terça-feira, 8 de agosto de 2017

PAGANDO O PREÇO...


Barco de pesquisa e limpeza, financiado por milionário, promete ser o maior do mundo

Barco de pesquisa e limpeza. O cara começou como pescador. Depois, numa sensacional ascensão, tronou-se bilionário perfurando petróleo. O norueguês Kjell Inge Røkke agora quer ajudar os oceanos. A notícia saiu pelo site norueguês www.aftenposten.no. Fomos atrás de uma tradução.
Barco de pesquisa e limpeza terá 181 metros, e equipamentos de ponta

O colossal super iate de pesquisa está programado para ser lançado no verão de 2020. E dará aos pesquisadores ferramentas com que eles jamais teriam sonhado.

Os equipamentos de bordo permitirão fazer medições da atmosfera. Ou até a 6.000 metros abaixo da superfície do mar – incluindo até 20 metros abaixo do assoalho marinho.
Mini submarinos e drones a bordo

Mini-submarinos e drones, subaquáticos e aéreos, também estarão no navio que ainda terá um auditório e sete laboratórios.
Coletando cinco toneladas de plástico por dia, com até 60 pesquisadores a bordo

Mas esta será sua capacidade mais emblemática. Talvez a mais urgente, quando se quantifica a barbara quantidade de plástico que anualmente vai parar nos oceanos. A Onu diz que, “entre 22% e 43% do plástico usado no mundo inteiro é descartado em aterros (Produção mundial: 300 milhões)”, e a Ellen MacArthur Foundation alerta que “pelo menos 8 milhões de toneladas de plástico- equivalentes a um caminhão de lixo por minuto vazam para os oceanos todos os anos“.
Novas manchas no Ártico e no Pacífico

Para piorar, uma nova mancha de plástico foi descoberta no Ártico. E, numa área remota do Pacífico, também foi achada outra mancha de plástico, lixo humano e químico. O tamanho da nova prova de nossa omissão é estimado em 386,100 milhas quadradas, quatro vezes o tamanho do Reino Unido, ou uma 1,5 vezes o tamanho do Texas.

O super iate do ex- pecador Kjell Røkke será capaz de coletar e derreter até cinco toneladas de plástico todos os dias sem emissões nocivas.
Quem é Kjell Inge Røkke?

Dono de 67% das ações públicas da Aker, um conglomerado de transporte marítimo e de perfuração offshore. Rokke começou a vender peixe de um barco em Seattle antes de retornar à sua Noruega. Ali construiu uma frota e ganhou reputação como investidor corporativo implacável.

Em 2016, sua companhia diminuiu a exposição ao setor vendendo sua participação na empresa de pesca Havsfisk, o que fez dele ainda mais rico. Seu patrimônio, de acordo com a Forbes, é de US$ 2. 7 bilhões.
“O mar me deu grandes oportunidades. Sou grato por isso “

Foi o que declarou Røkke. Ele está financiando o projeto de seu próprio bolso, pagando uma soma desconhecida para a compra e manutenção da embarcação, bem como mantendo uma tripulação de 30 pessoas. A equipe de pesquisa poderá contar com até 60 pessoas.

Cientistas e pesquisadores marinhos serão convidados a estudar e inovar em questões como mudanças climáticas, sobrepesca, poluição e extração, de acordo com a proprietária Rosellinis Four-10, uma subsidiária da empresa familiar Røkke TRG.
E o cara fez bem feito!

De acordo com VARD, a fabricante, “o desempenho ambiental era importante no projeto da embarcação. O REV será equipado com um “sistema de leme de recuperação de energia, motores de velocidade média, um sistema de propulsão diesel-elétrico de transmissão direta com pacote de bateria e um sistema de limpeza de exaustão”. Um sistema de gerenciamento de energia também ajudará a equipe a diminuir a pegada de carbono”.


“Quero devolver à sociedade a maior parte do que ganhei”


Røkke disse à publicação Aftenposen de Oslo: “Quero devolver à sociedade a maior parte do que ganhei. Este navio faz parte disso … o mar cobre 70% da superfície da Terra não é muito pesquisado “.

(Do https://marsemfim.com.br/)

LUA DE ONTEM...


LUA DO LEÃO

Esta pequena árvore, lá em cima do morro da igreja matriz, não tem parceria por perto. Sempre quis enquadrá-la na lua e, antes, nunca tive o ângulo.

7 AGO 2017 - Foto©SérgioSaraiva - Todos os direitos reservados

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

MAR DO GERALDO CUNHA


Pantusuli!

NA CADEIA...


Do Dahmer

RIO APA SEMPRE FOI MAR...

Marco Santiago/ND
Ele deixou marcas na Capital, mas fez muito mais do que isso numa vida dedicada à arte, com 25 livros publicados

* Reportagem feita com Wilson Rio Apa na Pinheira, onde morava, dois anos atrás (09/07/16). O escritor e diretor teatral que agitou Floripa nos anos 70 morreu ontem, aos 91 anos.
(Do jornalista Paulo Clóvis Schmitz)
Wilson do Rio Apa fez história dirigindo montagens teatrais nas dunas da Lagoa, em Florianópolis
Escritor e dramaturgo vive hoje na Pinheira, onde ainda mantém ativa a escrita

PAULO CLÓVIS SCHMITZ,
 FLORIANÓPOLIS 
07/09/2014 

Jesus estava amarrado e enfrentava um irredutível Pôncio Pilatos, alcaide e dono da lei num século de intolerância, quando um grupo de quase 50 crianças despencou das dunas para salvar o homem cujo destino, todos sabiam, seria a crucificação. A cena não estava no script e precisou ser abortada pela plateia, extenuada (e extasiada) com o ritual em curso desde o dia anterior. O local eram as areias entre a Lagoa da Conceição e a praia da Joaquina, e a ocasião era a Semana Santa de 1978, quando o escritor e dramaturgo Wilson Galvão do Rio Apa exibia ao ar livre, pelo quarto ano consecutivo (dois deles no Paraná), a montagem “A paixão de Cristo segundo todos os homens”. Sete mil pessoas, por baixo, assistiram ao espetáculo naquele fim de Quaresma.

