segunda-feira, 27 de maio de 2019

OUTROS MARES


Há 4500 milhões de anos, antigo oceano em Marte representava um quinto do planeta. 

Já se sabe que devido à finíssima atmosfera marciana, não há pressão suficiente para haver água em estado líquido no planeta vermelho. Mas no passado, há 4500 milhões de anos, Marte foi coberto por água.

Segundo um estudo estudo publicado na Science, o oceano ocupava um quinto do planeta no hemisfério norte.
Uma equipe internacional com cientistas do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, em Maryland, nos EUA, da Alemanha, no Observatório Europeu do Sul (ESO, sigla em inglês), no Max Planck, e de outros países, usaram o Very Large Telescope, o telescópio do ESO no Chile, e o do Observatório Keck, da NASA, na ilha do Havai, para medir durante seis anos os diferentes tipos de moléculas de água que restam na atmosfera de Marte e, com isso, fazerem um mapa da água semi-pesada.

Enquanto a água normal é constituída por moléculas de H20, em que dois átomos de hidrogênio estão ligados a um átomo de oxigénio, a água semi-pesada tem um átomo de hidrogênio e outro de deutério ligados ao oxigênio. O deutério é um isótopo do hidrogênio. O núcleo do hidrogênio é constituído apenas por um protão, já o deutério tem além do protão, um neutrão. Na Terra, uma em cada 3200 moléculas de água tem um átomo de deutério.

Mas esta pequena variação faz toda a diferença ao longo dos milhões de anos da história de Marte. Por serem mais pesadas, as moléculas de água com deutério têm mais dificuldade em escaparem-se da atmosfera para o espaço. Assim, como a proporção de moléculas de água normal vai desaparecendo mais rapidamente, a concentração da água semi-pesada aumentou ao longo dos anos.

Esta evolução permite calcular o volume inicial de água existente em Marte e para ,bastam três informações: a concentração da água semi-pesada de Marte há 4500 milhões de anos, a concentração de água semi-pesada atual e o volume de água que hoje existe no planeta.

Medições foram feitas usando os espectrômetros dos telescópios da NASA e do ESO, que recebem a luz refletida da atmosfera marciana. A espectrometria permite analisar a água semi-pesada.

Os resultados da equipa mostram que, em Marte, a água semi-pesada é sete vezes mais concentrada do que, por exemplo, na Terra. E que Marte perdeu, ao longo do tempo, 6,5 vezes mais de água do que a que existe hoje. Por isso, o volume de água inicial de Marte seria, no mínimo, de 20 milhões de quilômetros cúbicos.

Esta quantidade dá para cobrir todo o planeta com uma camada de 140 metros de altura. Porém tendo em conta a topografia de Marte, o mais provável é que tenha existido um oceano no Hemisfério Norte — que tem uma grande região mais baixa do que o resto do planeta. Este oceano ocuparia 19% da área do planeta e teria uma profundidade máxima superior a 1,6 quilômetros.

A nova medição é importante para compreender as probabilidades do aparecimento de vida ali, explica Michael Mumma, do centro da NASA e um dos autores do artigo: “Se Marte perdeu tanta água, muito provavelmente o planeta terá sido úmido durante mais tempo do que o que se pensava, o que sugere que tenha sido habitável durante mais tempo.”
Água em lua de Júpiter


Marte não está sozinho. Cientistas confirmaram que a lua Ganímedes, na órbita de Júpiter, possui um oceano por baixo de uma crosta superficial de gelo. A descoberta foi feita através do Telescópio Espacial Hubble. Com isso eleva-se a possibilidade da presença de vida no subterrâneo dessa lua.

A descoberta veio confirmar um mistério já relatado pela nave Galileo enquanto cumpria uma missão exploratória ao redor de Júpiter e de suas luas, entre 1995 e 2003.

Ganímedes se junta agora a uma crescente lista de luas localizadas nas partes mais afastadas do sistema solar que possuem uma camada de água abaixo da superfície. Entre outros corpos ricos em água estão Europa e Callisto, também luas de Júpiter.

(Do www.marsemfim.com.br)

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