Ilha dos Noivos, em frente à praia do Balneário (Estreito) - Carlos Damião
Projeto de lei cria o arquipélago florianopolitano
“Um pedacinho de terra / perdido no mar”... diz o primeiro verso do Rancho do Amor à Ilha, o hino oficial de Florianópolis, composto por Cláudio Alvim Barbosa (Zininho) em 1965. Sem querer corrigir o poeta, seria correto cantarmos “uns pedacinhos de terra / perdidos no mar”, porque a capital catarinense na verdade é formada por um arquipélago, com 29 ilhotas e ilhas, das quais a Ilha de Santa Catarina é a maior e mais célebre, além da região continental, incorporada à cidade por decreto do interventor Nereu Ramos, em 1944.
Para destacar essa condição geográfica, o vereador Afrânio Boppré (PSOL) protocolou na semana passada, na Câmara, um projeto de lei que pretende instituir oficialmente o nome de Arquipélago de Ondina, para o conjunto territorial/marítimo de Florianópolis. Por que Ondina? “Quando Hercílio Luz revogou o nome de Desterro, em 1894, um dos nomes cogitados era justamente Ondina, lembrando uma personagem mitológica, um tipo de sereia que habita e protege os mares, lagoas e rios. Tem uma dimensão poética, como a própria cidade”, explica o parlamentar.
O projeto vai seguir a tramitação normal pelas comissões, como qualquer matéria legislativa, e Afrânio tem certeza de que ganhará apoio dos colegas, uma vez que a condição de arquipélago representa a síntese da totalidade de ilhas florianopolitanas. “Denominar Florianópolis como arquipélago é também uma forma de homenagear nossa origem civilizatória, ou seja, a origem de nossos colonizadores, que vieram de um arquipélago, dos Açores”, observa Afrânio.
Nos estudos que encomendou para elaborar o projeto, Afrânio percebeu que a iniciativa tem também um fator de valorização cultural e turística. Em outras palavras, seria uma forma de agregar ainda mais valor à vocação econômica natural da capital catarinense.
Ilha do Campeche, ao fundo, em frente à praia do Campeche - Carlos Damião
Ilha do Campeche, ao fundo, em frente à praia do Campeche - Carlos Damião
Ilhas e ilhotas
O projeto do vereador Afrânio Boppré relaciona as seguintes ilhas e ilhotas pertencentes ao município de Florianópolis:
- Ilha de Santa Catarina
- Ilha das Campanhas (península)
- Ilha Badejo
- Ilha Moleques do Norte
- Ilha Mata Fome
- Ilha das Aranhas Grande
- Ilha das Aranhas Pequena
- Ilha do Xavier
- Ilha do Campeche
- Ilha das Laranjeiras
- Ilha Maria Francisca (ou Flechas)
- Ilha Garcia
- Ilha Tipingas
- Ilha dos Noivos ou Lamim
- Ilha Diamante
- Ilha Guarás Pequena
- Ilha Guarás Grande
- Ilha Ratones Pequeno
- Ilha Ratones Grande
- Ilha do Francês
- Ilha das Pombas
- Ilha das Vinhas
- Ilha do Abraão
- Ilha das Conchas
- Ponta do Capim
- Ilhado
- Ilha do Facão
- Ilha da Guarita
- Ilha Perdida
Embora pertencentes a outros municípios, também integram o arquipélago – pela proximidade e pela similaridade dos ecossistemas –, as ilhas do Arvoredo e Anhatomirim (Governador Celso Ramos), das Cabras (Biguaçu), dos Cardos Grande, Papagaio, Coral, Araçatuba, Moleques do Sul, Irmã do Meio, Irmã Pequena ou Costeira, Irmã de Fora (estas, do território de Palhoça).
Ilha das Vinhas, na região do bairro José Mendes, bem próxima ao Centro - Carlos Damião
Ilha das Vinhas, na região do bairro José Mendes, bem próxima ao Centro - Carlos Damião
Desterro descartado
Recuperar o nome de Desterro para denominar o arquipélago chegou a entrar em discussão no gabinete do vereador durante a elaboração do projeto de lei. Mas foi descartado por duas circunstâncias: não faz sentido na atualidade e Desterro era a denominação exclusiva da Ilha de Santa Catarina, não abrangia o conjunto de ilhas.
Fundação revista
O vereador Afrânio Boppré foi autor também de outro projeto de revisão histórica, que mudou a referência ao aniversário de Florianópolis. Mais especificamente quanto à contagem do tempo de existência da cidade, que se relacionava, até 2015, ao ano de emancipação da vila de Desterro, desmembrada de Laguna em 1726. Seguindo estudos desenvolvidos pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, o projeto propôs a mudança do ano para 1673, quando teria ocorrido a fundação de Desterro, pelo bandeirante Francisco Dias Velho. Ou seja, em 23 de março de 2018 Florianópolis estará comemorando 345 anos – e não 292, como seria na contagem anterior. “Corrigimos um erro histórico, porque festejávamos o ano de 1726 como se fosse o da fundação”, lembra Afrânio.
A mudança causou polêmica, o prefeito Cesar Souza Júnior hesitou em sancionar a lei, mas afinal a capital catarinense ganhou sua data oficial de origem.
(Da coluna do Carlos Damião, no https://ndonline.com.br/ de 14/02/18)
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