorável e durante 14 dias tivemos tempo bom. Passados dois dias de calmaria, os pilotos mediram suas posições e acharam que estávamos na altura do rio da Prata.” Mas não seria tão fácil assim. A ousadia, e o tempo perdido em Santos, iriam cobrar um preço. Cavendish chegou atrasado na boca do estreito, e pegou tempo desfavorável, “no mesmo dia em que pensamos ter visto terra, um sudoeste começou a soprar e o mar ficou muito escuro, inchado de ondas tão altas que não conseguíamos enxergar nenhum navio da nossa frota, embora estivéssemos próximos. O mar quebrava na popa de nosso navio e arrastava nossos homens assombrados de pavor para dentro dos botes.”
Dois meses de pauleira na região do estreito

Foram dois meses de pauleira brava nas cercanias do estreito de Magalhães. Ali, nas altas latitudes, é comum ventos de 60 a 80 nós (Entre 100 e 140 Km/h). Knivet, que um dia desembarcou para procurar comida, foi pego pelo vento gelado enquanto seu pé havia molhado. Sem roupas para trocar, o marujo conta que, “ao tirar minhas meias alguns dedos saíram junto, vi que meus pés estavam negros feito fuligem e não conseguia mais senti-los de todo. Não mais conseguia caminhar.” Knivet conta que a frota enfim conseguiu entrar: “penetramos ainda mais para os estreitos, apesar do vento contrario e do frio que matou por dia oito ou nove homens de nosso navio.” O mar dava-lhe o troco. “nesse lugar um ourives chamado Harris perdeu o nariz; quando tentou assoá-lo, ele acabou caindo de seus dedos no fogo.”


‘O capitão- mor rumou de volta ao Brasil’

A viagem continuou caótica. A frota se dispersou, um dos navios perdeu o mastro principal e também desapareceu. Sobrou o navio de nosso narrador. Knivet conta que Cavendish rumou para Santos, para tentar encontrar seus pares. Lá ficou por três dias até que parte da tripulação, que havia desembarcado, fora morta como retaliação. Então, decidem voltar para a ‘ilha de São Sebastião’ (ou Ilhabela). No caminho mudam de planos. O portuga preso em Cabo Frio entrega a fraca defesa da Capitania do Espírito Santo, e ‘garante que sem nenhum risco poderiam atacar vários engenhos de açúcar e conseguir boa provisão de gado’. Os piratas ingleses não pensam duas vezes: decidem atacar o Espírito Santo, para onde navegam.
Piratas atacam o Espírito Santo e voltam à São Sebastião

Oito dias depois fundeiam na baía. “O capitão, achando que o português nos desejava trair, sem nenhum julgamento mandou enforcá-lo, o que foi feito imediatamente. Em seguida, escolheu 120 homens, dos melhores que havia em ambos os navios para o desembarque.” Mas desta vez o ataque foi um fracasso. Knivet conta que perderam 80 homens na refrega. Depois da sova, decidem voltar a São Sebastião. Ao chegarem, a primeira providência do capitão foi se desfazer do peso morto: cerca de 20 homens feridos e famintos, inclusive o narrador, foram abandonados em Ilhabela. Durante oito dias Knivet sobreviveu comendo caranguejos. Dias depois, mais 40 homens foram largados em Ilhabela. Finalmente, nosso Indiana Jones do século 16 é feito prisioneiro pelos portugueses e levado para o Rio de Janeiro. A narrativa não para aí. Houve uma série de aventuras em Terra Brasilis, quase dez anos, fugas de canibais, ataques no Rio Grande do Norte, e outros, até que Knivet consegue voltar a Londres onde publica sua saga em 1625.

Por diversas vezes Knivet esteve perto de se tornar banquete.

