A história da Cruz do Padre
Entre a praia do Campeche e a Joaquina existe uma cruz que até pouco tempo atrás era de madeira e que foi substituída por uma de concreto, fincada em cima das dunas, que se encontra nos fundos da Igreja de Pedra do Rio Tavares, e marca a denominada Picada da Cruz do Padre.
No dia 26 de dezembro de 1961, um dia após o natal, o padre Alfredo Dullius estava passeando na chácara dos padres do Colégio Catarinense onde hoje se encontra a Igreja mencionada acima. Naquela manhã ensolarada o padre resolveu, juntamente com um grupo de *frateres ( seminaristas jesuítas), tomar banho de mar. Seu primeiro mergulho foi fatal. O mar estava muito revolto e o padre caiu em uma corrente de repuxo não conseguindo mais tomar pé. Os frateres Santini e Sewald tentaram salvá-lo, mas quase foram vítimas do mesmo destino. O padre acenava em desespero pedindo por socorro, mas não restava mais nada a fazer, a não ser rezar.
Alguns frateres tomaram o caminhão da congregação, dirigindo-se a base aérea em busca de ajuda. Deslocou-se um avião de treinamento militar que localizou o corpo boiando a uma distância de aproximadamente um quilômetro da costa. Os pescadores do Campeche foram acionados e a canoa da família Rafael, conseguiu boiar (passar a arrebentação) e sair com muita dificuldade partindo em direção ao corpo. O mar continuava muito revolto não sendo possível erguer o corpo do padre para dentro da embarcação. O mesmo foi amarrado com uma corda e arrastado até o pico da praia do Campeche, denominado de Pontal, único lugar possível de entrada e saída de embarcação. Isso já era sete e meia da noite, pois o resgate, devido a distância e as condições adversas do mar, levou mais de três horas. A praia estava lotada, pois a notícia se espalhara pela cidade através das rádios.
Padre Alfredo Dullius era muito querido. Exercia a função de professor do Colégio Catarinense nos últimos três anos e ainda era capelão auxiliar da Escola de Aprendizes Marinheiros no Estreito.
Foto sem crédito |
Quando criança/adolescente ouvia os pescadores comentarem que tinham medo de passar na picada da cruz, pois o fantasma do padre aparecia. Coisas do folclore ilhéu.
Duas curiosidades: Os pescadores relatam que quando resgataram o corpo, o padre estava com as mãos postas ao peito, em uma atitude de oração. Outra curiosidade é que o Padre em nenhum momento teve o corpo submerso. O mesmo boiou o tempo todo e numa crendice popular acreditavam que tal fenômeno se deu por tratar-se de um padre, “homem de Deus”.
( *Frateres deriva do latim que em português significa irmãos ).
Se vivo fosse o padre Alfredo Dullius completaria 100 anos em 02/06/2016
Sua morte completará cinquenta e cinco anos em 26/12/2016.
Hugo Adriano Daniel Professor/Historiador
(Via TV Vento Sul)
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