terça-feira, 19 de maio de 2020

PESCANDO TAINHAS COM FLECHAS, EM 1540!


Gravuras do livro de Hans Staden
Pescavam com rede e flechas.
E faziam farinha de tainha


Nesse tempo (agosto) procuram uma espécie de peixes que emigram do mar para as correntes de água doce, para aí desovar. Esses peixes se chamam em sua língua piratís e em espanhol “lisas” (tainhas).
Pescam grande número de peixes com pequenas redes. O fio com que as emalham, obtem-no de folhas longas e pontudas, quem chamam tucum. Quando querem pescar com estas redes, juntam-se alguns deles e colocam-se em círculo na água rasa, de modo que a cada um cabe um determinado pedaço da rede. Vão então uns poucos no centro da roda e batem na água. Se algum peixe quer fugir para o fundo, fica preso à rede.
Aquele que apanha muito peixe reparte com os outros que pescam pouco. Também os atiram com flechas. Têm a vista aguçada. Quando algures vem um peixe à tona, atiram-no, e poucas setas falham.
Recolhem grande porção de peixes, torram-nos sobre o fogo, esmagam-nos, fazendo deles farinha, a que chamam piracuí, que secam bem afim de que se conserve por muito tempo. Levam-na para casa e comem-na juntamente com a mandioca.”

(Do Hans Staden)

*Viajante e cronista alemão que esteve por aqui na década de 1540, logo depois da chegada dos portugueses, Hans Staden provavelmente pescou e comeu tainhas no litoral de São Paulo. Em uma de suas viagens, ficou por nove meses prisioneiro dos índios Tupinambás. Enquanto tentava não ser comido por eles, que tinham por hábito saborear seus prisioneiros, observou como viviam e, depois de voltar para a Europa escreveu, em 1557, “Viagem ao Brasil”. É dele este relato, o primeiro que se tem notícia da pesca da tainha por aqui e como ela era comida.

Um comentário:

Rodrigo garcia Lopes disse...

Caramba, essa foi foda. Um furo histórico tainhológico!