quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

MAR SEM COCA?


Coca-Cola assume compromisso mundial de dar destino correto a 100% de suas embalagens até 2030


3.400 garrafas de plástico por segundo. Este número impressionante foi estimado pela organização Greenpeace sobre a quantidade de PETs fabricadas, em 2016, pela gigante multinacional de refrigerantes Coca-Cola. A empresa divulgou que houve crescimento da produção e com isso, em 2016, ela despejou no mercado 110 bilhões de garrafas, um aumento de 1 bilhão de unidades, em relação ao ano anterior.

Estes dados divulgados pelo Greenpeace faziam parte da campanha Choke para pressionar a empresa a agir de maneira mais consciente e responsável ambientalmente, como noticiamos neste outro post.

Agora, a Coca-Cola acaba de anunciar que pretende (finalmente) ajudar a recolher, até 2030, o equivalente a 100% das embalagens que coloca no mercado. A meta vale para todos as bebidas produzidas pela marca e para todas as filiais, inclusive, a brasileira.

O programa “Mundo sem resíduos” prevê um investimento de R$ 1,6 bilhão no Brasil até 2020. Segundo a companhia, em nosso país, a destinação correta das embalagens beira os 50%, em comparação a 36% em 2016. O objetivo é que esta porcentagem chegue a 66% nos próximos quatro anos.

Todavia, de acordo com o Greenpeace, globalmente, menos de 50% das garrafas da Coca-Cola teriam destinação correta, como centros de reciclagem, e somente 7% delas seriam transformadas em novas garrafas.

A Coca-Cola Brasil informa que, para atingir a meta de 100% das garrafas com destinação correta, irá investir em três frentes: design, coleta e parceria. Por design, entenda-se o desenvolvimento de embalagens que tentem reduzir ao máximo a utilização de insumos na fabricação das mesmas e aumentar o uso de matéria-prima reciclada.

Atualmente 20% do portfólio da marca no país é composto por garrafas retornáveis: vidro ou as chamadas de RefPET (feitas com um plástico mais duro, que pode ser reutilizado até 25 vezes). Com custo mais baixo do que as PETs tradicionais, ambas podem ser devolvidas aos pontos de venda. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, as retornáveis são encontradas em todo o Brasil, mas em maior número em pequenos mercados e mercearias, não nos grandes supermercados.

Outra ação para que o compromisso assumido seja alcançado está baseada nas parcerias com cooperativas de reciclagem de lixo. No ano passado, a Coca-Cola Brasil já havia anunciado o lançamento do programa “Reciclar pelo Brasil”, em parceria com a Ambev, para reduzir o volume de embalagens em aterros sanitários.

A iniciativa fez com que as duas concorrentes aplicassem seus recursos de maneira mais eficiente nas cooperativas de catadores, melhorando assim a gestão de resíduos e os resultados das mesmas.

Indagada sobre a possibilidade da implantação no país de pontos de coleta de garrafas PETS nas lojas e nos supermercados, como já acontece em diversos países do mundo, entre eles, a Suíça, onde o consumidor descarta em qualquer supermercado as embalagens, a assessoria de imprensa da Coca-Cola Brasil enviou a seguinte resposta por e-mail:

“O novo compromisso é muito desafiador em todos os países do mundo. E por isso é essencial que cada país tenha sua estratégia baseada no contexto de cada um. No caso do Brasil, assim como a maior parte dos países em desenvolvimento, o plano tem uma parte muito relevante de aprofundamento e desenvolvimento da cadeia informal.

Hoje no Brasil há cerca de 1.000 cooperativas que se encontram em níveis distintos de desenvolvimento e requerem atuações distintas por parte dos apoiadores, o que torna mais complexo realizar um impacto social relevante. A reciclagem de forma geral ainda é muito baixa. O cenário brasileiro de resíduos sólidos enfrenta enormes desafios desde a separação de materiais nos domicílios, até esse material voltar para a indústria.

Devido a um complexo contexto social, elas enfrentam pouca infraestrutura, falta de equipamentos de segurança, ambiente insalubre, informalidade, entre outras questões. Com o apoio às cooperativas, nós queremos desenvolver o elo inicial da cadeia da reciclagem: a etapa da triagem e revenda dos materiais coletados. Esse papel, exercido pelas cooperativas, precisa crescer em infraestrutura e formalização para garantir uma maior produtividade e renda mais justa aos seus membros e menos intermediários no processo de venda. 

A Coca-Cola do Brasil tem trabalhado o tema de forma consistente especialmente nos últimos 10 anos, o que permite que as bases estejam preparadas para planejar o alcance dos novos objetivos globais de forma consciente e estruturada. O desafio é bastante grande, mas o histórico que construímos contribui muito para o que estamos vislumbrando”.

Certamente o desafio é gigantesco, principalmente porque é de conhecimento público que a coletiva seletivanão é uma realidade ainda em todos os municípios brasileiros. Mesmo na maior capital do país, São Paulo, há lugares onde ainda não se faz a coleta de resíduos recicláveis.

O papel da sociedade brasileira agora é cobrar para que o compromisso assumido pela multinacional de bebidas seja cumprido. Os oceanos não podem mais continuar sendo usados como lata de lixo.

Em um cenário perfeito, o ideal seria mesmo que a Coca-Cola produzisse apenas embalagens retornáveis. A PET pode ter parecido como uma grande invenção no passado, mas hoje sabemos que se tornou um problema gigantesco para o meio ambiente.


Metas estipuladas pela Coca-Cola Brasil

(http://conexaoplaneta.com.br/)

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