ILHA DO ARVOREDO
Do livro "Santa Catarina: a ilha" (1900), de Virgílio Várzea
“As ilhas e ilhotas que cercam à de Santa Catarina são em número superior a trinta, e delas se destaca, como a maior e mais considerável, a do Arvoredo, situada à entrada do norte, quase a duas léguas da ponta do Rapa. Esta ilha tem de extensão duas milhas, por uma na sua maior largura: é como o próprio nome o diz, coberta de espessa e alta vegetação, em muitos trechos verdadeiras florestas seculares onde se encontram excelentes madeiras de lei, das quais se extraiu, outrora, se bem que simplesmente para experiências, material para a construção no Desterro de um iate ou navio de alto bordo. Deserta até certo tempo, a ilha é hoje habitada pelo pessoal do farol e suas famílias, e frequentada sempre por canoas e baleeiras que, saindo das proximidades do continente e da Ponta das Canas, Canavieiras e Ingleses, ali se juntam de inverno, para a pesca da enchova, que vai de junho a setembro.
... As obras do farol começaram em 1881, sob a direção do ilustre almirante catarinense Marques Guimarães, então capitão-de-mar-e-guerra, a cujos esforços e bons serviços, relevados por sérios conhecimentos técnicos, se deve a inauguração desse melhoramento em 14 de março de 1883. Só poderá avaliar com justeza o que valem os sacrifícios feitos pelo digno oficial no desempenho de tal comissão, quem como nós conhecer a constituição geognóstica e hidrográfica dessa ilha alta e escarpada, onde o desembarque de pequenos volumes, mesmo em tempo de calma, e nas melhores condições, é coisa verdadeiramente penosa, quanto mais a condução para alto do cabeço de chapas de ferro e outros materiais, pesando às vezes toneladas, como as que serviram de base à torre do farol. E foram tais os obstáculos e perigos a vencer, que, de uma vez, uma dessas chapas de ferro, desprendendo-se da lingada, veio ferir o almirante Marques Guimarães, prostrando-o por alguns meses no leito. As obras, porém, chegaram a cabo, lá estão perfeitas, com o seu esplêndido farol, que funciona há já dezessete anos, atestando os méritos desse digno servidor do Estado”.
(Colaboração do José Luiz Sardá)
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