Grupo de pescadores adere a novo modelo de anzol que preserva tartarugas marinhas
Formato diferente ajuda na sobrevivência desses animais. Em novembro, esse tipo será obrigatório em todo o Brasil.
Um grupo de pescadores de Itajaí adotou o chamado anzol circular para ajudar na preservação de tartarugas marinhas. Esse tipo é menos prejudicial para elas, que têm mais chance de sobrevivência. Esse modelo será obrigatório em todo o Brasil a partir de novembro.
O pescador Celso Rocha de Oliveira é um dos que adotou o anzol circular. Na embarcação dele, só o anzol desse tipo pode ser usado.
"Há 12 anos atrás, uma pessoa do Projeto Tamar esteve a bordo e me falou sobre o anzol circular. Eu fiquei assim e tal e eles me doaram 100 anzóis para eu testar, para eu levar para o mar. Eu coloquei aqueles 100 anzóis no meio de 1,1 mil anzóis e eu percebi que eu pescava mais. Mais atuns, mais tubarões. E pegava menos tartarugas", afirmou Celso.
A pesca de espinhel é feita em alto-mar. Linhas de vários quilômetros de extensão são soltas na água. Os anzóis atraem peixes de grande porte, como tubarões, atuns e mecas. O problema é que, em busca de alimento, muitas tartarugas também acabam sendo fisgadas. As tartarugas marinhas vivem em toda a costa brasileira. Geralmente, mergulham entre 20 e 100 metros de profundidade.
"Num lance, eu já capturei 60 tartarugas, com anzol J. Companheiro meu na mesma área já chegou a capturar 200 tartarugas. Se você for fazer essa pesquisa aí, você vai confirmar essa informação minha. Eu não acredito que isso aconteceria com um anzol circular", disse Celso.
Ameaçadas
As cinco espécies de tartarugas encontradas no Brasil estão na lista mundial de animais ameaçados de extinção. Há mais de 10 anos, pesquisas mostram que a simples mudança no formato do anzol pode evitar a morte de tartarugas. O Projeto Tamar trabalha para convencer os pescadores disso.
"Esse anzol acaba prendendo tanto a tartaruga quanto o peixe mais pela boca, pelo canto da boca. Com isso, a tartaruga não engole e portar o anzol na boca é mais fácil para retirar esse anzol. Também o animal tem uma chance de sobrevivência maior", afirmou o técnico do Projeto Tamar Caiame Menezes Nascimento.
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