"Roça barroca", da poeta e tradutora Josely Vianna Baptista, lançado pela Editora Cosac Naify, acaba de ganhar o "Premio Jabuti" na categoria "Poesia", anunciado ontem, quinta-feira (19/10/2012).
O livro, ganhador do terceiro lugar em sua categoria, reúne em um mesmo volume o mito poético da criação do mundo dos Mbyá-guarani, integrantes do grupo Tupi (3 cantos sagrados dos Mbyá-Guaranido Guairá, em apresentação bilíngue guarani-português) e poemas originais da autora, frutos de seu contato com a cultura ameríndia (Moradas nômades). O livro traz, ainda, um prefácio do grande escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, um texto da autora sobre a mitologia guarani e generosas notas às traduções. O resultado é um conjunto de rara beleza poética, para não falar da ainda mais rara oportunidade de entrar em contato direto com textos originais da imemorial tradição oral ameríndia,entre os poucos preservados.
O livro contou com o apoio do Programa Petrobras Cultural.
Os 3 cantos sagrados dos Mbyá-Guarani do Guairá (Os primitivos ritos
Os 3 cantos sagrados dos Mbyá-Guarani do Guairá (Os primitivos ritos
do Colibri, A fonte da fala e A primeira terra), ao narrar a criação do mundo, dos homens e dos animais pela palavra vivificadora dos deuses, compõem uma estranha e estranhamente bela narrativa poética sintética sobre personagens de sabor arquetípico, que evocam tanto o tempo
profundo do mito quanto a profundidade sensível da floresta brasileira. Seu texto é apresentado ao leitor duplamente: em transliteração do guarani para o português e em tradução direta, que recupera poeticamente toda a tessitura de sons, imagens e metáforas originais.
Do mito e da tradução poéticos para a poesia que traduz, senão os mitos, a sua ambiência: a segunda parte do livro, Moradas nômades, reúne poemas inéditos que fundem, integram e confundem o mais arcaico e o mais contemporâneo. A densa e densamente bela linguagem poética de Josely Vianna Baptista se volta aqui para cenas e cenários do Brasil colônia, da
mata brasileira, da vida na mata, das histórias antigas e das memórias profundas, tensionando e tocando a corda sutil das relações entre a língua portuguesa e a cultura ameríndia, o moderno e o atemporal, o ocidental e o outro que está em nós. Roça barroca representa uma verdadeira síntese do trabalho poético-literário de Josely, pois reúne a poeta e a tradutora em um mesmo volume, um mesmo corpus, em que o domínio da linguagem poética é posto a serviço da tradução, enquanto o trabalho tradutório e a convivência com a cultura ameríndia (incluindo visitas a aldeias e gravações de versões orais diretas dos mitos) alimentam e informam seus
novos poemas, num diálogo mitopoético de raras, belas e profundas ressonâncias.
(Da assessoria de Imprensa da Cosac Naify)
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