sábado, 29 de junho de 2019
sexta-feira, 28 de junho de 2019
quinta-feira, 27 de junho de 2019
FALA, COMANDANTE!
Foto: Viviane Bevilacqua
ZENAIDE, A COMANDANTE DO PÂNTANO
A história da Dona Zenaide Maria de Souza, 74 anos, é daquelas que dariam um livro. Quem sabe um dia eu mesma me atreva a escrever com mais detalhes esta pequena mas contundente saga da mulher que venceu preconceitos e tornou-se oficialmente a primeira pescadora artesanal do Pântano do Sul, em Florianópolis. Mas ela não virou profissional só porque gostava de pescar desde menina, não. Foi para o mar no seu barco colorido de madeira, enfrentando tempo ruim e sol no lombo e comandando embarcações com muitos homens porque precisava tirar da água o sustento de seus oito filhos. Após a separação, que ela mesmo pediu, ficou sozinha para criar a garotada, e pescar e cozinhar era o que sabia fazer de melhor, já que o estudo tinha sido pouco. Escola primária lá mesmo no Pântano, até o quarto ano, e só.
Foto: Reprodução/Facebook
Pescar e cozinhar? Quando Zenaide se deu conta de que se unisse estes dois verbos poderia ganhar mais dinheiro não teve dúvidas: começou a vender na beira da praia alguns quitutes feitos de peixe, camarão, siri, berbigão e polvo. O Pântano do Sul era uma praia tranquila, lá pelos anos 1980, com turistas meio ripongas e alternativos, entre os quais conquistou logo fregueses fiéis. Decidiu então, com a valentia que lhe é peculiar, erguer um quiosque na areia. Foi alertada de que era ilegal construir naquele local, mas não deu ouvidos. Quando o quiosque ficou pronto a prefeitura mandou desmanchar. Ainda chorava, pensando no que iria fazer, quando foi chamada pelo prefeito. Zenaide disse que sabia da ilegalidade, mas argumentou que precisava do bar para dar estudo aos oito filhos. Ela sonhava vê-los formados na faculdade. Foi tão convincente que no dia seguinte o fiscal da prefeitura mandou seus homens reconstruirem o quiosque.
Começou assim a história do Restaurante Pedacinho do Céu, que em pouco tempo conquistou freguesia ampla e constante. O bar cresceu, e além do grande pavilhão de madeira tinha área e deck externo de frente para o mar. Era todo decorado com motivos marítimos. Nessa época Zenaide começou a usar um quepe branco de comandante que ganhou de um freguês e virou sua marca registrada. Nunca mais saiu de casa sem ele. Tudo ia bem até a madrugada de 16 de janeiro de 2017, quando um incêndio acidental destruiu o restaurante. Não deu tempo de salvar nada. Os filhos e netos ficaram com medo de que desta vez ela fosse desabar, mas o que viram os deixou ainda mais orgulhosos da matriarca. Zenaide tirou o boné branco chamuscado de fumaça, deu umas batidas para tirar o pó, colocou de novo na cabeça e disse: Sem choro. Hora de recomeçar.
Foto: Arquivo Pessoal
Fizeram vaquinhas na internet, aceitaram ajuda de estranhos e de clientes dos mais diferentes rincões, conseguiram empréstimos e no dia 16 de janeiro de 2018, exatamente um ano após o incêndio, Zenaide fez uma festa para comemorar a inauguração do novo restaurante, ainda mais bonito, e agora todo de tijolos.
Foto: Arquivo Pessoal
Um passeio ao Pântano do Sul nunca é completo sem uma visita à Dona Zenaide e seu Pedacinho do Céu, nem que seja só para prosear e conhecer detalhes da história da comunidade e de sua moradora mais simpática, que acolhe a todos com um sorriso largo e adora contar seus causos e aventuras de cantar O Rap da Tainha, letra de uma música que fez em homenagem aos pescadores. Mas fica o alerta: é impossível sair de lá sem provar seus petiscos. Irresistíveis, como os abraços na hora da despedida.
(Viviane Bevilcqua colunistas portal making of cronicas)
MAR DE BALEIAS
© Reuters
A Noruega tornou-se no país que mais baleias mata. Nos últimos dois anos, matou mais animais desta espécie do que a Islândia e o Japão juntos.
Um novo relatório, publicado esta segunda-feira, apela à comunidade internacional para reagir às tentativas constantes da Noruega para enfraquecer as regras para a caça de baleias e as suas tentativas de melhorar as condições de mercado das mesmas.
