sexta-feira, 8 de maio de 2020

A PRIMEIRA TAINHA A GENTE NUNCA ESQUECE...

"...tô lembrando que a primeira vez que ganhei uma tainha, fresquinha tremelicando, rebrilhando ainda, não pedi, colocaram em minhas mãos.

Era época de fartura. Ponta das Canas todinha estava prateada naquela manhã junina. Bandos de gaivotas, mergulhões, os pássaros que por ali passavam migrando para ondas polinésicas, as fragatas, atobás, alguns pingüins desencontrados, a gentarada, cachorros, lagartos, se misturavam ruidosamente num carnaval fora de tempo, num banquete gratuito: o verdadeiro milagre dos peixes...

Abri a danada meio que com dó e deparei a barrigada alaranjada e joguei tudo fora. Um nativo curioso que passava riu e disse que a parte melhor da tainha, as ovas, eu dispensei. Aprendi um pouco naquele dia sobre peixes e os interiores misteriosos dos seres do mar....."


(Ivan Messiano, poeta e escritor paulista que durante muitos anos morou na Ilha de Santa Catarina)

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