Bombeiros estão há cinco dias buscando pescador desaparecido no Sul da Ilha, em Florianópolis
Márcio José Gonçalves partiu na noite de sábado da praia da Armação, com destino ao Pântano do Sul, em uma pequena embarcação
por Marcone Tavella
marcone.tavella@horasc.com.br
Passava das 20h do último sábado e o vento soprava do leste, com o céu anunciando chuva para dali algumas horas. Pescadores conhecidos, que esperavam a noite cair ali nas areias da praia da Armação, no Sul da Ilha, ainda insistiram para que Márcio José Gonçalves — conhecido por Baga — não fizesse a loucura de entrar no mar naquelas condições.
Mas Baga estava decidido e corajoso. Tomou o último gole de cerveja, comprou um maço de cigarro e partiu sozinho em uma "batera" — pequena embarcação — para quebrar as primeiras ondas.
— Vocês querem entender de mar mais do que eu? — teria dito ao pescador Cristiano Duarte, o Perna, um dos últimos a avistarem o rapaz.
O destino final era a praia do Pântano do Sul, trajeto feito em duas horas com barco a motor. Com apenas dois remos e o tempo se fechando, o pior aconteceu. Baga não apareceu na praia do Bar do Arante nem na madrugada de sábado, nem no dia seguinte e até esta quinta-feira os bombeiros seguiam com as buscas pelo paradeiro do rapaz de 38 anos, aumentando a angustia da família de seis pessoas que vivem na região.
O pequeno barco usado pelo pescador na trágica viagem, e que tinha sido comprado por Márcio naquele dia, foi encontrado no domingo pelo helicóptero do Grupo de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros. No interior da batera havia apenas um chapéu e o celular do rapaz. Nenhum familiar quis comentar sobre o ocorrido.
Primeira "batera"
A "batera" amarela com laranja era o primeiro barco de Baga. Comprado de um amigo da região por R$ 1 mil, a embarcação seria usada no domingo para a estreia de uma rede nova para pescar linguado. Segundo relato de conhecidos, duas pessoas se ofereceram para buscar a embarcação na Armação na manhã seguinte, mas mesmo assim Baga preferiu arriscar.
— Ele era pescador experiente, não tinha medo. Quando se tem muita confiança corre-se muito risco. Ir de batera, com dois remos apenas e do jeito que estava o tempo... a gente insistiu para ele não ir, mas não teve jeito — lamentou Cristiano Duarte.
Márcio José era conhecido por pescar garoupas nas proximidades das ilhas irmãs, a doze quilômetros da praia do Pântano do Sul. Diversas vezes fez o caminho em "bateras" emprestadas, semelhantes a que usou na noite de sábado. As buscas devem continuar nesta sexta-feira, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
(Do HORA DE SANTA CATARINA - www.clicrbs.com.br)
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