Intitulado 'Frozen in Time: How Modern Norway Clings to Its Whaling Past' [Congelados no tempo: Como a Noruega Moderna se mantém presa ao seu passado Baleeiro], produzido pelo Instituto de Cuidados Animal, o Ocean Caree a Pro-Wildlife, o relatório detalha ainda que a proibição do comércio de baleias naquele país está a enfraquecer e o seu comércio internacional está a aumentar.
O estudo concluiu que o governo deste país está a patrocinar vários projetos que promovem as vendas domésticas de produtos feitos de baleia, como cosméticos ou suplementos alimentares.
"Sendo um dos países mais modernos e prósperos do mundo, a caça à baleia na Noruega representa um anacronismo”, afirma a bióloga Sandra Altherr, da Pro-Wildlife, referindo que esta atividade só serve para "prejudicar a reputação do país".
quarta-feira, 26 de junho de 2019
segunda-feira, 24 de junho de 2019
domingo, 23 de junho de 2019
MAR DE POETA
A BALEIA BRANCA E O CAPITÃO
ainda
des-situado
num sítio
des-habitado
ou melhor
forrado de fantasmas
— dinossauros, cachalotes,
livros não lidos,
mapas que levam
a lugar nenhum —
,
capitão ahab
(olhos vítreos)
força as pupilas
dentro da névoa espessa
dentro da tempestade
que fustiga os ossos,
as membranas, os nervos
tensos do espírito
,
sem encontrar
o fio da meada
o ponto
onde tudo parou
de girar
giramundo : : : finismundo
))))))) (((((((
mesmo livre dos limites da terra
firme
em meio às ondas
do mar encrespado
capitão ahab continua ilhado
amarrado ao mastro
da obsessão
enrodilhado em si mesmo
ensimesmado
→ → → arpões lançados
em sua própria direção
ferroadas na carne,
vertigem, cicatrizes ← ← ←
))) a linguagem se dissolve (((
e da janela do apartamento
capitão ahab vê, enfim,
a enorme nuvem no céu azul
tomando a forma de uma baleia
CERCANDO O PEIXE
Dia de cerco no Campeche: patrão Carlinho, do Rancho do Segredo e remeiros entrando bem com a canoa "Samaritana".
sábado, 22 de junho de 2019
E AS TAINHAS CHEGARAM...
ÚÚÚÚ!!!!
Com a entrada do vento Sul, esperado há mais de 20 dias, as tainhas finalmente encostaram nas praias de Santa Catarina!
Na quinta-feira (20), quase 4 toneladas foram capturadas na Praia da Galheta, em Laguna.
Ontem cedo, sexta-feira, 5 toneladas foram cercadas e arrastadas na Prainha, Farol de Santa Marta, Sul do estado.
E mais quatro mil "cabeçudas" fizeram a alegria da camaradagem da Ilha, nas praias do Campeche, Santinho e Gravatá, já impacientes com a demora da chegada dos peixes.
Com a entrada do vento Sul, esperado há mais de 20 dias, as tainhas finalmente encostaram nas praias de Santa Catarina!
Na quinta-feira (20), quase 4 toneladas foram capturadas na Praia da Galheta, em Laguna.
Ontem cedo, sexta-feira, 5 toneladas foram cercadas e arrastadas na Prainha, Farol de Santa Marta, Sul do estado.
E mais quatro mil "cabeçudas" fizeram a alegria da camaradagem da Ilha, nas praias do Campeche, Santinho e Gravatá, já impacientes com a demora da chegada dos peixes.
Cerca de 1300 tainhas foram capturadas por pescadores artesanais na manhã desta sexta-feira na praia do Santinho – RICTV/Reprodução
Até o momento, os dados oficiais da Fepesc - Federação dos Pescadores de Santa Catarina - apontam para um total de 41 toneladas de tainha capturadas desde o início da temporada, em maio.
Ivo da Silva, presidente da Fepesc, destacou que o local em que se deu a maior captura de tainha foi em Balneário Rincão. De acordo com ele, em diversos lanços, Rincão até o momento atingiu a marca de 6 toneladas de tainha capturadas.
Ainda conforme Ivo, o cálculo de 41 toneladas ainda não inclui o lanço dessa quinta-feira em Laguna. A Fepesc informou que ainda aguarda uma confirmação oficial dos dados para incluir na contagem oficial.
E CHEGAM AS BALEIAS...
Baleia jubarte (Foto: Marcelo Vicente, Arquivo Pessoal)
Baleia jubarte dá show nas águas de Penha; veja vídeo
Por Dagmara Spautz
Uma baleia da espécie jubarte, possivelmente juvenil, deu um show de simpatia em frente às câmeras nas proximidades da Ilha Feia, na Armação, em Penha, nesta quinta-feira (21). As imagens, feitas pelo contador Marcelo Vicente, 38 anos, mostram que a gigante estava à vontade.
Marcelo estava pescando quando se deparou com a gigante. Evitou se aproximar com o barco, mas ela veio em sua direção. Foram cerca de 40 minutos de saltos.
— Vendo os vídeos, não é tão bonito quanto pessoalmente. Foi emocionante — comentou.
Há cerca de dois anos, ele já tinha avistado uma mãe baleia com o filhote, também em Penha. O pesquisador Jules Soto, curador do Museu Oceanográfico da Univali, em Balneário Piçarras, diz que avistar jubartes é comum nesta época, assim como as baleias-franca, que são as visitantes mais assíduas do nosso Litoral.
As jubartes, quando adultas, chegam a medir 16 metros de comprimento e a pesar 40 toneladas. É o mesmo que um ônibus e um carro, juntos, e o peso de oito elefantes. As baleias dessa espécie vivem até 60 anos.
baleia jubarte(Foto: Marcelo Vicente, Arquivo Pessoal)
Tradicionalmente, elas apenas passam por Santa Catarina em seu ciclo migratório. Partem da Antártida em direção ao Nordeste brasileiro, especialmente o Litoral da Bahia, onde ocorre o acasalamento das gigantes.
Em 2014, graças aos programas ambientais, as jubartes saíram da lista de animais ameaçados de extinção no Brasil.
CORES DO ATLÂNTICO
Quinto disco de canções inéditas da cantora, compositora e instrumentista paraibana, lançado em 2010, em formato CD-livro, apenas na Espanha. Um ano antes, Socorro lançara o álbum No Terreiro da Casa da Mãe Joana, trilha de espetáculo com o mesmo nome, composto por faixas integrantes de seus trabalhos anteriores e cinco músicas inéditas. Aqui, a musicista nos apresenta um repertório de canções que tratam do diálogo entre a brasilidade e nossa raiz lusitana, com a releitura de quinze cantigas de amigo medievais galego-portuguesas, tradicionalmente entoadas por mulheres como cantares de trabalho, adaptadas pela artista em roupagem de ritmos brasileiros. O disco contou com participações de artistas oriundos de três continentes distintos, unidos pela língua portuguesa: Uxía e Leilía (Galiza/Espanha), João Afonso (Portugal), Eneida Marta (Guiné Bissau), Margareth Menezes, Cida Moreira e Cirandeiras de Caiana dos Ciroulos (Brasil). Seis anos após o seu lançamento original em solo espanhol, o trabalho foi finalmente lançado este ano no Brasil pela Editora Latus – UEPB e Liraprocult.
LIMPANDO A FAUNA MARINHA
UFPR inaugura Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna Marinha em Pontal do Paraná
A tarde desta terça-feira (18) pode ser considerada um marco para o Centro de Estudos do Mar e aos cursos ligados ao oceano oferecidos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). A partir desta data a instituição conta com o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna Marinha (CReD), vinculado ao Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Em um evento bastante concorrido, realizado no Centro de Estudos do Mar, no Balneário Pontal do Sul em Pontal do Paraná, autoridades, professores e estudantes viram um sonho da comunidade acadêmica se tornar realidade.
A Coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação do Centro de Estudos do Mar da UFPR, Camila Domit, explicou que a construção do Centro de Estudos está inserido dentro do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos estrategicamente conduzido pelo Ibama (IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), Petrobrás, (Petróleo Brasileiro S.A), Univale (Univale – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí) e UFPR.
“Hoje é um dia muito especial, depois de muita luta estamos realizando um sonho para nossa Universidade. Dentro desse conjunto de instituições conseguimos recursos para estruturar o centro, agora poderemos fazer análise de saúde da fauna marinha com maior qualidade, melhorar a forma como atuamos junto as comunidades da região e otimizar os estudos e a ciência. Teremos condições de melhorar as pesquisas e também trabalhar melhor os programas de extenção e as ações de educação. Esse centro é um sonho de muitos anos, hoje nós temos recintos adequados, temos um espaço que cumpre todas as especificações internacionais de atendimento a fauna marinha que nos dará condições de trazer para a sociedade informações sobre o ecosistema do mar e como que nós como comunidade podemos melhorar a nossa ação e conexão com os oceanos para diminuirmos o impacto ambiental”, completou a coordenadora.
O prefeito Marcos Fioravante destacou a importância desse investimento na área de educação no município.
“O que estamos vendo hoje não é só uma construção ou uma obra qualquer, estamos vendo a materialização de um sonho para o meio acadêmico. Como gestor fico muito feliz em poder participar, dentro de nossas condições estamos sempre dispostos a ajudar a UFPR, em especial o Centro de Estudos do Mar, que fica em nosso município, o qual temos muito orgulho. Esse Centro de Reabilitação é extremamente importante, não só para os estudantes mas para toda comunidade, e nossa região, um projeto que deve ser valorizado”, afirmou o prefeito.
O projeto está ligado ao Monitoramento de Praia da Bacia de Santos, é um condicionante ambiental pro licenciamento ambiental da Petrobrás que busca minimizar os impactos da atividade de produção de petróleo.
O Diretor do Centro dos Estudos do Mar, Talal Suleiman Mahmoud, esclareceu que o CReD está ligado ao Monitoramento de Praia da Bacia de Santos como um condicionante ambiental para o licenciamento da Petrobrás que busca minimizar os impactos da atividade de produção de petróleo.
“Hoje é uma data muito importante, essa espaço dará mais condições as nossas pesquisas. O trabalho desenvolvido por toda a equipe, alunos e professores, tem um cunho social que busca indentificar e tratar os animais marinhos encontrados em nossas costas, os vivos para serem tratados e reabilitados e os mortos para análise, e essa análise servirá como indicador da nossa situação perante os oceanos, como por exemplo o controle do que foi encontrado dentro dos animais que serve como um indicador importante do comportamento da sociedade inserida nos municípios litorâneos”, explica Talal.
De acordo com o Reitor da Universidade Federal do Paraná, Ricardo Marcelo Fonseca, com a construção do Centro de Reabilitação em Pontal do Paraná todos saem ganhando, a comunidade, os estudantes e o meio ambiente.
“Neste projeto todos os envolvidos ganham, a comunidade interna para o ensino, pesquisa, extenção e para a formação que é a matéria básica da universidade, ganha também o meio ambiente, a fauna marinha, os banhistas que aqui visitam nas temporadas, mas acredito que ganha mais a comunidade de Pontal que deve enchergar como um marco civillizatório diferente, quero dizer que a universidade está mostrando para que ela veio, ela vem para trazer conhecimento e ciência, vem a favor da comunidade local, da fauna marinha e daqueles que estão se formando aqui, acho que a universidade quando interage de uma forma geral com a comunidade traz uma bagagem positiva e um legado que é sempre bom, aqui especificamente é de maneira múltipla, porque acontece para a comunidade para os nossos estudantes e para o meio ambiente”, destacou o reitor da UFPR.
“O Projeto de Monitoramento de Praias, da qual faço parte, é um acondicionante do processo de licenciamento do Pré-sal da Bacia de Santos, e de uma forma geral antes de mais nada, trata-se de um atendimento a um regramento legal, porém nós entendemos que esse tipo de iniciativa que o Ibama determinou, contribui muito com a gestão da fauna da costa brasileira, temos fomentado a pesquisa e o desenvolvimento academico e temos surpresas como trabalhos acadêmicos, alavancando o conhecimento das interações do homem com a fauna na costa brasileira, isso é fundamental pra conservação ambiental”, finalizou Marcos Vinícius.
sexta-feira, 21 de junho de 2019
FELIZ ANO NOVO
FELIZ ANO NOVO PARA TODOS NÓS, FILHOS E FILHAS DO SOL
Hoje, dia 21 de junho, celebra-se o solstício de inverno no hemisfério sul. É quando os povos originários comemoram o ano novo em toda a franja latino-americana. Dia de reverenciar o sol, que era e ainda é considerado o deus maior. O sol. Tata Inti.
Na região andina é onde esse momento é mais festejado e cujas cerimônias jamais saíram da lembrança ou das práticas cotidianas. Tanto que o Inti RaymI (Festa do Sol) é a festa mais importante do ano e acontece sempre no solstício para reverenciar Inti, o deus mais importante das culturas Aymara e Quéchua. A cerimônia é realizada no dia 24, na fabulosa fortaleza de Sacsayhuamán, que fica pouco mais de dois quilômetros de Cusco, no Peru.
Durante a época dos incas, o Inti Raymi era o mais importante dos quatro grandes festivais celebrados em Cusco, e marcava o início do ano andino. Naqueles dias o festival durava nove dias com muita festa, dança e rituais de sacrifício. O último Inti Raymi realizado com a presença do Imperador Inca, foi em 1535. A cerimônia era na praça Aucaypata, hoje chamada de Plaza de Armas, no centro de Cusco, e toda a cidade vinha assistir e participar. Segundo relatos da época a população chegava aos 100 mil habitantes.
De todos os lugares vinham os curacas (chefes de aldeia) e os sacerdotes. E nos três dias que antecediam a festa só comiam milho branco, cru, algumas ervas e água. Também não acendiam fogo e não tinham relações sexuais. Era um período de purificação. As sacerdotisas do sol, as acllas, preparavam pãezinhos de milho que seriam distribuídos às gentes. No dia da festa o Inca e seus parentes vinham para a praça, descalços, a espera do sol. Ajoelhavam-se e jogavam beijos para Inti enquanto ele despontava no horizonte. Depois bebiam chicha e derramavam uma parte em honra do deus. Em seguida seguiam para o Corincancha, ou Qorikancha, o "Templo do Sol", onde faziam adorações. Os curacas faziam fila para entregar as oferendas que haviam trazido de suas aldeias e então todos seguiam de volta para a grande praça onde sacrificavam animais, cujas carnes eram repartidas entre os presentes. Acendia-se o fogo do ano novo que queimaria no templo até o Inti Raymi seguinte.
A festa dos incas foi proibida em 1572 pelo Vice-Rei Francisco de Toledo, que não tolerava qualquer cerimônia que não fosse cristã. Mas, entre os originários a cerimônia seguiu sendo praticada às escondidas durante séculos, até que em 1944 voltou a ser realizada em céu aberto, reconstruída historicamente por Faustino Espinoza Navarro a partir de textos do cronista Inca Garcilaso de la Vega. Desde aí, todos os anos, as gentes originárias se encontram em Cusco, para reverenciar Inti.
É fato que a festa adquiriu um caráter bastante turístico e acaba sendo um grande espetáculo. Mas, quem já caminhou pelas ruas de Cusco e conheceu sua gente sabe, que enquanto os turistas se embriagam com as cores e os ritos espetacularizados, o povo originário refaz seu caminho de encontro com Inti, bem no fundo de sua alma ancestral. O Inti Raymi é um momento de profunda beleza e de introspectiva reflexão.
Feliz ano novo a todos nós, filhos e filhas do sol!
Jallalla! Kausachun, Inti!
(Da Elaine Tavares)
MÃOS DE MAR
as mãos
as mãos
chegam pela manhã
a carícia
quanto partem
dizem em silêncio
a dor de
as mãos que dei
não esperavam nada
nem o que recebi
poucos são os
finais felizes
(torreira; 2016)
(Do ahcravo)
quinta-feira, 20 de junho de 2019
E O INVERNO AINDA NEM COMEÇOU...
Foto Laura Lavergne |
Primeiro, a Dona Gerta May comunica o fechamento da Pousada Sítio dos Tucanos, depois de 40 anos de atividades na Costa de Dentro.
Logo em seguida, a Nara Guichon avisa que está desativando seu atelier depois de décadas!
Esse final de outono - luminoso como os outonos da ilha - fica um pouco sombrio aqui pelos lados do Sul!
A Gerta May com sua família trouxe para a ilha o conceito de hospedagem familiar com preservação ambiental: o Sítio dos Tucanos foi a primeira pousada ecológica da Ilha!
E durante quarenta anos hospedou com carinho, preservou e recuperou a natureza em toda sua imensa área e no entorno!
Além de manter uma considerável coleção de arte popular e indígena brasileira (que agora está à venda)!
A Nara Guichon, artesã/designer/artista e muitas coisas mais costurou durante décadas, fio-a-fio, sua relação com a natureza e todo seu entorno, bordando com flores os espaços comunitário da Costa de Dentro.
Ficamos tristes! E mais pobres!
Mas também agradecidos!
Dona Gerta May volta para a Alemanha, e deixa aqui " metade do meu coração"!
A Nara Guichon se prepara para outros vôos!
Este inverno pode ser um pouco sombrio para nós, aqui por estes lados, mas logo depois vem a explosão de flores e cores da primavera!
E VIVA!
