quarta-feira, 13 de maio de 2015

TRIBUZANA NO PÂNTANO DO SUL


Mais de 20 pescadores e Bombeiros trabalharam para resgatar embarcação que afundou no Pântano do SulFoto: Betina Humeres / Agencia RBS

Vento Sul afunda embarcações no Pântano do Sul e Armação

Bombeiros e pescadores trabalharam no resgate dos barcos na manhã desta terça-feira


por Gabriela Wolff

O vento sul, velho conhecido dos pescadores da Ilha de Santa Catarina, geralmente é esperado por trazer as tainhas depois da calmaria. Mas na segunda-feira veio mais forte do que o comum, chegando a 90 km/h, e causou estragos em embarcações doPântano do Sul e Armação. Sem ter o que fazer diante das fortes rajadas de vento e chuva, restou aos pescadores assistirem de longe seus barcos afundarem.

Madrugada adentro os homens ficaram acordados no Pântano do Sul para tentar amenizar o prejuízo, e muito cedo nesta terça os pescadores se uniram aos Bombeiros para puxar uma corda, mas desta vez não era uma rede com cardumes. A força e o esforço conjuntos foram para trazer de volta do fundo do mar a embarcação Simão II, que afundou na noite de segunda com a força das ondas, que segundo os pescadores passaram dos cinco metros. 

Com o olhar marejado e o corpo tremendo de frio, o pescador Cléber dos Santos, o Quequéu, 38, olhava desolado para o casco do barco como o nome do avô e pedaços soltos de madeira boiando no mar. Corria pelo costão, ia até areia, sempre ouvindo os gritos dos bombeiros, do irmão e do amigo pescador que estavam dentro da água tentando desvirar o Simão II e soltar as redes presas no fundo para então ser guinchado até a beira da praia. Desde os 12 anos na atividade que aprendeu com o pai, é da pesca que tira o sustento dos quatro filhos: 

Quequéu vive da pesca desde os 12 anos, e teve prejuízo de mais de R$ 25 mil. 
Foto: Betina Humeres/Agência RBS

— É meu ganha pão. Já não tá muito bom ultimamente para mim, teve mês que ganhei R$ 200. Faz uns 15 dias eu gastei R$ 3 mil que consegui guardar para arrumar todo o barco para preparar para a tainha. Só de rede foi uns R$ 12 mil que perdi. Se não conseguirem tirar o barco então, vai ser mais de R$ 50 mil — lamentou antes de ter o barco resgatado. 

Solidariedade entre os pescadores 

Perto do meio dia os mais de 20 homens conseguiram tirar o barco do mar, e Quequéu e o colegas correram para retirar a água de dentro com baldes e contabilizar o prejuízo: 

— Nem sei como vou fazer para consertar tudo. Perdi o motor, o motor da rede, radar, sonda, guincho, e também vai ter que arrumar o casco. É minha única profissão, pelo menos conseguiram salvar. 

A solidariedade entre os pescadores chamou atenção. Mergulhando o tempo todo para ajudar no resgate, estava o pescador Maiko Teixeira, 35, que também estava com o barco afundado a poucos metros do de Quequéu. Como era uma embarcação de porte maior, não foi possível resgatar o dele também, e os Bombeiros avisaram que teriam que esperar a maré baixar e vento diminuir para continuar a operação no dia seguinte:

— Eram umas 22h30 quando eu vi que afundou, mas não tinha o que fazer. Se eu fosse pra dentro da água com aquelas ondas ia acabar morrendo. Pra mim a pesca acabou esse ano, nem sei se vamos conseguir salvar o barco. A última vez que ventou assim faz mais de 10 anos — lamentou sentado nos restos de madeira que restaram do barco que ia catando na água.

Maiko ajudou no resgate do barco do amigo, mas seu barco permaneceu no fundo do mar. Foto: Betina Humeres/Agência RBS

No total três barcos afundaram no Pântano do Sul e um na praia da Armação após os fortes ventos. O presidente da Federação dos Pescadores de Santa Catarina, Ivo Silva, informou que vai fazer um levantamento dos prejuízos junto as colônias de pescadores para acionar os órgãos competentes em busca de auxílio. 

Como ajudar: 

Quem tiver interesse em ajudar os pescadores pode entrar em contato pelos telefones:

 3207-2126 (Quequéu) 
8496-3147 ( Saturnino)


( Do HORA DE SANTA CATARINA - http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br/)

Nenhum comentário: