No domingo 1.683 tainhas foram capturadas no Campeche – Foto: Anderson Coelho/ND
Safra da tainha em 2020 pode superar a temporada do ano passado
Na manhã do domingo (31) foram pescadas quase cinco mil tainhas na Lagoinha, na Ponta das Canas e na Praia do Gravatá
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MARCELA XIMENES
Se depender do resultado desses primeiros 30 dias de pesca da tainha em Florianópolis, é possível afirmar que a safra deste ano vai superar a do ano passado. Pescadores de todas as regiões da Ilha de Santa Catarina têm registrado grandes pescas nos últimos dias. Na manhã do domingo (31) foram pescadas quase cinco mil tainhas na Lagoinha, na Ponta das Canas e na Praia do Gravatá. No sábado (30), foram pegos cerca de 27 mil peixes na Praia dos Ingleses.
A fartura é comemorada em todos os ranchos de pesca. No Campeche, o pescador Amilton Damásio de Andrade, patrão do Racho Fada, puxou no domingo 1.683 tainhas com a ajuda de cerca de 50 pescadores. Para ele o resultado é uma vitória e sinal de que as coisas vão melhorar muito até o final da safra.
O motivo da euforia é que durante todo o período de pesca do ano passado, seu Amilton pescou num único dia 1,2 mil tainhas e só. A experiência deixou tristeza, mas que já foi esquecida. Além dessas mais de 1,6 mil tainhas do domingo, se Amilton havia pescado 220 dias atrás.
“Tem peixe chegando a todas as praias, tem tainha para todo mundo”, afirmou o experiente pescador nativo do Campeche.
No Norte da Ilha
Na Praia do Santinho também teve comemoração. No sábado (30), Ademar Luiz Jorge, o Mazo, arrastou 6,5 mil tainhas. Até o domingo, ele e os companheiros do Rancho Costão do Santinho somavam 14 mil tainhas pescadas. O número é o mesmo da safra de 2019.
“A tendência é melhorar. Estamos sabendo que o vento Sul está em Imbituba então logo vai chegar por aqui. O vento Sul traz o frio e o frio traz a tainha”, observou.
Seu Mazo, manezinho do Santinho, disse que a tainha é muito imprevisível. “A gente não sabe onde ela vai aparecer nem quando. Temos que esperar”, afirmou. Ele contou que em 2016 pescou cinco mil tainhas e em 2017 “30 mil e poucas”. Em 2018 e 2019 o resultado foi 14 mil tainhas em cada ano. O otimismo do pescador é ancorado em experiência.
Meta em 2020 é de 1,8 toneladas
Em 2019 eram esperadas 2,5 mil toneladas de tainhas nas praias catarinenses, mas foram pescadas menos de 1,2 mil toneladas. Para esse ano, ficou estabelecida a meta de 1,8 mil toneladas de tainhas. A pesca artesanal começou no dia 1º de maio e será encerrada no dia 10 de julho.
Máscaras e redes
A busca pelas esperadas tainha não deixa os pescadores descuidarem da segurança. Seja na terra ou no mar, o uso de máscara é obrigatório, assim como a higienização das mãos e a distância de dois metros entre os trabalhadores. Seu Amilton Damásio disse que isso não tem sido problema no rancho Fada. “Aqui está tranquilo, os camaradas estão usando a máscara o tempo todo. Estamos nos cuidando”, garantiu o pescador de 62 anos.
A pesca artesanal começou no dia 1º de maio e será encerrada no dia 10 de julho – Foto: Anderson Coelho/ND
No rancho do seu Mazo os cuidados também são observados. “A gente está se cuidando. Se chega alguém aqui sem máscara, não entra mesmo. Ou coloca a máscara ou vai embora”, afirmou. Ele contou que nos primeiros dias a máscara causou incômodo, mas que agora já está acostumado com o item de segurança.
Surfe e pesca
Desde 1995 a prática de surfe é limitada proibida em algumas praias de Florianópolis durante a pesca da tainha, entre 1º de maio e 10 de julho. Os 25 anos da lei ainda não resultaram em entendimento entre pescadores e surfistas que têm no mar as suas atividades.
Para Adriano Weickert, assessor da Prefeitura de Florianópolis para assuntos relacionados à pesca, é preciso que seja estabelecido um diálogo entre as duas categorias, afinal, o mar é de todos. “São dois meses e meio de pesca e o restante do tempo todas as praias estão livres para o surfe. Além disso, nesse período de safra da tainha tem praias liberadas, como a Mole e a Joaquina”, ponderou.
De acordo com a lei, o surfe pode ser praticado durante a pesca da tainha em toda a extensão da Joaquina e da Praia Mole. Com restrição em até 500 metros do canto esquerdo da praia da Lagoinha do Leste; até 500 metros do canto esquerdo da praia do Matadeiro; até 500 metros do canto esquerdo da praia da Armação e até 500 metros para a direita da entrada da praia do Moçambique.
Segundo Adriano, a Prefeitura de Florianópolis deve realizar uma ação nos próximos dias com o objetivo de buscar uma pacificação entre pescadores e surfistas. “Com o diálogo é possível acabar com as histórias de ‘bambu nas costas’. Tem mar para todo mundo”, comentou.
(Do ND)
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