quinta-feira, 30 de junho de 2016

MAR DE RIMBAUD


MARINHA

As carroças de prata e cobre —
As proas de aço e prata —
Espancam espumas, —
Singram ramos de sarças.
As correntezas do pântano,
E os rastros imensos do refluxo,
Fluem em círculos rumo a leste,
Rumo aos pilares da floresta, —
Rumo aos troncos do cais,
Cujo ângulo é ferido por turbilhões de luz.

( Arthur Rimbaud)
Em "Iluminuras (Gravuras Coloridas)"
Editora Iluminuras
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça

NO ESPÍRITO SANTO!

Foto Marcelo Prest - G Z
Justiça decide suspender todas as cobranças de taxa de marinha

por Vilmara Fernandes | vfernandes@redegazeta.com.br

A decisão afeta todos os proprietários que possuem imóveis localizados em áreas da União

Bairro Praia da Costa é onde há uma grande concentração de terrenos de MarinhaA Justiça Federal decidiu, no final da tarde desta quarta-feira (29), tornar nula a demarcação das áreas de marinha em todo o Espírito Santo. A decisão afeta todos os proprietários que possuem imóveis localizados em áreas da União. Além disso, determinou ainda que as cobranças - foro, taxa de ocupação e laudêmio - sejam suspensas.
A mesma decisão torna nulo ainda todos os contratos, chamados enfitêuticos, assinados com os proprietários e a União, além das averbações de terrenos de marinha feitas em cartório, assim como os registros imobiliários feitos junto à Secretaria de Patrimônio da União (SPU).
A sentença foi assinada pelo juiz federal Aylton Bonomo Júnior. Nossa equipe ainda não obteve um retorno da direção da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), no Estado, sobre o assunto. 

(http://www.gazetaonline.com.br/_conteudo/2016/06/noticias/cidades/3953581-justica-decide-suspender-todas-as-cobrancas-de-taxa-de-marinha.html)

TAINHAS EM FESTA!


Em Porto Belo - De 8 a 10 de julho!

MAR DE BALEIAS

Título impreciso leva a crer que santuário de baleias foi aprovado

MMA se adianta sobre santuário de baleias
Santuário de baleias do Atlântico Sul ainda está longe de ser aprovado


O Ministério do Meio Ambiente divulgou uma imprecisa nota à imprensa, em 24 de junho de 2016, sobre a criação de um santuário de baleias em águas internacionais. De acordo com a texto “o Ministério do Meio Ambiente registra com satisfação a aprovação da proposta de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul e seu plano de manejo sustentável pelo Comitê Científico da Comissão Internacional da Baleia (CIB), que concluiu nesta semana seu encontro anual.”

O título da nota do MMA,”Comitê Científico Aprova Santuário de Baleias”, induz o leitor a crer que o santuário foi finalmente aprovado, o que não é verdade. Atualmente existem dois santuários de baleias, o Santuário do Oceano Índico, criado em 1979, e o Santuário Meridional ao redor da Antártica, criado em 1994.

Santuário defendido pelo Brasil é barrado por Noruega e Islândia

Há tempos o Brasil defende a criação de um novo santuário, desta vez no do Atlântico Sul, constantemente barrado na CIB, Comissão Internacional da Baleia, pelos países que ainda caçam o cetáceo, Noruega e Islândia, cujos votos são acompanhados por países africanos de menor expressão, vendidos a custa de acordos comerciais favoráveis tanto da Noruega, como da Islândia.

A nota do Ministério do Meio Ambiente explica que “o Brasil vem defendendo desde 2000, quando o ministro Sarney Filho estava à frente da pasta de Meio Ambiente, a criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul (South Atlantic Whale Sanctuary – SAWS), no âmbito da Comissão Internacional da Baleia – CIB. Esta iniciativa insere-se no contexto da crescente preocupação com os oceanos e a biodiversidade marinha, em vista da superexploração e da poluição em suas diversas formas.”
Santuário de baleias do Atlântico Sul é defendido pelo Brasil, Argentina, Uruguai, África do Sul e Gabão

Mais adiante, explica o MMA “a proposta de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul, na sua versão atual, é copatrocinada por Brasil, Argentina, Uruguai, África do Sul e Gabão.” Infelizmente, todos são países periféricos, sem força no concerto das nações.
Plano de manejo aprovado

O que foi aprovado agora, é o plano de manejo. A nota do MMA explica: “em 2015, o Comitê Científico da CIB fez uma série de demandas para nova submissão da proposta, incluindo a formulação de um plano de manejo para o Santuário. O Brasil efetuou a atualização da proposta e a elaboração do plano de manejo, que contou também com a colaboração de cientistas dos países copatrocinadores.

Tarefa difícil, depende do empenho do Itamaraty

De acordo com o especialista José Truda Palazzo Jr., a grande questão é convencer os países contrários, além dos já citados, Rússia e Coréia do Sul também são contrários. E para mudar esta situação só será possível com empenho sério e decidido do Itamaraty o que, até hoje, ainda não aconteceu. Saiba mais sobre o Japão e a caça as baleias.

SARAGAÇO VEM AÍ!


