Sem um posto, salva-vidas passam 12 horas em cadeiras de plástico no Caldeirão do Morro das Pedras - Marco Santiago/ND
Sem locais apropriados e comunicação adequada, salva-vidas sofrem nas praias de SC
Os 1.465 salva-vidas civis e os 112 militares integram a equipe que vai atender as ocorrências em 159 praias de 35 municípios. O problema é que esses profissionais sofrem com a estrutura inadequada
por MICHAEL GONÇALVES, FLORIANÓPOLIS
Indispensáveis na temporada de verão, os guarda-vidas são as principais referências do poder público para a sociedade em 326 quilômetros do litoral catarinense. Os 1.465 salva-vidas civis e os 112 militares integram a equipe que atenderá as ocorrências no mar e na faixa de areia em 159 praias de 35 municípios. O problema é que em algumas localidades esses profissionais sofrem com a estrutura inadequada para desenvolver a atividade.
A falta de um local apropriado para observar o movimento dos banhistas, os poucos rádios comunicadores e o efetivo reduzido são os principais empecilhos. O celular pessoal acaba sendo o principal canal de comunicação com o Cobom (Central de Operações dos Bombeiros) para o pedido de apoio de uma ambulância ou helicóptero.
Em Florianópolis, os guarda-vidas estão presentes em 26 praias e lagoas. As fortes ressacas marítimas que atingiram algumas praias do Norte, Sul e Leste da Ilha danificaram os postos salva-vidas. A prefeitura recuperou alguns deles, mas em determinados locais o trabalho é insalubre.
No Caldeirão do Morro das Pedras, o posto salva-vidas foi desmontado para não ser carregado pela força do mar. O problema é que agora os salva-vidas passam 12 horas sentados em cadeiras de plástico e sob um guarda-sol. O mesmo acontece em outras localidades onde os cadeirões também foram destruídos pela força do mar.
Outro problema é a falta de um canal de comunicação direto com o Cobom. Não são todos os postos que têm um rádio comunicador com frequência VHF. Em determinadas bases, os profissionais têm apenas os rádios HT, com autonomia bem menor. “Teve uma ocorrência em que percebemos uma movimentação estranha do outro lado da praia e começamos a correr. No meio do percurso o celular tocou, era o Cobom comunicando o afogamento. Se tivéssemos esperado pelo contato a vítima poderia ter sofrido maiores complicações”, contou um salva-vidas que prefere não se identificar. Em determinados pontos, não há local apropriado para ir ao banheiro e nem para almoçar.
“Se aumentarmos o efetivo, teríamos que fechar algum quartel”
Os salva-vidas também sofrem com a falta de efetivo. A base do Morro das Pedras trabalhou na temporada passada com 16 guarda-vidas e, atualmente, conta com 13. O comandante da 1ª Região do Corpo de Bombeiros, coronel César Nunes, explicou que está fazendo o melhor possível na gestão dos recursos. “Não temos como aumentar o efetivo, porque senão teríamos que fechar algum quartel. Estamos remanejando o pessoal para atender as praias com o maior histórico de ocorrências”, disse.
Sobre os rádios, Nunes afirmou que todos os postos têm um canal de comunicação. “Temos dois tipos de rádios, que trabalham em frequências diferentes, além de um aplicativo de celular. Hoje, todo mundo usa o celular pessoal no trabalho. Também estamos trabalhando para recuperar os postos e os cadeirões destruídos pela ressaca e até o fim da temporada queremos recuperar todo esse mobiliário”, explicou.
GBS faz monitoramento em praias sem bases operacionais
Florianópolis conta com 340 salva-vidas civis e 26 militares. O comandante do GBS (Grupamento de Busca e Salvamento), tenente Bruno Azevedo Lisboa, informa que existe um monitoramento em locais onde não há um posto, mas que o crescimento populacional já demanda a ampliação do serviço. Hoje, 174 salva-vidas trabalham por dia, das 8h às 20h, na Capital.
As localidades do Novo Campeche, Naufragados e Moçambique não são atendidas na integralidade. “Temos ciência que a cada temporada os banhistas querem descobrir novos locais para aproveitar as praias, mas não conseguimos acompanhar essa disseminação. A praia do Moçambique tem salva-vidas, mas só conseguimos cobrir um quilômetro, dos 11 quilômetros de extensão. O mesmo acontece no Novo Campeche”, disse.
Segundo a instrução normativa, cada base guarda-vidas é responsável por 200 metros de cada lado de extensão. Em função disso, o recomendado é que exista uma unidade a cada 400 metros. “Vale lembrar que das cinco mortes registradas este ano, apenas uma foi em local e horário monitorado por salva-vidas”, ressaltou Bruno.
Ocorrências em Florianópolis *
Arrastamentos: 1.521
Afogamentos: 57
Lesão por água viva: 16.700
Crianças perdidas: 750
Mortes: 5
* De 1º de janeiro a 17 de dezembro de 2017
Praias com salva-vidas
Solidão, Açores, Pântano do Sul, Armação, Matadeiro, Lagoa do Peri, Morro das Pedras, Areias do Campeche, Campeche, Novo Campeche, Mole, Joaquina, Santinho, Ingleses, Barra da Lagoa, Moçambique, Brava, Lagoinha, Canasvieiras, Jurerê, Daniela, Forte, Cachoeira do Bom Jesus, Ponta das Canas, Galheta e Lagoa da Conceição.
Fonte: Corpo de Bombeiros
(Do https://ndonline.com.br/)
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