segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

MAR ENVENENADO


Foto:Guto Kuerten / Agencia RBS

Maricultores da Grande Florianópolis fazem manifestação no Mercado Público da Capital
Desde a semana passada, a extração de ostras, mariscos e berbigões está interditada na região

por Roberta Kremer
roberta.kremer@diario.com.br
Os maricultores da Grande Florianópolis fizeram uma manifestação no Mercado Público da Capital na manhã desta segunda-feira. Vestidos de preto, os produtores recolheram assinaturas dos comerciantes de pescados para entregar às entidades públicas. Desde a semana passada, a extração de ostras, mariscos e berbigões está interditada na região.

Ainda na manhã desta segunda-feira, os maricultores estiveram reunidos na Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca para discutir encaminhamentos referente à decisão da Justiça Federal que paralisou os trabalhos do setor.

O juiz responsável pelo caso, Marcelo Krás Borges, designou audiência de conciliação para as 14h desta segunda-feira, "a fim de que as partes possam chegar a um acordo e os maricultores não sejam prejudicados", conforme o despacho expedido na última sexta-feira no processo em trâmite na Vara Federal Ambiental de Florianópolis.

Na semana passada, Borges acatou o pedido do Ministério Público e concedeu liminar exigindo que seja feito um estudo e relatório de impacto ambiental (EIA/Rima), aprovados pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama). O embargo da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) para as localidades da Tapera e Ribeirão da Ilha, após o vazamento de óleo de uma subestação desativada da Celesc, foi o que impulsionou a decisão do magistrado. Um laudo apontou que produto era ascarel, substância cancerígena que pode ter contaminado o mar e os moluscos. Novas análises estão sendo feitas para a confirmação.

— Tem que responsabilizar a Celesc sim. Queremos é trabalhar e mostrar para o povo que a ostra não está contaminada — afirma o presidente da Associação de Maricultores e Pescadores Profissionais do Sul da Ilha (Amprosul), Ademir Dário dos Santos.

Celesc será multada em R$ 50 milhões pelo Ibama por vazamento de óleo, em Florianópolis

Laudo comprovou a presença de ascarel no canal que leva para o mangue da Praia da Mutuca

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) vai aplicar na manhã desta segunda-feira uma multa de R$ 50 milhões à Celesc por causa do vazamento de óleo com a substância bifenila policlorada (PCB), conhecida no mercado como ascarel, na subestação desativada da Celesc, na Tapera, Sul da Ilha de Santa Catarina.

O produto é proibido no mercado desde 1981 por ser considerado cancerígeno. A multa será aplicada com base no laudo, solicitado pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), que comprovou a presença do ascarel no canal de drenagem que leva para o mangue da Praia da Mutuca. Por causa do risco de contaminação ao mar, foi embargada no dia 10 de janeiro a extração de moluscos até a freguesia do Ribeirão da Ilha.

Após a divulgação do vazamento, em 21 de dezembro, o Ibama já tinha aplicado multa diária de R$ 50 mil, antes mesmo da comprovação do produto. O pior é que o fato contribuiu para a Justiça Federal interditasse o cultivo de ostras na Grande Florianópolis exigindo estudos de impacto ambiental.

Em razão do vazamento, desde a quarta-feira, 16 de janeiro, toda a atividade de maricultura do litoral na Grande Florianópolis, maior polo produtor do país, está suspensa por tempo indeterminado. A decisão é da Justiça Federal, que acatou uma ação civil pública do Ministério Público (MP), protocolada há seis meses, pedindo ao Ibama um estudo prévio de impacto ambiental em Florianópolis, Palhoça, São José, Biguaçu e Governador Celso Ramos.

O Diário Catarinense criou uma página para que os leitores opinem sobre a suspensão das atividades, que não têm previsão para serem retomadas. Acesse aqui o mural para ler as opiniões e comentar sobre o caso.
(Do DIÁRIO CATARINENSE - www.clicrbs.com.br)

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