Caiçaras de pele e olhos claros em Ilhabela

Fica o registro dos desembarques em Ilhabela, justificando caiçaras de pele clara e olhos azuis, não incomuns, naquela ilha. De onde teriam vindo? Agora você já sabe. Os ataques piratas continuaram a todo pano. O país que estava nascendo era a bola da vez. Chamou tanto a atenção que desde 1555 a França havia plantado uma filial de seu país em plena baía de Guanabara, a França Antártica. Voltaremos ao tema, e a mais piratas, em breve.


Fontes: Vinte Luas – Viagem de Paulmir de Gonneville ao Brasil, 1503 -1505, de Leila Perrone- Moisés, Cia. das Letras; https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/10/descendente-de-indio-alcado-a-nobreza-na-franca-refaz-passos-do-parente.shtml; Anthony Knivet, As Incríveis Aventuras E Estranhos Infortúnios De Anthony Knivet, organização de Sheila Moura Hue, ed. Zahar.


(Via https://marsemfim.com.br)

JACK O MARUJO

Resultado de imagem para olhando o mar  desenho
- Esperas algum navio em especial, capitão?
- Não, olho assim o mar porque sei que todos partiram para sempre, disse Jack o Marujo

(Do Nei Duclós)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

TERRA E CÉU!


Ocean Meets Sky, de  Terry Fan
 Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu
(Fernando Pessoa) 


NAVEGANDO COM OS FENÍCIOS


Naufrágio fenício descoberto tem 50 pés e é datado de 700 aC.

Assim como egípcios, gregos e romanos, os fenícios foram um antigo povo, navegador por excelência. A civilização estabeleceu-se onde hoje é o Líbano, e parte da Síria, por volta de 3000 anos antes de Cristo. Criativos, foram os inventores do alfabeto mas, sobretudo, eram marinheiros e comerciantes. Há relatos, não comprovados, de que teriam feito a circunavegação da África.

Heródoto , considerado o primeiro historiador, teria narrado esta viagem que, até hoje, provoca controvérsias ao mesmo tempo em que estimula navegadores a repetirem o feito.

Conheça as rotas fenícias:


Agora as autoridades de Malta informaram que um naufrágio fenício foi localizado no Mediterrâneo central, a 120 metros de profundidade. O barco teria 50 pés (cerca de 16 metros), e sua construção data de 700 AC.

(Do https://www.facebook.com/marsemfim?fref=ts)

DE GAROUPAS E GAROPETAS!

As pequenas, conhecidas como garopetas, são as mais atrevidas. Veja a pescaria do ponto de vista dos peixes.
(Do https://www.facebook.com/InstitutoLarus)

OLHANDO ILHAS, ESPERO...

Foto Fernando Alexandre

TURISMO EM CORAIS

Em Alagoas os recifes de corais são pisoteados e tornam-se estacionamento para bikes.
Mergulhar em corais: irresistível

Turismo em recifes de corais, depredação é crime

Uma rápida pesquisa nos sites de agências e não há quem resista às propagandas de turismo em recifes de corais. Afinal, é verão. Que combina com férias, sol e muitas atividades no mar. Alta temporada em que o litoral brasileiro ferve de turistas. Separamos partes de três textos de propagandas de destinos coralíneos badalados que atiçam a vontade de viajar para um deles:

Maragogi, mar cristalino, coqueiros e piscinas naturais rasinhas que são parte da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais.

Terceiro maior centro de biodiversidade marinha no Brasil, Recife de Fora tem grande variedade de peixes e 16 das 18 espécies de corais existentes.

O Parque Marinho Coroa Alta é formado por recifes, águas azuis, piscinas naturais e várias espécies de peixes e corais.

Irresistível, não é? Se mergulhar em recifes de corais é o seu destino neste verão, aproveite. Mas cuide deles também. Não seja mais um predador. Os seres humanos estão destruindo os recifes de corais o mais importante ecossistema marinho.

