domingo, 3 de maio de 2020

AS RAINHAS BORDADAS

"Terezinha" ganhou novas côres  Fotos Fernando Alexandre
Sêo Milton Pequeno
"Terezinha" é de quando a pesca era pra valer!

"Terezinha" veio quase pronta do Mato Grosso, há uns 45 anos atrás.
Semi-esculpida - pra ficar mais leve para o transporte - na ponta de um tronco de Ibiúva. Só de boca tem 1,20 metros, diz com certo orgulho
Sêo Milton Pequeno, nativo do Pântano do Sul que durante a maior parte da vida "trabalhou com peixe, tirando fora os 25 anos que passei como caminhoneiro".
Depois de chegar na ilha é que Terezinha ganhou sua forma definitiva e sua borda falsa. É uma canoa bordada, pra quatro remeiros, um chumbeleiro e o patrão. Hoje ela é uma das quatro que participam da pesca da tainha no Pântano do Sul. Está em meia praia, pronta pra deslizar nas estivas e cercar a manta de tainha.
Mas durante muito tempo ficou no rancho, "era a canoa reserva", conta Sêo Milton.
- Mas uns 6 anos atrás fizeram uma sacanagem comigo, queimaram as duas canoas grandes que eu tinha, acrescenta ele. Coisa de safado...
Terezinha passou então a ser a titular do terno de praia de Sêo Milton Pequeno, que inclui também a rede e os apetrechos da pesca. Aposentado, aos 78 anos, *Sêo Milton  passa boa parte do dia na praia, cuidando de seu cerco - rede fixa - olho fixo no mar e num outro tempo.
Num tempo que a pesca era pra valer, dava muito peixe e se ganhava até dinheiro, diz.
- Hoje a pesca da tainha tá mais pra diversão. Tem muito pouco pescador na pesca. Tem pouco peixe e não dá dinheiro.


*Sêo Milton Pequeno faleceu há 9 anos

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