Esta passagem, descrita com riqueza de detalhes, dois dias depois, pela jornalista Eloá Miranda em “O Estado”, revela um pouco da ousadia de Rio Apa, que morou durante uma década em Florianópolis e hoje vive na praia da Pinheira, em Palhoça. Ele deixou marcas na Capital, mas fez muito mais do que isso numa vida dedicada à arte, com 25 livros publicados. “Ele trazia seus atores de fora, assim como a estrutura para os espetáculos, mas respeitava muito o nosso trabalho e nos procurava para conversar e conhecer o que fazíamos”, conta a diretora de teatro Carmen Fossari, que então já estava à frente do Grupo Pesquisa Teatro Novo, vinculado à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Durante dez anos, Rio Apa levou a montagem iconoclasta e repleta de referências ao mundo moderno para as dunas da Lagoa e às praias dos Ingleses e do Santinho. Entre os quase 300 integrantes do elenco estava o futuro escritor Cristóvão Tezza, que morava com o dramaturgo numa residência onde todos eram bem-vindos, desde que tivessem afinidade com a arte. Apa, guru de Tezza, mereceu o seguinte comentário do autor de “O filho eterno”, que escreveu sua dissertação de mestrado na UFSC, em 1987, sobre um livro do mestre: “Para um final de século tão esterilizado de sonhos como este que vivemos, as trilhas seguidas por ele permanecem vivas como um contraponto necessário que tem muito a nos dizer”.

De esgrimista a marinheiro

Anarquista assumido, na arte e na vida, Rio Apa começou rompendo com a família aristocrática quando, após concluir o curso de direito no Paraná, foi ser esgrimista e jogar futebol profissional no Água Verde, clube de Curitiba onde permaneceu apenas um ano porque “me sentia um perna de pau”. Depois, já enfadado com a cidade grande, procurou o mar e empregou-se como trabalhador braçal num navio que fazia viagens ao Oriente. Virou marinheiro, conheceu 46 cidades e chegou a ficar um mês ‘perdido’ em Singapura. “Esse lugar se tornou alguma coisa especial para mim”, conta hoje, aos 89 anos.

Nas viagens, tomou contato com as culturas japonesa, coreana e hindu e exercitou as habilidades com o texto, como “jornalista tripulante”, fazendo mais de 50 reportagens com relatos de lugares e pessoas para “O Estado do Paraná”. A bordo, inquieto como sempre, lia Nietzsche e Schopenhauer, que ajudaram a moldar seus gostos e seu desapego das coisas materiais. Os livros vieram ao natural, e foram publicados por editoras de pequeno porte e por outras com o prestígio da Brasiliense e da José Olympio. São romances, poemas, contos, ensaios e peças de teatro que tornaram o autor uma referência sobretudo em São Paulo, onde nasceu, e no Paraná, onde passou as fases mais efervescentes de sua carreira.

O gosto pelo isolamento, pela distância dos ruídos da cidade, levou Rio Apa a morar em diferentes ilhas e a cruzar o Brasil de motorhome. A ilhota de Gererê, no litoral paranaense, foi uma de suas paradas, onde se amalgamou à natureza e suportou o único vizinho, “um contrabandista espanhol que matou os meus cachorros”. Contar com liberdade para escrever deu bons resultados, e ali ele gestou a tetralogia “O povo do mar e dos ventos antigos”. Depois, já casado e com dois filhos, se instalou na ilha das Cobras, na baía de Paranaguá, onde a editora José Olympio o encontrou para propor a edição de “A revolução dos homens”. O livro era uma crítica ao regime ditatorial, e Apa foi interrogado, embora tenha conseguido continuar no paraíso que escolhera para viver.

Depois de uma curta passagem pela ilha de Cotinga, também em Paranaguá, ele se transferiu para Antonina, onde se aproximou dos pescadores e do povo que sempre considerou mais digno de respeito que os moradores urbanos. Durante cinco anos, investiu no talento artístico desses nativos, até se mudar para Florianópolis, em meados dos anos 1970.

Espetáculo de grande força emocional

A decisão de se isolar na Pinheira, onde está há mais de 20 anos, faz sentido mesmo para um paulistano nascido nas imediações da praça da Sé. “Sempre procurei nos lugares tranquilos, perto da natureza, o sossego para escrever”, diz Wilson do Rio Apa. Ali, já não travou a luta contra os intermediários que exploravam, anos antes, os pescadores da região de Paranaguá. Encontrou homens mais rudes, curtidos pela labuta no mar aberto, e por isso não teve êxito na tentativa de montar a “Paixão” com os moradores locais. “Os pescadores trazem para a terra problemas que pareciam não existir nas colônias de mar abrigado do Paraná”, afirma. “Quem sai pelo mar a fora, como aqui, ganha uma maneira de ser entre solitária e arrogante”, deduz.
Marco Santiago/ND
Rio Apa prepara outros dois livros

Da passagem por Florianópolis, Wilson Rio Apa lembra da repercussão popular e de mídia das grandes encenações que fazia, e diz que a cidade “recebeu muito bem aquela experiência”. Atores e público se confundiam num ambiente que incluía tochas acesas à noite e um sol escaldante durante o dia, num cenário entre místico e deslumbrante, de grande força emocional. O espetáculo começava na quinta-feira à noite e se estendia até o final da tarde da Sexta-feira Santa, com a crucificação na hora do pôr do sol. Na época, Apa explicou à reportagem do “O Estado” o sentido daquela iniciativa: “A cada ano, procuramos o Cristo que seja uma síntese humana, porque o Cristo que buscamos é o mundo dos homens”.

Era comum ver pessoas chorando ou carregando cruzes que a produção colocava em pontos a caminho do calvário, mesmo sem a anuência dos padres da Lagoa, que tentaram proibir o espetáculo alegando que ele tirava os fiéis da igreja num período de grande importância para os católicos. “Está errado”, disse um popular ao falar da postura dos padres, “pois a igreja hoje é aqui”. A montagem, sem texto fixo e feita sobre um roteiro básico das cenas principais, provocava reações inesperadas. Rio Apa conta que, antes do início, populares chegavam a se dirigir a Jesus pedindo que ele batizasse seus filhos. Para a diretora Carmen Fossari, ele “foi fundamental naquele momento na cidade”.

Descrente, mas na ativa

Se nada publicou durante os anos de Florianópolis, e se abandonou as grandes montagens, Rio Apa passa os dias escrevendo em sua casa da Pinheira. “Assalto ao palácio” é um dos livros que prepara para lançar este ano.