Mais de 200 pescadores de tainha vão participar de competição

Pra comemorar safra histórica da tainha, artesanais revivem confraternização das antigas e criam competição entre eles. Gincana, chamada de Saragaço, vai reunir artesanais de 15 ranchos de pesca

Imagine a festança que um grupo de mais de 10 pescadores artesanais faz quando avista um cardume de tainha ressolhando (fervendo no mar). Agora, multiplique esse furdunço por 15. Pronto, já vai ter ideia do que será o 1º Saragaço, um festão de confraternização entre os integrantes de ranchos de pesca de tainha de Bombinhas, que acontece no próximo sábado.

O evento vai ser aberto à comunidade. A ideia, explica Telma Mafra, 26 anos, do instituto cultural Camugerê, é reeditar o que se fazia há 20 anos, quando em todo final da safra da tainha os pescadores se reuniam para uma grande confraternização. Pra deixar a coisa mais agitada, os grupos vão competir entre si.
A gincana, explica Telma, vai botar à prova as habilidades dos pescadores. “As provas vão envolver as habilidades da pesca da tainha e destacar as figuras dessa pesca, como o patrão da canoa e os remeiro”, exemplifica. Disputas do melhor tarrafeador, do mais rápido descamador, de quem traz a boia da rede mais rápido para a praia, entre outros, estarão entre as provas da gincana.
O povão, além de torcer pelos ranchos, vai poder curtir tainha assada na brasa e pirão d’água e curtir shows musicais, além de apresentações culturais, como boi-de-mamão e dança da quadrillha.
Além dos ranchos de pesca de Bombinhas, participarão do Saragaço pescadores do estaleirinho, de Balneário Camboriú, e um grupo de Floripa ainda tá pra confirmar se vem. Algo perto de 230 artesanais participarão das disputas.
O evento acontecerá no Portinho, que fica no costão direito da praia de Bombinhas. Começa às 9h da matina, entra pela tarde toda e vara à noite. A entrada é digrátis. O povão só paga o que comer ou beber.

Só tem a comemorar
Telma é filha, irmã e prima de pescadores artesanais. Ela não lembra de uma safra tão grande de tainha como a deste ano. Num mesmo dia, chegaram a ocorrer arrastos de mais de 40 mil peixes. Foi isso, segundo ela, que animou o povo a organizar o Saragaço.
O que Telma e os amigos não imaginavam, é que a coisa ia crescer tanto. “Pensamos em reunir o pessoal para confraternizar e tomou uma proporção que a gente não imaginava”, conta. 
É que o pessoal dos ranchos se animou tanto, que começou a fazer vídeos e postar no Facebook provocando os concorrentes.
Ah! E o que significa saragaço? “É o alvoroço que se dá na praia quando os ‘vigias’ enxergam um cardume de tainha”, explica o jornalista Nilson Coelho, do movimento Unido por Bombinhas, que junto com o instituto Camugerê organiza o evento.

(Do http://www.diarinho.com.br/)

quarta-feira, 29 de junho de 2016

NÃO PODE PESCAR!

 VITÓRIA PARA A CONSERVAÇÃO!

A Justiça Federal acaba de restabelecer a lista nacional de peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção! A Portaria MMA n° 445 de 2014, que estava suspensa por liminar há mais de um ano, está novamente em vigor. Com isso, as 475 espécies ameaçadas listadas passam a ter a proteção legal necessária, o que é o primeiro passo para a sua recuperação!
Parabéns a todos e a cada um de vocês que aderiram a essa campanha e assinaram a petição!

Parabéns também a todos os parceiros nessa campanha: Brazilian Activists for Whales and Dolphins; Conselho Pastoral dos Pescadores; Conservação International; Coral Vivo; Democratas Ambientalistas; Divers for Sharks; Instituto Augusto Carneiro; Instituto Baleia Jubarte; Instituto Curicaca; Instituto Mara Mar; Instituto de Pesquisas Ecológicas; Movimento Ambientalista Os Verdes do RS; Movimento de Pescadores e Pescadoras; Oceana; Projeto Albatroz; Rare; Rede Mosaicos de Áreas Protegidas; Rema Brasil; SOS Mata Atlântica; Sociedade Brasileira de Carcinologia; Sociedade Brasileira de Ictiologia; Sociedade Brasileira para o Estudo de Elasmobrânquios.

Conheça a sentença da juiza Liviane Kelly Soares Vasconcelos da 9ª Vara Federal do DF no link:
Conheça a Portaria 445 na integra:

MAR DE BALEIAS

Distância entre as embarcações e os animais é um dos pontos a ser esclarecido no plano
Foto: Charles Guerra / Agencia RBS
ONG solicita esclarecimentos sobre plano de fiscalização de observação de baleias em barcos
Por
LARIANE CAGNINI

O Instituto Sea Shepherd, autor da denúncia que suspendeu a prática do turismo embarcado de observação de baleias desde 2012, solicitou à justiça esclarecimentos sobre o plano de fiscalização. Esse plano foi uma das exigências feitas pela Justiça federal ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),para que a prática seja retomada. Até o momento, o juiz Timóteo Rafael Piangers, da 1ª Vara Federal de Laguna, ainda não emitiu a sentença sobre o caso, e o turismo embarcado continua suspenso em Imbituba, Garopaba e Laguna.

