terça-feira, 19 de março de 2019

SEM TAINHAS EM 2019?

Foto Fernando Alexandre 
Impasse sobre a Safra da Tainha: Órgãos ambientais querem proibir a pesca em 2019

A Câmara Técnica da Tainha, instituída no seu respectivo CPG - Comitê Permanente de Gestão e Uso Sustentável dos Recursos Pelágicos das Regiões Sudeste e Sul (CPG Pelágicos SE/S), reuniu-se nos dias 13 e 14 de março em Brasília. O encontro tinha como objetivo revisar o relatório da safra do ano de 2018 e discutir a safra deste ano. No entanto, os representantes do setor produtivo e dos órgãos ambientais não chegaram a um consenso neste segundo ponto.
Acontece que no ano passado adotou-se o sistema de cotas de captura para as frotas controladas, sendo 2.221,17 toneladas para frota de cerco e 1.196,01 toneladas para o emalhe anilhado, totalizando 3.417 toneladas. Devido a uma série de desafios enfrentados no processo de monitoramento, as empresas de beneficiamento reportaram ao final da safra um total de 492 entradas de tainha, que somaram um volume de 7.209 toneladas da espécie provenientes de frotas controladas e não controladas (submetidas e não submetidas às cotas). Desses registros, 5.663 toneladas foram provenientes da pesca industrial, ou seja, 2.246 toneladas a mais do que a cota determinada.
É preciso ressaltar, que ninguém esperava a supersafra que ocorreu em 2018, que resultou em grandes capturas em um curto espaço de tempo, o que gerou acumulo de peixes nas entradas das indústrias que consequentemente, levaram mais tempo para registrar as capturas no sistema. Reconhecendo que a morosidade no processo de declaração das pescarias, foi um dos principais fatores para o excesso de captura, o setor produtivo fez diversas sugestões a esse respeito, como a declaração 100% digital que permite um controle em tempo real do que foi pescado, sistema de cotas individuais, entre outras medidas.
Quanto ás toneladas excedidas, o setor propôs que o mesmo seja compensado em forma de “desconto” na cota total dos próximos anos. No entanto, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a ONG OCEANA, insistem em suspender a safra da tainha para a pesca industrial em 2019.

Uma safra primordial

Suspender a safra da tainha este ano trará consequências enormes para a modalidade de pesca de cerco, que a considera uma das mais importantes do ano. Economicamente, toda a região Sul do Brasil também sentiria o baque, somente na venda para as empresas de beneficiamento a safra de 2018 gerou mais de R$36 milhões de reais, isso sem falar nas vendas diretas para mercados, peixarias, restaurantes, exportação de ovas, etc. Além disso, a safra da tainha está culturalmente enraizada no estado de Santa Catarina, onde sua população a aguarda com grande entusiasmo.

Espera-se agora, que ICMBio e demais órgão ambientais levem em consideração todos esses fatores e estejam dispostos a chegar a um senso comum com o setor produtivo. O próximo encontro para discussão do assunto está agendado para dias 09 e 10 de abril.

(Via Sindipi)

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