O escritor também prepara outros dois livros, “Considerações sobre o viver” e “O velho e a donzela”, que se juntarão a mais de duas dezenas de obras já publicadas, como “A revolução dos homens”, “O povo do mar e dos ventos antigos”, “O menino e o presidente” (que teve 25 edições) e “No mar das vítimas”, além de ensaios e peças de teatro.

Dos episódios que o marcaram, Rio Apa lembra do encalhe de um barco em Abrolhos, na Bahia, onde quase perdeu a vida, do casamento com Esther (que já morreu), do nascimento e do crescimento dos filhos Thor e Kim, , que “se tornaram excelentes atores”. No mais, se diz descrente com a história, as artes e a literatura. “Ainda bem que há o ‘eterno retorno’ de Nietzsche, que me serve de consolo”, finaliza.

O último alerta de um xamã
Leon de Paula (*)

O que mais me emocionou, nas vezes em que estive com ele, foi sua lucidez a respeito deste mundo que, habitado por seres humanos, é desabitado de humanidade. Pelas suas obras, Rio Apa nos fala de um mundo possível, outro, diverso desse em que estamos imersos, que existe e está fora do círculo vicioso sugerido (e muitas vezes aceito) por esta sociedade que decidiu ser ocidental, asséptica, uniformizadora e massacrante.
A voz de Rio Apa, através de seu trabalho artístico (seja na literatura de ficção, nos manifestos anarquistas, no teatro, no radiodrama, em roteiro de cinema, na poesia em si), me parece soar como o último alerta de um xamã para esta sociedade que está em vias de se perder completamente, enfeitiçada por tudo aquilo que lhe possa descaracterizar e aniquilar. (...)

A iniciativa de Rio Apa possibilitou que, a partir das décadas de 1980 e 1990, o teatro realizado pelos grupos de Florianópolis apresentasse outros níveis de questionamento social-político-estético a respeito do que ocorria na própria cidade.


*Ator e autor da pesquisa de mestrado “Ecos dos sermões – A paixão segundo todos os homens”, defendida no programa de pós-graduação em teatro e publicada em 2012 pela editora da Udesc

sábado, 5 de agosto de 2017

MAR DE PESCADOR

Sem trapiche, pescadores disputam espaço com aves em meio a lama poluída da praia do João Paulo
Foto: Marco Favero / Agencia RBS

Empresa de Itajaí deverá construir trapiche do João Paulo, em Florianópolis 
Construtora Concretil, mesma que fez o porto de Itajaí, foi a única que demonstrou interesse no edital 


Após três meses de angústia, os pescadores do João Paulo, em Florianópolis, podem respirar um pouco mais aliviados: o edital de licitação para as obras do trapiche do bairro não foi deserto, como ocorreu em junho. A empresa Concretil, de Itajaí e que construiu o porto da cidade, foi a única que demonstrou interesse e deve ser a construtora que irá tocar as obras aguardadas há duas décadas pelos profissionais.

O próximo passo agora é a análise da documentação. A abertura dos envelopes foi acompanhada na Prefeitura pelos pescadores da segunda maior colônia da Ilha, que comemoraram.

— É uma empresa forte. Acreditamos que não vai ter problemas, mas a gente só acredita depois que começarem as obras. Foi mais um passo conquistado — destacou o presidente da colônia, Silvani Ferreira.

No dia 20 de junho, nenhuma empresa demonstrou interesse no edital, e a Prefeitura recorreu em Brasília para estender o prazo final e não perder os R$ 2,3 milhões garantidos pela Caixa Econômica Federal para o empreendimento.

O edital de licitação na modalidade concorrência foi do tipo menor preço, para contratação de empresa especializada em executar a primeira etapa (fase 1) do trapiche. A estrutura vai possibilitar que os pescadores atraquem os barcos no mar sem risco deles encalharem na lama e tirar com mais facilidade das embarcações os produtos da pesca. Ao todo, 87 pescadores serão beneficiados.
Colônia de pescadores do João Paulo é a segunda maior de Florianópolis, atrás apenas da Barra da LagoaFoto: Marco Favero / Agencia RBS

Essa etapa está orçada em R$ 2,9 milhões (sendo que R$ 2,3 milhões do Governo Federal) e o restante, recursos próprios da Prefeitura. As licenças da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), Capitania dos Portos e Fundação do Meio Ambiente (Fatma) já foram obtidas, bem como aprovação pelo Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf). 

Está prevista a execução de um píer de concreto com 210 metros de extensão, 3,75 metros de largura e até dois metros de profundidade, dependendo da maré. Além da instalação de uma "linha flutuante", um equipamento que vai acompanhar o movimento da maré, que será fixado ao trapiche, sendo que tal estrutura vai facilitar o embarque e desembarque de pessoas e a carga e descarga dos produtos relativos à pesca.

O trapiche será construído na altura do final da Servidão Nonô, próximo da Associação dos Pescadores do João Paulo e dos ranchos de pescadores locais.
Foto: Projeto / Prefeitura de Florianópolis

(Do http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br/)

AS BALEIAS QUE NOS VISITAM...

Foram avistados treze pares de mães com os filhotes e três adultas sozinhas
Foto: Porto de Imbituba / Divulgação

Primeiro monitoramento aéreo do ano registra 30 baleias em SC

Por

As baleias-francas já estão no litoral catarinense, e no primeiro sobrevoo de monitoramento da temporada, 29 indivíduos da espécie foram avistados, além de uma baleia jubarte, pouco comum na região. Foram treze pares de mães com os filhotes e três adultas sozinhas, que podem ser fêmeas grávidas ou machos em busca do acasalamento. O número é menor do que o registrado no primeiro voo do ano passado, quando 36 animais foram identificados, mas a oscilação é normal, garantem os pesquisadores. 

Em 2016, o sobrevoo foi na segunda quinzena de agosto, e este ano, ocorreu dia 31 de julho. A diretora de pesquisa do Projeto Baleia Franca (PBF), bióloga Karina Groch, diz que o número está abaixo da média de vários anos, mas que a flutuação é natural. Em alguns anos, foi possível identificar até 200 animais, e em outros, o número não passou de 40. O pico da reprodução é setembro, quando mais animais chegam à costa catarinense.