Recifes de corais giram trilhões de dólares

Mar Sem Fim não é contra o turismo em recifes de corais. Ele é fundamental para girar a economia. Segundo o Manual de Monitoramento Reef Check Brasil 2018, “estudos recentes estimam que os recifes de coral forneçam um valor global de US$ 7,2 trilhões por ano, incluindo pesca e turismo. Desses valores, estima-se que no Brasil sejam fornecidos US$ 1,9 trilhão por esses ambientes”.
Imagem, Doug Monteiro/ IRCOS/ UFPE.

O documento, disponível no site do Ministério do Meio Ambiente (MMA), diz também que “mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo dependem de recifes para seu sustento, segurança alimentar e proteção costeira”. Informa ainda que “uma em cada quatro espécies marinhas vive nos recifes, incluindo 65% dos peixes”.

Turismo sustentável nos recifes de corais

Essa importância para a vida marinha e humana mostra o quanto o turismo não pode ser desordenado. Tem que ser sustentável. Entretanto, “pelo andar da carruagem”, como diz o velho e bom ditado, daqui a pouco só restarão cemitérios de corais no mar.

Mas, se você decidiu visitar um recife de coral neste verão, a escolha é excepcional. É um espetáculo. Pode combinar o frescor de mergulhos no mar no verão escaldante com a contemplação de um ecossistema encantador. O colorido é psicodélico diante da rica biodiversidade marinha. Quem sabe conhecendo, você poderá ajudar a protegê-los. Eles precisam! Por falar neles, os corais são vegetais, minerais, ou animais?
Corais, espécie formada há 240 milhões de anos

Outra informação que você precisar ter, antes de embarcar nessa viagem: a idade dos corais existentes hoje em grande parte do mundo é estimada em 50 milhões de anos. Ou seja, levam muito tempo para se formar. Seus ancestrais começaram a ser formados há cerca de 240 milhões de anos. No Brasil, estimam os pesquisadores, a formação teve início 7 mil anos atrás.

O Brasil tem recifes de corais em cerca de 3.000 dos mais de 7.400 quilômetros de costa litorânea. A extensão considera, especialmente, as áreas em que são mais abundantes, entre o Maranhão e o sul da Bahia. Mas podem ser encontrados até no litoral paulista, onde já são mais escassos. Parece bastante, mas não é.

Corais no Brasil, 80% mortos

Estudos mostram que o Brasil perdeu cerca de 80% dos recifes de corais nos últimos 50 anos. A pesquisa foi realizada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pelo MMA. Intitulada “Monitoramento de recifes de corais no Brasil”, ela aponta a poluição e a extração ilegal de corais, entre as principais razões para o extermínio. Sobrepesca e pisoteamento (de turistas, pescadores e banhistas) também podem ser colocados na lista. Mundialmente, a perda de corais chega a 50%.
Jangada e corais em Maracajaú, Rio Grande do Norte.

Os recifes de corais são exuberantes, porém muito sensíveis. Corais são animais e, se você tira um pedacinho deles, o recife todo sofrerá. Imagine cada visitante levando um coral para casa… Isso sem contar que até a década de 1980 eles eram extraídos em larga escala para a produção de cal, produto utilizado em construções.

Lei de Crimes Ambientais

Os corais começaram a ser protegidos com a criação da Lei de Crimes Ambientais, de 1998. Ela penaliza com multa e prisão de até três anos quem degrada o habitat. E, sim, retirar um pedacinho de coral é crime. Também ficaram mais protegidos com a criação de unidades de conservação marinha.

Conheça, mais adiante, as principais áreas de recifes de corais protegidas no País. No total, são 21, mas algumas são reservas biológicas – não são abertas ao turismo. Listamos apenas as que podem ser visitadas.

Esgotos, fatais para os corais

Porém, a lei não os protege contra o precário sistema de saneamento básico no Brasil que agora teve aprovado o novo marco regulatório. Lançado bruto no mar na maior parte das cidades litorâneas, o esgoto doméstico e industrial atinge mortalmente o ecossistema.

