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O CAMINHO DO PEABIRU PASSAVA POR AQUI
Um ramal costeiro do Caminho de Peabiru, até agora desconhecido pelos estudiosos, percorria diversas praias de Florianópolis, inclusive as de Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui. A novidade histórica faz parte do livro da jornalista e pesquisadora Rosana Bond.
A obra "História do Caminho de Peabiru – O milenar, “desprezado” e pouco estudado ramal litorâneo, da Editora Aimberê (RJ), é a 16ª publicada pela jornalista.
Nela a autora incluiu um mapa militar português, dos anos 1700, mostrando um caminho passando pelas duas localidades. “Naquela época, fora algumas ruas do centro de Desterro e do pequeno trecho das pontes da Avenida da Saudade, o governo de Portugal ainda não abrira estrada nenhuma na Ilha. Assim, tudo indica que a trilha de Santo Antônio e Sambaqui era remanescente dos velhos caminhos dos índios, existentes nas bordas de quase toda a Ilha, muitos deles reaproveitados depois pelos moradores brancos. Essas vias indígenas ilhoas faziam parte do ramal peabiruano”, esclarece Rosana.
O Peabiru era um caminho que unia o Atlântico ao Pacífico, penetrando o interior por Barra Velha e vale do rio Itapocu, e alcançando o oceano no Chile e Peru. “O que não se sabia, até agora, é que ele possuía um ramal que beirava a orla catarinense, incluindo Florianópolis. Na realidade, beirava praias brasileiras desde o Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro, por 1500 quilômetros sem qualquer interrupção”, informa.
Sobre o título do livro, ela explica: “Digo que o caminho praiano é milenar porque foi usado pelos índios desde pelo menos 1500 anos atrás. Que foi “desprezado” porque os portugueses só reconheceram oficialmente sua existência e importância dois séculos após terem desembarcado no Brasil. E finalmente, falo que foi pouco estudado porque, num equívoco, foi visto pelos estudiosos como um caminho “natural”, sem interferência da mão do homem. Ou, no máximo, como uma rude trilha indígena presente apenas em trechos descontínuos do litoral, do sul ao Rio de Janeiro.”
Sustentada em velhos documentos, mapas e relatos indígenas, a obra apresenta um traçado do ramal, município por município. A jornalista acredita que esse traçado poderá ser útil a várias cidades litorâneas catarinenses na prática do turismo cultural-histórico.
“Todos sabemos que há praias do nosso litoral que só têm movimento econômico no verão, quase ‘morrendo’ no resto do ano. São localidades que buscam atrativos extratemporada que evitem seu empobrecimento sazonal. Será que organizar peregrinações por esse ramal do sagrado Peabiru, nos moldes do Caminho de Santiago de Compostela, não seria um atrativo suficiente para trazer turistas/caminhantes a essas cidades fora do verão?”, indaga a pesquisadora.
(Do portal "Daqui" - http://daquinarede.com.br)
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