— A última estimativa é de uma taxa de crescimento de 12% ao ano. Tem uma tendência positiva de crescimento da população de baleias que vem para o Sul do Brasil, taxa importante de crescimento de filhotes e mortalidade muito baixa, ano passado não tivemos nenhum encalhe de filhote na APA da baleia-franca. Olhando esses dados de nascimento e mortalidade, a gente está dentro de um número um pouco mais baixo esse ano, mas não é preocupante — tranquiliza. 

O monitoramento aéreo foi realizado desde a praia do Moçambique, em Florianópolis, até o município gaúcho de Torres. O sobrevoo faz parte do Programa de Pesquisa e Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba e Adjacências. Este é o quinto ano que a SCPar realiza o monitoramento, e algumas baleias avistadas em outras temporadas foram novamente identificadas.

Estimativa para a temporada
Segundo dados do Porto, a maior concentração de baleias estava entre as praias de Itapirubá, em Imbituba, e Mar Grosso, em Laguna, com 17 registros. Uma baleia jubarte também foi avistada na praia de Itapirubá Sul, junto a uma baleia-franca. A aparição da jubarte em Santa Catarina é rara, pois a espécie se reproduz na Bahia e faz a migração mais afastada da costa.

Ainda estão previstos mais dois voos de monitoramento até o final de temporada. Um em setembro e o outro no final de outubro, segundo Karina. A estimativa dos pesquisadores é que pelo menos 200 fêmeas procurem a região regularmente, o que sugere que aqui elas encontram um local seguro para reproduzir, ganhar e amamentar os filhotes.

— O monitoramento é importante para avaliar a dinâmica populacional da espécie, taxa de crescimento populacional, taxa de retorno. Quem volta está encontrando um local adequado para reprodução. É importante acompanhar essa história de vida das baleias para propor medidas de gestão, se necessário. O objetivo é fazer o melhor ordenamento possível das atividades humanas que possam impactar a espécie, e minimizar esse impacto — explicou Karina.

(Do www.clicrbs.com.br)

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

MAR DO AMERICO VERMELHO

Foto Americo Vermelho 
Praia da Reserva, Barra da Tijuca.
(foto com drone).







NO REFÚGIO DO REBOJO...

Foto e informações do Alan Arante Monteiro

Com a vinda do "rebojo", pescadores do Pântano do Sul foram pegar a calmaria na Barra da Lagoa...

NA PRAIA...

Foto Andre De Dienes - verão 1949
MARILYN MONROE








O ATUM, A PESCA E ALGUMAS VERDADES...

Foto: igualdad animal 
Atum: mais que um peixe, um mito!

Seus cardumes normalmente acompanham as correntes marinhas, sendo encontrados em todos os oceanos. O atum é mais que um peixe qualquer. É um símbolo vivo dos oceanos. Quando se pesquisa sobre ele, percebe-se a admiração que desperta em todo o mundo.

Não há nos mares deste planeta nenhum peixe mais magnífico que o atum-azul. Ele pode atingir 3,65 metros de comprimento, pesar até 680 quilos e viver por 30 anos. Apesar de todo esse tamanho, ele é um primor da hidrodinâmica, capaz de nadar a 40 quilômetros por hora e mergulhar a quase 1 quilômetro de profundidade.
Assim se referiu ao atum matéria da revista Pesca Esportiva, e ela não é exceção.

Pesca do atum e a história do homem

O peixe faz parte da história da humanidade. Foi pintado em cavernas pelos homens primitivos, e sua imagem foi cunhada em moedas. A primeira referência que se conhece sobre a pesca do atum data de 7.000 A.C, no mar Egeu (O Atum em Portugal, pag 40). Cardumes serviram de alimento para os gregos e, posteriormente, para legiões romanas.
(Foto:numismatas.com)
No livro “ História Natural”, na Antiguidade Clássica, Plínio (Plínio, 77-79), baseado em histórias relatadas, faz referência a atuns e descreve a sua grande anatomia (idem pg 31):
O grupo de tunídeos era tão grande que toda a armada do rei Alexandre, o Grande, comparou a um exército inimigo.
Aristóteles, conhecedor das espécies animais do Mediterrâneo, coloca os atuns, as sereias e os bonitos entre os peixes migradores.

Os atuns e as cavalas acasalam no fim do mês do Elafebólion e desovam no início do Hecatômbeon. Põem ovos numa espécie de saco (ibidem, pag 38).

O ‘melhor’ sushi causa o desaparecimento da espécie
Ilustração: o Atum em Portugal
Grande problema: a gordura de sua barriga

Mas os atuns, especialmente o azul, tem um grande problema: a gordura de sua barriga. Ela é considerada a melhor carne de peixe para se fazer o sushi e sashimi. Além deste aspecto, há a tecnologia aplicada à pesca que não dá a menor chance: o peixe não tem como escapar. O atum é uma espécie migratória. Não respeita fronteiras políticas, o que prejudica a fiscalização. Os japoneses chegam a pagar mais de 1,5 milhão de dólares por um exemplar. Resultado? O atum azul do atlântico, e o atum azul do Pacífico, estão na lista vermelha dos ameaçados de extinção da IUCN (International Union for Conservation of Nature).

De acordo com a tese O Atum em Portugal

Os japoneses preferem o atum de “carne vermelha”, sobretudo a espécie rabilho (Thunnus thynnus), em japonês “maguro”, e classificam as partes do atum de acordo com o seu teor em gordura. A parte mais gorda, que se situa na região abdominal, é normalmente a mais cara e a mais apreciada (pag.25)
História do consumo no Japão
No mercado de Tóquio um atum pode sair por mais de 1,5 milhão de dólares!
O Japão nunca foi, em termos históricos, um tradicional consumidor de peixe nem de qualquer outro tipo de produto marinho. Todos os alimentos provenientes do mar só se tornaram significativos nesse país a partir dos anos 30, do século XX. Hoje, os japoneses consomem 40% da proteína, através do peixe. O Japão consome sushi há alguns séculos mas sempre de uma forma muito rudimentar. Só após a Segunda Grande Guerra, e com a introdução da refrigeração moderna, é que o sushi e o sashimi se tornaram realmente populares, com a confecção de peixe cru.
O mercado japonês consome e importa mais atum-rabilho do que qualquer outro no mundo. Em 2005, o Japão importou 55% do total das importações mundiais. Atualmente, o Japão, Espanha, França, Estados Unidos e Itália, representam 95% do mercado global. Os peixes são vendidos a preços exorbitantes.

