Barcos chegam com mais visitantes que querem aproveitar a água transparente da ilha tombada pelo Patrimônio Nacional - Marco Santiago/ND
Iphan não tem plano de controle para visitação na Ilha do Campeche
Desde 2009, Fundo de Preservação arrecadou R$ 300 mil; verba só pode ser usada se todos os signatários do TAC concordarem
por FÁBIO BISPO, FLORIANÓPOLIS
A Câmara de Vereadores de Florianópolis deverá chamar uma reunião ampliada na Comissão de Turismo para discutir a visitação e a exploração do turismo na Ilha do Campeche durante o verão. Nesta segunda-feira (8), o vice-presidente da comissão, vereador Vanderlei Farias, o Lela (PDT), protocolou pedidos de informação no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), responsável pela gestão da ilha, e na Capitania dos Portos.
No início desta semana, as reportagens publicadas pelo ND e pela RICTV Record revelaram que o número de visitantes na temporada tem extrapolado quase que diariamente a cota máxima de 800 pessoas.
O excesso de pessoas na Ilha do Campeche estaria contribuindo para a aceleração da degradação do patrimônio nacional, um dos oito sítios arqueológicos do país inscritos no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Diversas trilhas estão fechadas por falta de manutenção e a proliferação de espécies exóticas poderá alterar em poucos anos as características do local.
Atualmente, três associações de pescadores fazem o transporte autorizado de passageiros. São 29 viagens diárias que não podem passar de 800 visitantes. Segundo o Iphan, a principal causa da superlotação da Ilha do Campeche se dá por conta das embarcações não autorizadas que exploram comercialmente passeios até a ilha. O que estaria ocorrendo com maior frequência desde a temporada passada. Segundo monitores, não são raros os dias em que o número de visitantes chega a 1.300, quase 400 pessoas além da capacidade máxima.
Novas formas de garantir que visitações continuem sendo feitas sem que o patrimônio natural e arqueológico corra risco são estudadas, no entanto, até o momento não se sabe com isso será feito e nem quando. “Não há um modelo a ser seguido para a regulação definitiva do transporte em relação ao limite de desembarques. Trata-se de um processo em construção e constante melhoria para o qual ainda não há prazo definido”, informou Regina Helena Meirelles Santiago, chefe da Divisão Técnica do Iphan.
No sábado, grandes filas se formaram para o embarque à praia - Marco Santiago/ND
Plano de emergência é demanda antiga
A situação enfrentada pelos mais de mil visitantes que estavam na ilha no último sábado (6), quando o local precisou ser evacuado às pressas depois que a Capitania dos Portos emitiu alerta sobre uma virada nas condições do tempo, o que acabou prejudicando a navegação, é uma situação que se repete ao longo das temporadas:
. “Toda atuação em relação à segurança da navegação é feita com base nas informações e parâmetros repassados pela Capitania dos Portos. A elaboração junto aos atores envolvidos de um procedimento para ocorrências fortuitas é uma demanda antiga que ainda não pode ser concretizada”, respondeu Regina Santiago, que não confirma a degradação de inscrições e sítios arqueológicos e que esta avaliação só poderia ser feita por um arqueólogo.
Fundo arrecadou R$ 300 mil desde 2009
O uso da Ilha do Campeche é controlado a partir de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), firmado entre o MPF (Ministério Público Federal) e as associações que detêm o direito de explorar o transporte de pessoas até a ilha. Para cada visitante que os signatários do TAC desembarcam são repassados R$ 5 para o Fundo de Preservação. O restante do dinheiro — os passeios variam entre R$ 100 e R$ 130 por pessoa — é rateado entre os membros associados.
Segundo o Iphan, desde 2009 o Fundo de Preservação arrecadou aproximadamente R$ 300 mil, dos quais foram investidos R$ 18 mil em infraestrutura de atendimento ao turista (estruturas para realização de trilhas subaquáticas e para efetivo do Corpo de Bombeiros). A utilização de recursos do Fundo só pode ser feita mediante concordância de todos os signatários do TAC. Na temporada passada, a ilha registrou 66 mil visitantes. Este ano, a expectativa é receber mais de 70 mil.
(Do https://ndonline.com.br/)
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