Foto Danirel Conzi/Agência RBS |
Peixe mero é encontrado na Beira-mar Norte em Florianópolis
Animal corre risco de extinção e é protegido por lei desde 2002
Um peixe conhecido como Mero apareceu morto nesta quinta-feira de manhã na Beira-mar Norte em Florianopólis. O animal marinho, que media 2,5 metros de comprimento e pesava mais de 200 kgs, foi localizado por volta das 9 horas, perto da Escuna Sul. Devido ao tamanho, o animal está sendo retirado do mar pela Companhia de Coleta de Lixo e será encaminhado para a Polícia Ambiental.
O aparecimento do peixe chamou a atenção de pesquisadores ter risco de extinção. Uma equipe do Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul do Brasil, de Itajaí, foi mobilizada e iria recolher amostras para determinar a causa da morte. Também foram acionados profissionais do Projeto Meros do Brasil.
As hipóteses para a morte do peixe são de que um anzol grande tenha perfurado algum órgão, de que a poluição do mar tenha afetado a saúde do animal, de tenha sido pego por uma rede ou que ar tenha entrado no pulmão.
O mero é um peixe que costuma ser encontrado em águas rasas de áreas de coralinas ou rochosas. Vive sozinho e é considerado territorialista. Apesar de ser da costa do Nordeste do Brasil, tem rota pelo Sul.
Desde setembro de 2007 está proibida a pesca, captura, transporte e comercialização do mero pela portaria 121/2002 do Ibama. Quem for pego infringindo alguma destas regras pode ser multado de R$ 700 a R$ 1 mil ou receber detenção de 1 a 3 anos para pescadores.
Pesquisador do Projeto Meros do Brasil explica por que espécie está ameaçada de extinção
Uma fêmea de mero, prestes a desovar, foi encontrada morta na Baía Norte, em Florianópolis
Por Júlia Antunes Lorenço
julia.antunes@diario.com.br
Encontrado morto na tarde desta quinta-feira, em Florianópolis, o mero surpreendeu até mesmo os pesquisadores do Projeto Meros do Brasil. O estudioso Maurício Hostim foi um deles, que ficou admirado com o animal — o maior já visto pela equipe.
Hostim é professor da Universidade Federal do Espírito Santo e fala sobre a raridade dos meros no Oceano Atlântico e explica por que é proibido pescar esses peixes.
DC — Por que a pesca foi do mero foi proibida?
Maurício Hostim — Se olhar os antigos materiais, pescar o mero era muito comum. Mas os próprios pescadores começaram a nos questionar que o mero estava desaparecendo no nosso Litoral. Eles têm uma agregação reprodutiva, quando os meros se reúnem para se reproduzirem. Eles ficam muitos vulneráveis à pescaria e fazem com que as pessoas saibam os locais e a data onde eles estarão. As pessoas mapeavam e encontravam vários desses animais, acabavam matando antes da desova. Em 2002 foi a primeira portaria de proibição, prorrogada por cinco anos, a segunda foi em 2007 também prorrogada por cinco anos, e a terceira veio neste ano, mas foi prorrogada por três anos.
DC — Ainda é ameaçado de extinção?
Hostim — Ainda está em extinção sim. Foi feita uma avaliação internacional e no mundo inteiro o mero está como criticamente ameaçado. Se passar deste nível, ele está extinto da natureza. Depois só sem laboratórios ou cativeiros.
DC — Mas é possível saber quantos exemplares existem?
Hostim — Não tem dado suficiente para isso. É um animal que vive 40 anos e precisa melhorar tecnologia, para avaliarmos o estoque. Essas tecnologias começamos a usar de 2007 para cá, com a apoio da Petrobras Ambiental, que está nos fornecendo recursos financeiros para aplicar novas tecnologias. Estamos começando a crescer agora. Mas temos tido boa receptividade da comunidade. As pessoas acham mais interessante bater foto dele embaixo da água, porque é muito mais raro. Trocar a imagem de matador do pela de contemplador.
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