Tentativa de regular a pesca do atum no Brasil e no mundo

Para minimizar este problema foram criadas associações e cotas para cada país apto a pescar o atum. Uma delas, a mais ‘respeitada’ (entre aspas porque sabe-se que muitos países não respeitam suas cotas) é a ICCAT, The International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas. Já na Europa surgiram as Organizações Regionais de Gestão da Pesca, as ORGP, com o mesmo objetivo.
Rotas migratórias do atum no Hemisfério Norte

A organização reúne seus membros anualmente para tomarem decisões quanto as cotas, locais onde a pesca pode ser feita, época certa para a atividade. E até a criação figuras como o “observador”, que todo barco deve levar a bordo. Ele é encarregado de fiscalizar se, o que foi decidido na reunião, está sendo cumprido em cada navio pesqueiro.

Regularização da pesca do atum no Brasil

A regularização da pesca no Brasil sempre foi confusa. Políticas instáveis, mal feitas, até porque não temos estatísticas sobre a pesca. Na primeira viagem pela costa brasileira, entrevistei o chefe da CEPSUL, Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul, em Iatajaí. A região do Vale do Itajaí responde por 40% da produção de pesca no país (fonte: SINDIPI -Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região). Conversando com Luiz Rodrigues, chefe da autarquia, fiquei pasmo quando, depois de uma série de perguntas incômodas, ele foi claro ao dizer:
"a pesca no Brasil é uma esculhambação total"
O pior é que ele está correto. Seja como for, o Brasil só se interessou pela pesca do atum a partir de meados de 1950. Mas não investiu nas frotas. Desde aquele período o país usava barcos arrendados. O primeiro que aqui chegou foi o Keiko Maru, que desembarcou no Recife 150 toneladas de peixe.

Histórico da pesca do atum no Brasil

Nas regiões Sudeste e Sul a pesca de atum foi iniciada em 1959. Mais uma vez, arrendando barcos japoneses. Esta primeira fase prosseguiu até 1964 quando a instabilidade política fez com que os estrangeiros procurassem outros portos. Por muito tempo a pesca de alto mar foi deixada de lado.
Navios japoneses arrendados em Natal, RGN
A partir do governo de FHC a pratica mudou

Só a partir do governo de FHC a pratica mudou. Entre 1998 e 2002, o empresário paraibano, Gabriel Calzavara de Araújo, foi diretor do Departamento de Pesca e Aquicultura do Ministério da Agricultura. Seu maior legado foi criar um novo marco regulatório, mais flexível, para o arrendamento de barcos de pesca, o Decreto nº 2840. Até então o procedimento seguia uma rígida norma de 1950.


De acordo com (MAPA, 1997 p.1), uma segunda etapa de arrendamento de embarcações pesqueiras teve início no final dos anos 70, quando barcos pesqueiros, na maioria Asiáticos, começaram a exercer a pesca de superfície com isca viva dirigida à captura de Bonito-barriga-listrada (espécie de atum), em conjunto com embarcações nacionais compostos de sardinheiras e arrasteiros adaptados.

Mais de 300 navios pescam em águas brasileiras
O estudo prossegue:

Os processos de arrendamento de embarcações pesqueira no Brasil tornaram-se mais evidentes em fins da década de 90, influenciados pelo Decreto n° 2.840 de 10/11/1998. Este decreto revogou os anteriores regularizou a entrada dessas embarcações. Segundo consta no Decreto, as empresas arrendatárias teriam o direito de permanecer com as embarcações por três anos, com chances de prorrogação por um período máximo equivalente ao do processo. Essa medida proporcionou durante, o período de 1998 á 2002, a entrada de 332 navios estrangeiros de pesca na costa litorânea brasileira, estando esses devidamente autorizados a praticarem exploração da atividade no mar territorial brasileiro.
Mais dois tipos de atum. Note a hidrodinâmica perfeita


Novo marco regulatório

O autor do controverso decreto foi o ex secretário da Pesca do período FHC, Gabriel Calzavara de Araújo. Ao sair do Governo, fundou duas empresas a Atlântico Tuna, e a Norpeixe, arrendou navios japoneses e ficou milionário.
Mas não foi só Calzavara que se beneficiou.

Segundo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio exterior / Secretaria e Comércio Exterior (MDIC/SECEX, 2004), o Estado da Paraíba possui, em seu território,cerca 10 empresas ligadas á atividade pesqueira industrial, as quais chegam a movimentar individualmente por ano entre U$S 1 e 10 milhões. Uma delas, a Tunamar Comércio Ltda, foi responsável pelo arrendamento de 54 embarcações pesqueiras durante o período em questão, fatos esses que proporcionaram ao Estado, em conjunto com o Estado do Rio Grande do Norte, a produção, em 2001, de aproximadamente 10.000 toneladas de atuns e afins.
Em 2007 novo estudo sobre a pesca do atum no país foi publicado

A pesca Oceânica No Brasil Do Século XXI“, de autoria do renomado professor Fábio Hazin, e Paulo Henrique Travassos. Ambos da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Pesca de atum movimenta US$ 4 bilhões de dólares por ano
Algumas considerações:

No ano de 2004, no Oceano Atlântico, excluindo-se o Mar mediterrâneo, foram capturadas cerca de 500.000 t de atuns e espécies afins…No mesmo ano, as embarcações sob jurisdição nacional, brasileiras e arrendadas, capturaram 44.640 t, ou o equivalente a cerca de 9% do total capturado no Atlântico…Em 2005, este montante subiu para 48.900 t, representando um incremento próximo a 10%. Do ponto de vista do resultado econômico, entretanto, uma vez que aproximadamente a metade da produção nacional é constituída por bonito-listrado, uma das espécies de atum mais costeiras e de menor valor comercial, a participação brasileira no rendimento proporcionado por esta pesca, em torno de US$ 4 bilhões/ ano, certamente se situou bem abaixo dos 5%…(pags 60/61)
E mais:

Com o esgotamento dos recursos pesqueiros costeiros, a principal alternativa para o desenvolvimento do setor pesqueiro nacional, excetuando-se a aqüicultura, reside na pesca oceânica,voltada para a captura de atuns e peixes afins. Porém vários são os entraves para o desenvolvimento da pesca oceânica nacional, com destaque para a falta de mão-de-obra especializada, de tecnologia e de embarcações adequadas, as quais, devido ao seu elevado custo, encontram-se comumente muito além da capacidade de investimento das empresas de pesca brasileira…

Mas nem tudo é desvantagem..

