quarta-feira, 19 de outubro de 2011

265 anos atrás: tanto mar, tanto mar...

Em 1747, FELICIANO VELHO OLDENBOURG, o fundador da Companhia da Ásia Portuguesa, fechou contrato com o governo português para transportar para Santa Catarina cerca de 4.000 familias açorianas. 
 No dia 19 de outubro de 1747, há exatos 265 anos, embarcavam no Arquipélado dos Açores os primeiros casais da segunda leva da migração açoriana para a Ilha de Santa Catarina. Depois de 4 meses de viagem, 461 pessoas destes desembarcaram na Ilha, em fevereiro de 1748, sendo instaladas na Lagoa da Conceição pelo Governador da Capitania Brigadeiro Silva Paes. A migração de açorianos para o sul do Brasil começou em 1617. Em 1.692 chegaram 260 casais em Nossa Sra. do Desterro. Entre 1748 e 1753 mais que duplicou a população da então Capitania de Santa Catarina, desembarcando na região 7817 pessoas, sendo 4.612 em 1748; 1.666 em 1749; 860 em 1750 e 679 em 1753. A migração açoriana para Santa Catarina se massificou quando, em 31 de agosto de 1746, o rei DOM JOÃO V de Portugal comunicou aos habitantes das ilhas que a Coroa oferecia uma série de vantagens aos casais ilhéus que decidissem emigrar para o litoral do sul do Brasil. Nos termos de um edital fartamento distribuído pelas nove ilhas do arquipélago as vantagens do convite eram evidentes:- "haverá um grande alívio nas ilhas porque elas não mais verão padecer os seus moradores, uma vez que vão diminuir os males da indigência em que todos vivem;"- "haverá um grande benefício para o Brasil, já que os imigrantes irão cultivar terras ainda não exploradas."

PROMESSAS NÃO FORAM CUMPRIDAS

O Monte Brasil, costa Sul da Ilha Terceira, de onde muitos dos açorianos embarcaram para "Desterro". Imagem do século XIX.

O edital garantia um série de condições que seriam proporcionadas aos que aceitassem, a partir do "transporte gratuito até os citios que se lhes destinarem para as suas abitaçoens. E logo que chegarem aos citios que haverão de habitar, se dará a cada casal uma espingarda, duas enxadas, um machado, uma enxó, um martelo, um facão, duas facas, duas tesouras, duas verrumas, uma serra com sua lima e travadeira, dois alqueires (27,5 litros) de sementes, duas vacas e uma égua. No primeiro ano se lhes dará a farinha, que se entende bastar para o sustento, assim dos homens como das mulheres, mas não às crianças que não tiverem 7 anos e, aos que tiverem até os 14, se lhes dará quarta e meia de alqueire para cada mês. Se dará a cada casal um quarto de légua em quadra, para principiar as suas culturas, sem que se lhes levem direitos nem salários algum por esta sesmaria. E quando, pelo tempo adiante tiverem família com que possam cultivar mais terra, a poderão pedir ao governador do distrito". Foi definido que o primeiro estabelecimento de casais açorianos seria feito na Ilha de Santa Catarina e nas suas vizinhanças, "em que a fertilidade da terra, abundância de gados e grande quantidade de peixes conduzem muito para a comodidade e fartura desses novos habitantes". A maior parte das promessas não foram cumpridas quando os açorianos chegaram por aqui.

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