sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

MAR DE PESCADOR


Ministério da Agricultura suspende exportação de pescado para UE

Medida vai valer a partir de 3 de janeiro. Auditoria de fiscais europeus encontrou irregularidades sanitárias no produto brasileiro.

O Ministério da Agricultura mandou suspender as exportações de pescado para a União Europeia a partir do dia 3 de janeiro. Uma auditoria de fiscais europeus encontrou irregularidades sanitárias no produto brasileiro.

O produto do Cassiano tinha caído no gosto dos europeus. Ovas de tainha, uma espécie de caviar brasileiro. Ele investiu US$ 50 mil divulgando as qualidades da iguaria por lá.
“Foi uma surpresa muito negativa isso pra gente, porque quando a gente consegue encaixar o produto vem uma notícia dessas que desmoraliza a gente até perante o importador”, diz o empresário Cassiano Ricardo.

De janeiro a novembro, o Brasil exportou 6 mil toneladas de peixes, crustáceos e moluscos para a União Europeia e faturou quase US$ 22 milhões, pouco mais de R$ 72 milhões. Ceará, Pará e Santa Catarina lideraram as exportações.

A União Europeia já vinha questionando a qualidade do pescado brasileiro. A auditoria mais recente foi feita em setembro de 2017. Os europeus criticaram as condições sanitárias de barcos de pesca e também indústrias que processam o pescado destinado à exportação.

“No litoral do Sul do Brasil, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, visitaram dez empresas e, dessas dez empresas, em seis delas foram identificados problemas significativos para que eles suspendessem, então, de imediato essas seis empresas. Na verificação in loco dos estabelecimentos, identificaram falhas estruturais, uma falta de um forro, vidros quebrados, algumas identificações dentro do processo. Esses achados dos europeus foram suficientes pra que eles levantassem essa bandeira de preocupação”, diz Luiz Eduardo Rangel, secretário de Defesa Agropecuária.

Em Itajaí, maior polo pesqueiro do país, a decisão do governo pegou de surpresa os donos de indústrias e barcos.
“Se o governo sabe que existe problema em seis empresas pontuais, então que venha conversar, resolve-se o problema dessas seis, mas as outras continuam. A exportação brasileira não pode parar”, diz Jorge Neves, do Sindicato dos Armadores e Indústrias da Pesca de Itajaí.

A medida também vale para os peixes de cativeiro, como a tilápia, que não chegaram a ser fiscalizados pelos europeus.
O presidente da Associação Brasileira de Piscicultura pediu ao governo que reverta a decisão.

“A nossa preocupação com esse processo não é somente com a paralisação da União Europeia. É principalmente a contaminação para outros mercados”, explica Francisco Medeiros.

O Ministério da Agricultura trabalha num plano para corrigir as falhas apontadas na auditoria. A ideia é acabar com a suspensão o mais rápido possível.
“O ministério vai agora mudar, inclusive, a sua forma de fazer a fiscalização, intensificando modelos de fiscalização que preservem essas exigências, esse nível de excelência que o europeu gostaria de ver e aí todo mundo ganha com isso inclusive consumidor brasileiro”, diz Luiz Eduardo Rangel.

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