Enquanto embarcações operando a partir de portos brasileiros alcançam as áreas de ocorrência dos cardumes com poucas horas de navegação, as frotas de países com grande tradição pesqueira, como o Japão, Taiwan, Coréia, Espanha, Portugal, entre outros, são obrigados, em alguns casos, a viajar mais de 20.000 km para atingir as mesmas áreas de pesca
Hazin defende o arrendamento

A produção nacional de atuns e afins cresceu de pouco mais de 20.000 t, em 1995, para mais de 50.000 t, em 2000, em decorrência, principalmente, da ampliação dos arrendamentos promovidos pelo DPA/ MAPA (Departamento de Pesca e Aqüicultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
Sobre as embarcações brasileiras, disse Hazin:

Neste contexto, registre-se que as embarcações nacionais são obrigadas a competir pelos recursos pelágicos deste oceano, com as frotas estrangeiras, particularmente a espanhola e japonesa, pesadamente subsidiadas e que operam com um custo financeiro que representa uma pequena fração da realidade brasileira

O que prefere o Brasil?

O que claramente se coloca, portanto, é qual futuro o Brasil prefere. Conceder às frotas internacionais o livre acesso aos portos brasileiros, e ficar literalmente a ver os navios estrangeiros pescando em seu quintal, ou enfrentar o desafio de desenvolver a sua pesca oceânica.
E ele mesmo conclui:
A decisão do Estado brasileiro foi, e não poderia ser outra, pelo desenvolvimento do setor. 
Pesca do atum no brasil (foto: igualdad animal)

Resta saber quando, e como isso será feito. Para desenvolver estes navios pesqueiros é preciso investimentos em estaleiros, e treinamento de mão de obra especializada. Tanto na construção, como na pesca. Com o país quebrado, fica difícil adivinhar quando chegará a vez da pesca industrial de alto mar nas prioridades do desgoverno. Com muita sorte, e vento a favor, quem sabe possamos começar dentro de 10 anos.

Ainda valerá a pena?
Cientistas contrários a pesca

Alguns cientistas criticam a pesca de atum mesmo com as cotas e outras medidas. Sylvia Earle é uma delas. Sylvia garante que 95% do atum azul dos oceanos já se tornaram sushi
ONGs protestam

O Greenpeace também protestou
O Greenpeace flagrou, na semana passada (fevereiro de 2001), o navio pirata Wen Shun 606 descarregando atum no Porto de Cabedelo, Paraíba. O Wen Shun 606 é listado na ICCAT como sendo navio que “se acredita engajado na pesca não-relatada e não-regulada”. A embarcação pirata é registrada em São Vicente e Granadinas, foi construída na China e pertence à Continental Handlers Limited, empresa baseada em Trinidad & Tobago.

Outras ONGs dizem que o ICCAT ignorou o conselho de cientistas que queriam o fim da pesca do atum-azul, já em 2009, e criou cotas de pesca da espécie de 13.500 toneladas.
O preço: maior inimigo do Atum (da tese O Atum em Portugal)

Sendo o atum um produto bastante rentável, as políticas de regulamentação e conservação existentes podem não ser suficientes para a manutenção da sustentabilidade das espécies.
A pesca do atum se assemelha a um massacre.

A ONG espanhola Igualdad Animal produziu um vídeo da matança de atuns que fez furor. A ONG assegura que os peixes sentem dor.
(Do https://marsemfim.com.br/)

MAREGRAFIAS

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Na onda, com o Paulo Goeth

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

NA GAMBOA!

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Foto e informações de Ailton Vieira 
Baleia desta quarta-feira na Gamboa!

MAR DE RISO

A TAINHA E A NOVA SAFRA


A safra da Tainha 2017 contou com inovações importantes

As tainhas começam a deixar a nossa costa, mas um legado permanecerá no litoral Catarinense. Pela primeira vez, as associações, sindicatos e colônias que representam os pescadores do estado estiveram envolvidos diretamente com o monitoramento da pescaria pelos próprios pescadores – o automonitoramento. Boa parte do setor compreende a importância de gerar dados e ao que tudo indica, os próximos anos serão marcados por um número cada vez maior de pescadores e entidades monitorando a pesca nas demais regiões do país.

Em meio a um cenário de crise político-institucional e inúmeros problemas relacionados à gestão da pesca da tainha, o monitoramento feito pelos pescadores seguramente será lembrado como uma nova perspectiva para um setor carente de políticas públicas adequadas.

Uma das inovações dessa safra foi o Tainhômetro – um contador online que contabilizou, ao longo do período da safra, a produção de tainha em Santa Catarina, a partir de dados gerados pelos pescadores (www.tainhometro.com.br). Liderados por suas entidades representativas e com o apoio técnico da Oceana, participaram diretamente da iniciativa, a Associação dos Pescadores Profissionais Artesanais de Emalhe Costeiro de Santa Catarina (APPAECSC), que registrou ao longo da safra cerca de 290 toneladas; a Federação de Pescadores do Estado de Santa Catarina (FEPESC), 1.805 toneladas; o Sindicato dos Armadores e da Indústria da Pesca de Itajaí (SINDIPI), 1.121 toneladas e, do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) em Laguna, 210 toneladas. No total, o Tainhômetro registrou a captura de 3.426 toneladas de tainha em Santa Catarina.

Mas onde alguns veem apenas números, outros enxergam dados essenciais para a gestão. De acordo com a Diretora-Geral da Oceana, Monica Brick Peres, dados pesqueiros são a base para o desenvolvimento sustentável da pesca. “Sem informações mínimas sobre a atividade não temos como manejar e planejar adequadamente uma pescaria. Precisamos saber quanto de pescado é desembarcado, qual a arte, a área e o tempo de pesca utilizado, além dos dados econômicos como preço de 1a comercialização e custos operacionais. Sem dados e sem manejo, o setor produtivo, os oceanos e a sociedade terão enormes prejuízos”. E complementa: “é fundamental que existam programas oficiais de monitoramento pesqueiro, mas, independentemente disso, o automonitoramento traz enormes vantagens para as organizações que passam a ser proprietárias das informações. Creio que com o tempo, essa iniciativa vai mudar toda a lógica e a relação da sociedade com o governo”.

