domingo, 21 de abril de 2019

MAR DE POETA


OUTRO OUTONO

Uma nuvem fina fia o horizonte,
paira no rosa de seus últimos
instantes, praia de pensamento.

A fragata flutua no crepúsculo
sem motivo, sem canto nem sentido.
Afirma apenas: seguimos vivos.

As ilhas também não nos perguntam
nada. Nem nos acusam. O vento sul
há três dias está se consumindo, sendo
só o que é, e não o que será.

Incline a cabeça em direção ao céu.
Confira este espaço, a nuvem fina
que já se foi, e a ideia da noite
ganhando volume e expectativa.
______
)
De "Experiências Extraordinárias" (Kan, 2014)

Nenhum comentário: