domingo, 23 de junho de 2019

MAR DE POETA


A BALEIA BRANCA E O CAPITÃO

ainda
des-situado

num sítio
des-habitado

ou melhor
forrado de fantasmas

— dinossauros, cachalotes,
livros não lidos,

mapas que levam
a lugar nenhum —

,

capitão ahab
(olhos vítreos)

força as pupilas
dentro da névoa espessa

dentro da tempestade 
que fustiga os ossos,

as membranas, os nervos 
tensos do espírito

,

sem encontrar
o fio da meada

o ponto
onde tudo parou

de girar
giramundo : : : finismundo

))))))) (((((((

mesmo livre dos limites da terra
firme

em meio às ondas
do mar encrespado

capitão ahab continua ilhado

amarrado ao mastro
da obsessão

enrodilhado em si mesmo
ensimesmado

→ → → arpões lançados
em sua própria direção

ferroadas na carne,
vertigem, cicatrizes ← ← ←

))) a linguagem se dissolve (((

e da janela do apartamento
capitão ahab vê, enfim,

a enorme nuvem no céu azul
tomando a forma de uma baleia

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