quinta-feira, 2 de agosto de 2018

MAR DE BALEIAS

Foto:Marcelo Bertellotti

Há alguns anos, pesquisadores que estudam a reprodução de baleias francas (Eubalaena australis) revelaram que estes cetáceos estavam sendo vítimas de violentos ataques de gaivotas (Larus dominicanus). Entre os meses de junho e dezembro, estas baleias se reúnem para acasalar e dar à luz nas águas da Península de Valdes, em Chubut, na Argentina. É neste local que elas estão sendo alvo dos ataques das gaivotas. Quando as baleias sobem até a superfície para respirar, as aves pousam em seu dorso arrancando sua pele e alimentando-se de sua gordura. Esta interação não parece matar as baleias, mas, devido aos repetidos ataques, causa lesões desagradáveis. Os ataques têm aumentado rapidamente desde que foram documentados pela primeira vez em 1972. Atualmente, cerca de 77% das baleias que frequentam a região apresentam feridas causadas pelas gaivotas.

A dor é um grande impulso para aprender rapidamente um comportamento de esquiva, certo? Foi exatamente isso que aconteceu com as baleias! Desde o aumento da frequência de ataques, elas desenvolveram a chamada “respiração oblíqua”. Esta técnica consiste em, no momento em que ela emerge para respirar, tirar o corpo da água em um ângulo de 45 graus, de modo que somente a cabeça fique exposta. Elas também passaram a fazer inspirações mais curtas, porém, mais fortes antes de submergirem novamente, fugindo com sucesso dos ataques. Este comportamento está se tornando cada vez mais comum. Em 2010, somente 3% das baleias utilizavam esta técnica. Já no ano de 2013, esse número subiu para 70%. A respiração oblíqua é susceptível de exigir um gasto maior de energia, que provavelmente é prejudicial para as baleias. No entanto, o aumento da prevalência deste comportamento sugere uma estratégia útil de prevenção contra os ataques das gaivotas.

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