MANEMÓRIAS
Foto Amnésio Soturno
Praia Mole e Galheta, anos 70: no tempo em que ainda se amarrava siri com linguiça
SEM CARROS
TRÂNSITO É BLOQUEADO NA PRAIA DO OUVIDOR
Em cumprimento à determinação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), a Prefeitura de Garopaba realizou, nesta segunda-feira (17), o fechamento da Praia do Ouvidor para veículos.
O vereador Luizinho Campos (PSB) criticou a atitude unilateral do MP na sessão da Câmara, nesta terça-feira (18). Segundo ele, a comunidade vinha discutindo com as autoridades alternativas para enfrentar esse antigo problema e agora foi atropelada.
A demanda já havia sido solicitada pelo MPSC no início deste ano, quando o prefeito Sérgio Cunha solicitou um acordo de fechamento de apenas metade da praia.
A medida agora é retomada, em cumprimento da Lei Federal 7.661, que proíbe o trânsito de veículos nas praias em todo o país. Os veículos podem ser estacionados ao longo da estrada Geral do Ouvidor, que está sendo alargada e pavimentada.
(Do Mais Garopaba)
RAINHAS BORDADAS
Fotos Fernando Alexandre
"Vamos com Deus II", aprontada em meia praia esperando as tainhas - Pântano do Sul
TEM O DEDO DE DEUS NO PÂNTANO DO SUL
"Para você que me acompanha por aqui, fiz esta imagem fascinante a quase 300 metros de altura. Este monumento natural que contempla a bela enseada do Pântano do Sul em Florianópolis é conhecido como Dedo de Deus. Não é a única formação rochosa com este nome (afinal as mãos de Deus estão por toda parte), mas também é uma visão de tirar o fôlego."
(Quem garante é o Alcides Dutra)
quarta-feira, 19 de junho de 2019
terça-feira, 18 de junho de 2019
MUNDO PLÁSTICO
Montanha de lixo plástico em uma ilha das Maldivas, no Oceano Índico (Foto: Alison's Adventures)
Brasil é dos que mais produz e menos recicla plástico no mundo
País é o 4o maior produtor e só recicla 1,28% do seu descarte plástico, um índice bem abaixo da média global de reciclagem plástica, de 9%
O Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico no mundo, alcançando 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (70,8 milhões), China (54,7 milhões) e Índia (19,3 milhões). E o pior: o país só recicla 1,28% do total produzido, um dos menores índices da pesquisa e bem abaixo da média global de reciclagem plástica que é de 9%. O brasileiro descarta, em média, aproximadamente 1 quilo de plástico a cada semana.
Esses são alguns dos dados do relatório do WWF (Fundo Mundial para a Natureza) publicado na terça (05/03), realizado com base em números do Banco do Mundial e que analisou a relação de mais de 200 países com o plástico. O levantamento “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização” reforça a urgência de um acordo global para conter a poluição por plásticos.
O estudo destaca como é crucial que os líderes globais se comprometam em uma ação coordenada internacionalmente a reduzir a poluição do meio ambiente por esse material. Na próxima semana (de 11 a 15 de março), um acordo sobre a poluição dos plásticos marinhos será votado durante a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-4), em Nairóbi, Quênia.
O texto do estudo lembra que o material plástico em si não é um problema. Ao contrário, ele trouxe vantagens para a sociedade. Mas a forma voraz com que está sendo consumido e a maneira irresponsável como está sendo tratado após seu uso – em sua maioria único – é que estão causando um desastre ambiental. “Aproximadamente metade de todos os produtos plásticos que poluem o mundo hoje foram criados após 2000. Este problema tem apenas algumas décadas e, ainda assim, 75% de todo o plástico já produzido já foi descartado”, descreve o relatório.
Segundo o estudo do WWF, mais de 104 milhões de toneladas de plástico irão poluir nossos ecossistemas até 2030 se nenhuma mudança acontecer na nossa relação com o material. E está atrelado a uma petição da ONG que circula desde fevereiro para pressionar os líderes globais a defenderem um acordo legalmente vinculante na próxima semana. Até agora, já são cerca de 200.000 assinaturas em todo o mundo. Para assiná-la, acesse: http://bit.ly/OceanoSemPlastico
O volume de plástico que vaza para os oceanos todos os anos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing 747 pousando nos mares e oceanos todos os anos – são mais de 60 por dia. Nesse ritmo, até 2030, encontraremos o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km2.
