terça-feira, 22 de setembro de 2020

MAR DE BALEIAS




Sobrevoo de monitoramento registra 42 baleias-francas entre SC e RS

Um total de 42 baleias-francas foram avistadas no monitoramento aéreo realizado nos dias 17 e 18 de setembro no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Eram 20 mães acompanhadas de filhotes e 2 adultas sozinhas. Esse foi o principal sobrevoo de monitoramento da Temporada 2020, já que setembro é o auge do período reprodutivo das baleias-franca, quando um maior número de indivíduos é registrado no litoral sul do Brasil. O próximo sobrevoo está previsto para novembro, no fim da temporada. 

Intitulado expedição ProFRANCA, o sobrevoo estendido é uma ação conjunta do programa de monitoramento das baleias-francas da SCPAR Porto de Imbituba (SC) e do Projeto Franca Austral, realizado pelo Instituto Australis, com patrocínio Petrobras. 

Além do tradicional monitoramento que abrange a região da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, entre Torres, no Rio Grande do Sul, e Florianópolis, Santa Catarina, o percurso foi estendido e iniciou no município de Santa Vitória do Palmar, extremo sul gaúcho, percorrendo cerca de 1.000 km de costa até a cidade de Penha no litoral norte de Santa Catarina.
Dentro da área regularmente sobrevoada em anos anteriores, entre Florianópolis (SC) e Torres (RS) foram avistadas 30 baleias, sendo (15 mães acompanhadas de filhotes), um número menor que observado em setembro do ano passado, quando foram avistadas 52 baleias no mesmo trecho. 

BAIXO NÚMERO 

Segundo Karina Groch, Diretora de Pesquisa do ProFRANCA, “o baixo número de baleias foi uma surpresa, pois este ano as baleias chegaram na região mais cedo, o que em geral é um indicativo de um número maior de baleias virem se reproduzir no litoral do Brasil. Além disso, estamos tendo um ano muito atípico em termos de distribuição das baleias, com ocorrência mais ao sul. E temos feito contato com os pesquisadores que atuam nas outras áreas de concentração de baleias-franca no Hemisfério Sul, que também estão registrando números menores que em 2019”. 
A maior concentração foi registrada em Laguna (SC), com 24 indivíduos, seguido de Mostardas (RS), com 10 baleias, Jaguaruna, 6 baleias e Capão da Canoa (RS), 2 baleias. Além das baleias, foram avistados grupos de toninhas (Pontoporia blainvillei), pinípedes (lobos e leões marinhos) e golfinhos nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus).
A equipe de monitoramento aéreo, formada por 1 a 2 observadores e um fotógrafo, faz o censo e o registro da localização dos indivíduos, além da fotografia das baleias. As fotos serão utilizadas na identificação dos indivíduos adultos, possível através de calosidades que cada animal possui sobre a cabeça, únicas para cada baleia-franca, como se fosse uma impressão digital. 
Segundo os pesquisadores que participaram do sobrevoo, diversos fatores podem influenciar no número de baleias em áreas reprodutivas avistadas neste ano. “A variação pode estar atrelada a fatores como a disponibilidade de alimento antes da migração e a reprodução desses animais na Argentina, que é uma área mais próxima às zonas de alimentação, localizadas na Antártica”, afirma Gilberto Ougo, oceanógrafo da empresa Acquaplan que integrou a equipe da expedição.

MONITORAMENTOS

Um monitoramento sistemático a partir de terra está sendo realizado pelo projeto ProFRANCA ao longo de 15 pontos fixos na região da APA da Baleia Franca. A metodologia empregada dá continuidade aos estudos de longo prazo realizados pelo Instituto Australis, para avaliar a abundância, o padrão de distribuição, a sazonalidade e o comportamento das baleias-francas. 
Na região do Porto de Imbituba, o Programa de Monitoramento integra o Plano de Controle Ambiental (PCA) da SCPAR Porto de Imbituba, Autoridade Portuária. Realizado há 12 anos, o trabalho abrange duas metodologias: monitoramento aéreo e terrestre. Por terra, a observação ocorre em pontos fixos nas enseadas das praias do Porto e da Ribanceira, entre os meses de julho e novembro, e é executado pela empresa Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental e o 
Instituto Australis.

O monitoramento da frequência dos cetáceos na região possibilita que o porto estabeleça controles operacionais voltados à conservação da espécie. “As informações coletadas ao longo da temporada permitem analisar a frequência de uso e comportamento das baleias, a fim de garantir a segurança e a conservação da espécie em harmonia com as operações portuárias”, avalia Camila Amorim, oceanógrafa e gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da SCPAR Porto de Imbituba.

As baleias-francas

A baleia-franca é uma espécie ainda ameaçada de extinção no Brasil, e conta com uma população estimada em 500 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4% ao ano. Os números são resultado de uma tese de doutorado apresentada este ano, contemplando a uma análise de 15 anos de dados dos sobrevoos de monitoramento da espécie. A realização e continuidade deste monitoramento sistemático de longo prazo é fundamental para acompanhar a recuperação populacional da espécie no sul do Brasil.

(Para saber mais visite www.baleiafranca.org.br e acompanhe nossas redes sociais @institutoaustralis.)

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