Protocolado às 18h11min do dia 21 deste mês, data final do prazo de resposta disponibilizado pela justiça, o documento de sete páginas trouxe questionamentos em quatro pontos. A ONG quer esclarecimentos sobre informações contraditórias sobre a presença de fiscais nas embarcações, relatando que "se faz imprescindível o esclarecimento pelo réu ICMBio de qual entendimento prevalecerá, se será ou não obrigatória a presença de monitor/fiscal em cada embarcação, diante da diferença que tal situação acarreta para fins de fiscalização da atividade, haja vista que há registro de turistas colocando os pés nas baleias [...]".

O deslocamento fortuito dos barcos e velocidade de tráfego também foram questionados. O Sea Sheperd quer saber qual será o plano para evitar a aproximação dos barcos conforme vento e maré, para que sejam cumpridas as regras da Portaria 117/96 do IBAMA (100 metros para motor ligado e 50 m para equipamento desligado).

Por último, a ONG quer saber como será feita a contratação de fiscais para realizar o acompanhamento. Segundo eles, em outras oportunidades o próprio ICMBio relatou falta de recursos para concluir o Plano de Manejo, entre outras iniciativas. Por isso, eles solicitam um plano factível a respeito da contratação de pessoal, visto que o Instituto ¿não tem condições de ampliar seu quadro funcional e nem verbas disponíveis para dar continuidade ao Plano de Manejo conforme cronograma¿.


2012
No final daquela temporada, o Instituto SeaShepherd protocolou denúncia contra o turismo de observação de baleias. A juíza responsável pelo caso, Daniela Tocchetto Cavalheiro, entendeu que existiam falhas de gestão e proibiu esse tipo de turismo em Garopaba, Imbituba e Laguna.l Para reverter a decisão foi exigido estudo de impacto ambiental. O ICMBio, responsável pela proteção da baleia-franca, declarou que o levantamento levaria pelo menos quatro anos.
2013 
A APA tentou reverter a decisão, mas a medida foi analisada duas vezes no Tribunal Regional Federal (TRF) em 2013 e a decisão de suspensão foi mantida.
2014
Em maio, a primeira audiência de conciliação reuniu ICMBio, Marinha do Brasil, Polícia Ambiental, Sea Shepherd e Ministério Público.
2015
Em dezembro, o juiz Rafael Selau Carmona, da 1ª Vara Federal de Laguna, sentenciou que o turismo poderia ser retomado mediante a elaboração e implementação de plano de fiscalização que contemple a inspeção in loco e ostensiva das atividades nas embarcações durante as saídas.
2016
Em maio, o ICMBio concluiu o Plano de Normatização, Fiscalização e Controle da Atividade de Turismo Embarcado de Baleias (Tobe). O material foi analisado pelas operadoras de turismo, prefeituras, órgãos ambientais e demais envolvidos, e protocolado em Porto Alegre no dia 17/5 e em Laguna no dia 24. O Sea Shepherd foi intimado no dia 28 de maio e tinha até o dia 21 de junho para se manifestar sobre o plano.
(Do www.clicrbs.com.br)

terça-feira, 28 de junho de 2016

PESCA ILEGAL

Foto: Dong-A Ilbo/AFP/Getty Images
Guarda Costeira argentina afundou pesqueiro ilegal

Vinte e cinco países declaram guerra à pesca ilegal

Por ano os navios de pesca ilegal capturam até 26 toneladas de peixes, no valor de US 23 bilhões de dólares. Isso não só priva os pescadores legítimos de sua captura, como dizima os estoques. O único ponto comum entre os pescadores legítimos, e os ilegais, é a sua dependência dos portos de desembarque. Se determinado porto está interditado, os ilegais escolhem outro e assim continuam com sua prática desleal. Agora, um novo tratado liderado pela FAO pretende encerrar esta prática. Batizado de Port State Measures Agreement (PSMA), o tratado entrou em vigor em 5 de junho e autoriza os países signatários a inspecionar, e proibir navios suspeitos de atracarem.

Ainda em março a Guarda Costeira argentina bombardeou e afundou um navio chinês, alegando que este pescava em água territoriais. O incidente mostrou o nível de tensão que atinge a pesca ilegal. Fatos semelhantes vem acontecendo em todo o mundo. Com o tratado que entrou em vigor os países agora têm o direito de interceptarem navios suspeitos.
25 países signatários

Ao longo dos últimos anos este tratado careceu de membros suficiente para se tornar oficial. Mas agora, com a adesão de Gâmbia, Sudão, Tailândia e Tonga, além dos Estados Unidos e União Européia, ele atinge 25 membros, quantidade suficiente para entrar em vigor no âmbito da ONU. Antes era caro e difícil controlar os barcos piratas em alto-mar. Agora, com a possibilidade de revistar os suspeitos, e proibir sua entrada em vários portos mundo afora, a tarefa ficou mais fácil.

Lori Curtis, da FAO, diz que o tratado

É novo na medida em que tem como alvo a porta de entrada do pescado. Ele atinge pescadores ilegais, concentrando-se no elemento que eles têm que usar para trazer as suas capturas ao mercado: os portos
De acordo com Tony Long, diretor do projeto de pesca ilegal da Pew Charitable Trust o tratado
aperta a rede em torno da atividade.