“Nosso método atual de produzir, usar e descartar o plástico está fundamentalmente falido. É um sistema sem responsabilidade, e atualmente opera de uma maneira que praticamente garante que volumes cada vez maiores de plástico vazem para a natureza”, afirmou em comunicado Marco Lambertini, Diretor-Geral do WWF-Internacional.
https://www.revistaplaneta.com.br/
https://www.revistaplaneta.com.br/
DE CONGOS & CONGADAS
Ilhabela encontra documento que retrata história da Congada há mais de dois séculos
Um raro e antigo documento datado de 1794 foi localizado pela arqueóloga Cintia Bendazzoli e revela aspectos importantes da vida e das manifestações culturais do Litoral Norte. O documento é composto por três páginas e foi escrito pelos membros da Câmara de São Sebastião ao presidente da Província há mais de dois séculos. Nesta carta, os membros da Câmara parabenizam o rei pelo nascimento de sua filha, a Princesa da Beira, que anos mais tarde seria homenageada na emancipação político-administrativa da Ilha, que passaria a ser denominada Villa Bella da Princesa.
Como parte dos festejos oficiais em comemoração ao nascimento da princesa, o “Baile dos Congos” era realizado pelos “oficiais dos serviços mecânicos”. O documento revela, portanto, que a ancestralidade da Congada na região é bem mais antiga do que se pensava, tradição que se preservou ao longo do tempo, popularizou-se e fortaleceu-se em suas origens, sendo realizada até os dias de hoje.
Após analisado e transcrito por meio da técnica de paleografia, procedimentos realizados pela pesquisadora, a imagem do documento original foi disponibilizada à Secretaria de Cultura e presenteada à Associação dos Congueiros de Ilhabela durante a realização da Congada e Festa de São Benedito. Tanto o documento, quanto sua transcrição estão atualmente disponíveis para visitação na Sala de Exposição “A Congada de São Benedito”, no Centro Cultural da Vila, e também na Fundação Arte e Cultura de Ilhabela (Fundaci), ambas na Vila.
Segundo o secretário de Cultura, Adalberto Henrique da Silva Lopes, o Professor Beto, este documento dá aos congueiros o direito documental de afirmar, ao menos, 225 anos de Baile dos Congos em Ilhabela. “Assim, com base nele, temos a certeza de que tais festejos já se davam na cidade muito antes da homenagem que retrata o registro de 1794”.
domingo, 16 de junho de 2019
SEM CATIVEIRO
O Canadá aprovou uma lei que proíbe que as baleias, golfinhos e botos sejam mantidos em cativeiro para entretenimento, assim como o comércio, posse, captura e criação de cetáceos.
“A aprovação da lei S-203 é um momento decisivo na proteção dos animais marinhos e uma vitória para todos os canadianos. As baleias e os golfinhos não pertencem aos tanques, e o sofrimento destes animais altamente sociais e inteligentes em confinamento intensivo não pode ser mais tolerado. Damos os parabéns aos responsáveis por esta lei e ao governo canadiano por mostrar uma liderança forte na resposta à vontade pública e aos dados científicos sobre esta questão crítica”, disse Rebecca Aldworth, diretora executiva da HSI/Canadá.
"Os canadianos têm sido claros, querem que a prática cruel de manter baleias e golfinhos em cativeiro termine. Com a aprovação da lei S-203, garantimos que isso vai acontecer", afirmou Elizabeth May, líder do Partido Verde no Canadá.
"Temos a obrigação moral de eliminar gradualmente a captura e a retenção de animais para fins lucrativos e de entretenimento. Os canadianos pediram-nos para fazer melhor - e nós escutamos", disse o senador Wilfred Moore.
“As condições de vida dos mamíferos marinhos em cativeiro não podem ser comparadas às dos seus ambientes oceânicos naturais nem em tamanho, nem em qualidade. Agradecemos ao governo federal e a todos os envolvidos na aprovação do projeto de lei S-203, para que as nossas leis possam finalmente alinhar-se com os valores dos canadianos para acabar com esta prática cruel”, afirmou o biólogo marinho Hal Whitehead.
NA TARRAFA...
Foto via zap-zap
No "Caldeirão," Morro das Pedras, pescadores de tarrafa em busca das tainhas que agora começam a aparecer com mais frequência na Ilha de Santa Catarina!
