FORA! FORA! FOORRAAAAA!!!!!

"...No cômoro eu ficava de vigília: Fora! FOORRAAAAAAA! FOORRAAAAA!
Corre a Maria, depois o Zequinha, depois a Candinha, depois Maralda meio andando e rodando as saias longas, pretas de viuvez, a Oralda que menos corria a ficar com a língua acionada no diz que disse e nem disse, e depois o Toninho com suas perninhas em arco e por isto querendo ser, quando crescer Garrincha e depois o Zé d'Alhu sempre ébrio a gravatear com guarapu n'água berrando no coro da vila que o cardume das tainhas está perto: FFOORRAAAAA!

As vozes fortes prosseguiam enquanto eu acenava com meu velho paletó pra vila já então colorida de prata em prata peixe de alumínio as bacias correndo nas mãos das gentes em alegria. Movimentos ágeis e rápidos de mãos, redes, águas, n'água barrenta, barreada, n'água esperança, prateada de parir peixes, da tainha nossa de quando tinha..."

(Fragmento do conto "Marespelho", de Carmen Lúcia Fossari, em "O Pescador Em Prosa e Verso" - edição Acarpesc/Saai - 1989)