Único tratado internacional contra a pesca ilegal

Longo acrescenta que este é o único tratado internacional que aborda a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada. A partir de agora qualquer navio pesqueiro terá que pedir autorização para entrar em um porto, declarando as capturas a bordo. Os países membros do tratado passam a ter a obrigação de avisar aos outros sobre todo e qualquer navio suspeito, fechando coordenadamente, os portos para eles.
Na África um, em cada quatro peixes capturados, é roubado por pescadores ilegais

O tratado não é inteiramente novo. No sudoeste da África um grupo de oito países costeiros se uniu para criar o FISH- I África. Os membros do grupo controlam os barcos suspeitos, e trocam informações em tempo real. Isso aconteceu porque um, em cada quatro peixes capturados, é roubado por pescadores ilegais. Desde que foi formada, em 2012, a rede africana proibiu um grande número de barco ilegais de atracarem em seus portos. A esperança é que a nova rede PSMA se expanda baseada no sucesso africano.

Com grandes mercados envolvidos, como a União Européia, os estados signatário vão se sentir obrigados a controlar, e se envolver no projeto. Segundo Longo

os varejistas e fornecedores estão agora mais interessados ​​na proveniência dos seus peixes

(Do http://marsemfim.com.br/guerra-a-pesca-ilegal/)

domingo, 26 de junho de 2016

MANEMÓRIAS

Praia do Rita Maria, inicio do século XX. Baia Sul, Centro da Ilha de Santa Catarina. Área hoje aterrada próximo a rodoviária da Capital. As casas ao fundo ainda existem.

(Via Seo Maneca)

NA PRAIA...

Fotos Fernando Alexandre
 
São João do fim-de-semana, entre barcos e mares!

sexta-feira, 24 de junho de 2016

SAI A TAINHA, ENTRA A ANCHOVA!

Informações do Silézio Sabino
Na praia do Ouvidor, em Garopaba, o cerco hoje foi de anchovas -  3.500 !




E A TAINHA VIROU SARAU!


O Sarau da Tainha está quase completando um ano de vida! Ao longo desses meses foram feitos vários registros que mostram um pouquinho de toda essa energia positiva. No início o projeto era realidade para quatro pessoas, hoje é para muitas e amanhã esperamos que seja de todos!

É com muito amor que hoje lançamos esse vídeo como forma de agradecimento ao universo que conspira para que os caminhos se encontrem! O Sarau da Tainha é realidade!

AMEAÇADA!

Foto: Acervo Observatório da Pesca
Estudo mostra a fragilidade do estoque de miragaia na Lagoa dos Patos

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Postado por Ricardo Camilo
A miragaia (Pogonias cromis) é uma espécie estuarino-dependente, ameaçada de extinção devido à sobre explotação. Os juvenis, chamados de burriquetes, possuem preferência por águas estuarinas, enquanto os adultos têm preferência por águas costeiras. 
Na época de desova, há um aumento temporário na abundância desta espécie nas zonas estuarinas.
 Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) analisaram os dados de desembarque da pesca artesanal no estuário da Lagoa dos Patos. Segundo os resultados do estudo, a população de miraguaias, devido às suas características biológicas, está sendo explotada tanto na fase juvenil como adulta, o que pode comprometer a recuperação do estoque desta espécie que historicamente apresenta um declínio populacional.

Entre agosto de 2013 e julho de 2014, os pesquisadores acompanharam semanalmente os desembarques da frota artesanal em cinco comunidades distribuídas nos municípios de Rio Grande (Barra, Mercado Público, Bosque, Torotama) e Pelotas (Colônia Z3). 
Durante esse período um total de 579 viagens de pesca foram registradas, relacionadas a 11 artes de pesca distintas. No total 109 pescadores foram entrevistados. A miraguaia esteve presente em 36% dos desembarques controlados, associada a seis artes de pesca diferentes, totalizando 3.674 kg. O emalhe de fundo e de cerco foram as artes de pesca com maior número e quantidade desembarcada em todas as comunidades amostradas, responsáveis por 91,78% dos desembarques (61,83 e 29,95%, respectivamente). As outras artes de pesca tiveram capturas ocasionais.

Leia o artigo completo clicando aqui.

http://www.observasc.net.br/

quinta-feira, 23 de junho de 2016

O SEXO DAS GAROUPAS

Foto cretaquarium.com
Você conhece a garoupa-verdadeira?

A garoupa-verdadeira, “Epinephelus marginatus”, pode ser encontrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Esses animais podem crescer até 1,4m de comprimento, atingir 60 kg de peso e viver mais de 40 anos de idade1. 
As fêmeas levam até cinco anos para atingir sua maturidade sexual e, entre 9 e 16 anos mudam seu sexo, deixando de ser fêmeas e passando a ser machos1. Incrível, não?! 

