terça-feira, 7 de março de 2017

A HISTÓRIA DENTRO D'ÁGUA - 1

Mapa da Ilha de Santa Catarina, com o canal e a terra firme. 1777. Por José Custódio de Sá e Faria (1710-1792).

A história dentro d’água (1): a ilha cobiçada

Sambaqui e Santo Antônio são dois lugares muito antigos.

Os primeiros humanos a habitar a região foram os sambaquianos, que nos legaram os sambaquis ou “casqueiros”, erguidos há cerca de quatro mil anos ou mais.

Durante muito tempo, desde a chegada dos europeus, os “casqueiros” foram usados na produção da cal para as construções. Por esse motivo, muitos sambaquis de Sambaqui e região desapareceram.

Os índios Guarani ou Carijó estavam por aqui na chegada dos primeiros europeus a partir do século 16, aproveitando a abundância de recursos: a água, a caça, a pesca, os frutos e as raízes.

Plano General de la Ysla, y Puerto de Santa Cathalina, situada à los 27 grados y 23 minutos de latitud Austral, sobre la Costa de Brasil que compreende la parte de Tierra firme de su frente con sus Feligresias, Playas, Rios, y Sondeos de sus Puertos. Escala em varas e léguas. Datado de 3 de março de 1778. Acervo: España. Ministerio de Defensa. Instituto de Historia y Cultura Militar. Archivo General Militar de Madrid. – Date: 1778.

Aguada
Segundo mapas do século 18, Sambaqui era conhecido como Aguada, onde os navios em trânsito se abasteciam. Junto a esse manancial, foi morar o sargento-mor Manoel Manso de Avelar. Ali, o navegante francês Amedée François Frézier o encontrou, em 1712. A praia da Aguada, depois do Toló, se tornou conhecida por Calha d’Água, observa o historiador Sérgio Luiz Ferreira.

Detalhe do mapa acima.

Santo Antônio abrigou, por volta de 1698, um grupo de famílias sob as ordens do Padre Matheus de Leão, escolhendo como sítio a atual Barreira. As casas permaneciam longe das vistas de quem transitasse pela Baía Norte, abrigada pelos morros. O ocorrido com Dias Velho deixara todos com as barbas de molho. O acesso à Barreira podia se dar pelo rio Veríssimo, cuja barra no estuário do rio Ratones é discreta, chegando até a altura do Cesusc.

Em 1712, já estava na região o português Manoel Manso de Avelar, residente na Ponta do Sambaqui, próximo à Aguada. Ele se ocupava com o comércio voltado aos navegadores. Personagem controverso, foi Manso de Avelar quem preparou Desterro/Florianópolis para a emancipação de Laguna, em 1726.

Mais tarde, quando foram erguidas as fortalezas e ampliado o número de moradores com a chegada dos imigrantes açorianos (1748-1756), toda a orla e as áreas interiores começaram a ser ocupadas.

Foto: Celso Martins.

O porto
A partir de meados do século 19, passou a ser muito conhecido o “ancoradouro de Sambaqui”, depois “porto de Sambaqui”, por onde transitaram as principais embarcações civis e da Marinha de Guerra, quase todas com histórico de participação nas guerras do Prata e do Paraguai. A área cresceu em importância e chegaram a falar em instalações portuárias na foz do rio Ratones, servidas por uma ferrovia.

*Contribuição
Os textos que integram a série foram encaminhados ao historiador Sérgio Luiz Ferreira, que acrescentou momentos importantes a serem lembrados: “As atividades do posto da alfândega. O transporte de lenha e gêneros alimentícios para a cidade. As pescarias de espinhel. As retretas que as bandas dos navios faziam na ponta de Sambaqui. As lembranças sobre o Almirante Alexandrino. As procissões de Nossa Senhora dos Navegantes. As candeias no mar….. Tanta história dentro d’agua! O que tu achas de rechear esse livro com essas memórias do moradores de Sambaqui?”

(Publicado originalmente no www.http://daquinarede.com.br/)

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