terça-feira, 14 de agosto de 2018

MAR DE BALEIAS




Número de baleias já supera
média dos últimos três anos

Pelo menos 59 baleias franca fazem da região da APA berçário dos filhotes neste meado de agosto. Em 2012 foram registradas 103 baleias no mês de julho. Mas a média caiu bastante de lá para cá. Nos últimos 3 anos ficou abaixo do número já contabilizado pelo Projeto Baleia Franca/Instituto Australis. (Fotos e vídeo de Eduardo Renault, Instituto Australis)

A temporada reprodutiva da espécie começa com a chegada das primeiras baleias, mas a maioria dos indivíduos se fixam nas enseadas para cuidar dos filhotes a partir de da segunda quinzena de julho, sendo as avistagens iniciais de fêmeas grávidas a procura de enseadas para parir seus filhotes.

Este ano, no entanto, elas chegaram quase um mês mais cedo, e em grande número. Já no primeiro sobrevoo de monitoramento, realizado no dia 15 de julho, foram registradas 35 baleias. De lá para cá, o número praticamente dobrou. Segundo Karina Groch, Diretora de Pesquisa do Instituto Australis “neste domingo (12) registramos 57 baleias na APA da Baleia Franca (APABF)/ICMBIO, e 2 baleias em Florianópolis, sendo a grande maioria pares de mãe e filhote”.

MONITORAMENTO POR TERRA 
Os dados na APABF são do monitoramento a partir de terra realizado pelo Instituto Australis, que desde o início de agosto monitora sistematicamente a região central da APABF, totalizando 22 praias entre a Pinheira (Palhoça, SC) e o Cabo de Santa Marta (Laguna, SC), além reunir informações do público e parceiros provenientes das outras áreas. Ao longo dos últimos dias também foram registradas baleias-franca no litoral do Paraná e em Abrolhos, na Bahia.

Algumas enseadas têm se destacado na presença das baleias, como Ribanceira/Ibiraquera e Itapirubá Norte, ambas em Imbituba, onde nas duas juntas, esta semana, foram avistadas mais de 40 baleias. Em Garopaba, a concentração ocorre entra as praias cerntral e do Siriú, com cinco grupos. Essa grande quantidade de baleias atrai moradores, visitantes, e também chama a atenção de surfistas.

MOLESTAR É CRIME 
Mas Karina faz um alerta: “é importante ressaltar que as baleia franca estão em um período muito importante da sua etapa de vida: as fêmeas estão amamentando e cuidando dos filhotes que acabaram de nascer, e estão passando seus primeiros 2 a 3 meses de vida aqui na região. Esta etapa é fundamental para a sobrevivência dos filhotes. As mães são protetoras e durante os cuidados, a aproximação humana pode não só interferir no comportamento das baleias, mas também representar um risco para quem se aproxima, pois são animais muito grandes, apesar de não serem agressivos”.

A legislação Brasileira, através da Portaria IBAMA 117/1996, determina que é proibido mergulhar com qualquer espécie de cetáceo (baleias e golfinhos) a uma distância inferior a 50 metros. Segundo o chefe da Apa da baleia franca, Cecil Barros, o desrespeito a esta portaria é caracterizado como atividade de molestamento e os responsáveis estarão sujeitos a multa e poderão ser responsabilizados criminalmente.

É difícil estimar o total de baleias-franca que ainda virão para o Brasil este ano, mas os números já estão de similares às temporadas consideradas mais típicas, quando no pico da temporada, em setembro, eram registradas uma média de 120 baleias desde Florianópolis (SC) até o Norte do Rio Grande do Sul.

AQUECIMENTO GLOBAL 
Um estudo conduzido pelo Instituto Australis em parceria com o Laboratório ECOMEGA da FURG (Fundação Universidade de Rio Grande, RS) apontou que alterações climáticas globais podem estar influenciando o sucesso reprodutivo das baleias-franca no Brasil, uma vez que estas alterações interferem na quantidade de alimento disponível para as baleias, e, portanto, é mais difícil elas migrarem para o Brasil para terem seus filhotes, consequentemente observamos flutuações na ocorrência da espécie.

O monitoramento das baleias franca será realizado pelo Instituto Australis até novembro, final da temporada reprodutiva da espécie. Desde 2015 o Australis é a instituição mantenedora do Programa de Pesquisa em Conservação da Baleia Franca (Projeto Baleia Franca).

(Via Mais Garopaba)

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