Essa reversão sexual depende da estrutura populacional da espécie no local onde vivem e algumas fêmeas podem nunca chegar a mudar de sexo, mas quando acontece, é irreversível e o macho nunca volta a ser uma fêmea2. Quando adultas, as garoupas-verdadeiras são solitárias e territorialistas, ocupando e defendendo ativamente seu espaço nos recifes. São muito capturadas pela pesca artesanal devido à sua distribuição espacial mais costeira, à qualidade de sua carne e ao seu grande porte corporal. A garoupa é capturada mais frequentemente com linha de mão e arpão.

A espécie foi categorizada como Vulnerável na última avaliação do estado de conservação coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e consta da Portaria 445/2014 do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que define a Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção. No entanto, desde junho de 2015 essa Lista foi suspensa por liminar federal. É imprescindível revertermos essa situação e restabelecer os efeitos da Lista para que essa e outras espécies recebam a devida proteção.

Nossas espécies ameaçadas de extinção estão desprotegidas. Assine a petição!!! https://goo.gl/Zg44vb

OSTRAS E MARISCOS

Foto Diorgenes Pandini / Agencia RBS

Governo de Santa Catarina libera duas áreas de cultivo de moluscos
Outras 21 áreas monitoradas pelo Estado continuam interditadas

por leonardo gorges

A Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca liberou no fim da tarde desta quarta-feira a extração e venda de ostras, mariscos, berbigões e vieiras em duas das 23 áreas de produção no litoral catarinense. Após quatro semanas de interdição, os maricultores da Enseada do Brito e da Barra do Aririú, ambas em Palhoça, já podem voltar a comercializar os moluscos. Nas outras 21 áreas produtoras do Estado, continua a proibição. A expectativa é de que novas liberações aconteçam nos próximos dias.

A interdição é por causa da presença em grande número da alga Dinophysis. Como os moluscos são seres filtradores, eles acabam por produzir uma toxina diarreica, que pode causar intoxicação alimentar horas após o consumo. De acordo com o secretário-adjunto da Agricultura e Pesca, Airton Spies, a tendência é que as liberações ocorram em áreas do litoral no sentido sul-norte. Dessa forma, portanto, é provável que áreas próximas do Paraná demorem mais tempo para voltar a vender os frutos do mar.

— Estamos fazendo o possível para que o tempo de interdição seja o mínimo necessário. Mas é bom lembrar que o maricultor não perde a ostra ou marisco. Assim que diluir a presença da alga, ele pode voltar a coletar os moluscos — afirma Spies.
Maricultores estão preocupados com a imagem do produto, arranhada pelas proibições
Foto Marco Favero / Agência RBS

Esta é quarta interdição na produção dos moluscos no litoral catarinense nos últimos 10 anos. As outras ocorreram em 2007, 2008 e 2014. Mas nenhuma delas durou tanto tempo e causou tantos prejuízos. Segundo o presidente da Federação das Empresas de Aquicultura de Santa Catarina (Feaq), as perdas alcançam chegam a R$ 6 milhões.

Reuniões no Centro Administrativo

A tarde foi de reuniões para discutir o assunto no Centro Administrativo. Na primeira delas, técnicos da Cidasc e oceanógrafos da laboratório Lacqua, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), recomendaram a liberação das duas áreas em Palhoça. Logo em seguida, o secretário-adjunto Spies recebeu representantes do setor, que pediam a liberação da produção de ostras em mais lugares.

— Saímos muito preocupados com o futuro do setor e desgostosos com essa decisão do governo — afirma Brognoli, que produz ostras há 16 anos na Fazenda Atlântico Sul, no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis.

O governo contesta os questionamentos dos produtores e afirma que as liberações ocorrem após testes com animais em laboratório. Camundongos de são alimentados com mariscos das diferentes áreas produtoras. Quando dois de três ratos morrem, o cultivo é interditado. Para a liberação, são necessárias duas análises positivas consecutivas. As amostras são coletadas quinzenalmente.

— A interdição é importante para proteger a saúde do consumidor e do próprio maricultor. Precisamos manter a reputação de que a maricultura de Santa Catarina é segura. Os consumidores podem estar certos que o produto vai estar muito saudável — diz Spies.

O secretário-adjunto disse ainda que o governo criou um grupo de trabalho para analisar futuras compensações financeiras aos produtores em caso de novas interdições. Umas das opções é uma espécie de seguro-defeso, pago a pescadores nas épocas de reprodução dos peixes. 

Restaurantes optam por pratos diferentes

Enquanto o consumo não é liberado por completo no Estado, os restaurantes especializados em frutos do mar sofrem as consequências. Proprietário do Ostradamus, no Ribeirão da Ilha, Jaime Barcelos conta que houve uma pequena queda no movimento na primeira semana de interdição, mas se estabilizou.

— Tivemos que usar a criatividade para driblar o momento, que já era de crise. Notamos que a maioria das pessoas que ia ao restaurante estava desinformada. Com isso, passamos a oferecer principalmente camarão, lula e polvo — conta Barcelos.
Ostras e mariscos devem voltar à mesa dos catarinenses nas próximas semanas
Foto Charles Guerra / Agencia RBS

O empresário relata que a preocupação maior é com o futuro, já que leva tempo até as pessoas se conscientizarem de que o produto é seguro. A opinião é a mesma do produtor Fábio Brognoli:

— Quando retomar a venda, vai ter problema até voltar ao pico do consumo. Não é só o que deixou de vender. É todo mal que que está fazendo à imagem do produto — diz Brognoli.