MEMÓRIA DA PESCA
PESCA DE ARRASTÃO - Rede Deca do Belo
Praia de Canasvieiras - Década de 1940
Na Ilha de Santa Catarina a partir de meados do século XIX, as principais freguesias que se dedicavam à atividade pesqueira eram Ponta das Canas, Barra da Lagoa, Canasvieiras e Campeche. Em Canasvieiras, vinham pescadores das freguesias de Ratones, Vargem Pequena, Vargem do Bom Jesus, Vargem Grande e Cachoeira do Bom Jesus. Os pescadores donos dos ranchos e das redes de arrastão eram de famílias tradicionais: Deca do Belo, Seo Vida, Evaldo Brasil, Nicanor dos Santos, Manoel Sardá, Joaquim da Ilhota, Zilico, Joca Rufino, João Firme, Timóteo Siqueira, Deca do Belo, Dezinho Pacheco, Leôncio e Manoel Schroeder. A pesca artesanal começou a perder importância entre 1940 e 1950, quando muitos homens iam anualmente trabalhar nas parelhas de pesca em Rio Grande, São José do Norte e Cassino na safra da tainha e da corvina. Em Canasvieiras foi possível sentir estas mudanças. Atualmente a escassez de peixe é uma constante nesta praia.
*Por José Luiz Sardá
sábado, 15 de junho de 2019
MAIOR LANÇO!
Foto via zap-zap
Ontem à noite, dia 14, na Praia Brava: 1854 tainhas gradas e ovadas!
ÚÚÚÚ!!!!
Até agora, o maior lanço desta temporada na Ilha de Santa Catarina!
MARES & MARÉS
AFP/Getty Images
Plástico. Mediterrâneo é o mar mais poluído do planeta, mas “ainda vamos a tempo de o salvar”
A cada ano, os oceanos são contaminados por 13 milhões de toneladas de plástico, matando 100 mil espécies marinhas, diz a ONU. Pior caso é o do mar Mediterrâneo, mas "ainda vamos a tempo de o salvar".
O Mediterrâneo continua a ser o mar mais poluído do planeta. A certeza é dada por um biólogo espanhol que há mais de 30 anos estuda o impacto da ação do homem na qualidade das águas mediterrânicas. Num documentário feito para o National Geographic — “Salvemos o nosso Mediterrâneo” —, Manu San Félix centra o seu trabalho na exploração dos fundos marinhos da costa espanhola, numa viagem que parte da ilha de Formentera. E garante que aquele lugar tornou-se um dos mais ameaçados pela poluição.
Mais de 134 espécies estão contaminadas pela ingestão de plástico no Mediterrâneo, que já é o mar mais contaminado do mundo, mesmo que não tenhamos consciência de tudo o que temos perdido”, diz.
Ainda assim, assegura, há tempo para agir. Citado pelo La Vanguardia, o biólogo diz que “estamos a tempo de salvar o Mediterrâneo”, mas “é agora ou nunca”. Várias organizações — como a ONU — e instituições governamentais têm em marcha programas e campanhas para tentar travar o problema.
É possível devolver-se o Mediterrâneo ao estado em que estava há 80 anos, como uma espécie de máquina do tempo para devolver-lhe a vitalidade”, garante Manu San Félix.
Este sábado, 8 de junho, o Dia Mundial dos Oceanos é assinalado no meio de um intenso debate sobre o impacto do homem na qualidade da vida nos oceanos, sobretudo por causa de décadas de uso plástico considerado excessivo. As Nações Unidas estimam que, todos os anos, 13 milhões de toneladas de plástico vão parar aos oceanos, provocando a morte de 100 mil espécies marinhas.
No caso do Mediterrâneo, o maior problema são os microplásticos — pedaços muito, muito pequenos, difíceis de detetar e que resultam da fragmentação de pedaços maiores, em contacto com a força das ondas. A organização ambientalista Greenpeace diz que “entre 21% e 45% de todas as partículas de de microplásticos” estão naquele mar.
O problema não é novo. Ainda esta semana, a World Wide Fund dor Nature (WWF) criticava, num relatório, o fracasso dos países mediterrânicos na questão dos resíduos plásticos. Segundo os números desta organização, o ritmo a que a poluição daquele mar está a aumentar traduz-se numa imagem simples: é como se, a cada minuto, fossem despejadas 33.800 garrafas de plástico no Mediterrâneo. E o problema pode ganhar dimensões ainda maiores. A WWF diz que “a poluição por plástico continuará a crescer”, podendo até quadruplicar nos próximos 30 anos.
Segundo o relatório, entre os litorais mais contaminados na costa mediterrânica estão vários destinos turísticos: Barcelona e Valência, em Espanha; Telavive, em Israel; Marselha, em França; ou Veneza, em Itália.
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