É também o que pensam as lideranças das associações e sindicatos que participaram dessa construção. De acordo com Ricardo Rego, presidente da APPAECSC, o levantamento de informações sobre os estoques é a principal ferramenta para demonstrar que o governo não pode mais fazer política sem ouvir o conhecimento dos pescadores, artesanais e industriais. “Nessa iniciativa, fazendo pesquisa, conseguiremos reverter muito do que o governo passa para a gente em forma de dados que a gente não sabe de onde surgem, mas ainda podemos melhorar esse monitoramento, o que certamente acontecerá nas próximas safras”, declara.

Para Ivo da Silva, presidente da FEPESC, o monitoramento, no longo prazo, permitirá saber a possibilidade de melhoria ou piora da safra seguinte. Ele lembra que as informações precisam ser comparadas ano a ano, até que após um período de vários anos seja possível obter um retrato real do que vem acontecendo com a tainha. “O Tainhômetro nos motivou a continuar o trabalho de coleta de dados que já fazíamos de uma forma não tão sistematizada e nos permite ter a informação num prazo curto de tempo e de forma aprimorada”, relata.

Para Cida dos Santos, liderança do CPP em Laguna “Ainda existe uma certa desconfiança entre alguns pescadores sobre a utilização desses dados e é por isso que é preciso mostrar a importância dos dados para uma política mais benéfica para todos”. Ela explica também que o CPP pretende organizar um seminário de discussão dos resultados obtidos e dos aprendizados desse processo com a pesca artesanal de toda a região sudeste-sul. “Esperamos que pescadores de outros estados participem também desse encontro, isso vai deixar mais robusto o nosso monitoramento e quem sabe envolver mais parceiros nos próximos anos”, resume. 

Outro marco da safra de 2017 foi a parceria entre pescadores artesanais e indústrias de Santa Catarina. Agnaldo Hilton dos Santos, coordenador da Câmara Setorial do Cerco do SINDIPI, lembra que há espaço para todos os tipos de pescarias e que não há porque pescadores artesanais e industriais atuarem separadamente na busca por melhores regras para a pesca marinha. “A cadeia produtiva da pesca é complexa e não pode ser alvo de uma política de gabinete, que não nos consulta. Agora nós temos os nossos próprios dados e vamos poder usar isso, juntos, como base para pedir mais pesquisa, mais monitoramento e políticas adequadas a esses resultados”, resume. 

Com o final da safra, todas as organizações de pesca e a Oceana planejam avaliar juntos o trabalho feito e planejar os próximos passos para a safra de 2018. “O Tainhômetro registrou até o último dia, 31 de julho, mais de 3 mil toneladas, mas o valor final ainda pode mudar um pouco. A partir de agora, todos os dados serão revisados, analisados e, depois, comparados com o monitoramento oficial feito pela UNIVALI. Só assim poderemos trabalhar para ter mais engajamento e dados cada vez melhores”, afirma Monica.

http://brasil.oceana.org/

Mais informações:
Oceana – (61) 3247-1800
imprensa@oceana.org

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

CHUVA CHEGANDO

Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS

Quarta-feira deve ter chuva após 15 dias de estiagem em Santa Catarina

O fim desta quarta-feira, 2, deve ser marcado pela chuva, que não ocorre no Estado desde o dia 18 de julho, há 15 dias. A previsão da Epagri/Ciram, órgão estadual de monitoramento do tempo e do clima, é que as pancadas tenham início por volta das 20h e continuem até as 22h de quinta-feira, 3. A chuva deve ter intensidade entre fraca e moderada, mas há possibilidade de raios e fortes rajadas de vento, com até 80 km/h.

O volume previsto de chuva nos dois dias fica entre 20 e 40 mm, com pontuais de 50 mm, principalmente no Litoral. Apesar de ser mais do que choveu ao longo de todo o mês de julho na maior parte das regiões do Estado, não deve ser o suficiente para resolver o problema da estiagem em Santa Catarina, segundo a Epagri.

A temperatura também entra em declínio a partir da noite de quinta-feira, por conta do avanço de uma frente fria e formação de sistema de baixa pressão, seguidos de uma massa de ar frio. O vento forte ao longo do dia exige atenção no mar para pequenas e médias embarcações, já que as ondas devem ter em torno de 2,5 m a 3 m, com picos de até 4 m.

Próximos dias

Na sexta-feira a frente fria se afasta do Estado e o tempo volta a ficar seco. A temperatura tende a ser baixa ao amanhecer, com chance de geada nas áreas altas da Serra catarinense. A condição se repete no sábado, mas com nevoeiros no início da manhã no Vale do Itajaí e Planalto Norte.

Domingo o tempo continua seco na maior parte de SC, com exceção do Litoral Norte, onde há possibilidade de chuvisco por conta do vento úmido que vem do mar. A temperatura começa baixa pela manhã e fica amena durante a tarde.

(Do http://dc.clicrbs.com.br/)

terça-feira, 1 de agosto de 2017

AS VÉIA


TEMPO, TEMPO...


Tempo começa a mudar na Região Sul: chuva à vista

por Josélia Pegorim 

A semana começou com aumento de nebulosidade sobre a Região Sul e fazendo muito gente pensar em chuva. Mas a maior parte da nebulosidade observada durante a segunda-feira, 31 de julho, era de nuvens altas e médias que não são de chuva.

Mas esta é uma semana de grandes mudanças no tempo sobre a Região Sul com a passagem de uma frente fria que terá força para provocar chuva em todos os estados.

A grande e forte massa de ar seco que está sobre o Brasil já começou a perder força, mesmo assim bloqueia mais uma frente fria que se afasta no mar entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul. Nesta terça-feira, quase toda a Região Sul tem sol, calor à tarde e algumas nuvens, mas o tempo seco predomina. Algumas nuvens carregadas se espalham pelo centro-sul do gaúcho nesta terça-feira e há previsão de pancadas de chuva com raios, principalmente nas áreas próximas da fronteira uruguaia.

Chuva forte à vista

A chuva prevista para esta terça-feira é apenas o início da mudança no tempo. Uma grande frente fria avança sobre a Argentina também nesta terça-feira durante a quarta-feira, 2 de agosto, entra com força sobre a Região Sul provocado chuva e ventos fortes. Pode chover já de manhã na Grande Porto Alegre e no fim da tarde em Florianópolis. A chuva chega ao norte do Paraná e a Grande Curitiba na quinta-feira e a semana termina com frio na Região Sul e até possibilidade de geada em áreas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.


