Empresas reivindicam aumento das cotas e mais licenças pra 2021
Safra termina com baixa captura
Com frota reduzida, safra industrial foi afetada por clima desfavorável. Traineiras trouxeram só 8% do limite autorizado
A safra da tainha de 2020 termina hoje com balanço negativo da frota industrial e abaixo da expectativa pros pescadores artesanais. As restrições na captura e as condições climáticas desfavoráveis estão entre os principais fatores que contribuíram para o resultado, segundo o setor.
De acordo com dados do monitoramento da secretaria Nacional da Pesca, apenas 8% da cota de 627,8 toneladas autorizadas pra frota das traineiras foi capturado, representando quase 50 mil quilos do peixe. Na frota de embarcações com emalhe anilhado, o percentual de captura foi de 40% da cota de 1196 toneladas.
A pesca industrial da tainha teve reduções nas cotas e no número de barcos licenciados. Foram apenas 10 embarcações na modalidade cerco/traineira, das quais oito de Itajaí, e 130 barcos com redes de emalhes, com captura restrita à Santa Catarina.
De acordo Agnaldo Hilton dos Santos, coordenador de câmara de Cerco do sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), além de menos barcos, fatores climáticos também influenciaram pra baixa produção, incluindo o ciclone que atingiu o estado no fim de junho.
“O peixe foi direcionado pelas correntes marítimas basicamente dentro das milhas que eram proibidas pra nossas embarcações e, consequentemente, favoreceu muito a pesca artesanal”, considera. As discussões sobre a próxima temporada já começaram a ser feitas pelo sindicato.
Na quinta-feira, o secretário Nacional da Pesca, Jorge Seif Júnior, se reuniu com os representantes do Sindipi em Itajaí. Foram discutidas demandas da entidade, entre elas a captura da tainha. “Já começamos as tratativas, pra que ano que vem a gente possa, com certeza, ter um maior número de cotas e também de embarcações”, disse Agnaldo.
O sindicato não concorda com os estudos que apontaram escassez no estoque de tainha, que embasaram a definição de cotas e licenças nesse ano e pretende fazer um levantamento próprio dos estoques. Um relatório sobre a safra 2020 deve se entregue à secretaria Nacional de Pesca até 31 de agosto, com as solicitações para a próxima temporada.
Reflexo nas vendas
A redução na captura refletiu na queda nas vendas. Em Itajaí, o gerente do mercado Público do Peixe, Nilson José de Borba, informou que foram vendidas cerca de 50 toneladas de tainha nessa temporada. “Nos outros anos foi bem mais do que isso, chegando a mais de cem toneladas”, comparou.
Nilson destacou que os fatores climáticos prejudicaram a pesca desde o início da safra, além das poucas embarcações na captura. “Desde quando abriu a pesca, tivemos passagens de ventos fortes e tempo ruim que impossibilitou a pesca, resultando numa produtividade bem abaixo do que se esperava”, avalia.
A última grande carga de tainha recebida no mercado do Peixe foi há cerca de 20 dias. Até ontem, apenas três bancas ainda tinham o peixe, vindo da pesca artesanal. Os maiores lanços nas praias da região rolaram em Balneário Camboriú e em Bombinhas, um deles com cerca de 10 mil tainhas na praia do Retiro dos Padres.
O tainhômetro dos pescadores das praias agrestes de Balneário somava 26.476 tainhas capturadas até ontem, com o Estaleiro na liderança. O pescador Marcelo João Rosa, 31 anos, da peixaria Lindomar, no Estaleirinho, avalia que não chegou a ser uma safra ruim mas também não foi ótima.
“O clima foi péssimo pra tainha. Não deu o vento que era pra dar. O vento sul foi bem pouco e não teve frio. Agora que passou a época da tainha, chegou o vento sul e frio”, lamentou. Mesmo após o peixe acabar, a procura seguiu alta no balcão, conta.
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