terça-feira, 2 de junho de 2020

O CALDO DE TAINHA DO BRUXO

Ilustração Andrea Ramos
CALDO DE TAINHA À MANEIRA DO SÍTIO
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Nesta receita, A. Seixas Netto, o "bruxo" do tempo, nos ensina a forma mais simples e antiga de se preparar um legítmo caldo de tainha na Ilha de Santa Catarina.
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"...Mas as festas da pesca da tainha está por terminar. Os barcos de alto mar pescam as mantas antes que cheguem às redes dos tradicionais, valorosos e históricos pescadores ilhéus. É o progresso, sem dúvida, mas é pena. E muitas vezes a gente torce para comer um caldo de peixe à maneira do sítio, gostoso, natural, e vai dar com os costados num restaurante onde o caldo de peixe é vermelho de colorau e temperos que escapam à razão do bom comedor de peixe.

E como é bom o caldo de tainhas à maneira da ilha. Sua receita é assim: Numa panela grande de barro, água à ferver e cebolinhas verdes picadas, tomates bem maduros, salsinha, algumas folhas de orégano e alfavaca, sal a gosto. Após a fervura, dentro algumas lascas de gordura da tainha, emana um perfume que é maravilhoso, e o caldo assume um colorido típico branco esverdeado. Em plena fervura são lançados ao caldo postas de tainha, ovas, moelas e fígado do peixe. Uns quatro a cinco minutos, serve-se, fazendo pirão do caldo. Pimenta verde, da redondinha que arde como o fogo do inferno, à parte. Alguns vão de vinho branco mas é esnobada.
O bom mesmo é batida de limão. E isso atrai todo mundo para as praias, casa de amigos, restaurantes praieiros.

Mas o caso é que no ano passado levei alguns visitantes a comer caldo de tainha e o restaurante praieiro — (praieiro hein?) — apresentou um caldo vermelho de colorau, e feito com mistura de farinha de trigo.

Resultado: Fizemos que comíamos e depois compramos tainha e viemos fazer o caldo em casa. Mas é assim, o comércio exagerado estraga tudo. E as festas da pesca da tainha vai deixando saudade. Ora se vai... "

(A. Seixas Netto, em "Os festejos das pescas da tainha", crônica publicada oroginalmente em "O Estado". Florianópolis, 28 de março de 1971)

2 comentários:

perla hardoy disse...

MERCOSUR, TAINHA Y PORTUNHOL

MEU PRIMERA TAINHA


Cuando eu avisei que pensaba viver uma temporada no Brasil, em la ilha,
um amigo falo para meu : “ nao deje de “saborear “ la tainha.!
Eu pregunte a ele, insistentemente, que era la TAIÑA , pero ele
nao dijo nada mais para meu.
Eu fique pensando varias opciones:
Si era un tipo de objeto sexual desconhocido,
o si era um noivo tipo de caipirinha, o quiza uma noiva música,
porque ele dijo “ saborear “.
Pero a pouco menos que dois meses de morar en Pantano, eu vi meu primer arrastron,
e ahí los pescadores decían ; tainha, tainha.
Entao comprendi porque ele decia “ saborear “, porque eu tive mi primera tainha en la boca.!. Ese peixe que se deshace e na boca, saboroso, suave, gostoso.
Esas escamas, su piel, que refleja o sol mañanero.
Ese peixe noble, puntual, que se oferece a los pescadores cada año, para que eles
continúen con su ritual, mais ala de la posmodernidad.
Agora eu sé que e uma tainha, e tambein sé que es uma “ taihna na rede “
Muito obrigada Brasil, muito obrigada tainha!


Perla

Mariopiraja disse...

Fernando e Andrea,

Parabéns pelo Blog.
Fiquei bastante interessado na receita do nosso querido bruxo do tempo. Tens as medidas da receita?
Explico, sou da ilha e moro no Rio a muuuito tempo.
Tenho tentado uma receita de caldo de tainha que minha avó fazia e não consegui um bom resultado.
Lembro que era uma maravilha, tenho a lembrança dos sabores mas não consigo reproduzi-los.
Saúde e Paz!
Mario Pirajá