(Do https://www.climatempo.com.br/)

NA TARRAFA

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Fim de safra das Tainhas!
Mas as "cabeçudas" ainda estão no mar!
No olhar e clique do Hermes Daniel

MAR DE ILHAS

A Ilha dos Faisões vista da França. JAVIER HERNÁNDEZ

A ilha que pertence seis meses à Espanha, outros seis à França

Nesta terça-feira a ilha dos Faisões, menor condomínio do mundo, passa a mãos francesas


Entre Irún e Hendaya, sobre o rio Bidasoa, que separa estas duas populações fronteiriças da Espanhae da França, respectivamente, se encontra um território com um status muito peculiar e pouco habitual no mundo. É a ilha dos Faisões, o menor condomínio plurinacional de que se tem notícia. Há mais de um século, seus 5.000 metros quadrados pertencem seis meses por ano à Espanha, e outros seis meses à França. Nesta terça-feira, justamente, passará novamente às mãos francesas, mediante um simples trâmite administrativo, e assim permanecerá até o final de janeiro.

A ilhota não é habitada nem visitável. A rotina, a normalidade e até o tédio predominam neste lugar pouco normal. Os curiosos a contemplam a partir de ambas as margens, a apenas 50 metros; as embarcações e os canoístas passam ao largo; e em seu solo só costumam pisar os membros dos Comandos Navais de Donostia (Espanha) e Baiona (França), responsáveis por sua jurisdição em semestres alternados. “Ela exige poucos cuidados”, afirma o comandante espanhol Rafael Prieto, encarregado da sua administração até o final de julho. “As pessoas são muito respeitosas, ninguém penetra, apesar de às vezes a maré estar tão baixa que se pode passar quase andando. Nós entramos a cada cinco dias para fazer reconhecimentos visuais”, acrescenta o militar, que desmente o boato de que durante o período espanhol exista o título de Vice-Rei da Ilha dos Faisões.

Em seus 215 metros de comprimento e 38 de largura, com forma ovalada, há apenas uns 30 choupos de folha perene, um pouco de mato, grama curta, pedras e um monólito que recorda seu momento culminante na história: aqui se assinou, em 7 de novembro de 1659, o Tratado de Paz dos Pirineus, que pôs fim a um conflito iniciado durante a Guerra dos Trinta Anos. Em virtude de uma das cláusulas, nesta ilhota fluvial a corte espanhola entregou à francesa a infanta María Teresa de Áustria, filha de Filipe IV, para contrair núpcias com Luis XIV, o Rei Sol. Ao longo dos séculos, são várias as infantas casadoiras e os prisioneiros que os dois países se entregaram mutuamente neste lugar.

Para a assinatura foi erguida uma construção temporária, que deu lugar a uma batalha de imagem e poder para ver qual delegação introduzia mais luxo e ostentação no seu lado – o que acabou atrasando a cerimônia. Entre os presentes estava o conde de D’Artagnan, origem do legendário personagem literário de Alexandre Dumas, e o pintor Diego Velázquez, encarregado da logística do rei e cuja morte, apenas um mês e meio depois da volta a Madri, é associada à extenuante expedição. “Foram dois meses e meio de um trabalho muito intenso, e ele já tinha 61 anos, uma idade avançada para a época”, explica Javier Portús, chefe de conservação de Pintura Espanhola pré-1700 do Museu do Prado. “Ele precisava se adiantar ao monarca em cada etapa para preparar seu aposento. Fazia o caminho de noite e trabalhava de dia. Não há certeza absoluta, mas os historiadores associam, sim, a morte dele ao desgaste desta viagem.”
 foto Cartaz informativo em frente à ilha. J.H.

A fórmula do condomínio, em meados do século XIX, representou, na verdade, uma cessão à França, já que até então o rio Bidasoa e a ilhota pertenciam inteiros à Espanha. “No Tratado dos Pirineus, Luis XIVreclamou parte do rio, mas Filipe IV se negou taxativamente”, conta Joan Capdevila, doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona e autor de La Delimitación de la Frontera Hispanofrancesa. “Entretanto, 200 anos depois, no Tratado de Baiona, de 1856, [a França] conseguiu seu objetivo e ficou com metade do Bidasoa. Na ocasião também foi decidido o condomínio sobre a ilha dos Faisões, embora a partilha de seis meses para cada lado só tenha sido estabelecida meio século depois, numa tentativa de acabar com as disputas entre os pescadores de ambos os países e com o contrabando na zona”.

A fórmula do condomínio, definida em meados do século XIX, representou uma cessão à França

Faz já muito tempo que o lugar (Isla de los Faisanes, em espanhol, ou Île des Faisans, em francês) é um remanso de paz. Uma das últimas perturbações do sossego ali registradas foi em 1974, quando vários membros do grupo separatista basco ETA foram surpreendidos perto da ilha pela Guarda Civil espanhola, quando tentavam cruzar a fronteira. A operação terminou com um agente e um terrorista mortos, e com a detenção da futuramente famosa Yoyes, então muito jovem, 12 anos antes de ser assassinada por seus ex-companheiros de militância.

Talvez o maior perigo que ela já enfrentou tenha sido o seu possível desaparecimento. Quando o condomínio foi estabelecido, a ilha tinha sua dimensão reduzida a menos da metade em comparação a dois séculos antes, por causa da erosão fluvial. Media apenas 80 metros de comprimento e cinco de largura. Por isso a Espanha e a França pactuaram fazer obras de reforço que deram certo. Hoje, ela mede 215 x 38 metros. Os funcionários das prefeituras de Irún e Hendaya se revezam semestralmente para cuidar da jardinagem e limpeza, garantindo que tudo permaneça apresentável.

O que não há na ilha dos Faisões são faisões, como lamentou o escritor francês Victor Hugo em sua visita de 1843. "No máximo uma vaca e três patos, sem dúvida figurantes alugados para fazerem o papel de faisões para os visitantes”, escreveu. Segundo algumas versões, o nome original era “Île des Paussans”; segundo outras, “Île des Faisants”. Seja como for, a denominação atual é uma adaptação linguística que nada tem a ver com a realidade. Aqui não existem faisões.

(Do https://brasil.elpais.com/brasil/)

PANTUSÚLI DO GERALDO CUNHA

Olhar e clique do Geraldo Cunha