Pescadora em São Francisco do Sul, Jô encarna o significado da palavra "pescadeira": vai ao mar, limpa, fileta e ainda vende o pescado(Foto: Tiago Ghizoni)
"Primeiro me apaixonei pelo mar, depois pelo pescador", esta é a história de Joseide Siqueira
"Primeiro me apaixonei pelo mar, depois pelo pescador", esta é a história de Joseide Siqueira
Jô forma parceria com o marido Pedro e acredita que mulher na pesca não é uma obrigação, e sim uma opção de vida para aquelas que têm o desejo de liberdade, que encontram na imensidão do mar
Por Ângela Bastos
angela.bastos@somosnsc.com.br
Diferente de outras mulheres que desde criança convivem com o mar, Joseide Aparecida Siqueira, a Jô, 40 anos, descobriu a atividade pesqueira há cerca de cinco anos. Moradora de Curitiba (PR), ela visitava familiares em São Francisco do Sul quando começou a acompanhá-los nas lides com as redes. Viu uma rotina difícil, principalmente por ser ligada às condições do clima. Mas percebeu um lado mais tranquilo do que a correria da cidade. Tornou-se mais uma pescadora na comunidade pesqueira do bairro Paulas.
— Primeiro me apaixonei pelo mar. Depois pelo pescador — brinca, ao lado de Wosly de Paulas, com quem está casada e forma parceria em mais um dia de pesca.
Para Jô, a presença das mulheres na pesca não deve ser vista como uma obrigação. Existiria a possibilidade de ficarem em casa fazendo outro serviço, ou mesmo ligadas à pesca sem a necessidade de embarcar. Mas, para ela, é uma opção. É como se sentisse mais livre ao ver o tamanho do mar e a vida que nele existe.
É uma vida muito boa: você vê o cardume andando, correndo, saltando. Tem vezes que a gente chega a escutar o peixe.
Jô, a filha adolescente e Wosly se sustentam exclusivamente da pesca artesanal.
— A gente pesca o peixe, faz filé, vende em casa e dependendo da quantidade entrega para a peixaria comercializar.
PESCADEIRAS
Jô mostra o lanço
Em certos dias passam 10, 12 horas no mar. Mas nem sempre voltam com pescado, o que exige paciência. Apesar das incertezas, ela não consegue imaginar a vida longe da água.
— Eu não consigo me ver fazendo outra coisa se não pescando.
Pescar em dupla com o marido tem suas singularidades:
— Às vezes, eu vejo o cardume num lugar e ele noutro. Eu quero que ele cerque o peixe que eu estou vendo, mas ele quer cercar o dele. Faz parte: um sempre acaba cedendo. Se pegar o peixe ficamos felizes, se erramos o cerco nos bate a tristeza.
O dia a dia ensinou a Jô que nem sempre o mar está pra peixe: às vezes, poucos caem na rede(Foto: Ângela Bastos)
Jô brinca para provocar o marido:
— Tem horas que eu quase dou com o remo na cabeça dele (risos).
Jô acredita que a parceria na pesca fortalece o relacionamento, pois se estende por terra:
— Não somos apenas pescadores, a gente faz outras coisas juntos, como pagar as contas e passear. Nos domingos, a gente pega um pedaço de carne e sai para assar. Depois, voltamos juntos para casa.
Com uma vantagem, brinca:
— No mar também dá pra namorar.
Jô e o marido Wosly: no mar, também dá pra namorar(Foto: Ângela Bastos)
Expediente
Reportagem: Ângela Bastos
Edição: Stefani Ceolla
Design: Aline Costa da Silva e Maiara Santos
Fotos e vídeos: Ângela Bastos, Tiago Ghizoni e Jean Carlos de Souza
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* Matéria multimídia originalmente produzida e veiculada no Diário Catarinense e no Jornal do Almoço da NSC TV sobre as mulheres na pesca artesanal em Santa Catarina!
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