quarta-feira, 14 de agosto de 2019

MAR DE BALEIAS

À esquerda, orca interage com fêmea adulta de baleia-franca(Foto: Thaise Albernaz / Instituo Australis)

Pesquisadores registram interação entre orcas e baleias-francas no Sul de SC 
Convívio entre as duas espécies não é comum 

Por Lariane Cagnini

A temporada de monitoramento das baleias-francas no Sul de Santa Catarina trouxe uma surpresa para o grupo de pesquisadores. Na tarde desta segunda-feira, eles conseguiram registrar a interação das francas com algumas orcas, da espécie Orcinus orca, em Imbituba. Esse foi o primeiro registro desse mamífero na Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca em 2019.

Os pesquisadores do Instituto Australis localizaram um grupo de quatro indivíduos na praia da Ribanceira, na mesma enseada onde estavam três grupos de mãe e filhotes de franca. 

As orcas se deslocavam no sentido Sul, e mais tarde foi possível registrar a interação entre elas e uma mãe e um filhote de baleia-franca, o que é incomum. 

No mês passado, um grupo de orcas foi visto na praia do Santinho, em Florianópolis. Apesar de serem chamadas de baleia, as orcas são da família dos golfinhos, e são predadoras. São comumente chamadas de baleias-assassinas, pois se alimentam inclusive de indivíduos da espécie franca. Porém, na interação observada pelos pesquisadores, o grupo não apresentou nenhum comportamento predatório.
O gerente de pesquisa do Instituto Australis, Eduardo Renault, explica que as imagens serão analisadas para descobrir a qual ecótipo pertencem essas orcas. Ou seja, quais são as diferenças que proporcionam melhor adaptação aos diferentes habitats onde a espécie é encontrada. Para a bióloga Karina Groch, diretora de pesquisa do Instituto, a interação foi uma surpresa para a equipe.

— Esse tipo de orca não se sabe, pois há populações diferentes com estratégia alimentar específica. Baseado não somente nesse registro, mas em outros, a gente sabe que no Brasil as orcas que vêm não são as do tipo que atacam outras baleias, elas comem peixes. Por isso que não aconteceu o ataque, foi uma interação, comportamento social entre orcas e francas que nunca tínhamos visto — explicou Karina.

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