Somam-se a isso os sedimentos, além dos fertilizantes e agrotóxicos das lavouras, levados pelos rios. Assim, completa-se o caldo fatal que tem dizimado os corais nas regiões mais próximas à costa brasileira.
2019, péssimo ano para os corais

Nos últimos anos, como em 2019, os recifes de corais também estão sofrendo com o aquecimento global, em decorrência dos gases de efeito estufa. Ele deixa as águas dos mares mais quentes. O que também é letal para os recifes, como Mar Sem Fim já mostrou.

Em 2019, em torno de 90% dos corais da espécie Millepora alcicornes, endêmica no Brasil, morreram por causa das temperaturas mais altas. Também conhecidos como coral-de-fogo, a alta mortandade foi registrada, principalmente, na região de Abrolhos e da Costa do Descobrimento, ambas na Bahia.
18 espécies de corais comuns no Brasil

Todas as cerca de 18 espécies de corais comuns no Brasil foram vítimas ainda do derramamento de óleo que atingiu o litoral brasileiro, em 2019. O ano de 2020 chegou e ainda não se sabe a fonte do derramamento. Tampouco o tamanho dos danos aos recifes.
Turistas mergulham em recifes de corais do Atol das Rocas.
2019, ano de descobertas de recifes

O ano de 2019, contudo, não foi apenas de notícias ruins para o ecossistema. Dois bancos de corais até então desconhecidos foram revelados por pesquisadores. Logo no começo do ano passado, cientistas do Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) anunciaram a descoberta de um recife de coral de 75.000 metros quadrados no entorno da ilha da Queimada Grande, em Itanhaém, litoral sul paulista. O tamanho equivale a dez campos de futebol.

Corais em Fernando de Noronha

No final de 2019, foi a vez da UFPE anunciar a descoberta de um banco em Fernando de Noronha. Com 16 quilômetros quadrados, ele está localizado nos limites do Parque Nacional Marinho de Fernando Noronha. E é completamente saudável, disseram os pesquisadores a Mar Sem Fim. Uma condição bem diferente da Laje Dois Irmãos, um recife mais próximo da ilha. Nele, hoje restam apenas 20% dos corais vivos. Também foram descobertos recentemente, corais na foz do Amazonas.

Dicas para turismo em recifes de corais

Os novos bancos de corais estão saudáveis e preservados porque estão mais distantes da poluição e da ação humana da região mais próxima à costa litorânea. Mas lembre-se que os corais são fundamentais para proteger a região costeira das intempéries, que provocam erosão. Então, seja no litoral paulista ou nordestino, siga as dicas abaixo do MMA para turismo nos recifes de corais e aproveite bem as suas férias de verão.
Conheça as riquezas dos recifes de corais. Busque informações com condutores e outros profissionais da região.
Informe-se sobre os horários e ciclos de marés, para evitar situações imprevistas e perigosas.
Pedaços de conchas, corais, ouriços e estrelas do mar servem de abrigo e devem permanecer em seu ambiente natural. Não colete!
Não colete nada. Leve do ambiente recifal somente memórias e fotografias.
Lembre-se que o comércio de artesanato com corais sem autorização é crime ambiental.
Não toque nos corais, eles são animais muito frágeis e morrem facilmente. Além disso, você pode se machucar.
A pesca com explosivos e substâncias químicas é crime ambiental. Pesque legal, com licença e observando as restrições locais e apetrechos.
Nunca alimente os peixes, pois isso prejudica a saúde dos animais marinhos.
E mais…dicas para turismo em recifes de corais
Ao mergulhar em piscinas naturais, use apenas protetores solares à prova d´agua.
Em águas rasas, evite o uso de nadadeiras para não quebrar os corais. Movimente-se lentamente para não afugentar os animais.
Para evitar danos aos corais, mantenha sempre os equipamentos de mergulho perto do corpo.
Ao movimentar jangadas, evite o contato do remo com os recifes.
Próximo aos recifes de corais, mantenha a hélice em baixa rotação, garantindo assim a conservação dos corais e a boa visibilidade da água.
Fundeie o barco na areia. Assim você preserva os corais e evita um crime ambiental.
Reduza o uso de plástico no seu dia a dia. Lembre-se que plásticos descartados indevidamente vão parar no mar e podem causar a morte de animais marinhos.
Descarte o lixo em local apropriado e nunca o deixe na praia ou no mar, pois ele prejudica a fauna marinha.