Entenda o problema

A proibição da extração, venda e consumo dos moluscos em todo o litoral catarinense foi determinada em 26 de maio. A explicação é a presença em grande número da alga Dinophysis, que pode causar intoxicação alimentar. Segundo o oceanógrafo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Leonardo Rörig, houve um desequilíbrio do ecossistema marinho.

Ele explica que a água do litoral catarinense está carregada de muitos nutrientes, como fósforo e nitrogênio, vindos tanto da Bacia do Rio da Prata quanto da Lagoa dos Patos. Isso facilita a proliferação de algas nocivas, fenômeno popularmente conhecido como maré vermelha (embora nem sempre haja mudança na coloração da água). Aliado a isso, as correntes marítimas estavam fracas e a água circulou pouco nas baías litorâneas, dificultando a dissipação dos microrganismos.

Dessa forma, os moluscos acabaram filtrando as algas e produzindo uma toxina que pode causar diarreia, náusea e vômito em caso de consumo humano. Rörig acredita que o fenômeno desse ano pode ter sido causado por questões meteorológicas.

— No ano passado, mal tivemos inverno por causa do El Niño, enquanto neste ano o frio veio forte e cedo. Isso pode ter interferido na ecologia da água e favorecido a proliferação desses organismos tóxicos — diz.

Maior produtor do país

Segundo dados de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 98% da produção nacional de mexilhões, vieiras e ostras saem de Santa Catarina.Palhoça, na Grande Florianópolis, é o destaque, com 60,8% da produção estadual e 59,6% da nacional. Outras oito cidades catarinenses apareceram no ranking das 10 com a maior produção do país.

(Do http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br/)

quarta-feira, 22 de junho de 2016

UTO PIA!

Topei nessa utopia
Tá topada
No tato
Ou na porrada!
(Fernando Alexandre)


TAINHA - "ENREDADOS" VÃO À JUSTIÇA!

Foto Diorgenes Pandini / Agencia RBS

Armadores catarinenses vão pedir licenças de tainha na Justiça
Reavaliação dos pedidos não ocorreu conforme o acordado em Brasília

Terminou na segunda-feira o prazo de 72 horas dado por técnicos do Ministério do Meio Ambiente para reavaliação dos pedidos de licença de tainha, sem resposta. Os armadores resolveram contestar os laudos que indeferiram as autorizações na Justiça, em ações individuais e coletivas.

Apenas três traineiras – embarcações usadas para capturar o pescado – receberam autorização para pescar no Estado. 

O impasse é resultado de uma série de fatores que passa pela desorganização do governo federal, inclui as preocupações ambientais relacionadas à captura dos cardumes e chega à crise moral vivida pelo setor pesqueiro catarinense desde que a Polícia Federal deflagrou no ano passado a Operação Enredados. A ação resultou em 90 indiciamentos por emissão ilegal de licenças de pesca em SC e no Rio Grande do Sul. Estima-se que o dano ambiental tenha alcançado R$ 5 bilhões. Em 2015, foram 50 licenças emitidas e, em 2014, 60.

Os armadores falam em prejuízo de R$ 60 milhões, contando os investimentos que fizeram nos barcos que não puderam ainda operar — no ano passado, a safra industrial faturou R$ 32 milhões em SC. Além da perda direta, a inoperância da pesca industrial impacta na exportação das ovas, que são o produto mais valorizado da tainha. Sem estoque excedente, a empresa Bottarga Gold, em Itajaí, que produz o ¿caviar brasileiro¿, precisou abrir mão dos planos de turbinar a exportação para Europa e Ásia.

A Frente Parlamentar Catarinense, liderada pelo senador Dalírio Beber (PSDB), tem feito a ponte entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente (MMA) para a liberação de licenças. Na semana passada colocaram frente a frente armadores, pescadores e técnicos da pasta. Os empresários saíram esperançosos da reunião, com a promessa de que os critérios seriam avaliados o mais rápido possível.

(Da Dagmara Spatzer no http://osoldiario.clicrbs.com.br/)

terça-feira, 21 de junho de 2016

AS CORES DO OUTONO

Foto Fernando Alexandre
No último dia, todas as cores do outono!

DE OLHO NO PEIXE!

Foto Silézio Sabino
Em Caiobá, litoral do Paraná, os vigias continuam de olho nas tainhas!

E MUITA GENTE QUERIA...

Praia do Vai-Quem-Quer, Baia Sul no Centro da Ilha de Santa Catarina na década de 20, atualmente aterrada. À direita vemos parte da ala Sul do Mercado Público Municipal, a ala Norte ainda não existia.
(Via Seo Maneca)

MAR DE CARANGUEJOS


Cientista diz ter nadado por centenas de metros sobre os caranguejos sem atingir o fim da horda

Horda de caranguejos gigantes cobre o fundo do mar na Austrália

Por BBC

Animais foram vistos no fundo do oceano em Melbourne quando faziam sua migração anual para a costa sul do país

Uma horda de caranguejos gigantes foi avistada no fundo do oceano em Melbourne, na Austrália, conforme centenas de milhares desses animais faziam sua migração anual para a costa sul do país.
A cientista Sheree Marris registrou a população massiva da espécie reunida na Baía de Port Phillip e divulgou as imagens para conscientizar sobre a grande variedade de vida marinha que existe nas águas da região australiana.

