As lontras se alimentam 70% de peixes - Marco Santiago/ND
Primeiras lontras nascidas em cativeiro têm ótima evolução na Armação, em Florianópolis
Dois filhotes nasceram em cativeiro e completaram cinco e dois meses, respectivamente, pela primeira vez no Brasil. Próximo passo é implantar o projeto de reintrodução das lontras órfãs
por MICHAEL GONÇALVES, FLORIANÓPOLIS
Tímidas, solitárias e de hábitos noturnos, as lontras dificilmente são vistas em seu habitat na Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, porque também é uma espécie em extinção. Graças ao trabalho do Projeto Lontras, que é uma iniciativa do Instituto Ekko Brasil há mais de 30 anos, na Armação do Pântano do Sul, dois filhotes nasceram em cativeiro e completaram cinco e dois meses, respectivamente, pela primeira vez no Brasil. Para o gerente de projeto e pesquisa do projeto, oceanógrafo Oldemar Carvalho Júnior, o próximo passo é implantar um projeto de reintrodução ao meio ambiente das lontras órfãs.
Atualmente, apenas os mamíferos adultos encontrados doentes ou machucados são devolvidos a natureza. O filhote Iru, de cinco meses, foi a primeira lontra a se desenvolver após nascer em cativeiro. Ele é herdeiro do casal Boni e Iara, que são órfãs criadas em cativeiro há 10 anos. Já o filhote mais novo, de dois meses, ainda não ganhou um nome.
Durante uma pesquisa em 22 ilhas no litoral catarinense, as lontras deixaram vestígios em nove delas. Destaque para as ilhas do Arvoredo e do Campeche. ”O nascimento em cativeiro é uma importante conquista para entender melhor o comportamento da espécie, porque nossos estudos estão mais concentrados na dieta. Sabemos também que elas utilizam um corredor ecológico por rios, lagoas e também passando pelo mar, porque ela fica entre as pedras e tocas naturais”, afirmou o pesquisador.
A dieta de peixes corresponde a 70% da alimentação, com 20% de crustáceos e os 10% restantes de pequenos mamíferos, aves e répteis. Em cativeiro elas vivem de 13 anos a 15 anos e na natureza de nove anos a 10 anos.
“Nosso objetivo é introduzir o projeto até o final do ano ou início de 2019, porque é preciso conscientizar a população, principalmente, de pescadores e ribeirinhos. Ela é um animal muito inteligente que precisa ser estimulado a todo o momento”, completou.
Com peso médio oito quilos e 11 quilos, eles chegam a medir 1,40 metro de comprimento até a ponta da cauda.
Projeto Lontras está aberto a visitação - Marco Santiago/ND
Nove animais mortos foram encontradas nos últimos três anos
A descoberta de mais duas lontras mortas no Rio Sangradouro, na Armação do Pântano do Sul, no mês de fevereiro, acendeu o sinal amarelo para a preservação da espécie na Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis. Segundo a equipe do Projeto Lontras, nove lontras foram encontradas mortas nos últimos três anos.
“Temos vários casos de lontras mortas em covas, mas também existem registros de atropelamentos e de até envenenamento. Aqui no Sul da Ilha temos uma rodovia que corta um parque estadual e não existem passagens de fauna, por onde os animais poderiam cruzar a estrada em segurança”, lamentou o gerente de projeto e pesquisa do Projeto Lontras, oceanógrafo Oldemar Carvalho Júnior.
Neste último caso, as lontras (adulto e filhote) foram encontradas em covas de pescador, que é um tipo de armadilha. Segundo o gerente de projeto e pesquisa, não há registro de ataques de lontras ao ser humano.
“É importante alertar a população para a utilização deste tipo de equipamento pesqueiro em locais como este, que são corredores ecológicos e de passagens dos mustelídeos. Além disso, a espécie está na lista de animais ameaçados de extinção”, explicou a presidente do Instituto Ekko Brasil, Alessandra Bez Birolo.
O projeto encaminhou uma denúncia ao Ministério Público de Santa Catarina sobre as mortes desses animais.
A dieta de peixes das lontras corresponde a 70% da alimentação - Marco Santiago/ND
Saiba mais
As lontras são da família das ariranhas, das iraras e dos furões;
São mamíferos e tem em média um filhote por vez;
A gestação dura 70 dias;
Começam a reprodução a partir dos três anos;
Vivem 10 anos em média na natureza;
Conseguem ficar submersa por quase um minuto;
Pesam em média de oito quilos a 11 quilos.
Fonte: Projeto Lontras
(Do https://ndonline.com.br/)
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