segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

MORTE NO MAR

Animal estava com diversos ferimentos pelo corpo e foi encontrado na areia já sem vida(Foto: Elvis Palma Fotografias / Divulgação)

Mais um boto pescador é encontrado morto em Laguna, no Sul de SC

Esse foi o 16º indivíduo da espécie encontrado sem vida nas areias da região, recorde em pelo menos 10 anos

Por Gabriel Lima
gabriel.lima@somosnsc.com.br


Quem estava na manhã deste sábado (29) na praia do Mar Grosso, em Laguna, presenciou a morte de mais um indivíduo da espécie Tursiops truncatus, conhecido como boto pescador. O animal estava com diversos ferimentos pelo corpo e foi encontrado na areia já sem vida, sendo recolhido pela equipe do Programa de Monitoramento de Praias da Udesc.

De acordo com os pesquisadores, o animal era uma fêmea com 1,83 m de tamanho e, assim como a maior parte dos animais que morreram ao longo do ano na região, tinha idade juvenil. As causas do óbito ainda são desconhecidas, por isso o cadáver deve passar por uma necrópsia para identificar detalhes dos seus ferimentos.

A mortalidade do animal cresceu muito durante esse ano e preocupa a comunidade de Laguna. Esse foi o 16º boto pescador encontrado sem vida nas areias da região, recorde em pelo menos 10 anos. O número representa mais que o triplo do ano passado, quando 5 mortes foram registradas, e mais que o dobro de 2016, que liderava a estatística negativa com 7 óbitos.

Os indivíduos da espécie Tursiops truncatus são reconhecidos pelo relacionamento colaborativo com os humanos, especialmente em Laguna. Os botos interagem e conduzem o cardume de tainhas até as redes dos pescadores, que jogam a tarrafa e fazem a captura. Ambos saem felizes com a parceria: o pescador consegue fazer seu trabalho com mais facilidade e o animal deixa o local com um peixe na boca a cada tentativa.

Causas da alta mortalidade

A maior parte das mortes de botos em Laguna é causada pelo uso indevido de redes de pesca de emalhar, geralmente usadas para capturar bagres. Há relatos de pescadores que atravessam o equipamento de uma ponta até a outra nas margens do rio Tubarão, trancando a passagem dos animais. Muitos botos caem na armadilha e não conseguem se desvencilhar.

Mas há outra causa que está matando os botos pescadores: a poluição do Complexo Lagunar. Poluentes como restos de atividades industriais e agrotóxicos são despejados na região, causando reações químicas na água. Como os botos vivem em áreas de alta produtividade primária, como desembocadores de rios, acabam afetados pelos poluentes.

A estimativa do professor de Engenharia de Pesca e Biologia Marinha, Pedro Volkmer de Castilho, é que 25% os botos locais tenham lesão de pele, algo raro e que ocorre apenas com os animais de Laguna. A mais comum e perigosa é a lobomicose, uma doença fúngica de pele que amplia o número de infecções do animal e se prolifera à medida em que o bicho perde a capacidade imunológica. Além da cura ser lenta e difícil, a doença também é transmissível.

– O que acaba matando é a rede, mas a gente não sabe se o animal estava surdo, com infecções ou outras doenças. Muitos que morreram emalhados tinham outros problemas que vão destruindo as capacidades motoras – explica.

(Do https://www.nsctotal.com.br/)

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