Foto Fernando Alexandre |
Pescadores industriais reclamam do excesso de restrições para a pesca da tainha
Profissionais querem mudanças na lei e que seja feito um estudo sobre o peixe
Julimar Pivatto
julimar.pivatto@osoldiario.com.br
Os armadores de Itajaí reclamam do excesso de restrição que, segundo eles, vem diminuindo a expectativa da pesca da tainha a cada ano. Em todo Sul e Sudeste do Brasil, apenas 60 embarcações têm licença para pescar o peixe mais esperado do inverno. O presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Giovani Monteiro, reclama da portaria 171 do Ibama, de 2008, que prevê que os barcos atuem a no mínimo 5 milhas da costa em Santa Catarina.(cerca de oito quilômetros). A reclamação é antiga e a categoria espera que seja revista essa e outras restrições.
— É contraditório ter que conviver com isso quando a gente sabe que na Lagoa dos Patos (local onde nasce a maioria das tainhas que vem para Santa Catarina) está permitido até mesmo pescar o peixe em idade juvenil. Defendemos uma regulação mais justa e que o pescador, que conhece a realidade, seja ouvido também — diz Monteiro.
Além disso, a categoria espera o resultado da pesquisa que os ministérios da Pesca e do Meio Ambiente estão fazendo para impedir que uma decisão da Justiça gaúcha proíba de vez a pesca industrial. Para isso, um estudo deve ser feito para conhecer a realidade do ecossistema e da tainha.
— Fomos em um congresso há alguns dias em que ouvimos de representantes do governo federal que eles não tem dados da biomassa, por exemplo. Ou seja, estamos vendo de perto a inércia do Estado nesta questão — reclama Giovani.
Economia da região é afetada
Para o secretário de Pesca e Aquicultura de Itajaí, Agostinho Peruzzo, a baixa na quantidade de tainhas pescadas não reflete apenas na vida dos pescadores. Vários setores são ligados diretamente a este tipo de pesca, como, por exemplo, o de óleo diesel, de gelo e de caminhões que transportam o peixe.
— Uma gama de serviços fica prejudicada e o consumidor sente no bolso o aumento do preço — diz o secretário.
Apesar do preço mais alto, Peruzzo não acredita que exista uma migração do consumidor para escolher um novo peixe, como a anchova, por exemplo. Ele acredita na diminuição da venda.
— Quem gosta de tainha, quer a tainha. O gosto dela é bem característico e não dá para substituir por outro peixe — defende.
O coordenador do Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali, Paulo Ricardo Schwingel, diz que ainda não é possível mapear em que região se concentra a pesca industrial neste ano, mas ele acredita que, assim como nos anos anteriores, os barcos tenham ficado mais próximos do extremo Sul do país. Ele diz que, com a possibilidade de termos a incidência de vento Sul nos próximos dias, o número pode aumentar na nossa região.
— Estudos comprovam que a principal área da desova da tainha fica entre Itajaí e Paranaguá (PR). Mas a tainha só se movimenta pela água fria, então depende das condições climáticas — diz Schwingel.
(Do O SOL DIÁRIO - www.clicrbs.com.br)
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