"Quem pensaria que algo assim, tão espetacular, poderia estar ocorrendo na costa sul da Austrália", disse ela.

A razão exata para esse comportamento não é conhecida, mas pesquisadores especulam que provavelmente está relacionado ao processo de troca de carapaça pelos caranguejos.
Sheree Marris quer conscientizar sobre a variedade de vida marinha na costa sul da Austrália

Caranguejos fazem isso quando crescem até o limite de sua atual carapaça e, então, se livram dela para gerar uma nova e continuar a se desenvolver.

Neste momento, ficam vulneráveis a predadores, como arraias e biguás, um tipo de ave. Ao reunirem-se em grandes números, ficariam mais protegidos de ataques.

"As pessoas pensam que a Baía de Port Phillip é um cemitério marinho, mas é um local único e realmente incrível", diz Marris
.
Cientistas estão observando e analisando os caranguejos para entender seu comportamento

segunda-feira, 20 de junho de 2016

INVERNO COMEÇA ÀS 19,34 HORAS


Apesar da amostra de frio intenso que tivemos em outono, o inverno no hemisfério Sul começa oficialmente na próxima segunda-feira, no dia 20 de junho, às 19h34min (horário de Brasília). A data e o horário do início e do fim das estações do ano é um cálculo matemático e é determinada pelos astrônomos, não pelos meteorologistas. Nesse dia e horário o hemisfério Sul passa pelo solstício de inverno, com noites mais longas e menor incidência de luz solar neste hemisfério, como mostra a Figura.



TAINHAS DE LÁ!

Um pouco de Tainhas dos Pescadores de Maresias - Litoral Norte de São Paulo!

domingo, 19 de junho de 2016

NA ESPERA E NA ESPREITA...



Na Lagoinha do Norte 

SEM SARDINHAS!


Começou o defeso!
De 15 de junho a 31 de julho!

TAINHA AMEAÇADA

Foto: Marco Favero / Agencia RBS

Pesquisador alerta para colapso na pesca da tainha em SC em até 15 anos

Enquanto a pesca industrial segue com problemas na liberações de licenças e demissões, tudo se encaminha para uma safra recorde de tainha artesanal em 2016 no litoral catarinense: até agora já foram capturadas 2,3 mil toneladas do peixe, e o período de pesca ainda não acabou. Os fatores climáticos, como o frio que chegou com tudo e o vento leste, foram essenciais. Só que as belas imagens da abundância dos lanços nas praias escondem uma situação preocupante. Desde 2001 existem indicadores que a população de tainha vem diminuindo no litoral sul do Brasil.

Quem afirma é o oceanógrafo Paulo Ricardo Schwingel, pesquisador do Grupo de Estudos Pesqueiros (GEP) da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). A pesca da tainha é muito mais delicada, pois se dá justamente durante o período de reprodução. Há mais de uma década, que a tainha capturada pela frota industrial de cerco é destinada à retirada de ovas, sendo que a carcaça do peixe é vendida no mercado interno. E os principais importadores das ovas são França, Grécia, Itália e Espanha e Taiwan. A queda nos lucros da sardinha também motivaram uma busca maioria pela tainha.

Um estudo feito pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) na Lagoa dos Patos, onde o animal se desenvolve, mostra que não está havendo um equilíbrio entre a remoção dos cardumes da natureza e a capacidade de regeneração da espécie.

De acordo com a Receita Federal (dados obtidos através do extinto Ministério de Pesca e Aquicultura), as exportações de ovas e moelas de tainha de 2007 a 2013 tiveram uma queda acentuada, passando de 600 t para 180 t anuais. A redução da população de juvenis na Lagoa dos Patos, junto a outros argumentos, levaram à classificação da espécie, conforme os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza, na categoria de "quase ameaçada".

No final da década de 1990, os governos gaúcho e Federal passaram a incentivar, no Porto do Rio Grande, obras de prolongamento dos molhes visando a movimentação de navios maiores e a instalação do polo naval. De acordo com o estudo, obras como estas reduzem a extensão e a permanência de águas salobras no complexo lagunar. Isso dificulta as larvas de tainha entrarem no estuário da Lagoa dos Patos para se desenvolverem. A consequência direta é o uso cada vez menor do estuário pelos peixes e a queda na captura da pesca.

— E a tendência é esse processo continuar. Se não houver um ordenamento da pesca, nós podemos levar, ao longo dos anos, a um colapso da pescaria. Obviamente que isso não acontece de um ano para o outro, mas ao longo de gerações. A tainha vive cinco anos na Lagoa dos Patos, depois vai para o mar desovar. Então, de duas ou a três gerações, ou seja, 10 a 15 anos, já podemos ter um resultado bem nocivo — alerta o doutor Schwingel.