Além destas dicas, não se esqueça de um fator preponderante: não use protetor solar ao mergulhar em recifes de corais especialmente.
Onde encontrar recifes de corais no Brasil

Além das agências de turismo, o site do Ministério do Meio Ambiente mantém uma área dedicada ao ecossistema, com uma lista das áreas de preservação de recifes de corais. Conheça:
A horda de turistas chega ao Parque Municipal do Recife de Fora

Unidades de Conservação que protegem ambientes recifais no Brasil

Parque Estadual Marinho do Parcel do Manuel Luís/MA – Criado em 1991, tem a finalidade de preservar a biodiversidade e o patrimônio genético dos recifes de coral e garantir os uso sustentável dos recifes. Em 1999, foi designado como Sítio Ramsar.

Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha/PE – Criado em 1988, tem como objetivo preservar o ecossistema marinho, a tartaruga Aruanã e os recifes de coral, além de garantir a reprodução do Golfinho-Rotador. É um Sítio do Patrimônio Mundial Natural da UNESCO.

Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha – Rocas – São Pedro e São Paulo – Criado em 1986, tem como objetivo proteger e conservar a qualidade ambiental e as condições de vida da fauna e da flora.

Área de Proteção Ambiental Estadual dos Recifes de Corais – Criada em 2011 pelo Governo do Rio Grande do Norte, corresponde a área marinha que abrange a faixa costeira dos municípios de Maxaranguape, Touros e Rio do Fogo.

Parque Estadual Marinho da Areia Vermelha – Criado em 2000 pelo Governo da Paraíba, tem como objetivo preservar os recursos naturais da área: a coroa, os recifes, a fauna e a flora.
Enquanto os turistas pisoteiam corais, a fiscalização assiste impassiva. É preciso mais informação.

De Pernambuco até Maceió

Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais/PE/AL – Criada em 1997 para proteger os recifes costeiros e ecossistemas associados, além de fauna ameaçada de extinção como o peixe-boi marinho. A área estende-se de Tamandaré em Pernambuco até Maceió, em Alagoas.
Bahia

Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte/BA – Criada em 1992 e localizada no norte do Estado da Bahia, abrange uma área de 142.000 ha e tem como objetivo conservar remanescentes de Mata Atlântica, manguezais, áreas estuarinas, restingas, dunas, lagoas e recifes de coral.
Área de Proteção Ambiental da Plataforma Continental do Litoral Norte

Foi criada em 2003. Possui uma área estimada de 3.622,66 km², envolvendo as águas inseridas na poligonal partindo do Farol de Itapuã, em Salvador, seguindo em direção ao norte, até a divisa com Sergipe. Tem como objetivo proteger as águas salobras e salinas, disciplinar a utilização das águas e dos recursos, combater a pesca predatória pelo incentivo ao uso de técnicas adequadas à atividade pesqueira, proteger a biodiversidade marinha, promover o desenvolvimento de atividades econômicas compatível com o limite aceitável de câmbio de ecossistemas e buscar uma melhoria constante da qualidade de vida das comunidades que usufruem da área.

Área de Proteção Ambiental da Baía de Todos os Santos/BA – Criada em 1999, tem como objetivo assegurar a proteção das ilhas e ordenar as atividades socioeconômicas da região.

APA Recifes de Pinaúnas/BA – Criada em 1997, no município de Vera Cruz, tem como um dos objetivos proteger o ecossistema recifal.

