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5 naufrágios épicos e seus sobreviventes improváveis
Nessa nossa realidade afundada em sucessos de Hollywood, fica difícil não acreditar que naufrágios são uma daquelas coisas que todo mundo enfrenta na vida, quase como tirar o siso. Só é preciso uma super tempestade, um iceberg ou uma baleia idiota para jogá-lo em um desafio de sobrevivência do terror em uma bote duvidoso na companhia de um tigre e/ou uma bola de futebol.
Claro, nós supomos que na vida real os sobreviventes desses filmes morreriam de sede ou virariam janta de tubarão muito antes da chegada do resgate. Porém, estamos enganados. A história está cheia de sobreviventes de desastres marinhos tão bizarramente improváveis que só poderiam ter virado um filme de sucesso.
5. O pescador que sobreviveu a seis horas na água congelante
Em 11 de março de 1984, Guðlaugur Fridthorsson estava em um barco com outros quatro pescadores perto da costa sul da Islândia. Aegir, o equivalente nórdico de Poseidon, estava aparentemente descontente com presunção de Guðlaugur, porque o seu barco virou, jogando ele e seus quatro companheiros diretamente no frio e cruel Atlântico Norte.
Guðlaugur assistiu seus amigos afundarem um por um ao seu redor até que finalmente sobraram apenas ele e o mar. Porém, o deus raivoso não contava que este era exatamente o tipo de situação que Guðlaugur mais gostava. Depois de remover sua roupa isolante de frio, vestindo nada além de jeans, uma camisa e um suéter, ele começou a nadar de volta à terra firme.
Antes de mais nada, vamos analisar todo o absurdo disso. O corpo humano perde calor aproximadamente 20 a 25 vezes mais rapidamente quando molhado, mesmo quando você está se divertindo em um parque aquático num dia de verão. Guðlaugur estava a mais de 5 quilômetros de distância da costa, em uma área do mundo onde “costa” é um conjunto disperso de geleiras mantidas no mesmo lugar pelo frio. Ele não deveria ter durado mais do que 20 ou 30 minutos. Sem temer a impossibilidade de sua situação, Guðlaugur nadou durante seis horas – a maioria de nós não conseguiria passar seis horas em uma banheira – e finalmente alcançou a terra seca. Quando percebeu que tinha chegado em terra em um lugar onde os penhascos eram muito íngremes para escalar, ele voltou para o oceano para nadar até um lugar melhor. No caso, um campo de lava vulcânica solidificada e afiada.
Como ele tinha jogado suas botas fora enquanto tentava evitar o afogamento, perdeu muito sangue ao atravessar o lugar descalço. Quando Guðlaugur finalmente foi levado para o hospital, a temperatura do seu corpo era baixa demais para termômetros médicos medi-la, o que significa que ele estava, pelo menos, dois graus mais gelado do que qualquer humano vivo deveria estar.
Depois do pescador (obviamente) se recuperar plenamente, os médicos fizeram alguns testes e descobriram, para a surpresa de absolutamente ninguém, que ele era literalmente sobre-humano – sua gordura corporal era três vezes mais espessa do que a média das pessoas, e bem mais sólida. Isso significa que ele era basicamente uma foca, que provavelmente era a única pessoa na Terra que poderia ter sobrevivido ao que ele passou. Guðlaugur é o mais próximo do Aquaman este mundo já viu.
4. Robert Crellin e o resgate de mais de 20 pessoas
Em 29 de maio de 1914, uma menina de 8 anos chamada Florence Barbour estava viajando de Quebec para Liverpool com a sua família quando seu navio, o Empress of Ireland, colidiu com outro navio devido à névoa intensa e começou a afundar.
Florence foi acordada ao ser jogada pela sua cabine como se fosse um mero sapato. Ao seu redor, crescia uma nuvem de gritos aterrorizados dos passageiros do Empress. De repente, o tio de Florence, Robert Crellin, saltou da confusão e a agarrou com a força de um herói de ação. Crellin olhou sua sobrinha diretamente nos olhos e disse: “Não se assuste, querida, eu estou com você. Se Deus quiser, querida, vamos salvar a todos”.