O colapso a que o professor se refere está associado a dois fatores. O primeiro é o econômico, quando os rendimentos não compensam os custos da atividade pesqueira. O segundo é a sustentabilidade biológica. É quando a população da espécie não tem mais condições de se reestruturar. Caso isso aconteça, a única saída seria a moratória da pesca, que é a proibição total de pescar essa espécie.

Para que não seja necessária uma medida tão extrema como essa, existem algumas soluções possíveis, como períodos maiores de defeso, áreas de proteção, estipular cotas para embarcações e a criação em cativeiro, aquicultura. O professor explica que, no caso da pesca industrial, é mais fácil para o governo atuar. É o que está acontecendo. Na terça-feira (14), o Ministério da Agricultura liberou somente três embarcações catarinenses para fazer a pesca industrial. Mais de 40 tiveram o pedido negado. O motivo: pescar em área proibida.

Em Santa Catarina, a captura industrial só pode ocorrer a partir de 5 milhas da costa. A artesanal ocupa desde a praia até três milhas mar adentro. Com isto, os cardumes têm um corredor de proteção, por onde deveriam passar ilesos. As limitações foram impostas após um acordo com o Ministério Público Federal, numa tentativa de proteger a espécie.

Armadores de Itajaí, principal polo pesqueiro industrial do Estado, negam terem pescado em local proibido. O problema é que essas negativas levaram uma crise ao setor neste ano. O sindicato dos trabalhadores ainda não tem números oficiais, mas desde o início da semana os armadores estão dispensando tripulação. Pelo menos oito dos 50 empresários que atuam no cerco decidiram demitir.

Já o segmento da pesca artesanal tem uma fiscalização mais difícil. Os pescadores artesanais não tem controle de satélite em suas canoas, por exemplo. E a pesquisa é fraca. O presidente da Federação dos Pescadores Artesanais de SC, Ivo Silva, contesta os dados revelados pelo Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali.

— Na pesca artesanal nunca teve pesquisa, eles não fazem coleta de dados, a Federação que faz sozinha. E aí tomam medidas aleatoriamente. Nós queremos ser convidados para participar dessas pesquisas — reivindica o representante dos pescadores.

Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente tentam gestão conjunta

Os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente (MMA) prometem fortalecer a parceira para a gestão dos recursos pesqueiros. A pasta do Meio Ambiente admite falta de pesquisas na área. De acordo com o secretário interino de Biodiversidade e Florestas do MMA, Ugo Vercillo, o comitê criado vai se reunir novamente em agosto para aprofundar o debate sobre o Plano de Gestão da Tainha e as medidas de ordenamento para a safra de 2017. Qual a quantidade que poderá ser pescada, em que áreas e o número de embarcações aptas a capturar tainhas. Ugo sabe que o próprio Plano aponta a redução dos cardumes juvenis da espécie.

— Nesse cenário, a perspectiva é que tenhamos safras cada vez menores no futuro — admite.

Cultivo: a tainha o ano inteiro

Professor Vinícius Cerqueira mostra filhotes de tainha cultivados em cativeiro na Barra da Lagoa 
Foto: Betina Humeres / Agencia RBS

Uma das melhores saídas para esse possível colapso seria o cultivo em cativeiro. Na Ásia, as tainhas têm sido cultivadas há mais de 400 anos. Trata-se de uma espécie que se alimenta principalmente de microrganismos, tolera várias temperaturas e pode ser cultivada em água do mar, salobra ou doce. Além disso tem um rápido crescimento e poucas doenças relacionadas.

Aqui em Santa Catarina, o gerente do Cedap, o Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri, Fabiano Muller Silva, explica que o órgão tem se voltado na busca do cultivo.

— O nosso foco tem sido no suporte em projetos assistenciais e na aquicultura. É uma maneira de diminuir o esforço de pesca. A ideia é de que o peixe possa ser cultivado e vendido o ano todo. Ainda precisamos de pelo menos mais três anos em estudos para poder disponibilizar essa tecnologia aos aquiculturores — estima.

Na Barra da Lagoa, iniciou em 2014 um projeto da UFSC em parceria com a Epagri para a criação de peixes como tainha e robalo em cativeiro. O objetivo é transformar o peixe numa alternativa aos viveiros de camarão desativados no Sul do Estado a partir de 2005, após infestação com o vírus mancha-branca. Essa doença não ataca as tainhas, que poderiam facilmente ocupar os cerca de mil hectares de área alagada que estão ociosos.

Ano passado, foram cerca de 50 mil tainhas cultivadas nos tanques do laboratório. No entanto, os proprietários dessas fazendas ociosas acabaram não adquirindo os peixes, que foram para uma fazenda marinha no norte do Estado, e também para o Rio Grande do Norte. Conforme o professor Vinícius Cerqueira, coordenador do Laboratório de Psicultura Marinha da Universidade, esse ano, devido à extinção do Ministério da Pesca, os recursos prometidos para o projeto não vieram. Por isso hoje sobraram apenas 500 peixes lá, com único objetivo de pesquisa.

— Basta investimento para que, em pouco tempo, a atividade seja economicamente viável em toda Santa Catarina a um custo baixo para o consumidor — acredita. Seria tainha na mesa do catarinense de janeiro a dezembro.
Foto: PMF / Divulgação

(Do www.clicrbs.com.br)