APA Tinharé- Boipeba/BA – Criada em 1992, entre a Ponta do Curral e a costa do Dendê, no litoral sul da Bahia, tem como objetivo proteger manguezais, praias e recifes.

Área de Proteção Ambiental da Baía de Camamu/BA – Criada em 2002, abrange uma área de 118.000 ha, nos municípios de Camamu, Marau e Itacaré, com o objetivo de preservar os manguezais, as águas doces, salobras e salinas, disciplinar o uso e ocupação do solo, combater a pesca predatória e proteger os remanescentes de floresta.
Na Bahia turistas pisoteiam os corais do Parque Municipal do Recife de Fora com tênis alugados de companhias de turismo irresponsáveis.

Ainda na Bahia…os Parques Municipais Marinhos:

Da Coroa Alta/BA – Localizado no município de Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia, o parque foi criado em 1998 e apresenta uma formação mista, com recifes e bancos de areia, desde a praia até o grande banco recifal ao largo do município.

Do Recife de Fora/BA – Localizado em Porto Seguro, foi criado em 1997 com o objetivo de proteger os recursos naturais e ser utilizado como área para recreação, educação e pesquisa.

Recife de Areia/BA – Criado pela prefeitura de Alcobaça, em 1999, tem como objetivo proteger as formações recifais, fauna e flora da região próxima aos recifes de Timbebas.
Parque Nacional Marinho

Abrolhos/BA – Foi o primeiro parque nacional marinho criado em 1983, com o objetivo de proteger os ecossistemas recifais, de ilhas e associados, que servem de abrigo e área de reprodução para tartaruga marinha, baleia jubarte e aves marinhas. E também a Área de Proteção Ambiental Ponta da Baleia/Abrolhos – Criada pelo Governo da Bahia em 1993, tem cerca de 35 mil ha, dos quais 90% são ecossistemas marinhos e inclui todos os recifes costeiros ao sul de Timbebas.

Área de Proteção Ambiental Santo Antônio/BA – Foi criada em 1994 pelo Governo da Bahia com o objetivo de conciliar as atividades socioeconômicas com o uso sustentável dos ecossistemas naturais, a exemplo do ecossistema litorâneo que se estende da foz do rio João de Tiba até a foz do rio Jequitinhonha, nos municípios de Santa Cruz de Cabrália e Belmonte, caracterizado pela presença de várzeas associadas à vegetação de restinga costeira e pela existência de remanescentes da Mata Atlântica, bem como de recifes de corais.

Reserva Extrativista Marinha de Corumbau/BA – Criada em 2000, na região de Prado e Porto Seguro, para garantir a exploração de forma sustentável e a conservação dos recursos naturais da área.

Fontes: http://www4.icmbio.gov.br/portal/images/stories/o-que-fazemos/Monitoramento_dos_Recifes_de_Coral_do_Brasil_Livro.pdf;http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/09/litoral-do-pais-perdeu-80-de-recifes-de-corais-em-50-anos-diz-estudo.html; https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2019/03/14/corais-de-5-mil-anos-sao-descobertos-em-sp-ao-lado-de-ilha-habitada-por-serpentes.ghtml; http://coralvivo.org.br/arquivos/documentos/Livro-Zilberberg-et-al-2016-Conhecendo-os-Recifes-Brasileiros-Rede-de-Pesquisas-Coral-Vivo.pdf; http://coralvivo.org.br/arquivos/documentos/Manual-Conduta-Consciente-em-Recifes.pdf; https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80089/Biodiversidade_Costeira_Marinha_Brasileira.pdf; https://www.mma.gov.br/images/imagens/biodiversidade/biodiversidade_aquatica/conduta_consciente_cartazA2_recifes1.pdf; https://www.mma.gov.br/images/imagens/biodiversidade/biodiversidade_aquatica/conduta_consciente_cartazA2_recifes2.pdf