Se você acha que isso soa como uma extravagância para acalmar uma criança histérica, pense duas vezes. O navio levou 15 míseros minutos para afundar completamente. Enquanto o barco naufragava debaixo deles, Crellin colocou Florence nas costas e saltou do deck para a água, nadando por mais de uma hora com sua sobrinha agarrada aos seus ombros.
Eventualmente, eles se depararam com um bote salva-vidas virado, e Crellin içou Florence para dentro dele antes de subir. De lá, eles pegaram um terceiro sobrevivente e o trio flutuou até um bote salva-vidas desmontável, que conseguiram abrir e saltar para dentro.
A maioria das pessoas teria se contentado em ficar apenas no bote, tremendo e comparando histórias de sobrevivência, até que um navio da Guarda Costeira cheio de cobertores aparecesse. Mas não Robert Crellin. Ele realmente tinha a intenção de salvar todos que pudesse e imediatamente começou a puxar pessoas indefesas para fora da água, resgatando mais de 20. Quando foram finalmente resgatados, não só Robert Crellin minimizou seu papel no processo, também dirigiu atenção da mídia sedenta por um herói para Florence, dizendo aos repórteres que a sobrinha tinha sido mais valente que muitos adultos. “Ela nem sequer choramingou, e reclamar estava fora de questão”.
3. Dois homens sobreviveram 25 dias no mar em uma caixa térmica
Em 2009, um barco de pesca tailandês partiu com uma tripulação de 20 pessoas logo antes do Natal. No entanto, a viagem não saiu como planejado, já que o barco de madeira lascou e afundou no dia 23 de dezembro, cerca de 320 quilômetros ao largo da costa da Austrália. Devido a circunstâncias infelizes, havia precisamente zero coletes salva-vidas a bordo. Toda a equipe caiu na água e, eventualmente, se afogou.
Isto é, todos, exceto dois homens. Estes sobreviventes anônimos decidiram que morrer no mar era bobo e não era assim que eles queriam terminar. Então, conseguiram se manter vivos ao passar 25 dias dentro de uma caixa térmica. Como não tinham com o que improvisar ferramentas de pesca ou uma vela, sobreviveram bebendo água da chuva e comendo peixes que as aves vomitavam na caixa – isto com praticamente nenhuma proteção contra o sol escaldante e sem tomar banho, já que as águas eram cheias de tubarões.
Além disso, nós mencionamos que era temporada de ciclones? Pois é, era. A dupla foi atingida por ventos de até 50 nós pelo ciclone Charlotte, aproximadamente igual a 90 km/h. A esta velocidade, os ventos são fortes o suficiente para levantar ondas de 12 metros e causar danos estruturais a prédios. Porém, de alguma forma, a caixa não afundou e eles foram resgatados por um avião do serviço alfandegário que estava à procura de arrastões ilegais e traficantes de seres humanos.
David Crowley fazia parte da tripulação do barco a vapor Lexington, que navegava de Nova York para Boston. Em 13 de janeiro de 1840, o barco pegou fogo e afundou a vários quilômetros da costa de Long Island. Sendo no meio do inverno do hemisfério norte, as pessoas a bordo tinha a opção de queimar vivos rapidamente ou pular na água e congelar até a morte.
No entanto, Crowley e alguns outros corajosamente encontraram uma terceira solução: o Lexington estava carregando vários fardos de algodão que, entre outras coisas, aparentemente podem ser usados para flutuação em uma emergência. Então, empurraram alguns dos fardos na água e pularam, onde ficaram aguardando o resgate. De fato, os três sobreviventes que não eram David Crowley foram resgatados ao meio-dia do dia seguinte. O único problema foi que ninguém notou David Crowley.
De alguma forma, toda equipe de salvamento conseguiu não enxergá-lo e, enquanto os outros já estavam em casa se aquecendo, Crowley ainda estava flutuando em cima de um fardo de algodão no estuário de Long Island, tentando desesperadamente chamar a atenção de alguém. Para não congelar até a morte, Crowley escavou um buraco no centro do fardo e se enrolou em algodão até ficar parecido com um boneco de neve gorducho – o que foi uma ótima estratégia, já que ele ficou à deriva durante mais 48 horas.
Ao final do segundo dia, Crowley tinha flutuado por 80 quilômetros, até que atracou em um bloco de gelo flutuante e conseguiu rastejar através do gelo até chegar à terra seca. Depois de pedir ajuda a moradores locais, Crowley passou por uma recuperação completa. Mais tarde, os donos do algodão a bordo do Lexington presentearam Crowley com o mesmo fardo de algodão que o salvou.
1. Bob Bartlett, o sobrevivente de doze naufrágios que atravessou mais de mil quilômetros no gelo do ártico para salvar sua tripulação
A vida de Bob Bartlett foi cheia de tantas aventuras fantásticas que não poderíamos contá-la em apenas um tópico. Participante de inúmeras expedições oceânicas (no Ártico, em particular), ele viajou mais ao norte do que a maioria das pessoas na história, e provavelmente tinha uma reputação de ser absolutamente a pior pessoa com quem você pode dividir um barco, já que naufragou doze vezes ao longo de sua carreira.
Com isso em mente, vamos focar naquela que é, possivelmente, sua exploração mais famosa: a Viagem do Karluk. Depois de assumir como capitão da expedição do Karluk ao Ártico, Bartlett ficou com o barco preso no gelo em 13 agosto de 1913. Ele e a tripulação derivaram, impotentes, para o oeste durante meses até que, finalmente, em janeiro de 1914, o gelo abriu um buraco na lateral do navio. Como você deve ter adivinhado, isso não melhorou a situação.
No entanto, Bartlett (que neste momento em sua carreira provavelmente assumiu que todos os barcos em que estivesse a bordo iriam afundar) tinha previsto isso. Ele já tinha comandado seus homens a construírem iglus no gelo e enchê-los com suprimentos necessários. Conforme o Karluk afundava e todo mundo abandonava o navio, Bartlett ficou a bordo, tocando dezenas de músicas até o último momento possível. Finalmente, ao tocar a “Marcha Fúnebre” de Chopin na vitrola do navio, ele pisou calmamente no gelo e observou o Karluk afundar.
Depois de viver no aglomerado de iglus que ficou conhecido como “Shipwreck Camp” (“Acampamento do Naufrágio”) por alguns meses, Bartlett saiu com os sobreviventes restantes para andar os 160 quilômetros até a ilha de Wrangel, com a esperança de chegar até a Sibéria para pedir ajuda. No entanto, descobriu-se que a maioria dos sobreviventes estavam muito fracos para continuar uma vez que atingiram a ilha.
Então, Bartlett embarcou em um trenó puxado por cães com um inuit do Alasca chamado Kataktovik e os dois atravessaram mais de 1.100 quilômetros no gelo do Ártico para procurar ajuda para a tripulação. Quando os dois homens chegaram ao Cabo Oriental do Estreito de Bering, as pernas e pés de Bartlett estavam tão inchados pela exposição que ele não podia andar. Sem deixar que a possibilidade de perder os membros o assustasse, assim que se recuperou, ele pulou em um barco para voltar para a ilha de Wrangel e pegar os homens que ele tinha deixado para trás… apenas para descobrir que um navio canadense, o King and Winge, já tinha feito isso.
Ainda assim, o fato de que ele, pessoalmente, mandou o Círculo Ártico para o inferno a fim de salvar as vidas daqueles que dependiam dele lhe rendeu uma reputação quase lendária como um mestre da navegação do Ártico.
Um extra: alguns anos mais tarde, quando os membros de uma expedição de Greenland que haviam ficado presos no gelo durante quatro anos finalmente avistaram um navio de resgate e a figura de um homem de pé à sua frente, o líder da expedição gritou: “É você, Bob?”. Ao que Bartlett gritou de volta: “Claro! Quem diabos você pensa que é?”
(Fonte: http://hypescience.com)
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